Design Thinking
Crie soluções para resolver problemas de forma “centrada” no ser humano
flexM4I > abordagens e práticas > design thinking (versão 3.6)
Autoria: Maiara Rosa ([email protected]) – grande parte deste conteúdo é baseado em sua dissertação de mestrado (Rosa, 2016) – e Henrique Rozenfeld ([email protected]). Esta seção foi revisada por Eduardo Zancul ([email protected]).
Conteúdo desta página
- 1 Antes de tudo ….
- 2 Definições
- 3 Relação com inovação
- 4 O design thinking como um processo
- 5 Princípios do design thinking
- 6 Exemplos de aplicação do design thinking
- 7 Metodologias de design thinking
- 8 Qual metodologia é a mais apropriada para o seu caso?
- 9 A história do design thinking: principais publicações
- 10 Tipos de design thinking
- 11 Padrões de raciocínio do design thinking
- 12 Informações adicionais
- 13 Referências
Antes de tudo ….
Iremos apresentar aqui a abordagem de design thinking, procuramos trazer uma visão ampla desta abordagem, que dá origem a várias metodologias de design thinking. Mais a frente indicaremos algumas metodologias, que permitem você aplicar os princípios desta abordagem.
Essa tentativa de resumir com certeza é reducionista e pode se tornar superficial. Observamos que as pessoas procuram informações que podem digerir em poucos minutos e em seguida aplicar. Veja a discussão que fizemos sobre “trade-off do nível de detalhe” e em seguida como pretendemos evitar o reducionismo.
Antes de apresentar “uma” definição de design thinking, colocamos um citação de Richard Buchanan, um dos principais autores sobre design, que até hoje continua válida.
Nenhuma definição de design, ou de práticas profissionais derivadas (como design thinking), cobre a diversidade de ideias e métodos que podemos associar a esse termo. Na verdade, a variedade de publicações e discussões sugere que o significado de design e suas conexões com outras áreas de conhecimento continua a expandir, revelando novas dimensões tanto na prática como na teoria. O design thinking segue essa tendência (Buchanan, 1992).
Mesmo depois dessa citação, vamos apresentar algumas definições. Mas observe que elas são complementares.
Definições
Vamos listar algumas definições conhecidas sobre o design thinking.
- “O design thinking é uma abordagem centrada no usuário com o objetivo de alcançar a inovação” (Meinel & Leifer, 2011)
- “Design thinking é um processo de redesenhar continuamente um negócio com base em insights obtidos do entendimento cliente. É uma abordagem que envolve a inovação de produtos, processos e modelos de negócios”. Citação de Roger Martin na publicação de Liedtka, 2011
- “Design thinking é uma abordagem de resolução de problemas, que nos permite combinar o lado direito do cérebro (do pensamento criativo) com o lado esquerdo (do pensamento analítico)”. Citação de Jeanne Liedtka na publicação de Darden, 2015
- O design thinking é uma abordagem, antes utilizada principalmente na criação de produtos, agora inspira a cultura corporativa (Kolko, 2015).
- “O design thinking é uma ferramenta essencial para ajudar a simplificar e humanizar processos. Não pode ser algo extra, mas uma competência imprescindível” (Kolko, 2015).
- “O design thinking é uma disciplina que usa a sensibilidade do designer e métodos para atender às necessidades das pessoas combinada com uma tecnologia viável, que, por meio de uma estratégia de negócios, possa criar uma oferta de valor para os clientes e se tornar uma oportunidade de mercado” (Brown, 2008)
- Apesar de inicialmente ter focado em inovação em produtos, serviços e sistemas, o design thinking evoluiu para permear inovação também nos níveis operacional, estratégico e gerencial (Leavy, 2010).
- “[Design thinking] integra conhecimentos de design, ciências sociais, engenharia e negócios. Ele combina o foco no usuário final com colaboração multidisciplinar e melhorias iterativas para produzir produtos, sistemas e serviços inovadores. O design thinking cria um ambiente interativo e vibrante que promove o aprendizado por meio de prototipagem conceitual rápida. ” – (Meinel & Leifer, 2011).
Na figura a seguir, sintetizamos (reducionismo) essas definições e destacamos algumas características do design thinking.
Figura 270: Síntese de algumas definições de design thinking
Em uma definição mais recente e sintética, a IDEO, que é a empresa de consultoria mais famosa em design thinking, define como:
“O design thinking é uma abordagem centrada no ser humano para a inovação que se baseia no toolkit (repertório – nossa nota) do designer para integrar as necessidades das pessoas, as possibilidades da tecnologia e os requisitos para o sucesso do negócio” (IDEO, 2021).
Na figura a seguir ilustramos essa definição.
Figura 281: Definição de design thinking segundo a IDEO
Fonte: adaptado de https://designthinking.ideo.com/
Relação com inovação
Como explicado na definição do que é o design thinking, essa abordagem combina o foco no usuário final, colaboração multidisciplinar e melhorias iterativas para gerar inovação (Leavy, 2010).
Muitas pessoas ficam tão empolgadas com os resultados da aplicação do design thinking e com a sua flexibilidade, que tendem a substituir o processo de desenvolvimento de produtos ou de outros processos de inovação pelo design thinking. Essas pessoas não entenderam o que é o design thinking.
Quem pensa em substituir o processo de desenvolvimento de produtos por design thinking não entendeu o que é design thinking
Essa abordagem é focada na concepção da inovação, chegando ao ponto de validar as ideias obtidas. Contribui principalmente nas fases iniciais da inovação. O detalhamento da solução, assim como sua implementação, requer o uso de abordagens adicionais. Porém, toda vez que se necessitar de uma nova ideia voltada para os usuários, mesmo que seja durante o detalhamento, na especificação de um subsistema (por exemplo), você pode usar o design thinking.
Você irá observar que apesar de várias indicações de mindset apropriadas para o design thinking, na sua empresa você ainda terá de definir como estruturar sua organização para aplicar o design thinking em contextos diversos, tais como: fases iniciais da inovação, detalhamento de produtos e serviço, inovação de modelo de negócios, resolução de problemas etc. Ou seja, a melhor forma de organizar as pessoas da sua empresa para aplicar design thinking pode exigir a aplicação de outras abordagens organizacionais.
Observe pelas definições que o escopo do design thinking está cada vez mais abrangente. Isso exige que essa abordagem seja integrada com outras abordagens. É comum ver propostas de integração do design thinking com lean startup, gestão ágil de projeto e inovação de modelo de negócios.
A influência do design thinking na cultura de inovação e na criação de ambientes para estabelecimento de uma mentalidade inovadora é fundamental para que a sua empresa inove. Mas não custa reforçar, design thinking não é uma panaceia que resolve todos os seus problemas de inovação.
Encare o design thinking como:
- um toolbox de métodos e ferramentas,
- associado a um processo lógico de raciocínio e
- indicações de princípios que devem ser incorporados pela organização e pela mentalidade (mindset) das pessoas envolvidas no processo.
O design thinking como um processo
O processo de design thinking pode ser comparado à abordagem tradicional de diamante duplo, descrita pelo British Design Council (Stickdorn & Schneider, 2011). O diamante duplo é ilustrado na figura abaixo.
Figura 282: O processo de “diamante duplo” do design thinking
Fonte: adaptado de Design Council (2024)
Esta abordagem descreve um processo que passa por momentos divergentes e convergentes. As atividades listadas a seguir seguem os números indicados na figura:
1. Definir o desafio: esta etapa (prévia ao duplo diamante) cobre a definição do desafio. Qual é o macroproblema que deve ser resolvido? Este é o ponto de partida. Uma equipe é montada para encontrar a solução. Veja uma discussão sobre desafio em lógica da inovação.
2. Compreender os usuários e o espaço do problema (descobrir, empatia e imersão): A parte da descoberta, empatia e imersão é divergente e explora o problema, entendendo os clientes e usuários, seus problemas e contextos, obtendo insights e identificando oportunidades. Nesta etapa, a empatia é gerada por meio da observação e envolvimento com os usuários, quando se pode imergir em suas vidas (Plattner, 2010).
3. Definir o problema: Depois que os usuários são compreendidos, é mais fácil definir quais necessidades específicas relacionadas ao desafio, identificando um desafio mais específico a ser resolvido. Ou seja, há uma convergência, definindo um problema a ser resolvido e trabalhado e garantindo seu enquadramento (framing) adequado para evitar que seja muito amplo ou limitado (o que, como falamos anteriormente, pode gerar bloqueios criativos).
Essa convergência do entendimento também é chamada por algumas metodologias de “ponto de vista” do cliente / usuário / stakeholder etc. |
4. Ideação (criar, desenvolver): nesta fase, os membros da equipe geram diversas ideias para resolver o problema, levando o processo a uma nova divergência. As ideias mais promissoras são selecionadas para prototipagem e teste. É a exploração do espaço da solução.
5. Prototipar, testar e entregar: o design thinking propõe que tudo seja comunicado de forma tangível. Assim, as ideias selecionadas são construídas em protótipos de baixa fidelidade com o objetivo de testar variáveis específicas. Protótipos de design thinking não são protótipos de engenharia típicos. Eles podem ser feitos usando papel e tinta; com storyboards; esboços; ou de qualquer outra forma que possa representar as hipóteses de ideias que precisam ser testadas. Os protótipos de baixa fidelidade também são conhecidos como de baixa resolução ou protótipos rápidos. Esses protótipos não representam todo o conceito de forma realista. Visam materializar alguns aspectos para testar variáveis específicas a fim de identificar se o conceito atende aos requisitos específicos dos usuários. Durante o teste, os usuários testam os protótipos de forma a validar, recusar ou melhorar as variáveis específicas em teste.
Veja nesta animação sobre design thinking (5:49 minutos) temas relevantes relacionados com esse processo, associado com a inovação. Eles adotaram alguns dos verbos indicados na figura anterior: descobrir, definir, desenvolver e entregar. O que eles definem como lançamento (launch) não é tão simples assim, quando se tratar de produtos físicos que demandam muita “transpiração” nas fases subsequentes. Ou seja, para esses produtos, após a aprovação da hipótese de valor da proposta por meio de testes com protótipos (MVP), ainda podem existir uma fase de detalhamento das especificações, mais testes com protótipos funcionais, certificação e homologação do processo de fabricação, detalhamentos de outros processos da cadeia de valor (vendas, assistência técnica etc.).
Veja a seção “prova de conceito (POC), MVP e protótipo” |
O processo de design thinking é o processo criativo que ocorre no início de inovações. Depois devem podem ocorrer várias atividades, como descrevemos em:
- Variabilidade e incerteza da inovação (como ação)
- Formalização de processos “engessa” a empresa e vai contra a inovação?
Conforme a metodologia de design thinking, podem existir variações do processo apresentado, mas basicamente todas seguem as mesmas etapas.
Embora design thinking não seja um processo linear, ele é ilustrado desta forma para facilitar o entendimento. Uma forma esquemática do processo de design thinking é fornecida por muitas metodologias fornecidas na literatura, como você pode ver no infographics citado acima. Meinel e Leifer (2011) propõem a figura abaixo para ilustrar como o processo de design thinking não é linear. De um lado está a visão linear / circular e do outro uma representação de possíveis alternativas para enfatizar como o processo pode ser iterativo e fuzzy (difuso). Mesmo assim, muitas pessoas tentam aplicar o design thinking de uma forma linear.
Figura 64: Design thinking não é um processo linear e sim iterativo e fuzzy (difuso)
Fonte: adaptado de Meinel and Leifer (2011)
É importante ressaltar que esse processo resulta em um conceito, e não em uma especificação detalhada do produto e nem em um conjunto de informações e recursos que permitem à cadeia de valor da empresa produzir o resultado final, como no processo de desenvolvimento do produto.
Veja um vídeo do Prof. André Fleury sobre a aplicação do design thinking para a solução de problemas mal definidos (wicked problem), que é uma das vertentes mais populares do design thinking. Lembrem que nesta seção estamos apresentando a abordagem de design thinking e não uma metodologia específica (veja mais a frente o tópico “metodologias de design thinking”)
Princípios do design thinking
Alguns princípios comumente associados e essenciais para o processo de design thinking, que devem ser seguidos para atingir resultados adequados, são listados e explicados abaixo. Esses princípios podem variar com cada autor.
- Entender e ter empatia pelos clientes e usuários: O design thinking é uma abordagem centrada no ser humano. Considerar as diversas perspectivas a partir do ponto de vista dos diferentes usuários. Logo, o entendimento e empatia pelos clientes e usuários deve permear todas as fases do processo de design thinking. (Observação: em geral, o entendimento deve considerar todos os principais stakeholders. No entanto, o design thinking traz como foco central os clientes e usuários finais).
- Focar em valores humanos: O design thinking orienta os desenvolvedores a focar mais em gerar valor percebido pelas pessoas do que em atingir números de mercado.
- Assumir a mentalidade de um iniciante: Você pode ter experiência e um vasto repertório. Mas seu ponto de vista é enviesado por seus pressupostos, crenças pessoais e noções pré-concebidas. Isso pode limitar você a ter uma verdadeira empatia. Não julgue, questione tudo, seja curioso, ouça de verdade, tente encontrar padrões interagindo com os clientes.
- Procurar entender os problemas de forma clara com uma visão coerente (antes de pensar na solução): A base do design thinking é propor soluções novas para resolver problemas não atendidos. Se os problemas não estiverem claros, coerentes e destrinchados, as soluções podem não resolver os problemas a que se propõem de forma adequada.
- Enquadrar os problemas de forma a inspirar outras pessoas a criarem ideias: Problemas muito amplos ou muito limitados podem gerar bloqueios criativos. Estimule a criatividade do seu time estruturando problemas que permitam o time a pensar em diversas soluções, mas sem perder o foco.
- Pensar fora da caixa e criar muitas maneiras de resolver um problema ou melhorar uma situação: Não dê início ao processo com uma solução em mente. Dê início ao processo com um problema em mente e busque encontrar todas as formas possíveis de resolver esse problema.
- Experimentar, experimentar, experimentar: Não decida com base na sua opinião sobre a solução. Crie protótipos, teste, valide (ou invalide) suas hipóteses. Deixe que seu cliente e/ou usuário decida por você. Para obter ideias inovadoras não adiantam apenas ajustes, mas sim uma exploração de novos contextos para obter soluções novas.
- Mostrar algo (protótipo, desenho, modelo, etc.) ao invés de falar sobre ele: Os autores costumam destacar a importância da prototipagem para visualizar a solução e permitir uma reflexão sobre o resultado. Quando ideias, conceitos, ideais e pensamentos se tornam tangíveis, a comunicação da equipe é aprimorada. É mais fácil entender o que outra pessoa deseja, se a comunicação for por meios visuais.
- Ter um viés de ação, os invés de pensar: Crie, desenhe, teste, erre. Não pare para pensar ou refletir. Faça. Na verdade, o design thinking deveria se chamar design doing.
- Ter em mente o processo (sem engessar), quais métodos usar e quais os objetivos: Defina um desafio, siga o processo (veja a seção “O design thinking como um processo”) e saiba alguns poucos métodos que podem te auxiliar nesse processo. Não se prenda a isso – o mais importante é entender em profundidade o contexto do seu desafio e propor soluções que resolvam o problema.
- Redesenhar: Mesmo depois de encontrar o conceito ideal para a solução de um problema, ele ainda não é perfeito. Outros problemas também podem precisar de solução e necessidades futuras devem ser previstas. Portanto, o processo nunca deve terminar.
- Colaborar de forma radical, envolver pessoas de diversas áreas e formação e pontos de vista: O design thinking exige multidisciplinaridade. Formações e histórias variadas aumentam a chance de gerar inovações.
- Ideias radicais surgem da diversidade: Traga pessoas diversas para o processo, entenda usuários diversos e busque analogias em outras áreas e setores.
- Pensamento Integrativo: Considerar simultaneamente várias características importantes e contraditórias de um problema para que você possa criar novas soluções, que vão além das alternativas existentes.
Otimismo e resiliência: Nunca desanime. Sua inovação sempre será melhor do que as soluções existentes. Se a experimentação mostrar o contrário, pivote e continue a inovar.
Exemplos de aplicação do design thinking
Existe uma grande quantidade de exemplos da aplicação de design thinking como uma abordagem de resolução de problemas, que passa também pela invenção de soluções inovadoras.
Aos poucos iremos colocar alguns exemplos de aplicação do design thinking na seção de casos da flexM4I que iremos citar aqui. Por enquanto, vamos colocar alguns exemplos clássicos da IDEO para ilustrar a aplicação de design thinking.
Carrinho de supermercado
No link abaixo você pode ver um vídeo antigo, de 1999, da aplicação da design thinking pela IDEO. Foi baseado em um desafio que a rede de TV americana colocou para a IDEO de construção de um carrinho de supermercado inovador em cinco dias. Este vídeo tem a duração de 8:13 minutos e possui legendas em português.
Este mesmo vídeo foi reproduzido dentro da aula do canal do YouTube do Marcelo Pimenta Inovador, que acrescenta comentários relacionados com os insights e métodos e ferramentas de design thinking (19:56 minutos).
Aparelho de ressonância magnética para diagnóstico em crianças
Os irmãos Kelly da IDEO publicaram em 1983 um livro contando experiências de aplicação de design thinking na IDEO, intitulado “Creative Confidence: Unleashing the Creative Potential Within Us All” (existe uma versão em português do livro: Confiança criativa: libere sua criatividade e implemente suas Ideias). Neste livro, eles focam na mensagem de que todos são criativos e que só precisamos soltar a nossa criatividade. Leia mais sobre este livro na linha de tempo de publicações sobre design thinking.
No primeiro capítulo desse livro, eles contam a história do Doug Dietz, da área de equipamentos de ressonância magnética da GE Healthcare. Ele tinha um problema de ter de sedar 80% dos pacientes de pediatria porque eles ficavam assustados com os barulhos do equipamento e não conseguiam ficar parados durante todo o exame. Além disso, um anestesista precisaria ficar do lado da criança durante o exame, o que nem sempre era possível, fazendo com que o exame fosse adiado. Os custos do exame também cresceram.
Quando ele viu a ansiedade e o medo que o aparelho causava nas crianças, Doug ficou em crise e essa situação mudou sua percepção sobre a aplicação desses aparelhos. Doug participou de um workshop na d.school e teve contato com design thinking. Ele então resolveu inovar na experiência do usuário, já que não teria como reinventar a máquina de ressonância. Após aplicar os métodos e ferramentas e design thinking, eles criaram um protótipo e testaram em um hospital de crianças, transformando a máquina em um navio pirata, mexendo somente na pintura da máquina e criando um cenário no local da instalação.
O operador da máquina contava para as crianças que eles iriam navegar dentro do navio e que elas deveriam ficar completamente quietas durante a “viagem” para poder pegar o tesouro do pirata. Essa inovação diminuiu drasticamente a quantidade de crianças que precisavam ser sedadas. A satisfação dos pacientes chegou a 90%. A maior recompensa para Doug foi o relato de uma mãe, que ouviu o pedido da sua filha para voltar no próximo dia.
Neste link, a IDEO publicou o capítulo do livro resumido acima, no qual você pode obter uma impressão visual de como ficou a máquina de ressonância magnética após a aplicação de design thinking.
Na internet você pode achar várias fotos da máquina e ambiente se procurar por “design thinking MRI example” e clicar em imagens. Aliás, este caso inspirou muitos outros lugares a fazer o mesmo. Na busca descrita, você poderá acessar esses outros casos.
Este vídeo foi realizado pelo hospital do experimento inicial, com relatos de funcionários do hospital.
Você pode assistir a um TED talk do próprio Doug Dietz contando essa história.
Outros casos
Se você procurar por na web ou no YouTube irá encontrar muitos exemplos e casos de design thinking, destacamos alguns para você:
- 8 great examples of design thinking
- Examples of Design Thinking in Action
- 5 exemplos de Design Thinking para se inspirar na busca por inovação
Como aplicar o design thinking?
Para você aplicar a abordagem de design thinking, você teria de escolher uma metodologia ou selecionar alguns métodos das metodologias existentes. Como esta seção é sobre a abordagem, não vamos entrar nos detalhes.
No próximo tópico você pode consultar algumas metodologias de design thinking.
Metodologias de design thinking
Na seção das principais definições usadas na flexM4I, diferenciamos abordagem de metodologias de inovação.
Na figura abaixo ilustramos que os princípios da abordagem de design thinking podem orientar diversas metodologias de design thinking.
Figura 233: metodologias de design thinking que seguem os princípios da abordagem de design thinking (clique na figura para aumentá-la)
A maior parte das metodologias segue o processo apresentado com pequenas variações e adotam os princípios listados. Na dissertação da Maiara Rosa (Rosa, 2016), ela fez uma comparação entre algumas metodologias, cujo infographic você pode baixar aqui.
Apesar da maior parte das metodologias de design thinking seguir o processo apresentado, algumas são mais prescritivas e indicam somente alguns dos métodos e ferramentas de design thinking e outras são mais amplas e indicam muitos métodos e ferramentas, que devem ser selecionados por quem vai aplicar de acordo com o contexto e repertório do time.
Estamos ainda inserindo algumas metodologias de design thinking na flexM4I. Na linha de tempo das publicações de design thinking você pode consultar algumas das metodologias. Existem ainda outras metodologias não listadas na linha de tempo, além de algumas publicadas somente online.
Vamos listar algumas aqui, mas ainda é uma lista inicial (uma busca e análise mais aprofundada será realizada em um futuro próximo)
Da linha de tempo das publicações de design thinking
- Jeanne Liedtka & Tim Ogilvie – Designing for Growth: A Design Thinking Toolkit for Managers
- Jeanne Liedtka, Tim Ogilvie & Rachel Brozenske – The designing for growth field book: A step-by-step project guide
- Marc Stickdorn et ali. – This is service design doing: applying service design thinking in the real world (existe uma versão em português)
- Michael Lewrick, Patrick Link & Larry Leifer – The design thinking playbook: Mindful digital transformation of teams, products, services, businesses and ecosystems (existe uma versão em português)
Da dissertação da Maiara Rosa (algumas metodologias estão na lista anterior e não serão listadas novamente)
- Plattner et ali. – Design thinking Bootcamp, da d.school Stanford University
- IDEO.org – Field Guide to Human-Centered Design pode ser feito o download do site da ideo.org, que também coloca à disposição um design kit na web
- FROG Collective Action Toolkit(CAT)
- Kimbell; Julier – Social design methods menu
- Kumar – 101 design methods (não é uma metodologia que explicitamente se classifica com design thinking, mas apresenta métodos de design que normalmente podem ser aplicados em design thinking, além de propor uma estrutura muito inteligente para organizar os métodos e ferramentas)
Existe ainda um grande número de publicações de metodologias de design thinking que podem ser encontradas em livrarias na web ou em website específicos, que algumas vezes só apresentam métodos de design:
- Bruna Ruschel Moreira – Guia prático de design thinking
- Michael Lewrick, Patrick Link & Larry Leifer – A jornada do design thinking (tradução do livro indicado acima – The design thinking playbook)
- Endeavor – design thinking
- Maurício Vianna – Design thinking: Inovação em negócios
- Tennyson Pinheiro & Luis Alt (Autor) – Design Thinking Brasil
- Marc Stickdorn et al. – This is service design doing: applying service design thinking in the real world. Este livro tem uma versão digital de acesso gratuito no link indicado. Você também pode baixar em pdf os capítulos ou métodos específicos.
- Marc Stickdorn et al. – Isto é design thinking de serviço na prática: como aplicar o design de serviço no mundo real (é a tradução do livro indicado acima do mesmo autor)
Qual metodologia é a mais apropriada para o seu caso?
Dentro da proposta da flexM4I, se você for um iniciante, você deve escolher uma metodologia mais simples e “prescritiva” e já aplicar. Dessa forma você adquire alguma experiência.
Conforme sua maturidade for aumentando você pode tomar como referência metodologias que apresentam um grande quantidade de métodos. Há uma dificuldade em selecionar qual o método mais apropriado, pois os escopos deles se sobrepõem. É com a prática e experiência que você cria o seu repertório e começa a ter os seus métodos “preferidos”. Mas cuidado em não se fechar somente nesses métodos. Sempre experimente novos métodos que podem trazer avanços para a sua prática de design thinking.
Se você já conhece e tem experiência com design thinking, você pode montar uma metodologia para o seu caso. Ou seja, você poderia adicionar métodos “avulsos”, que fazem parte de outras metodologias e finalmente combinar com mais abordagens (como mencionamos no tópico “relação com inovação’‘).
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O conteúdo a seguir é para os níveis de treinamento e avançado.
A história do design thinking: principais publicações
O conceito central do design thinking é seu padrão de raciocínio, referenciado inicialmente na literatura por Simon (1969) em seu conhecido livro “The Science of the Artificial”, muito antes do termo “design thinking” sequer ter sido criado. Simon (1969) aborda o padrão de raciocínio do processo de design, que, segundo ele, é o raciocínio central para profissões em áreas que lidam com solução de problemas, como engenharia, arquitetura, negócios e medicina, não se limitando aos designers. Esse padrão de raciocínio que visa chegar a “como as coisas deveriam ser” é o que difere as profissões de problema das ciências naturais, que levam ao “que as coisas são” (Simon, 1969). O tema continuou a ser discutido por diversos autores, como Cross (1982) e Schön (1983). Alguns anos depois, Rowe (1987) denomina esse padrão de raciocínio com o rótulo de “design thinking” em seu livro com o mesmo título.
No entanto, o design thinking hoje permeia todos os níveis de inovação organizacional: operacional, produto / serviço, estratégico e de gestão (Leavy, 2010). Na verdade, os objetivos do design thinking evoluíram de produtos para a experiência do usuário e, em seguida, para a estratégia corporativa, atingindo até mesmo sistemas complexos intangíveis e modelos de negócios (Brown & Martin, 2015).
Tipos de design thinking
A evolução da pesquisa em design thinking resultou em três linhas de pesquisa distintas (Kimbell, 2011, que são explicadas a seguir:
- A primeira manteve o conceito do design thinking como um processo cognitivo, realizado por designers individuais e com foco na resolução de problemas. Hoje essa linha é conhecida como “designerly thinking” para se diferenciar das demais.
- A segunda linha de pesquisa é o “design thinking como teoria geral do design”, trazendo uma macro perspectiva do design como um campo que lida com “problemas complicados”.
- Por fim, a terceira linha é o “design thinking como recurso organizacional”, que é o foco da nosso apresentação sobre design thinking. Os conceitos-chave das três linhas de pesquisa até agora referidas e a natureza dos seus problemas de design, bem como alguns textos-chave, são apresentados na tabela abaixo, adaptada do trabalho de Kimbell (2011).
O conceito de design thinking como recurso organizacional, foco da nossa apresentação, foi popularizado após Brown (2008), CEO da empresa de design americana IDEO, publicar pela primeira vez um artigo sobre design thinking na Harvard Business Review. Brown (2008) refere-se ao design thinking como uma abordagem para equilibrar as necessidades dos usuários com a viabilidade técnica e de negócios, gerando valor para o cliente e oportunidade de mercado. Sua perspectiva, naquela época, estava fortemente relacionada à inovação do produto, correspondendo às necessidades e desejos dos clientes.
Pesquisadores do design thinking como processo cognitivo passaram a usar o termo “designerly thinking” para se diferenciar do “uso popular” do termos design thinking
Existe um conflito entre essas três linhas de pesquisa, principalmente entre pesquisadores da primeira do design thinking como um processo cognitivo versus como um recurso organizacional. Alguns pesquisadores dizem que houve uma hiper simplificação dos conceitos por trás do design thinking. Johansson-Sköldberg, Woodilla e Çetinkaya (2013) reforçam que os autores do design thinking como recurso organizacional, o consideram um sinônimo de “ser criativo”, o que perde o significado, pois ignoraram o processo cognitivo.
Dorst (2011) reforça que o design thinking como recurso organizacional não considera a estrutura de pensamento (a cognição), ao trazer o design thinking como um toolbox. Assim, muitos autores que tratavam o design thinking como um processo cognitivo, pararam de usar o termo design thinking e passaram a utilizar o termo “designerly thinking” para denominar a primeira linha e, assim, se diferenciar das outras duas.
Em publicações mais antigas desses autores, vocês podem encontrar o uso do termo design thinking, nas mais recentes o termo “designerly thinking” predomina.
No entanto, outro autores acham que essa discussão não é importante
Alguns autores acreditam que não há uma diferenciação entre essas linhas de pesquisa, mas sim uma forte conexão. Johansson-Sköldberg, Woodilla e Çetinkaya (2013) e Dorst (2011), por exemplo, acreditam que o design thinking como um recurso organizacional é uma versão mais popularizada do design thinking como um estilo cognitivo.
Na verdade, todas essas linhas de pesquisa estão interligadas, mesmo que os pesquisadores da primeira linha (“designerly thinking”) geralmente não concordem com essa conexão. O design thinking como um recurso organizacional é uma forma mais abrangente de raciocínio de design, associando métodos e ferramentas para apoiar o processo . Com isso, pessoas com diversas formações, que ainda não estão acostumadas com este procedimento, podem usar a abordagem de design thinking para resolver problemas de design e organizacionais, principalmente os mais complicados.
O design thinking como recurso organizacional é o foco da nossa apresentação desta abordagem.
Padrões de raciocínio do design thinking
O texto e as figuras deste tópico foram extraídos e adaptados de Dorst, 2011, com outras referências sobre dedução e indução.
Um aspecto importante da abordagem de design thinking são os padrões de raciocínio que permeiam o processo de design. Dorst explica que o raciocínio humano na resolução de problemas usa quatro padrões básicos de raciocínio.
Uma “equação“ fundamental da lógica, que existe para descrever a lógica desses quatro padrões, está ilustrada na próxima figura.
Figura 264: lógica de raciocínio de como o uso de um artefato conduz a um resultado
Adaptado de Dorst, K. (2011). The core of “design thinking” and its application.
Por exemplo, um automóvel (artefato) mais seu princípio de funcionamento conduz à mobilidade.
Na resolução de “problemas”, essa equação pode ter partes desconhecidas e outras conhecidas.
Pensamento dedutivo
Dedução é o padrão de raciocínio que parte de uma lei ou teoria para deduzir conclusões relacionadas com problemas particulares. Isso ocorre se as premissas do problema estiverem corretas. Acontece sempre que um artefato é fornecido e um princípio de funcionamento esteja relacionado a ele (ser relacionado ao artefato é a premissa), permitindo que uma consequência dessa combinação seja deduzida.
Este padrão de raciocínio está fundamentado na matemática, física mecânica, ou seja, em áreas com leis e princípios já estabelecidos. Depois de uma dedução, podemos observar e avaliar se os resultados são verdadeiros ou não para comprovar se os princípios de funcionamento ou a lei de comportamento são válidos, ou mesmo se as premissas são verdadeiras.
Por exemplo, se houver um objeto em movimento contínuo e uma força com dada amplitude for aplicada a ele; é possível deduzir como será o deslocamento do objeto devido à força.
O pensamento dedutivo é ilustrado abaixo.
Figura 265: padrão do raciocínio dedutivo: a partir de uma lei ou teoria,
podemos deduzir que o comportamento de um artefato conduz a resultados esperados,
que depois podem ser verificados em experimentos.
Dorst, K. (2011). The core of “design thinking” and its application.
Pensamento indutivo
A indução é o padrão de raciocínio de “descoberta” e “hipóteses” (Dorst, 2011). É a lógica que infere um princípio de funcionamento baseado em um dado fenômeno que é observado e um dado artefato. Partimos do particular para se obter uma regra geral: um princípio de funcionamento ou uma lei de comportamento. Procura-se generalizar usando a probabilidade de que aquele resultado ocorra, se o princípio de fundamento ocorrer. Ou seja, a conclusão (princípio de funcionamento) tem um grau de probabilidade de ser verdadeira.
Este padrão de raciocínio é muito utilizado nas ciências naturais, quando se combina a experimentação com análise estatística. Normalmente, este raciocínio segue os seguintes passos:
- observação
- estabelecimento de hipóteses
- experimentação
- análise (estatística)
- generalização
Se não houver amostra suficientemente grande (significativa), a análise pode ser qualitativa e não se pode generalizar os princípios de funcionamento encontrados. Ele continua a ser uma hipótese.
É o padrão lógico na descoberta da gravidade de Isaac Newton. Há uma maçã e ela cai. Assim, existe um princípio de funcionamento, que é a gravidade. O pensamento indutivo é ilustrado abaixo.
Figura 266: padrão do raciocínio indutivo: a observação do comportamento de um artefato pode levar a conclusão do seu princípio de funcionamento ou de uma lei de comportamento (generalizável ou não, dependendo do tamanho da amostra e métodos científicos utilizados).
Adaptado de Dorst, K. (2011). The core of “design thinking” and its application.
Pensamento dedutivo versus indutivo
O raciocínio dedutivo parte de um conhecimento geral (aceito) para deduzir o resultado particular. O raciocínio indutivo parte de uma observação (ou várias observações) particular para inferir sobre quais foram os princípios de funcionamento ou lei de comportamento. Nas ciências naturais a indução leva a descobertas, enquanto que a dedução a justificativas dos resultados esperados.
Essas duas formas de raciocínio analítico nos apoiam a predizer ou explicar os fenômenos da natureza.
Na lógica hipotético-dedutiva, tentamos refutar ou falsear os resultados para corroborar (e não validar) os princípios de funcionamento ou o artefato. Leia mais sobre isso na seção “como avaliar uma abordagem, metodologia ou método de inovação”.
Criação de valor
E se desejarmos criar valor para outras pessoas (clientes, usuários, stakeholders)? Esse é o caso do design e de outras atividades profissionais, como engenharia.
Nesses casos, aquela equação inicial sofre uma pequena mudança, bem sutil. O objetivo agora não é obter um resultado que represente uma afirmação (confirmação) de um fato, mas a obtenção de um certo “valor”. A equação com essa variação está ilustrada na próxima figura.
Figura 267: padrão do raciocínio básico de utilizar um artefato para obter um valor desejado
Adaptado de Dorst, K. (2011). The core of “design thinking” and its application.
A abdução é o padrão de raciocínio criativo. Existem dois tipos de pensamento abdutivo. A parte comum desses dois tipos é que o resultado do processo é concebido em termos de valor.
Pensamento abdutivo – I
Abdução-I é o primeiro padrão lógico que orienta o processo de criação. Nesse padrão lógico, a pessoa sabe qual valor deve ser criado e conhece os princípios de funcionamento. Então, com esses dois elementos, a pessoa cria o artefato (Dorst, 2011). Esse é o padrão de raciocínio típico de engenheiros e designers para resolução de problemas. Qual é o artefato (um objeto, produto, serviço, sistema) que obtém o valor desejado dentro do espaço de solução potencial no qual operam os princípios de funcionamento?
Por exemplo, imagine que o cliente deseja um automóvel mais econômico. Conhecemos os princípios de funcionamento de um automóvel econômico (em gastos de combustível, em custo total de propriedade etc.). Temos então de desenvolver um automóvel que siga esses princípios para obter o valor desejado.
O pensamento abdutivo-I é ilustrado abaixo.
Figura 268: padrão do raciocínio abdutivo I do processo de criação:
sabemos o valor desejado e conhecemos os princípios de funcionamento e
queremos criar um artefato, que siga esses princípios, para poder atingir o valor desejado.
Adaptado de Dorst, K. (2011). The core of “design thinking” and its application.
Pensamento abdutivo – II
Abdução-II é mais complexa. Desta vez a pessoa não conhece o artefato nem o princípio de funcionamento (Dorst, 2011). Ela só conhece o valor final que deseja atingir / prover. Este tipo de raciocínio é associado ao design conceitual. O desafio aqui é descobrir o que criar, já que não temos o conceito do artefato e por isso não temos o princípio de funcionamento conhecido ou selecionado (para o conceito existente, como no caso da abdução-I). Precisamos inovar criando o artefato e o princípio de funcionamento. A necessidade de resolver os dois fatores desconhecidos da equação, exige a aplicação de práticas de design distintas, daquelas utilizadas na resolução de problemas da abdução-I.
Este tipo de raciocínio depende muito do repertório de quem vai criar. Por isso, designers mais experientes são mais capazes de aplicar este raciocínio. Se o repertório faz com que o designer teste alguns princípios de funcionamento conhecidos (com os quais ele possui experiência prévia), cada vez que um princípio de funcionamento for adotado, ele retorna para a abdução-I.
Por exemplo, imagine que você tem a intenção de simplificar ou eliminar a necessidade de transporte de pessoas para o trabalho em uma grande cidade.
O pensamento abdutivo-II é ilustrado abaixo.
Figura 268: padrão do raciocínio abdutivo II do processo de criação:
sabemos o valor desejado mas não conhecemos os princípios de funcionamento e
queremos criar um artefato, associar a novos princípios de funcionamento, para poder atingir o valor desejado.
Adaptado de Dorst, K. (2011). The core of “design thinking” and its application.
Observe como o padrão de raciocínio abdutivo é bem diferente de análise (dedução e indução) e da resolução de problemas. Para se associar novos princípios de funcionamento, precisamos de pessoas de áreas de conhecimento distintas.
Existem categorias de práticas de design que devem ser empregadas para apoiar a aplicação deste tipo de raciocínio. Você tem de criar frames e analisar temas baseado na sua experiência e lidar com contradições e paradoxos para ser capaz de aplicar a abdução-II. É normal que se contrate pessoas de fora, com outros repertórios, para auxiliar na criação de soluções do tipo da abdução-II. Por isso, é que a diversidade e os diferentes pontos de vista (um dos princípios do design thinking) são importantes para se criar soluções criativas.
Leia mais sobre essas categorias no artigo do Dorst, 2011. Nessa publicação, o autor apresenta a solução de um problema complexo relacionado com o aumento de criminalidade em um bairro de uma grande metrópole.
Todos esses padrões de raciocínio estão envolvidos no processo de design thinking. Devemos combiná-los para atingir um valor final.
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Referências
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