Arquitetura empresarial e articulação entre seus componentes

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Autoria: Henrique Rozenfeld (roz@usp.br)

Existem algumas definições de arquitetura empresarial, e a maioria trata essa arquitetura para vincular os negócios com a tecnologia de informação e comunicação (TIC). A proposta de arquitetura empresarial desta seção procura alinhar várias abordagens em uma única visão, na qual a arquitetura de TIC é um dos componentes na arquitetura empresarial.

Conteúdo desta página

Introdução

Iniciamos com uma definição ampla e genérica de arquitetura que criamos no nosso glossário, independente do domínio de aplicação.

“A arquitetura pode ser entendida como qualquer estrutura ou framework que organiza componentes em um sistema, sejam eles físicos, digitais, ou conceituais, de maneira que esses componentes trabalhem juntos de forma coesa para cumprir um propósito ou função específica.”

De acordo com a ISO 15704 (2019), uma arquitetura empresarial é sempre conceitual, sua descrição ocorre por meio de modelos da realidade empresarial à qual a arquitetura se aplica. Os detalhamentos da arquitetura empresarial geralmente assumem formas menos abstratas à medida que se aproximam da realidade da empresa.

O conceito de arquitetura empresarial surgiu na comunidade de tecnologia da informação e comunicação (TIC).

Segundo Browning (2008), a estrutura e o comportamento de um sistema complexo são impossíveis de se entender a partir de um único ponto de vista. Portanto, não existe um gráfico ou uma figura que consiga unificar as diferentes propostas de arquitetura empresarial.

Além disso, sempre criamos um modelo com um objetivo. Ou seja, as informações e formalismos a serem utilizados no modelo devem depender do objetivo do que queremos representar (Guzzo et al., 2015).

Objetivo desta seção

Nosso objetivo é apresentar os conceitos e aspectos de uma arquitetura empresarial e articular seus componentes (que inclui outras arquiteturas) para que as empresas possam obter uma visão holística dos principais componentes do seu negócio e sua articulação. Ou seja, ela representa a organização, estrutura, inter-relação entre essas outras arquiteturas.

A figura da arquitetura empresarial desta seção complementa as perspectivas da visão sistêmica de uma empresa e seu ecossistema, que é a referência utilizada na flexM4i para representar as classes (tipos) de componentes de uma empresa. Complementar significa que a arquitetura:

  • propõe uma hierarquia entre outras arquiteturas de uma empresa;
  • detalha algumas perspectivas da visão sistêmica

No final desta seção mostramos uma comparação entre:

  • os elementos da arquitetura empresarial proposta,
  • as perspectivas da visão sistêmica da empresa e seu ecossistema e
  • os componentes do modelo de negócio CANVAS de Osterwalder & Pigneur (2010) 
Observe que na representação genérica de uma arquitetura empresarial (que é o caso desta seção), só podemos articular os tipos de componentes. Quando uma empresa desenhar a sua arquitetura, ela deve articular os componentes existentes, que são dos tipos que apresentamos.

Referências utilizadas na construção da arquitetura empresarial

Além das referências listadas no final desta seção, utilizamos como inspiração para a construção da arquitetura empresarial as seguintes referências:

  • ABPMP (2013), que articula as definições e conceitos de arquitetura de processo, arquitetura de negócio.
  • Banger, D. R. (2022), que descreve outras arquiteturas empresariais: Ministry of Defence Architecture Framework (MODAF); U.S. Department of Defense Architecture Framework (DoDAF); The Open Group Architecture Framework (TOGAF); framework de Zachman; U.S. Federal Enterprise Architecture Framework (FEAF)    
  • Browning (2008), que mostra alternativas de arquiteturas de processo.
  • Frické (2009), que descreve a pirâmide do conhecimento DIKW (data, information, knowledge e wisdom). Ela foi a base para a integração das arquiteturas de dados e informação.
  • Burton & Obel (2021), que discute os conceitos de design organizacional, relacionado com a arquitetura organizacional  (parte da arquitetura empresarial). Desta referência e outras surgiu a seção sobre design organizacional, que detalha as características da arquitetura organizacional.
  • Gangadharan & Luttighuis (2010), que descreve diversas características do TOGAF (The Open Group Architecture Framework).
  • Harmon (2007), que mostra e discute o framework de Zachman e o “The Open Group Architecture Framework (TOGAF)”. O framework de Zachman representa os tipos de informações que constituem uma arquitetura empresarial. O TOGAF também representa tipos de informações que devem ser incluídas em uma arquitetura empresarial abrangente. 
  •  Rummler & Ramias (2015), que possui um foco em sistemas de informação no contexto da arquitetura empresarial.
  • TOGAF ®(2024).The TOGAF® Standard – Architecture Content. Disponível em: https://pubs.opengroup.org/togaf-standard/architecture-content/index.html Recuperado em: setembro 2024.

Definição de arquitetura empresarial

Do glossário

  • (comunidade de TIC): A missão crítica de uma arquitetura empresarial é vincular as arquiteturas de negócios, de sistemas e de tecnologia de informação e comunicação (Rummler & Ramias, 2010)
  • (comunidade de BPM): Uma arquitetura empresarial é um modelo que representa a estrutura da organização e como ela atende aos requisitos atuais e objetivos futuros (to-be) do negócio (ABPMP, 2013). 
TIC: tecnologia da informação e comunicação
BPM: gestão de processos de negócio

O conceito de arquitetura empresarial surgiu na comunidade de tecnologia da informação e comunicação (TIC). Até hoje, e também devido à difusão da abordagem de transformação digital, o conceito de arquitetura empresarial direciona a implementação de tecnologias de informação e comunicação (TIC).

A arquitetura empresarial deve relacionar modelos de representação de elementos do negócio, que normalmente estão dispersos.

Neste contexto é utilizado um acrônimo em inglês, ESA, que representa este viés:  “enterprise systems architecture (ESA)”, cuja tradução literal seria “arquitetura dos sistemas empresariais” ou “arquitetura de sistemas corporativos”. Porém é comum encontrar publicações que usam o acrônimo EA (enterprise architecture).

Por que devemos utilizar uma arquitetura empresarial?

O propósito da arquitetura empresarial, ou seja, a razão de sua existência como função, é fornecer o suporte e orientação necessários a qualquer projeto, sistema ou processo que possa impactar o ecossistema tecnológico da organização para apoiar suas operações, ao mesmo tempo que aborda os facilitadores tecnológicos para os modelos operacionais do negócio (Banger, 2022).

O conteúdo a seguir foi extraído da introdução do TOGAF®, um framework para apoiar o desenvolvimento de uma arquitetura empresarial. Essas razões estão relacionadas com o conceito de arquitetura empresarial com foco em TIC, que é o uso mais frequente de uma arquitetura empresarial (TOGAF ®, 2024c).

O principal motivo para desenvolver uma arquitetura empresarial é apoiar o negócio, fornecendo a estrutura tecnológica e de processos para o desenvolvimento de uma estratégia de TI. Isso transforma a TI em um ativo ágil e responsivo, alinhado ao sucesso das estratégias empresariais modernas.

Os CEOs de hoje reconhecem a relevância da gestão eficaz e a exploração de informações por meio da TI para o sucesso empresarial e para conquistar uma vantagem competitiva. A arquitetura empresarial responde a essa necessidade, oferecendo um contexto estratégico para a evolução dos sistemas de TI, ajustando-se às constantes mudanças do ambiente de negócios.

Além disso, uma boa arquitetura empresarial equilibra a eficiência de TI com a inovação nos negócios. Ela permite que as unidades de negócio inovem de forma segura em busca de vantagens competitivas, ao mesmo tempo que garante a necessidade de uma estratégia integrada de TI, promovendo sinergia entre as várias áreas da empresa.

As vantagens técnicas de uma boa arquitetura empresarial trazem benefícios claros ao negócio, como:

  • Operação de TI mais eficiente:
    • Custos reduzidos de desenvolvimento, suporte e manutenção de software
    • Maior portabilidade de aplicativos
    • Melhor interoperabilidade e gestão simplificada de sistemas e redes
    • Capacidade aprimorada para lidar com questões críticas, como segurança
    • Atualização e troca de componentes de sistemas facilitadas
  • Melhor retorno de investimento e menor risco para futuros investimentos:
    • Menor complexidade na infraestrutura de TI
    • Retorno máximo sobre o investimento em infraestrutura de TI existente
    • Flexibilidade para desenvolver, comprar ou terceirizar soluções de TI
    • Redução geral de riscos em novos investimentos e nos custos de propriedade de TI
  • Processos de aquisição mais rápidos, simples e baratos:
    • Decisões de compra são mais simples, graças à disponibilidade de informações de aquisição em um plano coeso
    • O processo de aquisição é mais rápido, maximizando a velocidade e a flexibilidade sem comprometer a coerência arquitetônica.

Contraponto !

“Apesar da arquitetura empresarial ser um tema estudado desde os anos 1980, a sua missão crítica de definir e conectar negócios, sistemas e a arquitetura de TIC raramente foi atingida. Os projetos de arquitetura empresarial são muitas vezes reduzidos a nada mais do que exercícios elaborados para inventariar sistemas e tecnologias, com pouco ou nenhum esforço para documentar e analisar a direção estratégica e os processos de negócios das empresas, que deveriam orientar as iniciativas de TI” (Rummler & Ramias, 2010).

Componentes de uma arquitetura empresarial

A próxima figura traz uma visão das principais arquiteturas que compõem uma arquitetura empresarial, componentes de uma arquitetura empresarial.

Figura 1208: visão das principais arquiteturas que compõem uma arquitetura empresarial
(clique na figura para abrir em outra aba e manter como referência para a leitura dos próximos tópicos desta seção)

Essa figura sintetiza os componentes de arquiteturas empresariais da literatura que apresentamos no tópico “Componentes da arquitetura empresarial segundo propostas da literatura” no final desta seção.

A arquitetura de produtos e serviços é um dos componentes da arquitetura de negócios, e a arquitetura de processos de negócio (BPA) é um dos componentes da arquitetura organizacional, como mostramos no tópico adiante “Detalhamento das arquiteturas arquiteturas de negócio e organizacional“.

Posição dos componentes dentro da arquitetura empresarial

Observe na figura 1208 que inserimos dentro da arquitetura de negócios, a arquitetura organizacional. O motivo desta inserção é manter a compatibilidade com as propostas de design organizacional. Dessa forma, podemos tratar essas teorias de forma integrada.

A proposta de Banger (2022) coloca como nível 0 (zero) da arquitetura de negócios, o modelo de operação do negócio, que contém o modelo de negócio. Consideramos que o modelo de negócio está acima da arquitetura empresarial, é uma visão sintética e estratégica, que mostra a lógica do negócio com um nível de abstração bem elevado. A arquitetura empresarial é mais detalhada. Mesmo não fazendo parte da arquitetura empresarial, discutimos o modelo de negócio neste contexto, pois ele é um direcionador das outras arquiteturas, como explicaremos mais adiante.

Se quiser conferir a proposta de Banger (2022), veja o tópico correspondente no final desta seção. 

Na estrutura hierárquica de representação da arquitetura empresarial, colocamos a arquitetura de aplicações paralela com a arquitetura de dados e informações. Dessa forma, sintetizamos as propostas existentes, pois algumas representações colocam a arquitetura de aplicações acima e outras colocam a arquitetura de dados e informações acima. Há propostas em que elas são representadas de forma paralela, como na nossa proposta.

Colocar a arquitetura de aplicações acima representa que a arquitetura de negócios tem interface com as aplicações e essas com os dados e informações Colocar a arquitetura de dados e informações acima representa que a arquitetura de negócios tem interfaces com os dados e informações e esses com as aplicações.

Detalhamento das arquiteturas de negócio e organizacional

A próxima figura detalha a anterior, na qual adicionamos os componentes internos das arquiteturas de negócio e organizacional (que está dentro da arquitetura de negócios).

Figura 1209: visão das principais arquiteturas que compõem uma arquitetura empresarial com o detalhamento dos componentes das arquiteturas de negócio e organizacional (que está dentro da arquitetura de negócios).

Observe na figura 1209 anterior que:
– dentro da arquitetura de negócios, as ofertas (produtos e serviços) são representados pela arquitetura de produtos e serviços.
– dentro da arquitetura organizacional, os processos e a governança são representados pela arquitetura de processos de negócios (BPA – business process architecture).

É difícil colocar em uma única representação as arquiteturas relacionadas com empresas. 

A visão resultante é abrangente, mas mesmo assim ainda é um recorte considerando outros tipos de arquiteturas. Geralmente, as arquiteturas empresariais são específicas para cada domínio.

Os componentes são genéricos e os elementos de negócio são as instâncias em empresas reais.

Os componentes das arquiteturas se referem aos elementos conceituais que não representam diretamente instâncias específicas, mas sim um nível de abstração que pode ser detalhado nas instâncias reais das organizações. Em uma empresa real, essas instâncias específicas dos componentes são denominadas de elementos de negócio.

Por exemplo, um componente é a “arquitetura organizacional”. Uma instância (elemento) seria a arquitetura organizacional de uma empresa específica com seu organograma, definição das áreas, responsáveis etc. Outro exemplo componente é “pessoas e liderança”. Em uma empresa  específica, as instâncias (os elementos) seriam as pessoas com seus nomes, cargos, salários, competências etc.

Veja a definição de elemento de negócio no nosso glossário.

As arquiteturas representam um primeiro nível de detalhamento

As arquiteturas representam um primeiro nível de detalhamento dos seus meta-elementos. Elas são detalhadas por meio de diversos modelos, segundo o objetivo de representação de cada um.

Por exemplo, a arquitetura de processos de negócio (BPA – business process architecture) pode conter uma mapa amplo dos principais processos (ou modelos de processo, conforme a definição no glossário). Este seria um primeiro nível de representação.

Cada processo pode ser detalhado em atividades, informações, responsáveis, etc. com um objetivo específico. Uma representação de processo, como o VSM (value stream map) tem o objetivo de analisar o processo para criar um fluxo de valor futuro sem desperdícios; um fluxograma tem o objetivo de ilustrar as principais atividades e decisões de um processo; um modelo em BPMN (business process modeling notation) pode ter o objetivo de se configurar um sistema de workflow.

Veja na descrição da arquitetura de processos de negócio, mais a frente, que o processo, em um nível de abstração mais detalhado, pode se conectar com elementos de outras perspectivas, ou mesmo de outras arquiteturas.

Em seguida, descrevemos os principais elementos da figura 1209.  Iniciamos com um resumo das definições do glossário. Nos casos em que houver mais de uma definição no glossário para o mesmo termo, escolhemos uma delas alinhada com o objetivo de articular os componentes da arquitetura empresarial.

Quando necessário, acrescentamos alguns aspectos dos meta-elementos das arquiteturas. Além disso, em alguns casos indicamos seções específicas da flexM4i que descrevem com detalhes essas arquiteturas e/ou elementos.

Em seguida, descrevemos:

  • estratégias
  • modelo de negócio
  • arquitetura de negócios
  • arquitetura de produtos e serviços, que faz parte da arquitetura de negócios
  • arquitetura organizacional
  • arquitetura de processos de negócio (BPA), que faz parte da arquitetura organizacional
  • arquitetura de tecnologia da informação e comunicação, que agrega:
    • arquitetura de aplicações
    • arquitetura de dados e informações
    • arquitetura tecnológica (que abrangem outras tecnologias além da TIC)
Leia os próximos tópicos sempre usando a figura 1208 acima como guia, que você deve deixar aberta em uma outra aba.

Estratégia

Do glossário: Estratégia é a direção de longo prazo de uma organização, formada por escolhas e ações sobre seus recursos e escopo, a fim de criar posições vantajosas em relação ao ambiente em mudança e aos contextos dos stakeholders (Whittington et al.,2020).

Colocamos a estratégia fora da arquitetura empresarial, porque ela direciona e orienta a criação de uma arquitetura empresarial e, principalmente, da arquitetura de negócios. A definição de propósito, seu desdobramento em objetivos e estratégias e o estabelecimento de ações, tradicionalmente, fazem parte de um processo top-down (de cima para baixo).

Hoje em dia, é importante garantir o alinhamento das estratégias com as ações, decisões e correções de rumo que ocorrem na durante a execução da estratégia (abordagem bottom-up). Isso significa que a arquitetura empresarial e seus componentes devem estar alinhados com as estratégias.

Leia mais na flexM4i:
– “Objetivos da inovação” que mostra a combinação do processo top-down e bottom-up de alinhamento das estratégias com a sua execução.
– “Execução das estratégias”, que apresenta a discussão das razões pelas quais grande parte das estratégias falham durante a execução. Assim, o processo de alinhamento das estratégias precisa ocorrer com os responsáveis pela execução, que podem causar adaptações das estratégias do negócio.

Modelo de negócio

Do glossário: Um modelo de negócio descreve a lógica de como uma organização cria, entrega e captura valor (Osterwalder & Pigneur, 2010).

O conceito de modelo de negócio, que veio da comunidade de administração, tem uma superposição com a arquitetura de negócios, que surgiu da comunidade de TIC, como citamos anteriormente. Porém, o modelo de negócios é mais superficial e mais abrangente que uma arquitetura de negócios e não é voltado para vincular a arquitetura de TIC

Existem definições de modelo de negócio que citam que ele representa uma arquitetura. No entanto, um modelo de negócio, como utilizamos atualmente, é uma representação superficial de alguns componentes de uma arquitetura. É como se fosse a “ponta de um iceberg”, que precisa ser detalhada para permitir o design detalhado de uma empresa para orientar a implementação desses elementos.

O modelo de negócio é uma ferramenta muito útil para se ter uma noção inicial da lógica do negócio.

Diferença entre o conteúdo de um modelo de negócio e de uma arquitetura empresarial

O modelo de negócio CANVAS define um framework de 9 componentes (veja figura abaixo) na forma de um quadro (template, “tela em branco”, ou seja, canvas em inglês). Nesse quadro, inserimos adesivos (post-its) que representam elementos chave (instâncias) de cada um dos componentes que compõem o negócio da empresa 

Figura 956: framework (template) do modelo de negócio CANVAS
Fonte: adaptado de Osterwalder & Pigneur 92010)

A representação de uma arquitetura empresarial possui vários níveis de detalhamento, como mostra a figura 1214. No nível mais abstrato, temos somente os meta-elementos da arquitetura, ou seja, a denominação das classes de objeto. Os meta-elementos da arquitetura de negócios e, portanto, da arquitetura empresarial, vão além dos componentes de um modelo de negócio como o CANVAS.

Exemplos de meta-elementos são aqueles que se encontram na figura 1214 acima, tais como, mercado, ofertas (produtos e serviços), processos e governança, estrutura organizacional etc. 

O próximo quadro compara os componentes do framework de modelo de negócio CANVAS (Osterwalder & Pigneur, 2010) com os meta-elementos da arquitetura de negócios.

Quadro 1210: Comparação entre os meta-elementos da arquitetura empresarial e os componentes do framework de modelo de negócio CANVAS

Observações:
(1) os componentes do CANVAS representam parcialmente os meta-elementos da arquitetura empresarial; dentro de cada componente do CANVAS podemos inserir as instâncias dos componentes “chave” (os principais que trazem uma diferenciação para o modelo de negócio); os componentes do CANVAS são repetidos na sua coluna, quando puderem “conter” mais de um meta-elemento da arquitetura empresarial
(2) os meta-elementos da arquitetura empresarial são detalhados em outros modelos, ou seja, as instâncias são representadas nos modelos de representação dos meta-elementos em vários níveis de detalhamento e não na representação de primeiro nível das arquiteturas (veja os exemplos no próximo tópico para esclarecer esta observação).

As arquiteturas e seus elementos precisam ser detalhadas em outros modelos.

Exemplos de componentes do CANVAS versus elementos da arquitetura empresarial

Exemplo – Recursos

Por exemplo, no modelo de negócio CANVAS podemos inserir o título de um software de workflow em um post-it dentro do componente “Recursos”. Este título é a instância deste componente, como o Pipefy.  Se inserimos no CANVAS é porque este software de workflow é importante e, portanto, um diferencial para o modelo de negócio (um key resource).

Cada componente da arquitetura empresarial, geralmente, é representado em modelos diferentes. E são nesses modelos que inserimos as instâncias dos componentes.

No exemplo do software de workflow, o título do software específico é a instância que inserimos na arquitetura de aplicações, que é um dos componentes da arquitetura de negócios. Só que a arquitetura de aplicações contém também os outros sistemas da empresa e como eles se relacionam. Ou seja, a arquitetura de aplicações é mais completa e detalhada.

Exemplo – Proposição de valor

Por exemplo, no centro do framework do modelo de negócio CANVAS representamos o componente “Proposta de valor”. Nesta região do framework você pode colar um adesivo (post-it) com a descrição de uma proposição de valor.

A representação da arquitetura de negócios (figura 1214 anterior) somente indica que existe um tipo de elemento intitulado “ofertas”. Você necessita de um outro modelo (template) para representar suas ofertas, que pode ser:

  • uma descrição textual,
  • uma representação gráfica
  • uma arquitetura de produtos

Veja que uma oferta, em especial, pode ser representada em uma arquitetura de produto com um nível de detalhamento bem mais profundo do que o nível representado no modelo de negócio CANVAS. 

Exemplo – Processos

No tópico “Exemplo da relação do modelo de negócio com a arquitetura de processos dentro da arquitetura empresarial” mostramos como os processos (atividades chave) representadas por um adesivo (post-it) no modelo de negócio relacionam-se com a arquitetura de processos de negócio (BPA) e como eles podem ser detalhados.

Arquitetura de negócios

Do glossário: A arquitetura de negócios representa as visões holísticas e multidimensionais do negócios que inclui: recursos, entrega de valor de ponta a ponta, informações e estrutura organizacional; e as relações entre essas visões e estratégias de negócios, produtos, políticas, iniciativas e partes interessadas (Guild, 2021).

No glossário mostramos, além da definição da arquitetura de negócios, quais são os componentes típicos de uma arquitetura de negócios. 

Como já mencionamos, alguns elementos da arquitetura de negócios foram agrupados na arquitetura organizacional para manter a compatibilidade com as propostas de design organizacional. Dessa forma, podemos tratar essas teorias de forma integrada.

A arquitetura de negócios na nossa proposta abrange:

  • o mercado
  • o ecossistema, que é mais amplo e inclui a cadeia de valor
  • os elementos jurídicos e financeiros dos negócios
  • as ofertas, que incluem os produtos e serviços
  • o valor criado, entregue e capturado, que inclui as ofertas e os benefícios para os stakeholders do negócio
  • a arquitetura organizacional (detalhada mais à frente)

A próxima figura destaca um pedaço da figura 1214, que mostra a arquitetura organizacional aninhada dentro da arquitetura de negócios.

Figura 1211: destaque da arquitetura empresarial mostrando a arquitetura organizacional dentro da arquitetura de negócios

Repetimos o quadro abaixo, apresentado anteriormente.

Observe na figura 1216 anterior que:
– dentro da arquitetura de negócios, as ofertas (produtos e serviços) são representados pela arquitetura de produtos e serviços.
– dentro da arquitetura organizacional, os processos e a governança são representados pela arquitetura de processos de negócios (BPA – business process architecture).

Arquitetura de produtos e serviços

Essa arquitetura estrutura os itens da oferta, um dos elementos da arquitetura de negócios.

Do glossário: Arquitetura de um produto é o esquema que mapeia elementos funcionais do produto em elementos físicos e como esses elementos se relacionam (Whitney, 2007).

Quando a oferta for composta de outros itens além dos produtos e serviços, chamamos de arquitetura integrada (da oferta). Este é o caso de ofertas de sistemas produto-serviço.

No tópico da definição de PSS, mostramos um exemplo de sistema produto-serviço (PSS) no caso de compartilhamento de carro (car sharing), que ilustra outros itens que podem fazer parte de um sistema produto-serviço (PSS). Veja a figura 337 abaixo, que foi extraída no tópico mencionado.

Figura 337: Exemplos de elementos de um sistema produto-serviço (PSS) no caso de compartilhamento de carro (car sharing)

 

Na comunidade de engenharia de sistemas 

Esta comunidade considera a oferta como um sistema, cuja definição (neste contexto) é:
“Um sistema é um arranjo de partes ou elementos que juntos exibem comportamento ou significado que os constituintes individuais não apresentam. Às vezes, um sistema é considerado um produto ou os serviços que ele fornece.” (Walden/INCOSE, 2023)

Essa comunidade utiliza o termo “arquitetura de sistemas” ao invés de arquitetura de produto e serviços.

Conheça a definição de arquitetura de sistema no glossário (segundo a engenharia de sistemas), que praticamente replica a definição de sistemas, citada acima.

Arquitetura organizacional

Do glossário: A arquitetura organizacional é descrita como um framework que engloba tanto as estruturas formais quanto as relações informais dentro de uma organização. Ela abrange os blocos de construção intangíveis, como as dinâmicas de grupo e o comportamento humano, e reflete a coleção de estruturas e relacionamentos que conferem à organização sua funcionalidade e “sentimento” particular. A arquitetura organizacional serve como uma estrutura para o design organizacional, auxiliando na compreensão e previsão das inter-relações entre indivíduos, grupos, seu trabalho e os objetivos gerais da organização (Nadler & Tushman, 1997).

Os termos “arquitetura organizacional” e “design organizacional” são usados de forma intercambiável. Porém na flexM4i, adotamos que o processo de “design organizacional” resulta em uma “arquitetura organizacional”, como ilustra a próxima figura.

Figura 1212: Design organizacional (processo) resulta em uma arquitetura organizacional

No entanto, utilize o termo mais alinhado com a cultura de sua empresa. Você pode denominar o resultado como design organizacional.

A próxima figura é um detalhamento da figura 1208 (da arquitetura empresarial).  Ela mostra a arquitetura de negócios, dentro da qual está inserida a arquitetura organizacional e seus elementos, assim como a relação da estratégia com os componentes da arquitetura organizacional.

Figura 1213: elementos da arquitetura organizacional suas inter-relações e a estratégia
Adaptado de: Galbraith, J. R. (2014)

Essa  figura é inspirada no “modelo estrela” de Galbraith, J. R. (2014), ao qual adicionamos os elementos “clima organizacional”e “cultura organizacional”.

Na seção “Design organizacional” mostramos como obter uma arquitetura organizacional

As ligações da figura mostram que todos os elementos se influenciam mutuamente.

A arquitetura organizacional deve estar alinhada com a estratégia, que geralmente é definida anteriormente. No entanto, a influência não é unidirecional, ou seja, depois de definidos e durante o ciclo de vida de uma empresa, os demais elementos também influenciam a estratégia.

Já mostramos esses alinhamentos top-down e bottom-up na descrição anterior da estratégia.

Embora a cultura faça parte da arquitetura organizacional, ela não é diretamente controlável, pois ela é moldada:

  • pela estratégia;
  • pelos cinco outros elementos da arquitetura organizacional: estrutura organizacional, processos e governança, pessoas e liderança, clima organizacional (que destacamos a seguir) indicadores e sistema de incentivos; 
  • pelo clima organizacional, que é um elemento importante da arquitetura organizacional, é influenciado pelos estilos de liderança e pela aparência das instalações, resultante de um bom layout e outros aspectos estéticos das instalações, tais como, como decoração, cores, iluminação, e mobiliário.
  • pelos pressupostos básicos, crenças e valores da organização.

A cultura organizacional evolui constantemente e influencia esses mesmos elementos. É uma mão de duas direções.

Leia mais na flexM4i:
– veja exemplos de estruturas organizacionais na seção “Arquitetura organizacional” do capítulo sobre pessoas e organização.
– veja a seção “Cultura organizacional e gestão da mudança”.
– os estilos de liderança e o clima de trabalho são dois elementos, cuja inter-relação é importante para determinar a cultura organizacional. Por isso, eles são descritos em uma seção específica.
– dentro dessa seção sobre estilos de liderança e clima organizacional, mostramos uma das ações para melhoria do clima relacionada com os incentivos: Criar um sistema de recompensas alinhado à inovação.
– veja a seção “Indicadores de inovação”.
– no glossário definimos o que é governança da inovação e mostramos as responsabilidades da governança da inovação. Alguns processos gerenciais são os de governança.
– os processos de negócio são representados em uma arquitetura de processos de negócio (próximo tópico).

Arquitetura de processos de negócio (BPA)

Do glossário: Uma Arquitetura de Processo de Negócio (BPA; business process architecture) é um sumário escrito ou diagramático da cadeia de valor e processos de negócio de uma organização. Uma boa arquitetura de processo mostra como a cadeia de valor e os processos de negócio estão relacionados entre si e com os objetivos estratégicos da organização” (Harmon, P., 2003).

A arquitetura de processos de negócio (BPA) é um outro componente da arquitetura empresarial. Ela faz parte da arquitetura organizacional e, portanto, da arquitetura de negócios, como ilustra a figura abaixo, que é uma simplificação da figura 2008 de referência para a apresentação desta seção.

Figura 1214: arquitetura de processos aninhada dentro da arquitetura organizacional, que faz parte da arquitetura de negócios. Todas são elementos da arquitetura empresarial, que possui outros elementos não representados nesta figura.

A figura 1213 da arquitetura organizacional (apresentada anteriormente) ilustra que os processos estão relacionados com os seguintes elementos:

  • estrutura organizacional
  • pessoas e liderança
  • sistema de indicadores e incentivos
  • clima organizacional
  • cultura organizacional.

Relação dos processos de inovação com as outras perspectivas da empresa e seu ecossistema

Além desses, os processos também se relacionam com outros elementos da arquitetura de negócios, tais como: valor, mercado, jurídico, finanças, ecossistema e ofertas (produtos e serviços).

Segundo a definição de processo de negócio, ele se relaciona com as outras perspectivas da visão sistêmica de uma empresa e o seu ecossistema (próxima figura).

Figura 014: relação dos processos de inovação com as outras perspectivas da empresa e seu ecossistema.

Na definição de processo de negócio no glossário descrevemos a figura anterior.

A arquitetura de processos de negócio é a descrição de primeiro nível dos processos. No primeiro nível não inserimos as conexões com elementos de outras perspectivas. Cada processo pode ser detalhado por meio de diversos modelos, conforme o formalismo adotado pela empresa. Nos níveis mais detalhados de representação de um processo, podemos conectar um processo com elementos de outras perspectivas, tais como os da figura 14 anterior.

No próximo tópico mostramos um exemplo de arquitetura de processo de negócio (BPA), comparada com o conteúdo de um modelo de negócio.

Exemplo da relação do modelo de negócio com a arquitetura de processos

Neste exemplo, ilustramos como processos destacados como chave (key activities) no modelo de negócio relacionam-se com os processos de uma arquitetura de processos, que podem ser detalhados por meio de outros modelos.

Por exemplo, no modelo de negócio foram identificados dois processos principais (key processes), representados pelas flechas vermelha e azul. O modelo de negócio está no topo da arquitetura empresarial, pois traz uma visão inicial e abrangente do negócio.

Figura 1215: contraposição das formas e conteúdos de representação de um modelo de negócio e a arquitetura empresarial, no caso somente dos processos (atividades) – clique na figura para abrir em outra aba.

Esses processos destacados no modelo de negócio são nomeados em um adesivo (post-it) posicionado no CANVAS. Esses processos podem ser detalhados em um outros modelos.

A arquitetura de processos (BPA) reúne esses processos com outros processos que não são os processos chave e mostra a inter-relação entre eles. A arquitetura pode ser representada em um mapa que contém os títulos dos processos, tais como, processo de discovery, processo de desenvolvimento de produtos e serviços, processo de desenvolvimento de tecnologia, processo de compras etc.

Esses processos são instâncias do componente “processos”. A BPA pode ter outras representações complementares, que indique quem são os responsáveis pelos processos, seus objetivos, principais indicadores de desempenho (KPIs) etc. 

Este mapa é o nível superior de representação de uma arquitetura de processos de negócio (BPA). Cada processo pode ainda ser mais detalhado por meio de outros modelos.  

Voltando ao exemplo. A figura anterior mostra que a arquitetura de processos de negócio (BPA) é um dos componentes da arquitetura empresarial.

Em um primeiro nível de abstração, a BPA possui um mapa com a descrição dos processos, seus objetivos e suas interdependências. Veja que neste mapa, a arquitetura de processos contém outros processos de negócio, além dos dois destacados no modelo de negócio, pois no CANVAS destacamos (instanciamos) somente os processos principais (key activities), que trazem um diferencial para o modelo de negócio.

Porém, a arquitetura de processos de negócio (BPA) vai além, pois cada processo pode ser decomposto em alguns níveis mais detalhados. Na figura, ilustramos o processo da flecha azul detalhado em um modelo utilizando o formalismo eEPC (extended event-process chain). Pode haver mais níveis de detalhamento. Esses outros níveis podem estar abaixo do modelo em eEPC e podem usar outros formalismos de modelagem de processos, tais como SIPOC (Supplier – Fornecedor, Input – Entrada, Process – Processo, Output – Saída e Customer – Cliente). O SIPOC também pode representar processos do primeiro nível, internos ou externos. 

Este primeiro nível de detalhamento, abaixo do mapa dos processos, pode ser modelado com o formalismo BPMN (business process modeling notation) ou outro, ao invés do eEPC, como ilustra a próxima figura).

Figura 1216: ilustração de uma arquitetura de processos de negócio (BPA) e exemplos de possíveis formalismos de detalhamento dos processos
Fonte de ícones de processos: https://klugsolutions.com/

Arquitetura de tecnologia de informação e comunicação (TIC)

Como apresentamos no início desta seção, atualmente a arquitetura empresarial se confunde com a arquitetura de TIC. No entanto, vamos diferenciar aqui para ficar coerente com a nossa proposta de arquitetura empresarial ilustrada na figura 1208 do início desta seção.

Não há consenso

Devido ao impacto da TIC nos negócios, muitos autores consideram a arquitetura de TIC como o que estamos tratando aqui de arquitetura empresarial.
Por exemplo, Akella, Buckow & Rey, Stéphane (2009), consultoras da McKinsey, propuseram uma arquitetura de TIC de 6 níveis:

  • Modelo de Negócio: Estratégia da empresa para criar valor para os clientes; processos de negócios para entregar esse valor.
  • Capacidades de Negócio: Design das operações principais (funções, processos interfuncionais) em, por exemplo, manufatura, marketing, vendas e P&D (Pesquisa e Desenvolvimento).
  • Aplicações de TI: Software, incluindo CRM, ERP, SCM, PLM, sistemas de pagamento, que dá suporte aos principais processos de negócios.
  • Plataforma de Integração de TI: Software que integra as aplicações da empresa, determinando qual aplicação fornece qual funcionalidade ou serviço.
  • Produtos de Infraestrutura de TI: Agrupamento de hardware em produtos de infraestrutura com acordos de nível de serviço definidos.
  • Infraestrutura de TI: Padronização da infraestrutura física para otimizar aquisição e manutenção.

Observe que os dois primeiros níveis estão sendo tratados nesta seção como elementos separados da arquitetura de TIC. A divisão de níveis das autoras não considera explicitamente a arquitetura de dados e informação.

A Microsoft propõe uma arquitetura de TIC para empresas de manufatura, que, obviamente, é construída em torno de soluções da empresa. O artigo Manufacturing data solutions reference architectures mostra essa arquitetura.

Esses foram exemplos para ilustrar que não há consenso sobre o que denominar de arquitetura de TIC. No entanto, as aplicações e infraestrutura estão presentes em todas as propostas.

Quais são os componentes fundamentais da arquitetura de TIC

Arquitetura de Tecnologia da Informação e Comunicação (ICT) é a estrutura projetada que abrange todos os componentes e serviços necessários para o desenvolvimento, implementação e operação eficaz de um sistema de ICT. Essa arquitetura serve como um plano ou modelo que orienta como um sistema de ICT é construído e integrado, assegurando a harmonia entre todos os seus componentes para a entrega eficiente de serviços de informação e comunicação (Henry, 2022).

Os componentes fundamentais de uma arquitetura de ICT incluem ((Henry, 2022):

  • Hardware e Software: Equipamentos físicos e programas de computador que processam e gerenciam dados.
  • Rede: Infraestrutura que permite a comunicação entre dispositivos dentro do sistema.
  • Recursos: Outros elementos necessários para apoiar a operação e entrega de serviços, incluindo políticas e procedimentos.

Arquitetura de TIC pode se “expandir” entre os stakeholders

A arquitetura de TIC pode se expandir entre os stakeholders de um sistema. A figura abaixo ilustra uma visão de alto nível de uma arquitetura de uma solução de mobilidade por meio de um veículo elétrico.

Figura 1122: visão geral de uma arquitetura de TIC com três divisões (partitions) para os stakeholders: fabricante do veículo, operador e usuário.
Fonte: adaptado de Horst, O., Heinrich, P., & Langer, F. (2014)

Arquiteturas que compõem uma arquitetura de TIC

Extraímos da figura da arquitetura empresarial, as camadas que consideramos como arquitetura de TIC. Veja na figura a seguir que essa arquitetura integra:

  • a arquitetura de aplicações
  • a arquitetura de dados e informações
  • a arquitetura tecnológica

Figura 1217: componentes de uma arquitetura de TIC

Nos próximos tópicos detalhamos essas três arquiteturas.

Arquitetura de aplicações

A arquitetura de aplicações refere-se ao modelo estrutural que define como os sistemas de software são organizados e interagem dentro de uma empresa. Ela descreve a disposição e interconexão dos componentes de software, incluindo aplicativos empresariais, sistemas legados, middleware e serviços. Esta arquitetura serve como uma ponte entre a arquitetura de negócios e a arquitetura tecnológica, garantindo que as soluções de software estejam alinhadas com os objetivos estratégicos e operacionais da organização.  A arquitetura de aplicações processa os conteúdos da arquitetura de dados e informações.

Uma arquitetura de aplicações bem estruturada é fundamental para a agilidade e eficiência operacionais, permitindo que a empresa responda rapidamente às mudanças no mercado e nas demandas dos clientes. Ela também facilita a integração de novas tecnologias e a evolução dos sistemas existentes.

Em um processo de fusão ou aquisição (M&A) entre duas empresas, é crucial que ambas possuam uma arquitetura de aplicações bem estruturada para facilitar a integração entre as aplicações de ambas.

Na arquitetura de aplicações , são considerados aspectos como:

  • Modularidade e reutilização: Estruturação de aplicativos em componentes modulares que podem ser reutilizados em diferentes contextos.
  • Integração de sistemas: Definição de como os aplicativos se comunicam entre si, seja por meio de APIs, serviços web ou middleware.
  • Escalabilidade e desempenho: Planejamento para suportar o crescimento da empresa e garantir desempenho adequado.
  • Segurança: Implementação de mecanismos para proteger dados e garantir a integridade das transações.
  • Conformidade e governança: Garantia de que os aplicativos atendam às normas regulatórias e políticas internas.
Conheça os frameworks de governança de TI, o COBIT, e o de gerenciamento de serviços de TI, o ITIL.

Arquitetura de dados e informação

Dado é a diferente de informação.

Síntese do glossário: Dados são fatos ou observações discretos e objetivos, que estão desorganizados e não processados, e não transmitem nenhum significado específico ou valor porque estão sem contexto e interpretação. Itens de dados são uma descrição elementar e registrada de coisas, eventos, atividades e transações.

Do glossário: Informação é dado dotado de significado, relevância e propósito.

No entanto, quando analisamos as definições de arquitetura de dados e arquitetura de informação, podemos concluir que ambas tratam de informações digitais.

Do glossário: A arquitetura de dados é a estrutura que especifica a maneira como os dados são coletados, armazenados, gerenciados e utilizados em um sistema ou organização. A arquitetura de dados define os padrões, modelos, políticas, regras e processos que governam como os dados são organizados e como interagem com outros elementos do sistema de TIC, como hardware, software e usuários. (Inmon et al., 2019)

Do glossário: A arquitetura de informação é (Rosenfeld et al., 2015): 

  • “O design estrutural de ambientes de informação compartilhados.
  • A síntese de sistemas de organização, rotulagem, busca e navegação dentro de ecossistemas digitais, físicos e de múltiplos canais.
  • A arte e a ciência de estruturar produtos e experiências de informação para apoiar a usabilidade,  a facilidade de encontrar informações e a compreensão.
  • Uma disciplina emergente e comunidade de prática focada em trazer os princípios de design e arquitetura para o cenário digital.”
Repare que nas definições acima, as duas primeiras tratam a arquitetura como um resultado / objeto; e as outras duas consideram a arquitetura um processo / disciplina.

Na proposta de arquitetura empresarial da flexM4i, integramos dados e informações, conscientes que os dados precisam ser analisados (data analytics) para se tornarem informações e se tornarem relevantes para a empresa.

Na arquitetura armazenamos os dados e informações em banco de dados e nuvem para um processamento posterior e para que a empresa possa extrair conhecimentos e “sabedoria” deles.

Existe uma hierarquia entre dados, informação, conhecimento e sabedoria, conhecida como hierarquia DIKW. Porém, conhecimento e sabedoria são inerentes às pessoas e não conseguimos armazenar de forma explícita.

A teoria da gestão de conhecimento divide o conhecimento em explícito e tácito. Segundo duas das definições do nosso glossário:
conhecimento tácito: refere-se ao conhecimento pessoal incorporado na experiência individual e que envolve fatores intangíveis, como crença pessoal, perspectiva e valores (Laudon & Laudon, 2004 apud Rowley, 2007).
conhecimento explícito: é o conhecimento codificado e digitalizado em livros, documentos, relatórios, white papers, planilhas, memorandos, cursos de treinamento, e similares (Awad  & Ghaziri, 2004 apud Rowley, 2007). Mas também se refere ao conhecimento tácito que foi documentado (Laudon & Laudon, 2004 apud Rowley, 2007). 

Portanto, conseguimos armazenar os conhecimentos explícitos 

Arquitetura tecnológica

A arquitetura tecnológica é a fundação que suporta todas as outras arquiteturas dentro da arquitetura empresarial. Ela engloba a infraestrutura física e virtual necessária para operar os aplicativos e processos de negócio de forma eficaz e segura. Isso inclui hardware, redes, data centers, nuvens, dispositivos IoT, sistemas operacionais e plataformas de gerenciamento.

Uma arquitetura tecnológica bem estruturada contribui para a robustez e confiabilidade das operações da empresa. Ela permite que as outras arquiteturas (negócios, aplicações, dados e informações) funcionem de maneira harmoniosa e eficiente. Além disso, uma arquitetura tecnológica bem planejada oferece flexibilidade para incorporar inovações tecnológicas futuras, garantindo a competitividade da empresa no longo prazo.

Componentes-chave da Arquitetura Tecnológica:

  • Infraestrutura de TIC: Compreende servidores, armazenamento, redes e outros componentes essenciais para o funcionamento dos sistemas de informação. A utilização de soluções em nuvem e bancos de dados escaláveis faz parte deste componente.
  • Dispositivos e equipamentos de produção: Inclui máquinas e equipamentos conectados por meio de IoT no contexto da Indústria 4.0. Esses dispositivos permitem a coleta de dados em tempo real, monitoramento de processos fabris e implementação de manutenção preditiva.
  • Segurança da informação: Abrange as medidas de proteção contra ameaças cibernéticas, garantindo a confidencialidade, integridade e disponibilidade dos dados e sistemas.
  • Plataformas de comunicação e colaboração: Ferramentas que facilitam a interação entre colaboradores, fornecedores e clientes, suportando processos de negócio colaborativos.
  • Padrões e protocolos tecnológicos: Definição de normas para interoperabilidade e compatibilidade entre diferentes sistemas e tecnologias.

A partir deste ponto, o conteúdo desta seção é para as pessoas interessadas no nível de detalhamento avançado.

Componentes da arquitetura empresarial segundo propostas da literatura

Apresentamos aqui a lista de componentes de uma arquitetura empresarial segundo alguns autores, que foi o embasamento para a definição dos componentes da arquitetura que apresentamos anteriormente.

O quadro abaixo mostra os componentes das arquiteturas selecionadas e em seguida trazemos os trechos que extraímos da literatura. 

Quadro 1218: Comparação entre os componentes das arquiteturas empresariais da literatura
(*): Na proposta de de Rummler & Ramias (2010) a arquitetura de dados está acima da arquitetura de aplicações. Nós invertemos para criar um paralelo com as outras propostas de arquitetura empresariais.

 

Proposta de Rummler & Ramias (2010)

A missão crítica de uma arquitetura empresarial é vincular as arquiteturas de negócios, de sistemas e de tecnologia de informação e comunicação  (Rummler & Ramias, 2010), como ilustra a próxima figura.


Figura 510: as arquiteturas que compõem a arquitetura empresarial, , também conhecida como arquitetura dos sistemas empresariais ou corporativos (do inglês ESA – enterprise systems architecture).
Fonte: adaptado de de Rummler & Ramias (2015)
TIC: tecnologia de informação e comunicação

Proposta do TOGAF®

De forma semelhante a arquitetura anterior da figura 510, o núcleo central da arquitetura empresarial do TOGAF® (The Open Group Architecture Framework)  é composto por:

  • Arquitetura de Negócios: Define os fluxos de valor, as capabilidades da empresa, o conjunto de direções estratégicas (course of action), informações de negócio, qualidade de serviço, contratos, serviços,  processos de negócios, produtos, eventos, controle com regras e diretrizes, funções organizacionais, unidades organizacionais, atores (humanos ou virtuais), papéis e responsabilidades.
  • Arquitetura de Aplicações: Esta camada descreve os serviços de aplicação e componentes lógicos e físicos, que são necessários para suportar as operações dos negócios e permitir a interação entre os sistemas e processos..
  • Arquitetura de Dados: Foca nas entidades de dados, seus componentes lógicos e físicos, que estruturam a forma como os dados fluem pela organização e suportam as funções de negócios.
No TOGAF®, a arquitetura de aplicações e a arquitetura de dados são consideradas camadas na arquitetura de sistemas de informação.
  • Arquitetura tecnológica: Relacionada à infraestrutura de tecnologia necessária para dar suporte às camadas de dados e aplicações, incluindo componentes lógicos e físicos de tecnologia, como servidores, redes, e dispositivos de armazenamento.
Conheça na flexM4i a seção específica sobre o TOGAF®.

Proposta de Banger (2022)

Banger (2022) propõe um framework para representar uma arquitetura empresarial em 8 níveis,  que são camadas horizontais, cada uma interconectada em ambas as direções e abrangendo os elementos internos e externos de uma organização:

  • Nível 0 – Modelo de operação do negócio (BOM – business operating model): fatores externos, impulsionadores (drivers) da mudança, estrutura empresarial, modelos de negócios, recursos de informação e gestão financeira.
  • Nível 1 – Processos de negócio: da arquitetura de processos de negócio (BPA – business process architecture) até a decomposição em níveis mais detalhados. 
  • Nível 2 – Capabilidades e serviços: orquestra processos, funções de negócios e sistemas por meio da execução de serviços, gerenciando a execução das funcionalidades dos sistemas. Essa camada é intermediária entre as camadas de negócios e técnicas, permitindo o desacoplamento entre capacidades técnicas (sistemas) e de negócios.
  • Nível 3 – Aplicações: representa os atributos, taxonomia e portfólio dos programas de computador (aplicações) que possibilitam a entrega digital das capabilidades, fluxos de trabalho e serviços por meio das camadas de serviço (nível 2) e processo (nível 1) até o modelo de operação do negócio (nível 0). 
A camada de processo (nível 1) controla os fluxos de trabalho (workflows) que utilizam um ou mais serviços (nível 2), invocando uma aplicação ou parte de sua funcionalidade, como um módulo, componente ou apenas uma chamada de API, que, após o processamento, retorna dados ou resultados ao fluxo de trabalho que a controla.
  • Nível 4 – Serviços de dados e informações: executa as atividades relacionadas à estruturação, manipulação, controle e exposição de dados e informações em toda a empresa, a partir de uma ampla gama de fontes estruturadas e não estruturadas.
A informação, geralmente, é útil apenas quando agrega valor a um processo de tomada de decisão, a um processo de negócios ou a um facilitador de sistemas. Se a informação armazenada resulta em uma mudança de status que desencadeia um evento ou ação, essa mudança de status exige um gerenciamento rigoroso e deve ter total rastreabilidade para fins de relatório.
  • Nível 5 – Serviços de tecnologia (nível lógico): são os componentes tecnológicos lógicos e os agrupamentos de tecnologias físicas que entregam uma capabilidade específica para apoiar as camadas acima. Ela representa um conjunto de serviços digitais que fornecem serviços de sistema executáveis, tais como, transporte de dados, mensagens, conexão (login) nos sistemas, monitoramento, estruturas dos sistemas operacionais, busca, roteamento de informações e gestão dos equipamentos. 
  • Nível 6 – Tecnologia habilitadora (nível físico): representa os ativos tecnológicos físicos e tangíveis, junto com os componentes da organização que são utilizados para fornecer os serviços habilitadores, além das políticas associadas de gestão e controle.
O hardware e os dispositivos físicos associados deixaram de ser vistos como diferenciais competitivos nos negócios. Hoje, são considerados serviços comoditizados que precisam de gestão e controle, especialmente devido à rápida evolução e ao surgimento constante de novos dispositivos, cada vez mais eficientes e acessíveis. “Arquitetos empresariais” (EAs) devem estar atentos e avaliar continuamente o “valor real” que essas tecnologias trazem para o negócio, considerando também os custos e serviços associados.
  • Nível 7 – Serviços de valor agregado e de higiene: representam capabilidades que, embora não sejam essenciais, são desejáveis, especialmente quando a organização precisa manter-se no estado da arte tecnológico.Alguns exemplos desses serviços são: segurança, recuperação de desastres, governança e capabilidades não funcionais (usabilidade, documentação, integridade, robustez, auditoria e outros)

Estilos de representação de arquiteturas empresariais

Existem diversos estilos de arquiteturas empresariais, que refletem na abordagem / formalismo para representar esses frameworks, tais como (Banger, 2022):

  • Arquitetura orientada a domínio: Esta abordagem foca na construção de aplicações empresariais, com o foco em um domínio de negócios ou operacional específico. Ela captura casos de uso, lógica e interações para esse domínio, permitindo a construção iterativa do sistema de TI. Os casos de uso concentram-se em compreender o problema específico ou a função de negócios capturada no domínio ou seus subdomínios.
  • Arquitetura orientada ao negócio: Esta é uma abordagem de cima para baixo para o desenvolvimento de sistemas de informação, na qual o negócio conduz o processo, com a participação dos stakeholders, e prioriza as capabilidades requeridas. Em outras palavras, a arquitetura de negócios é construída como um conjunto de portfólios de TI (programas/projetos) que implementam capabilidades e automações de processos por meio de um conjunto de transformações regulares controladas pelo negócio.
  • Arquitetura orientada a modelos: Esta abordagem utiliza um conjunto de diretrizes, especificações ou modelos para construir sistemas de informação, estendendo a abordagem de domínio.
  • Arquitetura orientada a processos: Refere-se ao design por resolução de problemas, isto é, o uso de um processo formal escalável como a principal abordagem para resolver problemas. É executado por uma equipe de solucionadores de problemas. Como uma metodologia formalmente definida, ela se abre para melhoria contínua.
  • Arquitetura orientada a eventos: Este estilo de arquitetura relaciona-se à produção, detecção, consumo e reação a eventos de negócios ou técnicos, onde um evento é uma mudança de estado ou uma atualização, por exemplo, quando um saldo de conta corrente passa a ser negativo e desencadeia um conjunto de ações do sistema de cheque especial.
  • Arquitetura orientada a serviços: Adota uma abordagem em que um conjunto de serviços é exposto para consumo pelos componentes da aplicação, através de um protocolo de comunicação em uma rede, permanecendo independente de qualquer produto, fornecedor ou tecnologia.
Atente que são estilos de representação de uma arquitetura empresarial. Por exemplo, a arquitetura empresarial orientada a processos não é a arquitetura de processos de negócio (descrita anteriormente).

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