Incubadora e aceleradora corporativa

Mecanismos de inovação / empreendedorismo corporativo

flexM4I > abordagens e práticas > Incubadora e aceleradora corporativa (versão 2.1)
Autoria: Henrique Rozenfeld(roz@usp.br)

Introdução 

Colocamos incubadoras e aceleradoras corporativas em uma mesma descrição porque há uma relação entre elas nas fases do ciclo de evolução de uma startup. Com a evolução das incubadoras, existe uma superposição entre os serviços oferecidos por elas, pois hoje existem instituições que realizam processos de incubação e aceleração.

Conheça antes a seção sobre incubadoras e aceleradoras (independentes), pois as “versões” delas na corporação (que é o que apresentamos nesta seção) possuem vários pontos em comum, apesar de terem objetivos diferentes (da perspectiva de uma corporação).

É normal que esses mecanismos de inovação estejam hoje integrados em um hub corporativo de inovação, que oferece outros serviços adicionais. 

Apesar de incubadoras e aceleradoras corporativas não serem explicitamente modalidades de fomento de startups e empreendedorismo, repetimos a seguir a figura que mostra de forma integrada as possíveis alternativas de fomento posicionadas ao longo das fases do ciclo de vida de um novo negócio.

Assim, você pode localizar as fases de incubação e aceleração no contexto mais amplo, com as respectivas modalidades de fomento possíveis. Porém, a maior parte do capital das incubadoras e aceleradoras corporativas, como o próprio nome diz, vem das corporações. Se desejar ter uma visão sucinta das modalidades de fomento representadas na figura, visite o tópico “Fontes de fomento para startups e empreendedorismo” da seção “modalidades de fomento da inovação e empreendedorismo”.

Figura 784: fontes e ciclo de fomento de startups (clique na figura para aumentá-la)

Seções da flexM4i relacionadas com inovação corporativa & empreendedorismo

Na próxima figura você pode localizar a seção atual. Baixe aqui o mapa de conteúdo em A3 com os  links das seções ou acesse os links depois da figura.

Figura 799 - Seções da flexM4i relacionadas com inovação corporativa & empreendedorismo (clique na figura para abrir em outra aba e para poder acessar os links das seções)

ABORDAGENS

PRÁTICAS  (ordem alfabética)

Incubadora corporativa

A incubadora corporativa, além de contribuir nas fases iniciais de criação de startups para viabilizar um empreendimento com base em uma ideia (como no caso das incubadoras independentes), procura atender aos objetivos estratégicos da empresa, a qual está associada. 

Definição 

Gassmann & Becker (2006) definem incubadora corporativa como:

“As incubadoras corporativas são unidades corporativas especializadas que criam novos negócios e aprimoram a base tecnológica de uma corporação para apoiar o seu desenvolvimento e crescimento geral. O objeto de seu apoio pode ser startups externas ou internas, ou empreendedores com uma ideia de negócio promissora, ou tecnologia …. Elas são frequentemente estruturadas legalmente como uma subsidiária da empresa controladora, que utilizam os recursos de toda a corporação para apoiar empreendimentos internos ou externos.”

As incubadoras corporativas visam obter lucros de médio a longo prazo. Elas têm objetivos estratégicos de longo prazo alinhados com as estratégias da corporação, que fornecem recursos para a incubadora (Gassmann & Becker, 2006).

Origem dos recursos

Normalmente, incubadoras corporativas fomentam startups com o capital da corporação (ou com empréstimos); o investimento é baixo a médio visando aprovar para passar para a fase de aceleração;  o envolvimento da corporação é médio para poder alinhar com as estratégias e condições da corporação.

Benefícios

Os novos negócios resultantes de uma incubação podem ser incorporados à corporação ou podem dar origem a spin-offs, startups externas, que podem ser fomentadas pela corporação ou não.

Para as startups

As incubadoras corporativas oferecem um ambiente; recursos; treinamento; mentoria; contato com comunidade e redes ou com profissionais da corporação, que trazem problemas com grande potencial de se tornarem negócios.

Para as corporações

Podem testar ideias em um ambiente fora do dia-a-dia com o objetivo de criar um novo negócio. Envolvem as pessoas da organização com neste ambiente tanto no papel de mentoria como no de desenvolvimento de uma startup, o que tem o potencial de resultar em um comportamento empreendedor e contribuir para a mudança cultural necessária para se estabelecer um espírito empreendedor nas corporações.

Na verdade, no ambiente corporativo, os papéis e benefícios das incubadoras e aceleradoras corporativas se confundem. Por isso, não enquadre rigidamente os benefícios em uma ou outra modalidade. Entenda que a grande diferença está no nível de maturidade da ideia / inovação.

Processo de incubação e investimento

O processo de incubação possui as mesmas atividades do processo de incubação, apresentado na seção sobre incubadora independente. O investimento é realizado pela corporação ou por parceiros de venture capital e similares que a corporação traz para viabilizar as startups.

Aceleradora corporativa

Aceleradoras corporativas são programas realizados por empresas (corporações) com uma duração limitada que apoiam grupos de startups durante o processo de um novo negócio via mentoria e educação, utilizando recursos específicos da empresa.

Conheça as características das aceleradoras independentes, que também são das aceleradoras corporativas, mas que são complementadas pelas características listadas no próximo tópico.

Características

Aceleradoras corporativas eficazes combinam o melhor de dois mundos: a escala, capacidade de financiamento e o escopo de grandes corporações estabelecidas e do “espírito empreendedor” das startups (Kohler, 2016). Torna-se uma situação ganha-ganha entre as corporações e as startups. As startups conseguem executar suas ideias e as corporações podem aproveitar essas oportunidades na sua busca por inovações.

Os programas de aceleração (Kohler, 2016):

  • possuem um processo de candidatura aberto (qualquer startup pode se candidatar)
  • foco em pequenas equipes e não em fundadores individuais;
  • suporte por tempo limitado, incluindo as interações e mentoria com a empresa;
  • realização com grupos de startups em vez de empresas individuais

Questões para o estabelecimento de uma aceleradora corporativa

Este tópico foi adaptado de Kohler (2016). Consulte o original para conhecer em maior profundidade as questões colocadas.

Proposição (o que?): definir as características da relação entre a corporação e startups

  • Qual o objetivo da aceleradora corporativa? Opções: diminuir as limitações da inovação; resolver desafios de negócio – convencer uma próxima geração de startups em construir suas soluções em cima da plataforma da corporação; expandir para novos mercados; rejuvenescer / atualizar a cultura corporativa; atrair e reter novos talentos.
  • Como alinhar os objetivos corporativos com as expectativas das startups? Possíveis expectativas das startups: acesso a recursos físicos e pessoas capacitadas e experientes; aumentar a credibilidade; acesso a mercados; obter recursos financeiros.
  • Com qual tipo de startups pretendemos trabalhar? Em qual estágio de desenvolvimento?
  • Teremos também objetivos financeiros? Qual participação societária (equity)? Se sim, qual modelo de participação?
  • Como definiremos os desafios de inovação? O quanto de diversidade de ideias desejamos? Vamos focar em um problema específico ou vamos explorar oportunidades de inovação bem amplas?

Processo (como?): como será o processo de aceleração?

  • Qual a duração típica de um programa de aceleração que vamos adotar?
  • Como vamos estruturar o programa de aceleração de forma a não perder a flexibilidade?
  • Quais abordagens e práticas de inovação e empreendedorismo devemos inserir no programa para apoiar as startups visando buscar a inovação corporativa? Como prover o treinamento adequado?
  • Como podemos simplificar os processos da corporação para facilitar o trabalho para as startups trabalharem conosco?
  • O que faremos com as startups que cumprirem a aceleração com sucesso e no “demo day” apresentarem propostas interessantes para a corporação? Como manter uma conexão com essas startups após o programa de aceleração para que aconteçam projetos colaborativos no futuro?

Pessoas (quem?): o envolvimento de pessoas de dentro e fora da organização torna a aceleradora corporativa mais efetiva e combina os conhecimentos do negócio com as novas perspectivas das startups

  • Como podemos identificar as startups certas para acelerar?
  • Como podemos “vender / convencer” os gestores e líderes sobre o valor do programa de aceleração?
  • Quem são os mentores internos e externos que poderemos envolver na aceleração para assegurar um alinhamento com a corporação? Quais mecanismos podem facilitar as interações entre as pessoas da corporação e das startups?
  • Como encontrar pessoas que criam as pontes entre as pessoas da corporação e das startups?
  • Como promover o networking para apoiar as startups e ao mesmo tempo a inovação corporativa?
  • Como nos relacionar com comunidades existentes de startups e adicionar valor para o ecossistema?

Local (onde?): envolver a definição do local e do design do espaço 

  • Onde devemos hospedar a aceleradora corporativa? Opções: dentro da corporacao; fora da corporação; aceleradora independente; aceleradora virtual
  • Como podemos gerenciar as interações entre os executivos e gestores da corporação com os times das startups?
  • A aceleradora será virtual ou terá um espaço físico? Como usar a tecnologia para melhorar a interação virtual?
  • Nós devemos gerenciar os programas de aceleração ou fechar parcerias com empresas intermediárias especializadas em aceleração?
  • Qual deveria ser o design do espaço de aceleração?
  • Como permitir que o local tenha uma ambiente que crie uma atmosfera de incentivo a improvisação e a casualidade para o surgimento de ideias?
Incubadoras e aceleradoras corporativas possuem interesses muito diferentes das incubadoras e aceleradoras públicas. Um aspecto importante de qualquer projeto de incubadora ou aceleradora corporativa parece ser o estabelecimento de unidades organizacionais separadas para evitar conflitos com a organização atual. Esta separação é particularmente importante, quando se criam inovações radicais que podem não somente canibalizar as ofertas atuais da empresa, mas também trazer uma disrupção nos modelo de negócio de uma ou mais unidades de negócio da corporação  (Hausberg & Korreck, 2020)

A formalização de uma aceleradora corporativa pode tornar as colaborações com startups mais eficientes e efetivas

Tipos de programas de aceleração corporativa

Moschner et al., 2019 definiram 4 tipos de programas de aceleração corporativa:

  • aceleração in-house
  • aceleração híbrida
  • aceleração independente
  • aceleração em consórcio

Essa tipologia não é amplamente aceita e utilizada. Foi baseada em um estudo que começou com a triagem de 156, que depois foram filtradas até chegar em 12 aceleradoras que foram analisadas em detalhes.

Consideramos que essa classificação traz diversos insights para empresas que desejam montar ou participar de programas de aceleração de startups.

A aceleração independente confunde-se com a aceleradora independente, que já apresentamos em outra seção. Apesar desses termos serem praticamente os mesmos, Moscher et al. (2019) discutem aqui como uma corporação pode se conectar com uma aceleradora independente.

A aceleração em consórcio também é um programa que pode ser realizado por uma aceleradora independente.

Aceleração in-house

É quando a empresa cria e opera a aceleradora internamente, como vimos discutindo até agora.

Um exemplo é o programa SAP.iO da empresa SAP, que incentiva o desenvolvimento de soluções dentro do ecossistema da SAP.

Este exemplo da SAP.iO mostra uma tendência de uma mesma entidade (organização) abrigar mais de uma modalidade de conexão entre corporação e startups. Neste caso com o desenvolvimento de programas de Corporate Venture Building (CVB), nos quais a própria criação de startups é induzida pela corporação (denominada de SAP.iO Venture Studio). Leia a seção sobre CVB.

Objetivos:

  • obter conhecimentos e inovação das startups;
  • utilizar as startups como parceiros externos para resolver problemas internos ou para alavancar oportunidades de crescimento.

Características:

  • trabalha com startups externas
  • normalmente, busca soluções de exploitation (exploração do modelo de negócio e mercado atuais);
  • o time de aceleração é conectado com os tomadores de decisão das unidades de negócio;
  • a corporação possui pouca experiência com inovação aberta e colaboração com startups
  • usualmente a corporação não adquire participação societária (equity) da startup

Vantagens:

  • a marca da corporação atrai as startups, que podem utilizar essa ligação como demonstração da credibilidade da startup
  • a corporação consegue influenciar a startup e o programa de aceleração
  • consideração dos desafios atuais das unidades de negócio
  • os colaboradores da corporação podem aprender rapidamente a lidar com startups
  • contribui para a criação de um networking interno da corporação, já que mais de uma área pode estar colaborando com as startups em um mesmo projeto.

Desvantagens:

  • requer um investimento substancial da corporação
  • risco elevado de estabelecer um programa de aceleração, que pode fechar se falhar, com um perda potencial elevada de recursos
  • tempo elevado de aprendizado e montagem da aceleradora e ecossistema
  • a ligação exclusiva com uma única corporação pode não ser atrativa para uma startup
  • o risco das estruturas e processos da corporação dificultar e desacelerar o programa também não torna atrativo para as startups

Aceleração híbrida

Este tipo de programa combina a aceleração in-house com os projetos de inovação internos que são coordenados pelos colaboradores da corporação.

Objetivos:

  • obter conhecimentos e inovação das startups;
  • utilizar as startups como parceiros externos para resolver problemas internos ou para alavancar oportunidades de crescimento;
  • (até aqui são os mesmos que de uma aceleradora in-house);
  • desenvolver ideias inovadoras internas.

Características:

  • trabalha com startups externas e projetos internos
  • normalmente, busca soluções de exploitation (exploração do modelo de negócio e mercado atuais);
  • o time de aceleração é conectado com os tomadores de decisão das unidades de negócio;
  • a corporação possui pouca experiência com inovação aberta e colaboração com startups
  • usualmente a corporação não adquire participação societária (equity) da startup

Vantagens:

  • a marca da corporação atrai as startups, que podem utilizar essa ligação como demonstração da credibilidade da startup
  • a corporação consegue influenciar a startup e o programa de aceleração
  • consideração dos desafios atuais das unidades de negócio
  • os colaboradores da corporação podem aprender rapidamente a lidar com startups
  • contribui para a criação de um networking interno da corporação, já que mais de uma área pode estar colaborando com as startups em um mesmo projeto.
  • (até aqui são as mesmas vantagens da aceleradora in-house)
  • tratar os projetos internos como startup aceleram os projetos
  • as startups externas e as equipes de projeto internas são apoiadas pelo programa de aceleração e trabalham de forma integrada, o que permite a troca de ideias e de culturas, assim como o compartilhamento de conhecimentos e aprendizado recíproco 

Desvantagens:

  • requer um investimento substancial da corporação
  • risco elevado de estabelecer um programa de aceleração, que pode fechar se falhar, com um perda potencial elevada de recursos
  • tempo elevado de aprendizado e montagem da aceleradora e ecossistema
  • a ligação exclusiva com uma única corporação pode não ser atrativa para uma startup
  • o risco das estruturas e processos da corporação dificultar e desacelerar o programa também não torna atrativo para as startups
  • (até aqui são as mesmas desvantagens da aceleradora in-house)
  • risco das startups externas ficarem insatisfeitas, pois o apoio que elas recebem é menor do que os projetos internos

Aceleração independente

Este tipo de aceleração é equivalente a uma corporação associar-se a uma aceleradora independente.

A discussão neste tópico é a relação de uma corporação com este tipo de aceleradora.

Uma aceleradora independente pode gerenciar a aceleração de startups em nome de uma corporação. O foco das corporações está no retorno de investimento e não tanto no alinhamento com os seus objetivos de inovação.

Objetivos:

  • este tipo de aceleração serve para as corporações avaliarem as startups em estágios iniciais de desenvolvimento.
  • isso permite que as corporações tomem a decisão de investimento bem mais cedo do que seria possível em uma unidade de corporate venturing.

Características:

  • como muitas corporações não possuem experiência em construir e apoiar startups externas, elas colaboram com aceleradoras independentes, que oferecem serviços especializados de criação e profissionalização de startups.
  • trabalha com startups em estágios iniciais.
  • normalmente, a aceleradora está localizada fora do local da corporação.
  • o programa de aceleração é pré definido com base na experiência da aceleradora independente

Vantagens:

  • normalmente são programas muito conhecidos com uma elevada reputação no mercado, o que os torna atrativos para as startups e corporações.
  • como o programa é independente da corporação, ele não está limitado pela governança e inércia (pouca flexibilidade e agilidade) das corporações
  • a aceleradora é especializada no desenvolvimento de startups, devido a experiência, especialização e, frequentemente, presença global
  • a aceleradora normalmente já está integrada a um ecossistema e está associada com um grupo de investidores.
  • os programas de aceleração são eficientes, devido à experiência e à pressão do mercado

Desvantagens:

  • por ser uma entidade externa, é mais difícil obter a aceitação de toda a corporação.
  • existe o risco de perdas financeiras no caso de falhas.
  • menor controle sobre o programa de aceleração e sobre as startups.
  • só é acessível a algumas empresas, devido a elevadas taxas (pagamentos) para participar desses programas.

Aceleração em consórcio

Também é um caso de aceleração externa à corporação, como a aceleração independente. Porém, o programa de aceleração em consórcio, como o próprio nome diz, envolve várias corporações dentro de uma temática. Neste tipo de aceleração é equivalente a algumas corporações  associarem-se a uma instituição externa, um hub de inovação, que incorpora programas de diversas modalidades.

Um exemplo, é a Startup Autobahn (literalmente traduzido como startup de auto estradas), que foca em startups para mobilidades. Este programa é coordenado pelo hub / consultoria “Plug and Play” e reúne empresas de renome na Alemanha, tais como, Daimler, ZF e BASF. 

Objetivos:

  • a aceleradora integra atividades de treinamento para os participantes
  • estabelece a conexão entre corporações e startups por meio de projetos conjuntos
  • as corporações procuram esse tipo de parceria para agilizar a conexão com startups, acessar inovações externas e melhorar sua imagem de empresa inovadora

Características:

  • a aceleradora é responsável pelas atividades de triagem das startups e aferição das informações sobre elas. Geralmente, cada corporação do consórcio decide quais startups selecionar para o programa.
  • os critérios de triagem são definidos em conjunto pela aceleradora e as corporações.
  • a aceleradora faz a conexão entre as corporações e as startups, além de apoiar o trabalho conjunto durante o desenvolvimento dos projetos.
  • normalmente, a aceleradora já possui uma estrutura de aceleração definida, mas que pode ser adaptada às necessidades do consórcio. 
  • alguns programas financiam as startups e exigem participações acionárias (equities), enquanto outros não. 
  • trabalha com startups em estágios iniciais.
  • normalmente, a aceleradora está localizada fora do local da corporação.

Vantagens:

  • normalmente são programas muito conhecidos com uma elevada reputação no mercado, o que os torna atrativos para as startups e corporações.
  • como o programa é independente da corporação, ele não está limitado pela governança e inércia (pouca flexibilidade e agilidade) das corporações.
  • a aceleradora é especializada no desenvolvimento de startups, devido a experiência, especialização e, frequentemente, presença global.
  • a aceleradora normalmente já está integrada a um ecossistema e está associada com um grupo de investidores.
  • os programas de aceleração são eficientes, devido à experiência e à pressão do mercado.
  • (até aqui são as mesmas vantagens de uma aceleração independente)
  • compartilhamento de informações e troca de melhores práticas entre corporações com relação à colaboração com startup.
  • poucas barreiras para uma corporação participar e sair de um programa de aceleração.
  • as startups podem se conectar com muitos parceiros potenciais e receber apoio de uma entidade independente

Desvantagens:

  • por ser uma entidade externa, é mais difícil obter a aceitação de toda a corporação.
  • menor controle sobre o programa de aceleração e sobre as startups.
  • (até aqui são as mesmas desvantagens de uma aceleração independente)
  • as startups não terão uma ligação direta com a marca de uma determinada corporação, mas se o consórcio ficar famoso, essa desvantagem será superada

Comparação com outros mecanismos e práticas

Neste tópico discutimos inicialmente as denominações equivalentes a incubadoras e aceleradoras corporativas. Em seguida focamos nas diferenças entre a aceleradora corporativa e outros mecanismos.

Finalizamos com uma questão que todos os gestores e líderes fazem: “Qual mecanismo ou prática que você deve implementar na sua organização?”. 

Recomendamos que você conheça a diferença entre uma incubadora e aceleradoras independentes, pois as versões delas nas corporações possuem muitas características comuns, além de outras adicionais relacionadas com o fato desses mecanismos estarem inseridos em um ambiente corporativo.

Denominações equivalente - múltiplos mecanismos de inovação

A incubação corporativa nasce na empresa e pode dar origem a inovações internas ou a startups externas (spin offs). É considerada uma conexão “de dentro para fora (inside-out)”. A aceleração corporativa, em geral, traz startups externas, que podem ou não ser aproveitadas para alavancar a inovação corporativa. É considerada uma conexão “de fora para dentro (outside-in)”. 

Veja a seção sobre conexão com startups para conhecer melhor os tipos de conexão e compreender a diferença entre “inside-out” e “outside-in”.

Apesar da clara diferenciação de escopo e objetivos entre incubadora e aceleradora corporativa, a entidade (departamento, gerência, empresa externa) responsável pela incubação dentro de uma corporação pode também prestar serviços de aceleração e outros. Por isso, esta entidade possui algumas denominações, que a rigor não trataremos como sinônimos, mas que na prática se confundem: aceleradora corporativa, hub de inovação, centro de inovação e outros. Nessa unidade organizacional, podem estar integrados o programa de incubação, com os de aceleração, os mecanismos de corporate venture capital e até de venture building.

Comparação entre aceleradoras corporativas e outros mecanismos

Apresentamos a seguir alguns mecanismos e qual o seu diferencial de cada um com relação a aceleradoras corporativas.

Hackathons:Uma aceleradora corporativa oferece um engajamento mais substancial e de longo prazo do que os hackathons, que podem ser usados para se conhecer startups.

Incubadoras corporativas: O processo de aceleração corporativa visa a consolidação de uma ideia já comprovada e aproveita as capacidades de atores externos (as startups). A incubação foca nos estágios iniciais da startup, que tem somente uma ideia sem ainda a validação do seu potencial (product market fit).

Na verdade o product market fit vai se consolidando ao longo da aceleração e mesmo logo após, pois ocorrem mudanças constantes, conforme as soluções são lançadas e utilizadas pelos clientes.

Conheça a comparação mais detalhada entre incubadoras e aceleradoras independentes, que fornecem insights para você entender melhor as diferenças.

Corporate venturing: O foco do corporate venturing é no desenvolvimento de negócios (de risco) ao invés de buscar grandes retornos de investimento em empresas externas (aceleradas). Em um programa de aceleração corporativa, a relação com um grupo de startups é possível graças a um processo padronizado.

Fusões ou aquisições (M&A): Os programas de aceleração corporativa permitem a seleção e a realização de pilotos (MVPs ou POCs) com um maior número de startups para selecionar candidatas em potencial para a realização de M&A.

Qual mecanismo ou prática que você deve utilizar?

Primeiramente, você deve conhecer as abordagens

Como há uma superposição entre as abordagens de inovação corporativa & empreendedorismo, uma prática pode ser enquadrada / classificada em mais de uma abordagem.

Por exemplo, qual a diferença que faz você conhecer se a prática de corporate venture capital (CVC) é uma prática de inovação aberta, de inovação corporativa, de empreendedorismo corporativo, de corporate venturing, de hélice tríplice, ou de conexão com startups?

Não importa o rótulo da abordagem que você está utilizando na sua empresa e sim quais os princípios que você está adotando e as práticas que você aplica.

Conhecer as abordagens, que se complementam, é importante para você adotar os princípios que se adequam a sua realidade. Mas o principal é identificar quais são as práticas daquela abordagem a serem aplicadas na sua empresa. Depois de identificar, você deve ...

... entender quais são os benefícios e as limitações e como implementar uma prática para você decidir se ela é a apropriada ou não para o momento e condições atuais da sua empresa (nível de maturidade atual).

Desconstruir para integrar

Assim como na proposta que fizemos com a gestão da inovação, todas abordagens precisam ser "desconstruídas" e seus princípios e práticas devem ser integrados.

Veja a discussão sobre “desconstruir” e integrar os princípios e práticas de gestão da inovação no tópico “Como articular a gestão da inovação com as demais abordagens?”. O mesmo princípio deve ser empregado no contexto das abordagens de inovação corporativa & empreendedorismo.

Defina uma estratégia

Após conhecer os mecanismos e práticas de uma abordagem, você deve estabelecer uma estratégia para implementar a prática mais apropriada em um processo evolutivo de maturidade. Lembre que a inovação é uma jornada sem fim.

Por exemplo, na definição da estratégia de conexão com startups, a corporação define as premissas de conexão com startups, ou seja, qual a tese de inovação, que vai direcionar a relação da sua empresa com startups e a aplicação das abordagens, mecanismos e práticas de inovação corporativa & empreendedorismo.

Comece a experimentar os mecanismos e práticas

Sejam eles mecanismos e práticas de inovação corporativa, empreendedorismo corporativo, gestão da inovação, inovação aberta, corporate venturing, conexão com startups, ecossistema de inovação e empreendedorismo etc., o importante é começar a experimentar os mecanismos mais simples e evoluir.

Por exemplo, sua empresa pode começar a contratar startups para realizar serviços específicos. Assim, os processos da sua empresa serão adaptados para se tornarem ágeis e alinhados com as necessidades de relacionamento com startups.

Um outro caminho seria entrar em contato com hubs / consultorias em inovação e/ou participar de um ecossistema de inovação e empreendedorismo maduro para que seus colaboradores aprendam a se relacionar com um ecossistema e aí então evoluir.

Um outro ainda seria fazer um diagnóstico de cultura de inovação. Depois de “criar” o ambiente apropriado baseado na mudança cultural obtida com algumas conexões com startups, sua empresa pode utilizar os mecanismos e práticas mais sofisticadas / complexas. 

Observe que são vários caminhos possíveis. Não existe uma regra. Se você contar com uma boa parceria de uma consultoria ou de pessoas qualificadas e experientes em conexão com startups, sua empresa irá encontrar um caminho mais apropriado de evolução.

Utilize um portfólio de mecanismos e práticas

Tanto nas práticas de inovação, como nas de empreendedorismo corporativo, além de não existir o one-size-fit-all (uma solução não serve para tudo), dentro de uma mesma empresa, para objetivos distintos, uma gama de soluções podem ser utilizadas concomitantemente. Ou seja, utilize um portfólio de mecanismos e práticas.

Por exemplo, diferentes unidades de negócio podem adotar formas distintas de colaborar com startups. Além disso, uma “área” de P&D pode estar em um grau de maturidade mais avançado e adotar outras estratégias e práticas de inovação corporativa.

A orquestração de todas essas iniciativas é importante para que a empresa possa obter o ganho da sinergia resultante da aplicação desses mecanismos e práticas.

Conheça as recomendações e por onde começar  

Como há uma grande quantidade de alternativas de práticas, conheça rapidamente as alternativas, estudando as abordagens e suas superposições (comece pela seção “Articulação entre abordagens de inovação corporativa e empreendedorismo”).

Em seguida, avalie as recomendações e por onde começar na seção “Estruturação da gestão da inovação?”.

Avalie se os conhecimentos, cultura e nível de maturidade da sua empresa em inovação permitem que você aplique a “Metodologia de adaptação dos processos aos fatores contextuais”, ou seja, a definição de uma tipologia de inovação da sua empresa e a associação de práticas (processos, metodologias, ferramentas etc.) aos tipos de inovação. 

Referências

Gassmann, O., & Becker, B. (2006). Towards a Resource-Based View of Corporate Incubators. International Journal of Innovation Management, 10(01), 19–45. https://doi.org/10.1142/s1363919606001387 

Hausberg, J. P., & Korreck, S. (2020). Business incubators and accelerators: a co-citation analysis-based, systematic literature review. Journal of Technology Transfer, 45(1), 151–176. https://doi.org/10.1007/s10961-018-9651-y 

Kohler, T. (2016). Corporate accelerators: Building bridges between corporations and startups. Business Horizons, 59(3), 347–357. https://doi.org/10.1016/j.bushor.2016.01.008 

Moschner, S. L., Fink, A. A., Kurpjuweit, S., Wagner, S. M., & Herstatt, C. (2019). Toward a better understanding of corporate accelerator models. Business Horizons, 62(5), 637–647. https://doi.org/10.1016/j.bushor.2019.05.006

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