Estratégias, Objetivos e Indicadores
Execução das estratégias

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Autoria: Henrique Rozenfeld (roz@usp.br)

Entre 30% e 90% das estratégias falham devido a problemas de execução / implementação das estratégias. São apresentadas metodologias de execução das estratégias, que têm como objetivo diminuir essa taxa de falhas. Indica uma seção do repositório de práticas sobre as metodologias de execução. Discute que sempre deve ser desenvolvido um portfólio de projetos e iniciativas de inovação para se atingir as estratégias / objetivos. A execução deve aplicar uma combinação de métodos e ferramentas integrando as de execução de estratégias com as de inovação.

Esta seção trata da “Execução de estratégias” no contexto da gestão da inovação.

Falhas na execução das estratégias

Um artigo da Fortune de 1999, intitulado “Why CEO’s Fail”, é muito citado e afirma que  a taxa de falha da execução de estratégias é de 70% (Charan & Colvin, 1999).

Apesar deste número ser questionável (ver a discussão no início da apresentação das metodologias de execução das estratégias),  o fato é que a forma tradicional de desdobramento das estratégias de cima para baixo, sem uma conexão e alinhamento com os objetivos e metas / resultados, leva ao não atingimento dos objetivos e, portanto, das estratégias.

Na seção anterior sobre “objetivos da inovação” mostrou a relação entre propósito, estratégias, objetivos, metas, resultados e indicadores.

Metodologias de execução das estratégias

As metodologias de execução das estratégias existem para garantir que as estratégias estabelecidas sejam atingidas.

As principais metodologias são:

  1. 1950  – Hoshin Kanri – (*)
  2. 1950 – OGSM (Objectives, goals, strategies and measures) – (*)
  3. 1954 – Gestão por objetivos (MOB – management by objectives)
  4. 1981 – SMART  (specific, measurable, assignable, realistic, time-related)
  5. 1989 – EFQM (the European Foundation for Quality Management) – (*)  
  6. 1993 – balanced scorecard
  7. 1993 – OKR (objective and key results)
  8. 2012 – 4DX – 4 disciplines of execution

(*): As metodologias Hoshin Kanri, OGSM e  EFQM abrangem mais do que a execução. Elas abrangem também o estabelecimento das estratégias.

 Apesar dessas metodologias serem gerais para a execução de todo o tipo de estratégia, elas são essenciais para serem aplicadas de forma articulada com a gestão de projetos para a execução das estratégias de inovação. 

Um destaque que fazemos é para a metodologia OK&R, que também é conhecida como uma forma de relacionar indicadores de medição de resultados da inovação com os objetivos da inovação. 

Leia mais:

Desenvolva sempre um portfólio de projetos de inovação para atingir suas estratégias

Se a empresa estiver em um nível de maturidade que permita trabalhar com a abordagem de ambidestria organizacional, ao mesmo tempo ela estará administrando inovações mais radicais com inovações de sustentação e eficiência. Por isso, o gerenciamento do portfólio de seus projetos de inovação é importante para encontrar um mix entre os tipos de inovação.

Para apoiar o planejamento do portfólio utilize a tipologia dos três horizontes de inovação e crescimento.

Lógico que a empresa deve equilibrar o portfólio e saber que investirá pouco (proporcionalmente) em vários projetos mais radicais, pois muitos irão falhar. O investimento maior será em projetos de sustentação e aumento de eficiência, que podem estar relacionados com ofertas em diferentes níveis de evolução do negócio (de cada oferta). A ambidestria organizacional exige ainda outras características do negócio, que não foram discutidas aqui.

Utilize uma combinação de métodos e ferramentas para planejar e executar as estratégias

Observe pelo conteúdo deste capítulo, que não existe um caminho único para se planejar e principalmente executar as estratégias. Existem muitas metodologias de planejamento estratégico com seus métodos e ferramentas. 

No capítulo  “disciplinas relacionadas com a inovação”, enfatizamos a superposição de disciplinas relacionadas com a inovação. O mesmo vale para o planejamento e execução das estratégias. Essas disciplinas se sobrepõem, como ilustra a próxima figura (visite o capítulo “disciplinas relacionadas com a inovação” para conhecer a visão completa).

Figura 489: ilustração da sobreposição entre o planejamento execução das estratégias com algumas disciplinas relacionadas com a inovação para representar que existem princípios e práticas comuns entre elas

Isso significa que práticas dessas disciplinas podem ser usadas no planejamento estratégico, ou seja, práticas de marketing, inovação, design, administração, ciências contábeis e economia. Na verdade, não importa o rótulo. Na sua empresa, de acordo com os fatores contextuais do momento, você deve criar uma combinação coerente dos métodos e ferramentas de planejamento e execução das estratégias, que se relacionam com a gestão da inovação.

Como dissemos no início, este capítulo é um “detalhamento” do “planejar estratégia” da lógica da inovação. Veja bem, não estamos falando de planejamento da inovação, que é um processo também conhecido como front-end da inovação. Aqui tratamos da definição das estratégias de inovação no contexto do planejamento estratégico para enfatizar que a consideração da inovação inicia no planejamento estratégico.

Como apresentado na lógica da inovação, a categoria de processos para “rastrear, monitorar e analisar o contexto interno e externo”, que com seus métodos e ferramentas fornecem as informações necessárias para se “iniciar” o planejamento estratégico. Em outras palavras, as práticas para “rastrear, monitorar e analisar o contexto”, que repetimos a seguir, apoiam o “início” do planejamento estratégico e, portanto, a definição das estratégias e objetivos de inovação:

Essas práticas devem ser aplicadas de forma integrada às práticas relacionadas com o planejamento e execução das estratégias apresentadas neste capítulo.

Por exemplo, a abordagem de roadmapping está associada a outros métodos e ferramentas das abordagens listadas acima. Ou seja, o roadmapping pode apoiar não só o “rastrear, monitorar e analisar o contexto” mas também o planejamento estratégico e o planejamento da inovação. Pode ainda ser usado como referência para a execução das estratégias. Mas tem de ser complementado com  outras práticas. 

Além disso, vimos que:

  • o planejamento estratégico não é estanque e não vem somente de cima para baixo (top-down)
  • o envolvimento das pessoas, que  executam as estratégias, no estabelecimento dos objetivo, metas e os seus indicadores, é essencial para o atingimento das estratégias

A próxima figura traz uma visão de como o planejamento e a execução da estratégia se sobrepõem à gestão da inovação (na perspectiva de processos, que é a da lógica da inovação).

Figura 490: representação da sobreposição do planejamento e execução das estratégias com outras atividades dos processos de inovação.

Conclusão….!!!

Utilize uma combinação de métodos e ferramentas das diversas disciplinas para planejar e executar as estratégias sem se importar com os rótulos

Essa combinação deve ser alinhada com a maturidade e fatores contextuais atuais. No futuro, você necessitará de uma nova combinação, porque os fatores contextuais mudarão e sua empresa estará em um outro nível de maturidade. Mais uma vez repetimos, a inovação é uma jornada sem fim.

Leia mais:

Referências

Essas referências estão relacionadas a todo o conteúdo do capítulo “estratégias, objetivos e indicadores” e não serão divididas por seção ou página na web. Em todas as páginas deste capítulo repetimos a mesma lista de referências.

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