Glossário: Teoria

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Em ciências naturais, uma teoria é uma explicação bem substanciada de algum aspecto da natureza que implica em uma variedade de circunstâncias que explicam um conjunto específico de fenômenos (PRINCETON UNIVERSITY, 2010).

Uma teoria é um conjunto de relações conceituais explicadas. Portanto, ela deve conter: as definições dos conceitos envolvidos no seu contexto; o domínio onde pode ser aplicada; as relações entre os conceitos para poder responder às questões do tipo “como?” e “por que?”. Além disso, a teoria deveria ser útil para se realizar predições de possíveis resultados de ações (Wacker, 2008). 

Wacker, 2008, afirma que sem essas propriedades, as conjecturas, inferências, suposições, hipóteses não podem ser consideradas uma teoria, mesmo que contenham um conjunto de relações conceituais. 

Uma teoria é uma declaração de relações entre unidades observadas ou aproximadas no mundo empírico. Unidades aproximadas significam construções, que por sua própria natureza não podem ser observadas diretamente (por exemplo, centralização, satisfação ou tur 

“Uma teoria pode ser vista como um sistema de construtos e variáveis, no qual os construtos estão relacionados entre si por proposições e as variáveis estão relacionadas entre si por hipóteses”. (Bacharach,1989)

Variáveis podem ser observadas e mensuradas empiricamente.

Construtos não podem ser observados diretamente. É uma construção teórica, puramente mental.

O mesmo autor, no mesmo artigo, diz que “uma coleção de construtos e variáveis não necessariamente formam uma teoria” (Bacharach,1989). A teoria precisa ser limitada por suposições dos teóricos que a construíram e deve ser possuir as seguintes propriedades:

Wacker ainda acrescenta outras propriedades para uma teoria ser considerada uma “boa” teoria, cuja apresentação está fora do nosso escopo, mas você pode consultar nos seguintes artigos: Wacker, 1998 e Wacker, 2008.

O objetivo de uma descrição é responder à questão “o que?”. O objetivo primário de uma teoria é responder às questões: “como?, quando?, onde? e  por que?” (Wacker, 1998)

Uma teoria deve ser passível de ser testada. Uma teoria na área de gestão pode ser considerada uma hipótese, que se sobreviver a testes experimentais torna-se uma teoria científica (PRINCETON UNIVERSITY, 2010).

Enquanto não for comprovada, continua sendo uma hipótese, ou seja, uma tentativa de explicar um fenômeno de gestão ou uma “prescrição” indicando como você deveria agir em determinadas situações e de acordo com objetivos específicos.

A elaboração de uma teoria na área de gestão de operações (na qual gestão da inovação está inserida) passa por alguns estágios iterativos. Ela pode começar com a representação da realidade em modelos descritivos, que são expandidos em estruturas explicativas (frameworks conceituais), que, por sua vez, são testadas contra a realidade até que sejam eventualmente transformadas em teorias. Nessa evolução os resultados devem ser sempre validados para  adicionar confiança aos achados anteriores, ou então invalidá-los e forçar os criadores da teoria a desenvolver teorias mais válidas ou mais completas (MEREDITH, 1993).

Veja a seção sobre “avaliar a eficácia de uma abordagem ou prática de inovação” para conhecer alternativas de criação de artefatos para apoiar a inovação e como dizer se esses artefatos funcionam ou não, discutindo o método científico associado.

Teoria versus abordagem

Como vimos, teoria é um conceito mais formal que uma abordagem, apesar que ambos podem possuir princípios e práticas. Uma teoria é um conjunto de relações conceituais explicadas, que passa por um processo evolutivo iterativo (de modelo descritivo a uma teoria prescritiva), que inclui períodos de avaliação.

Algumas abordagens de inovação surgem durante a resolução de um problema prático, ou do aproveitamento de oportunidades oriundas de novas tecnologias (veja o tópico sobre desafios e ideias de inovação), quando novas ofertas são criadas ou quando ocorre uma mudança (melhoria ou transformação) de elementos do negócio (por exemplo, para aumentar a excelência operacional). Veja as alternativas básicas de inovação.

Seus autores publicam os resultados e ela vira a abordagem do momento (se a publicação fizer sucesso, normalmente baseado na competência do autor). No fundo, inicialmente, ela se torna uma hipótese, falando no linguajar acadêmico. Se ela for inovadora, quebrando paradigmas e os resultados forem surpreendentes, muitas outras empresas irão aplicá-la (tentativa de refutar ou falsear) sem o cuidado (ou as amarras) de técnicas de pesquisa.

A cada teste de falseamento que a abordagem sobrevive, dizemos que ela foi corroborada. Conforme novos relatos de sucesso forem surgindo, ela vai se tornando mais robusta. Depois de um tempo, quando a quantidade de aplicações for significativa, alguém da academia ou de empresas de consultoria pode realizar estudos de caso, ou mesmo pesquisas quantitativas. Se os resultados forem positivos, a abordagem é considerada validada

Se você estiver na trilha avançada, leia a seção sobre a avaliação da eficácia de uma abordagem, na qual fazemos uma discussão mais completa sobre esse assunto. 

Na flexM4I iremos generalizar e tratar as teorias como abordagens. Apresentaremos abordagens “consagradas”, mas que às vezes ainda não estão maduras. Quando for o caso, indicaremos na sua apresentação.

Alguns autores tratam suas propostas de princípios e ações de inovação como teoria. Nesses casos vamos respeitar essa denominação, mas elas ainda serão armazenadas na seção de abordagens da flexM4I. Não iremos discutir sobre o formalismo usado pelos autores para validar sua proposta. Porém, indicaremos que são “teorias” não validadas.

No entanto, utilize o termo que for mais alinhado com a cultura organizacional da sua empresa.


Bacharach, S. B. (1989). Organizational Theories : Some Criteria for Evaluation. Academy of Management Review, 14(4), 496–515.

MEREDITH, J. (1993). Theory Building through Conceptual Methods. International Journal of Operations & Production Management, 13(5), 3–11. https://doi.org/10.1108/01443579310028120

Popper, K. (1959). The logic of scientific discovery. Routledge.

PRINCETON UNIVERSITY. WordNet. 2010. Disponível em: http://wordnet.princeton.edu.  Acesso em: 03 jun. 2020.

Wacker, J. G. (1998). A definition of theory: research guidelines for different theory-building research methods in operations management. Journal of Operations Management, 16(4), 361–385. https://doi.org/10.1016/s0272-6963(98)00019-9

Wacker, J. G. (2008). A conceptual understanding of requirements for theory-building research: Guidelines for scientific theory building. Journal of Supply Chain Management, 44(3), 5–15. https://doi.org/10.1111/j.1745-493X.2008.00062.x

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