Modalidades de fomento da inovação e empreendedorismo

Como financiar o desenvolvimento de suas ideias

flexM4I > abordagens e práticas > Modalidades de fomento da inovação e empreendedorismo (versão 2.3)
Autoria: Henrique Rozenfeld ([email protected])
 

Introdução

Existe uma grande quantidade de tipos de fontes de fomento para inovação e empreendedorismo, que tratamos como modalidades.

As “fontes” em si são atores de ecossistemas de inovação e empreendedorismo que apoiam o nascimento, aceleração e crescimento de empreendimentos.

Não vamos aqui apresentar nomes ou exemplos de atores de ecossistemas, que realizam esses investimentos ou mesmo uma lista de fontes de fomento ou incentivos fiscais. Trazemos aqui um panorama das modalidades, ou seja, os tipos de fomentos existentes. Essas modalidades evoluem constantemente e se especializam e, dentro do possível, iremos atualizar essa seção.

Apresentamos aqui somente uma descrição resumida dessas modalidades e indicamos leituras adicionais.

Estrutura desta seção e links

A próxima figura ilustra a estrutura desta seção e os links

Figura 1272: principais elementos desta seção e links para outras seções da flexM4i

Dividimos esta seção em 3 partes, de acordo com o ponto de vista do “tomador” dos investimentos:

Apesar desta divisão, algumas modalidades de um tipo são conectadas com modalidades de outros tipos. O ponto mais detalhado desta seção são as modalidades para fomento de startups e empreendedorismo, que são estão sistematizadas dentro de um gráfico que representa as fases de evolução de um empreendimento.

Empresas estabelecidas podem participar de investimentos em startups, bancando alguns dos mecanismos de fomento por meio do CVC (corporate venture capital), por exemplo. Essas empresas também podem participar de projetos tripartites com universidades e institutos de pesquisa (ICT – instituições de ciência e tecnologia) por meio de projetos de incentivo ou de financiamento de projetos específicos.  

Apresentamos nesta seção somente os tipos de modalidades. A partir das informações adicionais desta seção, você pode acessar:

  • seções específicas relacionadas com abordagens e práticas de inovação corporativa e empreendedorismo, que contém algumas modalidades de fomento / investimento, como CVC, CVB e outras (se você abrir o próximo tópico verá o mapa para baixar e acessar essas seções).
  • a seção da flexM4i sobre atores de ecossistema e fontes de conhecimento, que dá acesso a MEI tools e a uma lista de mecanismos e instituições de financiamento e apoio à inovação e empreendedorismo (que tem uma superposição com a MEI tools), entre outros acessos a atores de ecossistema de inovação no Brasil e no exterior.
A Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) da CNI mapeia os instrumentos de fomento à inovação vigentes no país e divulga a lista trimestralmente no MEI Tools. Com essa ferramenta você pode encontrar instrumentos públicos e privados para financiamento e apoio à iniciativas de inovação.Você pode baixar a publicação ou fazer uma busca. 

Consulte o último tópico desta seção, “informações adicionais” para conhecer onde você pode acessar informações sobre as fontes específicas de fomentos para inovação.

Todos esses elementos indicam também conteúdos na internet de acesso gratuito, além das seções da própria flexM4i, dentro da premissa da flexM4I de não “reescrever a roda”.

Seções da flexM4i relacionadas com inovação corporativa & empreendedorismo

Na próxima figura você pode localizar a seção atual. Baixe aqui o mapa de conteúdo em A3 com os  links das seções ou acesse os links depois da figura.

Figura 799 - Seções da flexM4i relacionadas com inovação corporativa & empreendedorismo (clique na figura para abrir em outra aba e para poder acessar os links das seções)

ABORDAGENS

PRÁTICAS  (ordem alfabética)

Modalidades de fomento para universidades e institutos de pesquisa

Veja no tópico “informações adicionais” como buscar fontes de fomento específicas dessas modalidades de financiamento da inovação.

Agências de fomento

São agências, normalmente governamentais, que fomentam pesquisas, geralmente,  a fundo perdido ou com juros subsidiados. Os investimentos vão desde a concessão de bolsas, pequenos auxílios à pesquisa, até o fomento de grandes projetos e centros de pesquisa.

Normalmente, o envolvimento é baixo limitado à análise de relatórios intermediários e finais. Um indicador para medir os resultados desses projetos é a quantidade de publicações de qualidade, em periódicos com alto impacto.

Outro indicador é a produção de patentes (depositadas e/ou licenciadas) e produtos.

Consórcios entre empresas e agências de fomento

É semelhante ao caso anterior, mas as empresas participantes do consórcio também investem nas pesquisas. Em alguns casos de grupos de pesquisa consolidados, o investimento é tripartite, ou seja, os grupos de pesquisa também investem nas pesquisas.

O investimento pode ser alto e o envolvimento do financiador pode ser elevado com um controle maior dos resultados.

Muitas vezes, os recursos para esses investimentos resultam de leis de incentivos fiscais para apoiar a inovação.

Empresas

Essa modalidade de financiamento de pesquisa é variada. Pode estar limitada ao financiamento de uma bolsa de um aluno, de um projeto  e até financiamentos mais elevados.

Esses projetos podem envolver o desenvolvimento (ou co-desenvolvimento) de produtos ou tecnologia e a contratação de serviços.

Existem alguns casos no Brasil, nos quais as empresas montam centros de pesquisa dentro da universidade para realizar pesquisas básicas em tecnologias relacionadas com as soluções das empresas. Frequentemente são realizadas pesquisas aplicadas.

Muitas vezes, os recursos para esses investimentos resultam de leis de incentivos fiscais para apoiar a inovação.

Modalidades de fomento para empresas estabelecidas

As fontes de financiamento da inovação em empresas estabelecidas (incumbent companies) são bem diversificadas. No próximo tópico mostramos fontes para empreendedorismo, que também podem ser usadas por empresas estabelecidas dentro de certas condições.

Neste tópico vamos listar tipos genéricos de fontes de fomento. As “informações adicionais” mostram como buscar fontes de fomento específicas dessas modalidades de financiamento da inovação.

Bancos privados e governamentais

Existe uma grande quantidade de bancos, assim como variações de fontes de fomento de bancos. Recomendamos que você visite os sites dos bancos para conhecer as modalidades de fomento, que constantemente estão sendo inovadoras.

Renúncia fiscal

São financiamentos baseados nas leis de incentivos fiscais à inovação.

Agências de fomento

Em alguns casos, agências como a FINEP financiam pesquisas e atividades de inovação a fundo perdido ou com juros subsidiados para apoiar a inovação em empresas estabelecidas.

Consórcios entre empresas e agências de fomento

Como no caso anterior apresentado na categoria de fomento para universidades e institutos de pesquisa, este tipo de fomento é tripartite: agência governamental, empresa e universidade. Em geral, agências governamentais participam do financiamento com aportes nas universidades e institutos de pesquisa e não diretamente na empresa. A empresa também realiza um desembolso.

Modalidades de fomento para startups e empreendedorismo 

Existem diversas fontes de fomento para startups e scale-ups, que às vezes se sobrepõem no ciclo de financiamento de empreendedorismo.

O gráfico a seguir ilustra essas fontes ao longo do tempo dentro das fases de evolução de um empreendimento:

  • incubação
  • aceleração
  • crescimento
  • expansão
  • sustentação
  • maturidade
Veja como chegamos a essas fases no tópico “Origem do processo de empreendedorismo da flexM4I”.

 

Figura 784: modalidades e ciclo de fomento de startups e empreendedorismo (clique na figura para aumentá-la)

As modalidades com mesmas cores na figura estão relacionadas entre si.

Se desejar, leia as definições do “vale da morteno nosso glossário, que é o  que uma startup tem de enfrentar até conseguir fazer retornar os investimentos iniciais. Na verdade, não são somente startups que enfrentam o vale da morte. Porém, como as startups não possuem muito capital no início de suas atividades, elas correm o risco de realmente fecharem neste período.

Veja no tópico “informações adicionais” como buscar fontes de fomento específicas dessas modalidades de financiamento da inovação.

Bootstrapping

Ocorre quando os fundadores são os primeiros investidores, ou seja eles colocam recursos próprios sem contar com fundos de investimento. Quando a startup evoluir e tiver receitas, ela pode reinvestir seus lucros na própria empresa, o que ainda é considerada esta categoria de investimento.

A origem dos recursos é particular (dos próprios fundadores), o investimento inicial é baixo, mas o envolvimento do “investidor” é obviamente alto.

Leia mais em:

Friends, family and fools (FFF)

Quando os fundadores não possuem capital para investir na startup, uma outra fonte de investimento nas fases iniciais é chamada de FFF (family, friend and fools). 

A origem dos recursos é particular, o investimento inicial é baixo, assim como o envolvimento, apesar que alguns familiares gostam de intervir, ou melhor contribuir, no negócio. 

Leia mais em:

Agências de fomento

As agências de fomento, normalmente governamentais, possuem recursos financeiros a fundo perdido para a criação de startups nas fases iniciais. Servem para fomentar a inovação do país ou região. Para ser habilitada a receber tais investimentos, normalmente uma startup deve estar associada a pessoas de universidades ou institutos de pesquisa. É um incentivo para que surjam empresas a partir de pesquisas acadêmicas.

A origem dos recursos é pública, o investimento inicial é baixo, mas em alguns programas há a possibilidade de ser média nas fases subsequentes de desenvolvimento da startup. Nesses casos, o financiamento não é mais a fundo perdido. O envolvimento das agências é baixo, limitando-se a avaliar os resultados para aprovar o projeto realizado ou as próximas fases de financiamento.

Por exemplo, o programa PIPE da FAPESP divide os fomento nas seguintes fases:

  • fase 1: pesquisas sobre a viabilidade técnica
  • fase 2: montar o plano de negócios para comercialização e a descrição de como vai obter financiamento
  • PIPE invest: fundos suplementares acelerar o processo de comercialização voltado a projetos de comprovado sucesso
  • fase 3: desenvolvimento comercial e industrial juntamente com outros investidores

Business Angels

O(A) investidor(a) anjo é uma pessoa com experiência e capital, que investe em startups em troca de uma participação societária. Ele(a) ajuda no crescimento das startups. Algumas vezes, o(a)  investidor(a) anjo torna-se um(a) mentor(a) da startup.

Em geral, os investidores anjo atuam em grupos, mediados por plataformas digitais e/ou empresas, que auxiliam na avaliação da oportunidade para diminuir os riscos.

A origem dos recursos é particular, o investimento inicial é baixo, assim como o envolvimento. Nos casos em que o investidor anjo torna-se um mentor, o envolvimento é maior.

Leia mais em:

Crowdfunding

Crowdfunding é a prática de levantar recursos financeiros para uma iniciativa por meio de pequenas doações de muitas pessoas. A iniciativa pode ser um negócio ou projeto por meio de pequenas doações e investimentos de muitas pessoas. Em português temos um termo para esta modalidade de fomento: “vaquinha”. O termo “oficial” seria fomento coletivo.

Crowdfunding é um dos mecanismos de crowdsourcing.

Souza (2023) diferencia crowdsourcing de vaquinha online. Segundo ela: 

  • A vaquinha online é uma forma simples de arrecadar fundos para causas pontuais, geralmente baseada em doações diretas, sem troca ou recompensa para quem contribui, e com pouca interação entre quem organiza e quem apoia.
  • O crowdfunding é um tipo mais estruturado de financiamento coletivo, com campanhas que envolvem estratégias de marketing digital e incentivam a interação e o engajamento dos apoiadores. No crowdfunding, há modalidades como “Tudo ou Nada”, em que o organizador só recebe o valor se alcançar a meta, e “Flexível”, onde recebe o montante arrecadado independentemente do valor atingido.

Embora o crowdfunding exista há anos, com a popularização da Internet você hoje pode encontrar na web plataformas de crowdfunding. Essa tecnologia facilita alcançar muitas pessoas e levantar os recursos necessários. 

Geralmente, a origem dos recursos é particular, os valores individuais são baixos, mas o valor acumulado pode ser médio para o caso de fomento de startups. O envolvimento dos doadores é nulo.

Normalmente, se estabelece um valor meta que se deseja atingir no levantamento de recursos.

No crowdfunding, as contribuições vêm de um grande número de pessoas, e o financiamento pode ocorrer em diferentes modalidades:

  • Recompensa: os apoiadores recebem algo em troca, como produtos ou experiências.
  • Doação: os contribuintes ajudam sem esperar nada em troca, comum em causas sociais.
  • Participação: os apoiadores recebem uma participação no projeto ou negócio, como ações. Esta modalidade de crowdfunding é conhecida como “Equity crowdfunding”.
  • Empréstimo: os apoiadores emprestam dinheiro e esperam retorno financeiro, como em plataformas de peer-to-peer lending. Esta modalidade de crowdfunding é conhecida como “Crowdlending”.
Leia mais em:
Wikipédia em português: que no final apresenta a curiosidade da razão de esta modalidade ser chamada de vaquinha
Crowdfunding no Brasil: conheça os principais sites de financiamento coletivo – da LINK Nacional

Equity Crowdfunding

Pode ser considerado um tipo de crowdfunding.

É quando um grupo de investidores fornece fundos em troca de uma participação societária (equity) na empresa investida ou títulos conversíveis de dívida, que podem ser convertidos em equity quando a empresa for quitar a dívida.

No momento da venda (saída / exit dos sócios atuais), a empresa que “der certo” pode ser avaliada e vendida por um valor bem maior do que o investimento inicial. Dessa forma, os investidores recebem um retorno bem significativo.

A transformação digital da sociedade facilitou a realização dessa modalidade de fomento à inovação e empreendedorismo.

As empresas que desejam receber o investimento cadastram-se em uma plataforma de equity crowdfunding, que analisa a atratividade do negócio para diminuir os riscos dos investidores. Quando a proposta da empresa (startup) for aprovada, a plataforma de equity crowdfunding abre a captação de recursos, que podem vir de qualquer lugar. É um tipo de investimento mais seguro, pois a empresa responsável pela plataforma realizou um escrutínio anterior sobre o negócio (que obviamente envolve uma avaliação da empresa e de seu pessoal).

A origem dos recursos é particular, os valores individuais são baixos a médios para cada investidor, mas o valor acumulado pode ser mais elevado para o caso de fomento de startups. O envolvimento dos doadores com a empresa é muito baixo. A empresa responsável pela plataforma pode ter um envolvimento maior para apoiar a evolução do negócio.

Leia mais em:

Crowdlending

É quando um grupo de investidores (credores) realizam empréstimos para os empreendedores. Acontece de forma semelhante ao equity crowdfundig, mas é um empréstimo.

Esta modalidade de financiamento também é conhecida por P2P (peer-to-peer) lending.

A transformação digital da sociedade facilitou a realização dessa modalidade de fomento à inovação e empreendedorismo.

A origem dos recursos é particular, os valores individuais são baixos a médios para cada investidor, mas o valor acumulado pode ser mais elevado para o caso de fomento de startups. O envolvimento dos doadores com a empresa é muito baixo, assim como com a empresa responsável pela plataforma.

Leia mais em:

Seed Capital

O capital “semente” traz uma outra perspectiva na nossa apresentação das fontes de fomento. Não se trata de um tipo de investidor, mas de um tipo de investimento.

Em geral, este tipo de fomento  ocorre em um segundo momento, depois da validação da ideia do negócio.

Como consta no site do Startuphero, que citamos em seguida, “você deve apresentar algum resultado financeiro que comprove o potencial da sua empresa e que o seu produto realmente soluciona a dor do cliente”.

A origem dos recursos é particular e o investimento inicial é médio (de R$ 400 mil a R$ 1,2 milhão). O envolvimento pode ser médio a alto dependendo do tipo de investidor.

Os seguintes tipos de investidores podem aportar um seed capital:

  • business angels
  • equity funding
  • fundos de investimento seed
  • aceleradoras
  • corporate venture

Leia mais em:

Incubadora (independente)

Uma incubadora é mais do que uma fonte de fomento. Ela é uma instituição que pode contribuir nas fases iniciais de criação de startups oferecendo um ambiente com recursos compartilhados a custos subsidiados. As novas gerações de incubadoras oferecem treinamento, mentoria, contato com comunidade e redes, ou com profissionais e fontes de financiamento, como programas de agências de fomento.

O investimento é baixo a médio. Na verdade, consideramos também como investimento a contabilização do espaço e outras facilidades oferecidas a custos subsidiados. O envolvimento com o negócio pode ser baixo (quando só são alugados os espaços) ou médio (quando são oferecidas mentorias para as startups).

O fomento das startups que estão em uma incubadora podem vir das seguintes modalidades:

  • bootstrapping
  • FFF
  • agências de fomento: por meio de projetos de pesquisa e criação de startups
  • business angels
  • crowdfunding
  • equity funding
  • crowdlending
  • seed capital
Leia mais na seção específica sobre incubadora e aceleradora (independente)

 

Incubadora Corporativa

Uma incubadora corporativa é mais do que uma fonte de fomento. Possui os mesmos objetivos de uma incubadora, mas é associada a uma corporação.

Normalmente, as incubadoras corporativas fomentam startups com o capital da corporação (ou com empréstimos); o investimento é baixo a médio visando aprovar para passar para a fase de aceleração;  o envolvimento da corporação é médio para poder alinhar com as estratégias e condições da corporação.

Leia mais na seção específica sobre incubadora e aceleradora corporativa

 

Aceleradora (independente)

Assim como uma incubadora, a aceleradora é mais do que uma fonte de fomento. Uma aceleradora foca no crescimento do negócio. A startup já deve ter um produto e alguns clientes. As aceleradoras contribuem com mentoria e busca de investidores

Os programas de aceleração variam de 3 a 12 meses (alguns dizem de 3 a 6 meses). Neste período a aceleradora investe seus recursos para preparar a startup a se estruturar e captar recursos. São realizadas atividades intensas de mentoria em diversos temas importantes para um empreendimento. 

Algumas vezes uma aceleradora possui capital de risco para investir na startup após o período de aceleração. 

O caminho evolutivo de uma startup pode iniciar com a aceleração, quando a ideia inicial já foi rapidamente validada.

O fomento das startups que estão em uma aceleradora podem vir das seguintes modalidades:

  • bootstrapping
  • FFF
  • agências de fomento: por meio de projetos de pesquisa e criação de startups
  • business angels
  • crowdfunding
  • equity funding
  • crowdlending
  • seed capital

A princípio venture capital ou mesmo corporate venture capital também seriam fontes de fomento para empresas que passam por um processo de aceleração. No entanto, é normal que essas fontes de investimento apoiem empresas depois da fase de aceleração, quando não só o market fit foi comprovado, mas também a escalabilidade do negócio.

Leia mais na seção específica sobre incubadora e aceleradora (independente)

 

Aceleradora Corporativa

Uma aceleradora corporativa é mais do que uma fonte de fomento. Possui os mesmos objetivos de uma aceleradora , mas é associada a uma corporação. Assim, um aceleradora corporativa traz também benefícios para a corporação.

Aceleradoras corporativas eficazes combinam o melhor de dois mundos: a escala, capacidade de financiamento e o escopo de grandes corporações estabelecidas e do “espírito empreendedor” das startups (Kohler, 2016).

Incubadoras e aceleradoras corporativas possuem interesses muito diferentes das incubadoras e aceleradoras públicas. Um aspecto importante de qualquer projeto de incubadora ou aceleradora corporativa parece ser o estabelecimento de unidades organizacionais separadas para evitar conflitos por espaços na organização. Esta separação é particularmente importante, quando se criam inovações radicais que podem não somente canibalizar as ofertas atuais da empresa, mas também trazer uma disrupção nos modelo de negócio de uma ou mais unidades de negócio da corporação  (Hausberg & Korreck, 2020)

Normalmente, as aceleradoras corporativas fomentam startups com o capital da corporação (ou com empréstimos); o investimento é médio visando aprovar a escalabilidade da inovação;  o envolvimento da corporação é médio a elevado com as atividades de mentoria e direcionamento para alinhamento com os objetivos estratégicos da corporação. 

Leia mais na seção específica sobre incubadora e aceleradora corporativa

Venture Capital (VC)

Venture Capital é uma modalidade de investimento de capital privado em negócios “de risco” por meio da compra de participação (equity) acionária em empresas nos estágios iniciais (mas em geral depois de uma possível incubação e/ou aceleração). A expectativa dos investidores é receber altas taxas de retorno em pouco tempo, ao venderem a sua participação (equity).

Veja no gráfico da figura 784 do início desta seção, que há uma superposição entre venture capital e outras modalidades, pois o VC é um tempo mais amplo.

Neste gráfico são representadas as séries de investimento, que são descritas na seção específica sobre venture capital.

Leia mais na seção específica sobre venture capital (VC)

 

Private equity

O private equity é semelhante ao venture capital, mas ele investe em empresas mais maduras, em fase de reestruturação e/ou expansão de negócios. Assim, é um investimento menos arriscado.

Segundo Schroeder (2022) da Forbes, “as empresas de private equity geralmente têm portfólios diversificados que cobrem todos os setores, de saúde a construção, transporte a energia. Ao contrário desse amplo escopo, o venture capital geralmente tem um foco restrito em tecnologia ou empresas inovadoras (como as de biotecnologia).”

A origem dos recursos é particular e o investimento inicial é de médio a alto, pois depende da rodada de investimento (veja as séries de investimento apresentadas no tópico sobre venture capital). O envolvimento pode ser baixo a médio. O maior diferencial desta modalidade de investimento é o menor risco.

As empresas de venture capital diversificam e investem pequenas quantias nas séries iniciais, esperando que algumas empresas investidas vão falir. Não é o caso do private equity.

O valor de investimento de um private equity é tipicamente mais elevado que um venture capital, por isso eles procuram empresas com negócios mais maduros, comprovados e com receita e fluxo de capital mais estáveis e sólidos para diminuir a possibilidade do negócio não dar certo. Um investimento usual é na reestruturação de empresas sólidas. 

Os fundos das empresas que investem nesta modalidade são chamados de fundos de private equity (FPE).

Leia mais em:

Corporate Venture Capital (CVC)

Corporate venture capital (CVC) é uma variação de venture capital. É considerada uma modalidade de investimento das corporações em startups, ou seja, quando uma empresa adquire uma participação societária (equity) minoritária em uma startup.

Tratamos o tempo todo como startup, mas considere também scale-ups, apesar que este último termo não é tão utilizado. Empresas nascentes inovadoras na fase de crescimento acelerado ainda são tratadas de startups, apesar que “rigorosamente” deveriam e muitas vezes são chamadas de scale-ups.

 CVC é uma das práticas de conexão entre corporações e startups. No CVC existe o interesse no retorno financeiros, mas o foco está no alinhamento com os seus interesses estratégicos visando melhorar sua capabilidade de inovação.

Tanto o venture capital como o CVC são orientados a negócios emergentes, incertos e inovadores. Quem investe em venture capital aguarda um retorno financeiro elevado  no momento da saída (exit) com a venda da participação do investidor. Nessa modalidade, os riscos também são elevados. A incerteza e o risco no CVC normalmente são mais baixos. Como a corporação entra com uma participação pequena, ela dilui seu investimento para minimizar os riscos financeiros.

Como existe um alinhamento entre os objetivos das corporações e as investidas, as empresas colocam à disposição da startup todo o seu conhecimento do mercado, além de toda sua organização, infraestrutura, ferramentas e pessoas competentes para contribuir para o sucesso do negócio.

O compartilhamento de conhecimento e troca de experiências que surgem do CVC melhoram a capabilidade de inovação das empresas.

Leia mais na seção específica sobre corporate venture capital (CVC).

 

Venture debt ou venture lending

Venture debt e venture lending são considerados sinônimos.

Diferente de uma linha de crédito tradicional, o pagamento do empréstimo pode ser via pagamento de juros (com condições melhores do que as do mercado) ou participação (equity) da empresa, mas também por meio do kicker, que associa a remuneração do capital ao crescimento da empresa.

Segundo Batista (2022) do DISTRITO, “diferente do venture capital, modalidade na qual os investidores empregam recursos financeiros em empresas que possuem alto potencial de desenvolvimento e rentabilidade, o venture debt é um tipo de financiamento para startups que não possuem garantias ou giro de caixa suficientes para justificar um empréstimo tradicional, a modalidade é empregada através de uma dívida não conversível.

Um venture debt serve para financiar:

  • capital de giro para crescimento
  • contas a receber
  • compra de equipamentos
  • infraestrutura

Veja que é semelhante à utilização de um venture capital. O venture debt pode complementar o aporte de um venture capital ou de um private equity. É quando os empreendedores não desejam dar mais participação para resolver um problema de caixa “passageiro”. Eles não desejam diluir mais ainda a propriedade da empresa. Ou seja, ao invés de ser um investimento, o venture debt é um empréstimo.

É diferente de um crowdlending, que é mais voltado para as fases iniciais de um empreendimento. O venture debt é para empresas que já estão operando, mas ainda apresentam riscos.

Leia mais em:

Venture building (VB)

Venture building (VB) é um mecanismo de criação de novos negócios ágeis e escaláveis (startups) de forma sistemática e com apoio para a fase subsequente de crescimento.

Também é conhecido como Startup Studio ou em português “fábrica de startups”, apesar que alguns autores mostram um pequeno diferencial entre eles.

O objetivo é criar uma startup do “zero”. Não existe uma aceleração e nem um pitch. O capital é aportado pela instituição criadora da startup, a empresa de venture building. Mas pode ser financiada por venture capital, private equity ou corporate venture capital.

As startups surgem a partir de ideias dos investidores. Normalmente, os empreendedores (os fundadores) são trazidos de fora e já devem vir com experiência em empreendedorismo.

A taxa de falhas de empreendimentos, que surgem neste modelo, é menor do que nos modelos tradicionais. Além disso, a velocidade de desenvolvimento também é maior.

O envolvimento não é limitado ao investimento, como na maioria dos casos de venture capital. O envolvimento do venture building (VB) pode ser alto por meio do apoio à gestão e, às vezes, os investidores opinam sobre as tomadas de decisão. No venture building a participação dos investidores é intensa. Eles são responsáveis pelas tomadas de decisão (não técnicas) e pela operação do empreendimento, pois foram os investidores que surgiram com a ideia e montaram a startup.Corporate Venture Building (CVB).

Leia mais na seção específica sobre venturing building.  

 

Corporate venture building (CVB)

Um venture building (VB) realizado por uma empresa estabelecida (corporação) é conhecido como corporate venture building (CVB).

Possui os mesmos objetivos e características de um venture building (VB), mas considera também os objetivos de inovação de uma corporação. Na verdade, o próprio CVB se torna um objetivo estratégico de inovação.

É uma maneira da corporação inovar definindo os rumos da startup e gerenciando seu crescimento.

Leia mais na seção específica sobre corporate venturing building.

 

Bancos

Colocamos bancos na tabela, que é uma instituição e não uma modalidade de investimento, para destacar que eles podem realizar a maior parte das operações que listamos nas modalidades de investimento até aqui.

Bancos normalmente são avessos a riscos muito elevados, possuem taxas de juros maiores do que venture debts e não compram diretamente participação em startups.

O que alguns bancos fazem é criar hubs de inovação e/ou participar de alguns fundos que financiam a inovação, como fundos de venture capital ou mesmo de venture building (que são mais seguros devido à menor taxa de falhas). Essa atuação pode ser realizada em conjunto com fintechs.

Leia mais em:
Parceria com bancos ou investidores de risco? Fintechs revelam prós e contras das alternativas de funding – da Fintechs Brasil

Informações adicionais

Como comentamos na introdução, não apresentamos nomes ou exemplos de atores do ecossistema, que realizam esses investimentos ou mesmo uma lista de fontes de fomento ou incentivos fiscais. Só apresentamos um panorama das modalidades de fomento existentes.

Aqui mostramos onde você pode encontrar essas fontes de fomento.

Fontes de fomento especializadas

Existem fontes de fomento voltadas para setores específicos, tais como: fintech, healthtech, edutech, agritech, biotech; retailtech, foodtech, hrtech, construtech, funtech, martech, energytech, ESGtech, lawtech, autotech, indtech, e outros.

Recomendações

MEI tools da CNI (confederação nacional da indústria)

A mobilização empresarial pela inovação (MEI) oferece a MEI tools, que traz uma lista de instrumentos de fomento à inovação em vigência no Brasil. Como essa ferramenta tem outros tipos de informações, para obter somente as informações sobre fomento, escolha os seguintes tipos de apoio na ferramenta de busca:

  • incentivo fiscal
  • recurso não reembolsável
  • recurso reembolsável

ABGI

A ABGI surgiu com a Lei do Bem de incentivos fiscais para inovação para auxiliar empresas brasileiras a aprender como captar recursos de incentivos fiscais. Agora, ela faz parte de um grupo internacional de consultoria especializada em incentivos fiscais, fomento, processos, gestão da inovação e gestão financeira. Neste link, a ABGI mostra um mapa de fomento à inovação.

FI group

O FI group assessora empresas na gestão do financiamento de projetos de P&D.

Atores de ecossistemas de inovação empreendedorismo 

A flexM4i tem uma divisão específica com atores de ecossistemas de inovação, que abrange a MEI-tools descrita anteriormente e também: 

  • Mecanismos e instituições de financiamento e apoio à inovação e empreendedorismo
  • Lista de hubs, aceleradoras e centros de inovação de empresas
  • Consultorias em inovação
  • Lista de portais, blogs, repositórios, cursos, podcasts e webinars
  • Lista de base de dados de publicações e patentes

Acesse o repositório da flexM4i de atores de ecossistemas de inovação e empreendedorismo

Contratos de investimento e como captar investimentos para startups

Sempre é bom contar com advogados para apoiar na captação de investimentos. Nos links a seguir selecionamos algumas fontes de informações sobre contratos de investimento.

Fachini, Tiago (2023). Contrato de investimento: o que é, tipos e principais cláusulas Disponível em: https://www.projuris.com.br/blog/contrato-de-investimento/ Acesso em: 17 janeiro 2024.

Baixe um e-book sobre os principais aspectos jurídicos para startups

StartupHero (2024). Como captar investimentos para sua startup. Disponível em: https://www.startuphero.com.br/como-captar-investimentos-para-sua-startup/ Acesso em: 17 janeiro 2024.

Referências

Batista Guilherme (2022). Venture Debt começa a ganhar espaço no Brasil. Disponível em https://distrito.me/blog/o-que-e-venture-debt/  Acesso em: 5/10/2022

Hausberg, J. P., & Korreck, S. (2020). Business incubators and accelerators: a co-citation analysis-based, systematic literature review. Journal of Technology Transfer, 45(1), 151–176. https://doi.org/10.1007/s10961-018-9651-y 

Kohler, T. (2016). Corporate accelerators: Building bridges between corporations and startups. Business Horizons, 59(3), 347–357. https://doi.org/10.1016/j.bushor.2016.01.008 

Schroeder, Bernhard (2022). Qual a diferença entre private equity e venture capital? Disponível em https://forbes.com.br/forbes-money/2022/08/qual-a-diferenca-entre-private-equity-e-venture-capital/ Acesso em: 5/10/2022

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