Startup

flexM4I > abordagens e práticas >  Startup (versão 3.6)
Autoria: Henrique Rozenfeld(roz@usp.br)

Startup é uma organização temporária que busca um modelo de negócio escalável, repetível e lucrativo. Ela pode resultar do empreendedorismo independente ou do corporate venturing. Apresentamos os tipos, perspectivas, ciclo de vida das startups, assim como indicamos a seção sobre modalidades de financiamento. Trazemos ainda estatísticas sobre as startups e indicamos fontes para se encontrar startups.

Introdução 

Inovação e empreendedorismo são abordagens integradas, como Schumpeter afirmou em 1934. 

O conceito de empreendedorismo (“ato empreendedor”) está associado à introdução de uma inovação no sistema econômico (“destruição criativa”). (Schumpeter, 1934).

Quando esse ato empreendedor resulta em novos negócios, estamos falando do embrião de uma startup, que se concretiza quando esses negócios são estruturados em uma nova empresa, uma startup.

A existência de startups revoluciona a economia de muitos países, que estabelecem políticas e instituições para incentivar a sua criação. Elas estão no foco de algumas abordagens de inovação & empreendedorismo.

Copiamos parcialmente a figura da definição de empreendedorismo, que se divide em empreendedorismo independente  e empreendedorismo corporativo (que tratamos como sinônimo de inovação corporativa), para ilustrar de onde podem surgir as startups.

Figura 817: ilustração de startups como resultado de empreendedorismo independente ou corporate venturing

A figura ilustra que startups podem surgir do empreendedorismo independente ou do corporate venturing, que é uma das derivações do empreendedorismo corporativo.

Como na flexM4i temos seções sobre cada um dos elementos relacionados com inovação & empreendedorismo, e para evitar uma repetição de conteúdos, esta seção concentra-se em apresentar alguns aspectos das startup, mas não vai tratar de assuntos de outras seções. Assim, indicamos que você conheça também as seguintes seções:

  • A seção de empreendedorismo independente mostra possíveis processos para se criar startups e indica um processo de empreendedorismo independente, que é apresentado com maiores detalhes.
  • A seção sobre corporate venturing indica mecanismos e práticas para o desenvolvimento de startups no ambiente corporativo.
  • A conexão com startups mostra diversos mecanismos e práticas para uma empresa estabelecida se engajar com startups.

Após as definições de startups, trazemos uma visão geral das seções da flexM4i relacionadas com inovação corporativa & empreendedorismo. A partir dela você poderá escolher outras seções para compor um quadro amplo de entendimento das abordagens, mecanismos e práticas relacionadas com startups.

Salientamos que não vamos tratar de políticas públicas e instituições para o fomento e criação de startups, pois o foco da flexM4i está na inovação sob a perspectiva das empresas e não das nações ou regiões. As políticas públicas são fatores contextuais que trazem oportunidades de inovação.

Definições

Vamos adotar algumas das definições do nosso glossário:

“Startups são empresas em fase inicial que desenvolvem produtos ou serviços inovadores, com potencial de rápido de crescimento.” (ABSSTARTUPS)

“Startup é uma organização temporária que busca um modelo de negócio escalável, repetível e lucrativo”  (Blank & Dorf, 2012). A ACE adota essa definição e explica em detalhes seu significado, ou seja, a ACE descreve:

  • o que é uma organização temporária;
  • o que é um modelo de negócio escalável;
  • o que é um modelo de negócio repetível.

A ACE mostra ainda o que é um ambiente de extrema incerteza, que não está explícito da definição de Blank & Dorf (2012), mas está da definição de Eric Ries, que escreveu o livro Lean Startup, que é o livro mais indicado para empreendedores.

“Startup é uma instituição humana projetada para criar novos produtos e serviços sob condições de extrema incerteza.”(Ries, 2011).

Eric Reis foi aluno de Steve Blank, veja na seção sobre o “processo de desenvolvimento de clientes” o tópico “livros derivados” para localizar o Lean Startup neste contexto de livros “derivados” do primeiro livro de Steve Blank.

Veja também que o Lean Startup não cobre todo o ciclo de desenvolvimento de uma startup, como mostramos no tópico “origem do processo de empreendedorismo da flexM4i”.

Uma das dicas para o(a) empreendedor(a) é ler muitos livros sobre o assunto, porque eles se complementam. No tópico “Livros sobre (intra)empreendedorismo” da seção “empreendedorismo independente” mostramos várias indicações de livros sobre empreendedorismo e também porque o livro Lean Startup é o mais indicado (porém não é o único a ser estudado).

Tipos de startups

Em 2007, Steve Blank foi o autor do livro “Os 4 passos para a epifania: como criar produtos de sucesso?”, que propôs o processo de desenvolvimento de clientes em contraponto e complementar aos processos de desenvolvimento de produtos da época, que inspirou o método Lean Startup (Reis, 2011) publicado por um ex-aluno e seu discípulo, Eric Reis. 

“Os 4 passos para a epifania: como criar produtos de sucesso?” é uma tradução literal do título do seu livro em inglês, que é “The Four Steps to the Epiphany: Successful Strategies for Products That Win”. A edição deste livro em português tem o título “Do Sonho À Realização Em 4 Passos: Estratégias para Criação de Empresas de Sucesso”

Leia neste link o curriculum do Steve Blank escrito por ele mesmo em seu blog.

Conheça aqui os livros derivados do seu livro original

Em 2011, Steve Blank publicou um post no seu blog definindo seis tipos de startups quando ele se preparava para dar um curso para formadores de política pública. Até hoje a maior parte das publicações sobre este assunto utilizam os mesmos tipos:

  • startups de estilo de vida (Lifestyle Startup): trabalhar com aquilo que é a sua paixão  
  • startups de pequeno porte (Small businesses startup): trabalhar para alimentar a família 
  • startups escaláveis (Scalable Startups): criadas para crescerem se tornarem grandes
  • startups compráveis (Buyable Startup): criadas para serem vendidas
  • startups corporativas (Large company startup): criadas para a corporação ser inovadora
  • empreendedores sociais (Social Startup): criadas para fazerem a diferença na sociedade 

No post citado você pode ler as principais características dessas startups. Há um post em português, que explica esses tipos de startups, mas em outra ordem e com uma pequena adaptação do original.

Na versão atual da flexM4i vamos focar nos seguintes tipos:

  • startups escaláveis (Scalable Startups): criadas para crescerem se tornarem grandes
  • startups compráveis (Buyable Startup): criadas para serem vendidas
  • startups corporativas (Large company startup): criadas para a corporação ser inovadora

Além disso, vamos tratar de forma integrada as startups escaláveis e compráveis, denominando-as de startups independentes, o que não seria correto se considerarmos os outros tipos de startups. Porém, não é foco da flexM4i tratar os outros tipos de startups.

Startups independentes

São empresas nascentes que podem surgir de trabalhos de universidades, de uma ideia de fundadores ou de um hub de inovação. Essas empresas são aquelas que normalmente denominamos startups, pois em geral não fazemos distinção entre os tipos apresentados.

A seção sobre “empreendedorismo independente” apresenta as características deste tipo de startup, mostrando quais o perfil de um(a) empreendedor(a), dicas para se criar essas startups e um visão geral de algumas  metodologias e processos para sua criação. O destaque fica para o “processo de empreendedorismo independente” proposto pela flexM4i.

Essas empresas nascem e crescem organicamente, graças a um ambiente propício criado por políticas públicas e ecossistemas de inovação e empreendedorismo.

Uma startup que nasce de uma corporação (próximo tipo) pode evoluir para uma independente, se ela se tornar um spin off. Proporcionalmente, a quantidade dessas startups é menor, se comparada com as startups de pequeno (e médio) porte, que são mais numerosas, empregam mais pessoas na sociedade, mas que não possuem um grande potencial de crescimento, que não é a ambição de seus fundadores.

A maior parte das startups independentes nasce de uma nova tecnologia e/ou de um novo modelo de negócio. Elas procuram o crescimento exponencial, que resulta muitas vezes em uma venda ao serem adquiridas por outras empresas em um processo de M&A. Devido a essas características, essas startups possuem um maior potencial de inovação e são o foco das publicações, mídia e investidores, que procuram retornos exponenciais do seu investimento.

Na área de TIC (tecnologia de informação e comunicação), que atualmente é denominada simplesmente de tecnologia (como se não houvesse outro tipo de tecnologia), é normal que algumas startups sejam criadas para serem vendidas para as gigantes de TIC, como Google, Amazon e Facebook.

Porém, às vezes essa não é a intenção inicial, mas a startup faz tanto sucesso e tem um grande potencial de crescimento exponencial, que as gigantes de TIC adquirem essas empresas.

Exemplos
A aquisição do Instagram pelo Facebook e a aquisição do Waze pela Google.

Mais adiante apresentaremos o ciclo de vida típico dessas startups e as fontes de financiamento existentes para a criação e expansão deste tipo de startups.

Startups corporativas

Neste tópico existem muitos links que complementam o texto. Recomendamos que você leia todo o texto inicialmente e se desejar, abra os links em outras abas e deixe esta página aberta. Os mesmos links estão listados em forma de tópicos no final deste seção no tópico “Mecanismos e práticas relacionados”.

Startups corporativas são empresas que nascem em ambientes corporativos, a partir da aplicação da abordagem de corporate venturing, como ilustra a figura 817 do início desta seção. Como já citamos na introdução, o corporate venturing é uma das divisões do empreendedorismo corporativo, que na flexM4i consideramos um sinônimo de inovação corporativa.

As corporações normalmente possuem limitações para inovar devido a processos burocráticos que precisam seguir as normas de governança corporativa e também devido a cultura. Essas são algumas das razões para a aplicação da abordagem de ambidestria organizacional.

Leia mais sobre essas limitações das corporações em inovar no tópico “Barreiras e questões” da seção sobre inovação / empreendedorismo corporativo & intraempreendedorismo 

Para o desenvolvimento de inovações dos horizontes H2 e H3 (o lado exploration da ambidestria), as corporações de um lado se conectam e trabalham com startups (independentes) existentes.

Leia mais sobre os três horizontes de inovação ou consulte o significado de exploration no glossário.

Conheça a abordagem de conexão com startups

Por outro lado, existem práticas de criação de startups nas corporações, tanto por meio do corporate venture capital (CVC), quando a corporação investe em uma startup visando atingir seus objetivos estratégicos, como por meio do corporate venture building (CVB), também conhecido como startup studio ou fábrica de startup.

Apesar do uso do termo “corporações” ser difundido e utilizado, ele remete a grandes empresas. Outras empresas estabelecidas de médio porte também podem aplicar a prática de CVB.

O CVB é uma estratégia de criação de startups por iniciativa corporativa. No CVB, a corporação decide qual o desafio / oportunidade que será desenvolvido. A partir da definição, a corporação procura pessoas com experiência em empreendedorismo para criar a startup. A gestão operacional do empreendimento pode ser compartilhada entre a corporação e os empreendedores.

A startup resultante do CVB pode continuar associada à corporação ou se tornar uma empresa independente. Neste último caso, a startup se torna um spin off.

Além dessa prática, algumas corporações possuem hubs (*) de inovação, que realizam programas de incubação e/ou aceleração de startups. As startups resultantes desses programas podem se tornar startups corporativas (atuando em qualquer um dos três horizontes de inovação) ou startups independentes, que foram criadas com o apoio da corporação.

Esses hubs de inovação podem ser incubadoras ou aceleradoras corporativas.

Veja a comparação entre incubadora corporativa, CVC e CVB.

Uma startup corporativa ou o trabalho conjunto com startups aceleram o processo de inovação das empresas já estabelecidas.

Tipos de startups segundo a área de atuação

Um outro critério para se classificar startups e definir tipos é segundo a área de atuação (setor) da startup, que define os seguintes tipos de startups (em ordem alfabética):

  • adtech ou martech: atua na área de marketing e propaganda;
  • agritech ou agtech: atua na área de agronegócio;
  • autotech: atuam na área de mobilidade;
  • biotech: atua da área de biotecnologia
  • cleantech ou greentech ou ESGtech: atua na área ampla de sustentabilidade;
  • construtech: atua na área de construção;
  • edtech: atua na área de educação;
  • energytech: atua na área de energia;
  • fashiontech: atua na área de moda;
  • fintech: atua na área financeira;
  • foodtech: atua na área de alimentação;
  • funtech: área de entretenimento;
  • govtech: atua na área de gestão pública;
  • healthtech ou medtech: atua na área de saúde;
  • hrtech ou RHtech (Brasil): atua na área de gestão de pessoas, denominada ainda de gestão de recursos humanos por muitos;
  • indtech: atua na área industrial ao apoiar o desenvolvimento de fábricas inteligentes;
  • insurtech: atua na área de seguros;
  • lawtech ou legaltech: atua na área jurídica;
  • nanotech: atua na área de nanotecnologia;
  • proptech: atua na área imobiliária;
  • regtech: atua na área regulatória para o cumprimento de normas e leis;
  • retailtech: atua na área de varejo e consumo;
  • sporttech: atua na área esportiva.

O “tech” dessas categorias de startups representa a tecnologia utilizada por essas empresas, que aplicam soluções de internet para apoiar a transformação digital dos negócios. 

Leia mais

Neste post da consultoria G4, muitos desses tipos de startups são descritos com exemplos de startups brasileiras.

Se você buscar pelo Google digitando o tipo acrescido do termo startup, irá encontrar informações detalhadas sobre cada um desses tipos de startups.

Perspectivas de uma startup

Podemos considerar startups a partir de alguns pontos de vista:

  • do empreendedor independente, que deseja criar uma startup
  • de um hub de inovação, ecossistema de inovação ou instituições similares, que desejam fomentar, apoiar a criação e indicar startups para empresas estabelecidas
  • de investidores, que desejam adquirir cotas de startups com o potencial de crescimento
  • de uma empresa estabelecida (corporação) que deseja se relacionar com startups
  • de governos locais e nacionais, que desejam criar um ecossistema para incentivar o empreendedorismo e a inovação dos países ou regiões

Para cada uma dessas perspectivas, recomendamos leituras de seções da flexM4i, além da seção atual sobre startups.

Empreendedor independente, leia:

Hub de inovação, leia:

Investidores

Empresa estabelecida (corporação), leia:

Governos

Não esqueça que …

O ponto focal de uma startup, assim como do empreendedorismo, é o(a) empreendedor(a), pois é ele/ela quem faz acontecer.

“A cultura de uma startup enfatiza o fazer o mais rápido possível. A falha faz parte da busca por um novo modelo de negócio” (Blank  & Dorf, 2012)

Ciclo de vida de uma startup

A figura a seguir ilustra as fases típicas de um ciclo de vida de uma startup.

Figura 818: fases do ciclo de vida de uma startup

A definição dessas fases foi baseada nas fases de difusão da inovação apresentadas no tópico “Estágios de evolução do negócio: curva-S”, que também determina o “abismo da inovação”. Além disso, foi integrado o ciclo de financiamento de negócios emergentes de risco.

A referência principal é de startups independentes e, portanto, essas fases são detalhadas em etapas do processo de empreendedorismo independente. Quando forem startup corporativas, podem existir variações, que são citadas na descrição das fases e nos processos correspondentes de corporate venturing.

Os termos fase e etapa são sinônimos. Na flexM4i, associamos fases a ciclos de vida, como aqui no caso do ciclo de vida de startups. Neste contexto, dividimos o processo de empreendedorismo independente  em etapas, que detalham conjuntos de atividades de desenvolvimento dentro das fases. Assim, neste contexto, as etapas do processo são mais detalhadas que as fases do ciclo de vida, descritas a seguir. Para conhecer as etapas do processo, veja a descrição do processo de empreendedorismo independente da flexM4i.

Em outros contextos, os processos e projetos são divididos em fases para facilitar sua gestão.

As fases do ciclo de vida ilustradas nessa figura são:

Incubação: é quando uma surge uma ideia, uma oportunidade é avaliada ou um problema é investigado para que soluções sejam propostas. Além disso, é quando os primeiros MVPs ou POCs são criados. Nesta fase a startup pode ser formalizada com uma entidade jurídica. O objetivo é comprovar a hipótese de valor das soluções propostas.

Hipóteses de valor e de mercado e o product-market fit (PMF)

A hipótese de valor é definida e avaliada na fase inicial de desenvolvimento por meio de POCs e  MVPs, que podem ser considerados tipos de protótipos. Protótipos também podem ser avaliados nas fases de detalhamento, principalmente se forem produtos mais complexos, que precisam de protótipos funcionais para se validar também as especificações técnicas. 

A hipótese de mercado, é quando avaliamos também o modelo de negócio e a escalabilidade do produto / serviço no segmento de mercado selecionado.

O product-market fit (PMF) abrange esses dois conceitos, mas vai além (alguns autores consideram que PMF e hipótese de valor são sinônimos, o que está correto dependendo de como você formula a sua hipótese de valor) 

Pode ser que você já tenha avaliado a hipótese de mercado (escalabilidade de lucratividade do seu modelo de negócio), mas com a evolução do negócio você tenha de focar em um segmento que dá maior retorno. O PMF permite que você avalie o posicionamento das suas ofertas no mercado. Ele mede o quanto o seu produto está realmente atendendo às necessidades dos seus clientes. Ou seja, será que a sua proposição de valor e as necessidades dos seus clientes, no mercado em que você está focando estão alinhados? Pode ser que no início estavam, mas com a evolução da operação, muita coisa pode mudar.

Assim, as primeiras avaliações do MPF ocorrem durante as fases iniciais com os protótipos, passa pelo momento de definição de um novo modelo de negócio (se for o caso) e contínua durante as fases em que o seu produto já esteja sendo comercializado e você continuamente avalia se o produto continua a ser adequado para o segmento de mercado definido. Uma das métricas para se avaliar o PMF durante a fase de comercialização é o NPS (net promoter score).

Se você procurar por product market fit na web, vai encontrar muitos artigos que tratam deste assunto. Recomendamos os seguintes posts:

https://rockcontent.com/br/blog/product-market-fit/
https://acestartups.com.br/product-market-fit-o-que-e/
https://productmarketingbrasil.com.br/tudo-sobre-product-market-fit/ 

O podcast da ACE traz um episódio específico sobre PMF, com exemplos da prática.
Conheça definições de product market-fit no glossário da flexM4i.

Aceleração: é a fase para preparar a startup a captar financiamentos mais significativos. Em geral termina com um “demo day”, no qual a startup é apresentada a investidores de risco.

Segundo Medalha (2022), “o demo day é mais do que um simples evento, no qual equipes de um programa de inovação aberta apresentam seus pitches ou projetos para uma banca avaliadora. É uma  oportunidade de demonstrar a transparência do programa de inovação aberta tanto para os participantes como para todos os atores envolvidos. Além disso, ele proporciona visibilidade do programa para possíveis investidores que conhecerão os projetos dos participantes.” 

As startups corporativas, que nascem da prática de corporate venture building (CVB), não passam por essas fases, pois já nascem a partir de uma ideia mais consolidada (cuja escalabilidade ainda deve ser avaliada) e tem o financiamento inicial “garantido” pela corporação. Portanto, elas não realizam o “demo day”.

Captação de recursos: talvez não devêssemos intitular como fase, pois é uma atividade recorrente que vai mudando ao longo do tempo. Veja no próximo tópico desta seção as “modalidades de investimento em uma startup”, que indica os diversos tipos de financiamentos que podem ocorrer durante o ciclo de vida de uma startup.

Vale da morte: é o período de fluxo de caixa negativo enquanto não há entrada de receitas que possam cobrir o que foi investido. Em empresas existentes, o vale na morte tem significados semelhantes.

Leia mais sobre o vale da morte no glossário.

Crescimento: é quando a startup procura comprovar a hipótese de mercado visando a escalabilidade das vendas. A startup precisa gerenciar despesas versus receitas, tem de observar que a concorrência está com uma melhor proposição de valor, começa a contratar pessoas para as diversas funções da empresa, além do desenvolvimento, procura montar a estrutura física, busca eventualmente parceiros, segue a tese de inovação e se relaciona com os investidores, que trazem diversos tipos de demandas. No crescimento são estabelecidas as bases solidas para a expansão e sobrevivência da startup. Novos contratos são fechados, tanto no contexto B2C como no B2B, se for o caso. É quando a startup ultrapassa (ou não) o abismo da inovação, ou seja, além dos early users / adopters (os primeiros adeptos), a maioria inicial começa a utilizar as soluções da startup.

Expansão: é quando o volume de vendas cresce de forma exponencial (preferencialmente) e a startup deve tomar cuidado em não deixar de entregar valor. Uma startup que está nesta fase é considerada madura e muitas vezes a melhor denominação para ela é scale-up para representar que ela se encontra na fase de crescimento exponencial.

Tração e validação

Alguns autores denominam duas fases do ciclo de vida de startups como tração e validação.

A “fase” de tração é equivalente à fase de crescimento, mas pode haver também “tração” durante a expansão. São atividades realizadas para aumentar a oferta e prestação de serviços sem perder a qualidade e lucratividade da proposição de valor.

Não consideramos validação como uma fase, pois em diferentes momentos da evolução da startup as hipóteses de valor e de mercado devem ser validadas.

Sustentação: repare que essa fase está superposta no tempo com as fases de expansão e maturidade. O objetivo principal dessa fase é buscar a excelência operacional do negócio para aumentar as margens por meio do aumento de produtividade ou diminuição dos custos. É quando são aplicadas técnicas lean e digitalização na manufatura e nas operações de outros processos de entrega de valor. Quanto mais longa a fase de sustentação, maior a receita do negócio. No entanto, cuidado para não se limitar somente na busca da excelência operacional, pois outra startup pode estar nascendo, e ela pode entrar no mercado da sua empresa com soluções disruptivas. Nesta fase a startup não é mais uma startup e sim uma empresa estabelecida e precisa continuar com o DNA de startup para “matar” o negócio atual e inovar sempre buscando novas oportunidades. É normal que as empresas nessa fase já possuam “anticorpos” contra a inovação, pois “não desejam mudar o time que está ganhando”. É quando se deve praticar a ambidestria organizacional e investir em novos negócios e soluções dos horizontes H2 e H3.

Maturidade: nesta fase a expansão diminui e é hora de pivotar o negócio adicionando novas ofertas ou mesmo modelos de negócio. Na verdade, as vendas, receitas e lucratividade diminuem e a empresa deve buscar novas oportunidades, como descrito no final da fase de sustentação. Lembre-se que a sustentação também é superposta com a fase de maturidade.

Eventos intercalados às fases

Nos próximos três eventos colocamos um ponto de interrogação para ilustrar que eles podem ocorrer ou não.

Exit (saída): como ilustrado na figura anterior, em alguns momentos do ciclo de vida pode ocorrer o exit dos fundadores ou de alguns acionistas. É quando são vendidas cotas da empresa ou a empresa sofre uma fusão ou aquisição (M&A) por outra empresa. No exit, os acionistas procuram receber de volta o investimento inicial realizado com um retorno bem significativo, pois a empresa que “der certo” pode ser avaliada e vendida por um valor bem maior do que o investimento inicial. Em geral, o exit ocorre na fase de expansão, quando a empresa se torna mais atrativa a investidores, pois existe o potencial de crescimento exponencial, e, assim, de um grande retorno do investimento. Mas o exit também pode ocorrer durante as fases de crescimento e sustentação (por isso colocamos flechas tracejadas na figura). Na verdade, em qualquer momento pode ocorrer que algum dos sócios venda as suas cotas de participação (equity) da empresa.

IPO (initial public offering) ou oferta pública de ações da empresa é uma possibilidade de dar continuidade à expansão de uma empresa ou alavancar mais os negócios. Em geral, o IPO ocorre quando a empresa já está em uma fase de maturidade, com outras ofertas em desenvolvimento. Mas pode ocorrer também nas fases de expansão, se o negócio demonstrar um grande potencial de crescimento.

Fusão ou Aquisição (M&A):  são operações de compra e venda de empresas para consolidação ou transferência da propriedade entre empresas. Essas operações podem permitir que as empresas cresçam ou mudem seus negócios ou posição competitiva.

Leia mais sobre M&A na seção específica.

As fases descritas são um exemplo. Você irá encontrar outras descrições de fases mais ou menos detalhadas. Por exemplo, alguns autores chamam as fases iniciais de planejamento, que engloba a incubação ou pré-incubação, quando os fundadores estão com a ideia e planejam como irão criar a startup. Mas não esqueça que muitas vezes não temos ainda a ideia, mas sabemos qual o problema que queremos resolver.

Modalidades de financiamento para startups

Há uma grande variedade de modalidades de financiamento / investimento em startups. A próxima figura apresenta uma visão geral dessas modalidades, ordenadas nas fases do ciclo de vida de uma startup, definidas no tópico anterior.

Figura 784: fontes e ciclo de fomento de startups e empreendedorismo  (clique na figura para aumentá-la)

Acesse o tópico “Fontes de fomento para startups e empreendedorismo” da seção sobre “Modalidades de fomento da inovação e empreendedorismo” para ler sobre cada uma dessas modalidades representadas na figura anterior.

Como encontrar uma startup?

Os grandes hubs de inovação possuem mapas, diretórios e bases de dados com  startups para a sua empresa procurar, encontrar e selecionar. Veja uma lista extensa de hubs e empresas de consultoria na seção “fontes de conhecimentos adicionais sobre inovação e empreendedorismo”. Veja os tópicos: hubs, comunidades e consultorias. Outras bases de dados, como o MEI tools da CNI também podem auxiliar nessa busca.  Vamos listar a seguir alguns exemplos de fontes de conhecimentos adicionais, que possuem informações de como encontrar startups. Explore a seção indicada para  obter informações adicionais.

Estatísticas sobre startups

Essas estatísticas são encontradas em muitos relatórios (reports) sobre empreendedorismo e são constantemente atualizadas. Por isso, vamos indicar algumas fontes com esses números e trazer números de algumas análises.

Figura 545: quantidade de startups no Brasil (2021)
Fonte: https://49educacao.com.br/startup/mercado-de-startups-no-brasil-2021/ 

Distribuição das startups por área de atuação (no Brasil):

  • 7,1% Fintech
  • 6,8% Saúde
  • 5,0% Inteligência Artificial
  • 4,7% Jogos
  • 3,3% Adtech
  • 2,8% Edtech

Além disso, esse estudo indica quais os 5 segmentos com maior crescimento de investimento e os mais promissores na área de tecnologia.

Na radiografia do ecossistema brasileiro de startups realizado pela Abstartups e Accenture em 2017, você pode consultar dados sobre:

  • perfil demográfico das startups brasileiras
  • tipo de modelo de negócio do ponto de vista estratégico e de operação
  • estágio atual de evolução (momento atual)
  • fonte de inspiração da ideia da startup
  • startups com CNPJ formalizadas
  • modelo de contratação dos funcionários
  • diversidade de gênero
  • idade das startups
  • tamanho médio 
  • faturamento anual (2016)
  • área de atuação por segmento
  • principais tecnologias utilizadas nas soluções
  • principal perfil de clientes
  • modelo de atual
  • principal problema do cliente atendido
  • fonte inicial de investimento
  • desafios para os próximos anos
  • satisfação dos empreendedores por comunidade com relação ao ambiente regulatório, acesso à capital, apoio as empreendedores, mercado consumidor, acesso a talentos
  • ações de sucesso em outros ecossistemas no mundo
  • propostas para evolução do ecossistema brasileiro de startups
  • top 10 estados com maior densidade de startups per capita
  • top 20 cidades com maior densidade de startups per capita
  • top 10 estados com maior índice de eficiência na geração de startups
  • top 20 cidades com maior índice de eficiência na geração de startups

Ranking de países com relação a ponderação entre os critérios de qualidade, quantidade e ambiente de negócios para startups de 2021. Os sete primeiros países são (o Brasil está em 24o lugar):

  1. USA
  2. Reino Unido
  3. Israel
  4. Canadá
  5. Alemanha
  6. Suécia
  7. China

Mortalidade das startups

 Em um estudo de 2015, Nogueira & Oliveira da fundação Dom Cabral mostraram que:

  • 25% das startups morrem com menos de 1 ano
  • 50 % das startups morrem com menos de 4 anos
  • 75% das startups morrem com menos de 13 anos

Ou seja, somente 25% sobrevivem depois de 13 anos

Nesse mesmo estudo os autores listaram os principais  fatores para sobrevivência das startups:

  • aceitação do produto/tecnologia/serviço comercializado pelo mercado
  • sintonia entre os fundadores
  • capacidade de adaptação dos gestores às necessidades/ mudanças do mercado
  • estar instalada em uma aceleradora, incubadora ou parque tecnológico

E também os principais fatores para descontinuidade das startups:

  • falta de comprometimento, em tempo integral, dos fundadores com a startup
  • não alinhamento dos interesses pessoais e/ou profissionais dos fundadores
  • falta de capital para investir no negócio

Em 2012, o The Wall Street Journal realizou um estudo sobre a taxa de falha de startups, cujos resultados principais estão na próxima figura.

Figura 546: Taxa de falhas de startups nos USA em 2012
Fonte: The Wall Street Journal https://www.wsj.com/articles/SB10000872396390443720204578004980476429190

  O próximo gráfico apresenta as 12 principais razões pelas quais as startups falham.

Figura 547: as 12 principais razões pelas quais as startups falham
Fonte: https://www.cbinsights.com/research-12-reasons-why-startups-fail?utm_campaign=marketing_startup-failure_2021-07

Em um outro estudo sobre falhas das startups, foram listadas as seguintes razões:

  • falta de caixa
  • mercado errado
  • falta de pesquisa
  • parceria errada (fundadores)
  • marketing ruim
  • falta de competência

Startups Unicórnios

Um estudo sobre unicórnios, startups que são avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares pelo mercado, concluiu que de cada 100 startups, que receberam rodadas de investimento, 10 têm chance de sucesso e somente 1 se torna um unicórnio, o que já compensaria o investimento nas 100 startups, como ilustra a próxima figura.

Figura 548: de cada 100 startups, que receberam rodadas de investimento, 10 tem chance de sucesso e somente 1 torna-se um unicórnio, o que já compensaria o investimento nas 100 startup  

 A wikipedia tem uma lista das startups unicórnios, que está desatualizada atualmente (consulta em 20/2/2022), mas deve ser atualizada. Você pode ordenar por cada  uma das colunas da tabela. 

É interessante notar que algumas empresas não podem mais ser consideradas startups e sim scale ups, mas continuam a ser denominadas startups. Somente quando elas abrem o capital, como o Nubank, elas saem da lista de startups.

Neste link. você pode encontrar várias estatísticas sobre startups, atualizado em Janeiro de 2022. Portanto, é bem atual. Porém é um site de acesso pago, que contém muitas outras informações.

Informações adicionais

Em português 

A página  na Wikipédia em português não é completa e nem está seguindo os padrões da Wikipédia (em 3/22/2021). Porém, consideramos que é uma boa fonte inicial de consulta. 

Na Prática.org

Este portal, que reúne informações sobre carreira, mercado de trabalho e oportunidades, publicou um post sobre startups, que é sucinto e traz alguns aspectos importantes sobre startups. Seu conteúdo está em formato de podcast para você escutar e alguns temas são apresentados em vídeos. Os principais tópicos deste post são:

  • diferença entre startup e empresas
  • principais particularidades (características) de uma startup
  • definição de startups unicórnio e uma lista de unicórnios brasileiras
  • descrição do ambiente de trabalho em uma startup (para um candidato avaliar se ele de adequaria a este ambiente)
  • como conseguir uma vaga em startup
  • como escolher uma startup para trabalhar
  • um resumo do método Lean Startup (startup enxuta) do Eric Reis (que também destacamos no tópico adiante “abordagens e conceitos complementares)
  • apresentação do marco legal das startups: legislação brasileira aprovada em 2021, que regula as relações com startups e empreendedorismo inovador

Em inglês

A página da wikipedia em inglês é bem completa e contém boas referências para consultas adicionais

Indicamos também a seção “fontes de conhecimentos adicionais sobre inovação e empreendedorismo”. , onde você pode encontrar as seguintes fontes relacionadas com startups:

  • podcasts, blogs, escolas e cursos sobre inovação
  • fontes de fomento são as possibilidades que existem para que sua organização possa buscar financiamentos e investimentos que viabilizem seu projeto de inovação.
  • atores da inovação é uma lista de associações, consultorias, empresas, incubadoras, aceleradoras, hubs que podem auxiliar sua organização na jornada de inovação.

fim do conteúdo de níveis básico e executivo nesta seção – retornar para o mapa da sua trilha >

O conteúdo a seguir é para os níveis de treinamento e avançado.

Localização desta seção em um contexto mais amplo

Neste tópico apresentamos uma “visão estrutural” das principais abordagens relacionadas com inovação corporativa e empreendedorismo para ilustrar as relações e superposição entre elas. Para isso, repetimos a seguir a figura da seção “Articulação entre abordagens de inovação corporativa e empreendedorismo”, destacando a abordagem relacionada com a seção atual. Para conhecer a descrição completa da figura, visite a seção de articulação citada.

Em seguida trazemos as seções da flexM4i relacionadas com inovação corporativa & empreendedorismo.

Figura 819: ilustração das principais abordagens relacionadas com a inovação corporativa e empreendedorismo com destaque para as startups

Como apresentamos no início desta seção, as startups podem ser criadas a partir:

A abordagem de conexão com startups mostra diversas outros mecanismos e práticas para uma corporação se engajar com startups.

Essas abordagens são realizadas com o apoio dos atores de um ecossistema de inovação e empreendedorismo.

Seções da flexM4i relacionadas com inovação corporativa & empreendedorismo

Na próxima figura você pode localizar a seção atual. Baixe aqui o mapa de conteúdo em A3 com os  links das seções ou acesse os links depois da figura.

Figura 799 - Seções da flexM4i relacionadas com inovação corporativa & empreendedorismo (clique na figura para abrir em outra aba e para poder acessar os links das seções)

ABORDAGENS

PRÁTICAS  (ordem alfabética)

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Referências

Baldridge, Rebecca;  Curry, Benjamin. (2022) What Is A Startup?.  Forbes Advisor. Disponível em https://www.forbes.com/advisor/investing/what-is-a-startup/ Acesso em 14/2/2022

Medalha, Rodrigo. (2022) Demoday: o que é e como ele se relaciona com programas de inovação aberta. Haze Shift. Disponível em: https://hazeshift.com.br/demoday/ . Acesso em: 28/10/2022.

Nogueira, Vanessa Silva; Oliveira, C. A. A. de. (2015). Causas da mortalidade das startups brasileiras – como aumentar as chances de sobrevivência no mercado. In Fundação Dom Cabral.

Ries, E. (2011). The lean startup. New York: Crown Business.

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