Estratégias de atendimento de pedidos de clientes

flexM4I > abordagens e  práticas > Estratégias de atendimento de pedidos de clientes (versão 1.5)
Autoria: Henrique Rozenfeld ([email protected]) com apoio do chatGPT (leia mais), revisada por Kleber Francisco Espôsto ([email protected])

Seção introdutória principal sobre as estratégias de atendimento de pedidos de clientes, que definem o ponto, durante as etapas de produção de um item, no qual a gestão da produção deixa de ser orientada pela previsão da demanda e passa a ser orientada pelos pedidos reais de compra dos clientes. As estratégias, que são detalhadas em seções específicas, são: ETO, CTO, MTO, RTO, ATO, MTS e MTM.

Conteúdo desta página

Introdução

As estratégias de atendimento de pedidos representam qual a relação entre o pedido de um cliente (order) e o processo de atendimento deste pedido em empresas em geral, mas em empresas de manufatura discreta em particular.

A maior parte das empresas de manufatura discreta passam pelas etapas de design, desenvolvimento, configuração, fabricação, montagem do produto e, geralmente, possuem estoques de itens intermediários e produtos finais. 

Esta seção inicia com  uma visão geral dos principais conceitos relacionados com essas estratégias e discute as razões para se tratar deste assunto. Em seguida mostra as definições das estratégias, qual a relação entre elas e a gestão da inovação, quais os métodos e ferramentas para aplicação e exemplos. As estratégias são detalhadas em seções específicas, onde mostramos quando uma estratégia deve ser utilizada, o processo de aplicação, premissas, cuidados, dicas e melhores práticas. As seções específicas são:

Outras denominações dessas estratégias

Essas estratégias de atendimento do pedido também são conhecidas como:

  • estratégias de produção,
  • ambientes de produção,
  • sistemas de produção e
  • tipos de relacionamentos entre o pedido e a produção.

Não consideramos utilizar essas outras denominações que citamos pelos seguintes motivos:

  • Estratégias de produção é um conceito mais amplo e envolve definir a forma como a empresa organiza seus processos de produção para atender metas de longo prazo, incluindo eficiência, qualidade e inovação, tais como, manufatura enxuta, flexível etc.
  • Ambiente de produção geralmente se refere ao contexto físico ou tecnológico em que a produção ocorre, incluindo instalações, equipamentos, e até software (no caso de TI), tais como fábrica automatizada, fábrica digital etc.
  • Sistema de produção abrange todos os recursos e atividades envolvidas na fabricação, desde o planejamento, organização, controle e execução dos processos de produção. As siglas ETO, MTO, ATO etc. descrevem apenas como os pedidos dos clientes influenciam o início do desenvolvimento (engineer), início da produção (make), início da montagem (assembly) etc. e não o sistema como um todo.  

Por que é importante definir as estratégias de atendimento do pedido do cliente?

As principais razões para se definir as estratégias de atendimento do pedido do cliente são:

  • Alinhamento com a demanda do cliente: Cada estratégia de atendimento (ETO, MTO, ATO, MTS, etc.) tem um impacto direto sobre a capacidade de uma empresa de atender às necessidades dos clientes de forma eficiente e responder rapidamente a mudanças na demanda.
    • Estratégias como Make-to-Order (MTO), por exemplo, são adequadas quando há alta variabilidade na demanda ou quando a empresa tem um portfólio de produtos maior, pouco padronizado ou altamente customizável pelo cliente, permitindo que a empresa produza sob encomenda.
    • Make-to-Stock (MTS) é mais apropriada para produtos de demanda previsível e em grande escala, de uma variedade pequena e padronizada de produtos.
  • Gerenciamento de estoques: A estratégia de atendimento escolhida influencia diretamente a quantidade de estoque que uma empresa precisa manter. No Make-to-Stock (MTS), a produção ocorre antes dos pedidos, o que permite a manutenção de volumes maiores de estoque. Já no Assembly-to-Order (ATO), o estoque de componentes é mantido, mas o produto final só é montado após o pedido real do cliente, o que reduz os custos de armazenagem e minimiza o risco de obsolescência.
  • Flexibilidade e personalização: Estratégias como Engineer-to-Order (ETO) e Configure-to-Order (CTO) oferecem altos níveis de personalização, permitindo que as empresas adaptem seus produtos às necessidades específicas dos clientes. Isso pode ser um diferencial competitivo em mercados que valorizam customização, como o de automóveis e eletrônicos.
  • Eficiência de produção: Escolher a estratégia adequada pode otimizar o uso de recursos, minimizar o desperdício e melhorar a eficiência dos processos. Por exemplo, em um ambiente Assemble-to-Order (ATO), os subcomponentes são fabricados e estocados, e o produto final é montado rapidamente conforme os pedidos chegam, otimizando o tempo de entrega, reduzindo o lead time e garantindo uma melhor utilização de recursos como mão de obra e maquinário..
  • Impacto no planejamento e controle de produção: A estratégia de atendimento influencia o planejamento de capacidade e o controle de produção. Estratégias como MTS exigem previsões de demanda precisas para evitar superprodução ou subprodução, enquanto MTO ou ETO exigem um sistema flexível que permita ajustar a produção com base nas especificações dos pedidos.
  • Aprimoramento da experiência do cliente: A estratégia de atendimento ao pedido escolhida pode aprimorar a experiência do cliente ao garantir prazos de entrega confiáveis e produtos que atendam às suas expectativas mais precisamente. Estratégias como Make-to-Order (MTO) e Configure-to-Order (CTO) possibilitam personalização, permitindo que os clientes escolham especificações de produtos de acordo com suas preferências. Por outro lado, estratégias como Make-to-Stock (MTS) e Assemble-to-Order (ATO) asseguram disponibilidade imediata, contribuindo para uma experiência de compra rápida e eficiente, o que pode aumentar a satisfação e a fidelidade do cliente.

Forma de representar as estratégias de atendimento do pedido

Uma forma de apresentar essas estratégias é posicionar o pedido em uma sequência típica de uma cadeia de suprimentos, como ilustramos na próxima figura.

Figura 1244: exemplo típico de uma sequência de processos / atividades de uma cadeia de suprimentos e posicionamento do pedido do cliente nesta cadeia de acordo com diferentes estratégias de atendimento do pedido
(clique na figura para baixar o mapa de conteúdo correspondente com os links para todas as seções)

Ponto de desacoplamento do pedido do cliente (CODP)

Um conceito importante no contexto dessas estratégias de atendimento de pedidos é o ponto de desacoplamento do pedido, conhecido pelo acrônimo em inglês CODP (customer order decoupling point), ilustrado na próxima figura.

Figura 1248: ponto de desacoplamento do pedido do cliente (CODP) relacionado com as estratégias de atendimento do pedido do cliente
Fonte: adaptado de Harfeldt-Berg, M. (2024)
(clique na figura para baixar o mapa de conteúdo correspondente com os links para todas as seções)

Segundo no nosso glossário (baseado em Hagfeldt-Berg, 2024), ...

 ... ponto de desacoplamento (CODP) é o ponto na cadeia de valor onde o fluxo de materiais movido por previsões se separa do fluxo movido por pedidos reais dos clientes.

Até o CODP, as operações são baseadas em previsões de demanda, com foco na eficiência e no planejamento antecipado.

A partir do CODP, as operações são direcionadas por pedidos específicos dos clientes, priorizando flexibilidade e capacidade de resposta.

Essa distinção entre operações upstream (baseadas em previsão) e downstream (baseadas em pedidos) tem implicações estratégicas significativas para a gestão da cadeia de suprimentos, influenciando decisões sobre estoque, produção sob encomenda, customização em massa, design modular e práticas de sustentabilidade

Definições das estratégias

Apresentamos a seguir somente as definições das estratégias. Dentro de cada uma você pode acessar o link para acessar as seções que  detalham a estratégia.

Definição da estratégia ETO

A Engineer-to-Order (ETO) é uma estratégia de atendimento de pedido na qual os produtos são projetados (design / desenvolvidos) e fabricados sob medida para atender a especificações únicas de um cliente.

Diferente de outras estratégias, como o Make-to-Order (MTO), onde o design do produto já existe e é apenas ajustado, a estratégia ETO envolve a criação de um projeto completamente novo a partir de uma necessidade específica.

Esse processo geralmente inclui um desenvolvimento de engenharia extenso, onde os detalhes do produto nem sempre são conhecidos no momento do pedido e precisam ser definidos durante o projeto de desenvolvimento.

Leia mais na seção específica sobre a estratégia ETO.

Definição da estratégia CTO

Configure-to-Order (CTO) é uma estratégia de atendimento de pedidos utilizada em ambientes, nos quais os produtos são configurados a partir de componentes modulares para atender às necessidades específicas do cliente.

Esta abordagem é aplicada a um ambiente de produção onde estratégias como “resource-to-plan (RTO)”,  “make-to-order” e “assemble-to-order (ATO)” coexistem, permitindo que os recursos sejam comprados, os produtos sejam fabricados e montados conforme os pedidos personalizados dos clientes, em um contexto de alta variabilidade de demanda e incerteza de pedidos.

Leia mais na seção específica sobre a estratégia CTO.

Definições das estratégias MTO e RTO

A Make-to-Order (MTO) é uma estratégia de atendimento de pedidos em que os produtos só começam a ser fabricados após a confirmação de um pedido específico de um cliente. Nesse modelo, a produção é direcionada pela demanda real, evitando-se manter estoques de produtos acabados.

Nessa estratégia as especificações (design) do produto já estão prontas e estáveis. Mesmo assim, essa estratégia permite um certo grau de customização para atender a requisitos específicos dos clientes, embora não tão extensivo quanto no ETO (Engineer-to-order), que envolve o desenvolvimento do produto sob encomenda.

Essa estratégia é utilizada  em empresas que desejam evitar manter estoques de componentes, pois a produção é acionada apenas após o pedido ser recebido. 

Uma derivação do MTO é a estratégia Resource-to-Order (RTO), onde os recursos e matérias-primas são adquiridos somente após a confirmação do pedido e antes da produção começar, que depende desses recursos e matérias-primas.

Leia mais na seção específica sobre as estratégias MTO com RTO.

Definição da estratégia ATO

A Assemble-to-Order (ATO) é uma estratégia de atendimento de pedido na qual os itens de um produto são fabricados ou adquiridos antecipadamente, com base em previsões de demanda, e mantidos em estoque. A montagem final do produto, entretanto, só ocorre após o recebimento do pedido (order) do cliente, quando a demanda real é conhecida (Atan et al., 2017)..

Isso permite uma resposta mais ágil às demandas dos clientes do que na estratégia MTO (make-to-order), reduzindo o tempo de resposta ao manter os componentes disponíveis para rápida montagem. Esse sistema é utilizado em empresas que lidam com produtos complexos, como eletrônicos de alta tecnologia, onde os componentes têm longos prazos de entrega e os produtos possuem diferentes configurações baseadas nas combinações de itens.

Leia mais na seção específica sobre a estratégia ATO.

Definições das estratégias MTS e MTM

Na estratégia Make-to-Stock (MTS):

  • a demanda dos clientes é atendida com produtos acabados que são mantidos em estoque,
  • o estoque é gerenciado de acordo com uma política de reposição que periodicamente encomenda a reposição até um nível predeterminado.

A estratégia MTS produz com base na previsão da demanda (forecast) antes da entrada de um pedido de compra dos clientes. Geralmente os produtos são padronizados e, portanto, sem customização. Uma previsão da demanda imprecisa pode resultar em estoque elevado de produtos acabados.

Na estratégia Make-to-Market (MTM) a produção se orienta pela previsão de demanda, sem aguardar a entrada de um pedido e não se cria um estoque para os produtos, como no caso do MTS. Os produtos são entregues ao consumidores:

  • durante a sua produção, como no caso de programas de TV, rádio, vídeos, lives, podcasts ou
  • logo após a sua produção, como no caso dos jornais e revistas para assinantes, vídeos e  podcasts que ficam armazenados em diversas plataformas na web, web sites e similares.
Leia mais na seção específica sobre as estratégias MTS com MTM.

Estratégias de atendimento de pedidos do cliente e a gestão da inovação

A definição das estratégias de atendimento de pedidos do cliente pode influenciar e ser influenciada pela gestão da inovação em diversos aspectos.

A seleção e implementação da melhor combinação das estratégias de atendimento é uma inovação que permite que as empresas se adaptem às necessidades dinâmicas do mercado, melhorem a eficiência operacional e criem novas formas de engajamento com os clientes. 

A inovação em produtos, processos, marketing, modelos de negócio, design organizacional e sustentabilidade impacta diretamente a forma como as empresas escolhem e implementam suas estratégias de atendimento, resultando em operações mais flexíveis, eficientes e competitivas.

A seguir, exploramos alguns exemplos de como essa relação se manifesta.

Inovação da oferta (produtos e serviços)

  • As estratégias de atendimento, como MTO, CTO e ATO, permitem que as empresas adaptem seus produtos às necessidades específicas dos clientes, oferecendo personalização e exclusividade. Isso é uma forma de inovação na oferta, onde a empresa agrega valor ao permitir que o cliente escolha especificações, designs e funcionalidades únicas, tornando o produto mais atrativo.
  • Inovações na oferta, como a introdução de novos produtos, também podem exigir mudanças na estratégia de atendimento. Por exemplo, uma inovação que introduza um produto modular pode se beneficiar de uma estratégia CTO ou ATO para flexibilizar a produção e entrega.

Inovação de processos

  • A eficiência operacional é aprimorada quando há uma integração adequada entre as estratégias de atendimento e a inovação de processos. Implementar estratégias como Lean Manufacturing e automatização em MTS ou ATO pode resultar em reduções significativas de custo e lead time, melhorando a produtividade.
  • Além disso, inovações em processos, como a adoção de novas tecnologias de fabricação ou sistemas de gestão, podem permitir que empresas mudem de uma estratégia MTO para uma combinação de MTO e MTS, ou que implementem um sistema híbrido que aumente a eficiência sem sacrificar a flexibilidade.
Veja o tópico “Integração MTS / MTO” na seção “Estratégia MTS – Make to Stock”.

Inovação em marketing

  • As estratégias de atendimento de pedidos de clientes também influenciam as estratégias de marketing, pois determinam como os produtos são posicionados no mercado. Uma empresa que adota uma estratégia CTO ou ETO pode destacar a personalização e exclusividade como diferenciais competitivos, enquanto uma empresa que utiliza MTS pode focar em disponibilidade imediata e conveniência.
  • A inovação de marketing pode, por sua vez, orientar mudanças nas estratégias de atendimento. Por exemplo, uma nova abordagem de marketing que promova edições limitadas ou produtos exclusivos pode requerer uma estratégia MTO ou CTO para atender às demandas específicas dos consumidores atraídos por essa oferta. Alternativamente, em situações onde uma empresa espera um pico de demanda previsível e elevado, como no lançamento de um novo modelo de celular, pode temporariamente adotar a estratégia MTS para garantir disponibilidade imediata e evitar a frustração dos clientes que desejam adquirir o produto no momento do lançamento.

Inovação em modelos de negócio

  • A flexibilidade das estratégias de atendimento possibilita a criação de novos modelos de negócio. Empresas que adotam CTO ou ATO podem desenvolver modelos de e-commerce onde o cliente customiza o produto online e recebe a entrega em prazos otimizados. Essa flexibilidade é uma inovação no modelo de negócio, permitindo novos fluxos de receita e uma melhor experiência do cliente.
  • Além disso, a combinação de estratégias de atendimento, como a integração MTS/MTO, pode suportar modelos de negócio que misturam produção sob demanda com a manutenção de estoques para itens essenciais, otimizando custos e maximizando a agilidade.

Excelência operacional

  • Estratégias de atendimento bem definidas contribuem para a excelência operacional, que é um tipo de inovação, porque ajudam a otimizar o planejamento e a execução da produção, além de facilitar a gestão de estoques e a logística. Por exemplo, ao escolher uma estratégia MTS (Make-to-Stock) para produtos de alta demanda previsível, a empresa pode produzir em grandes volumes e aproveitar economias de escala, reduzindo custos unitários e garantindo que o produto esteja sempre disponível para pronta entrega. Já uma estratégia MTO (Make-to-Order) permite que a empresa produza apenas o que foi encomendado, evitando superprodução e desperdício. Assim, a escolha adequada da estratégia de atendimento contribui para uma operação mais eficiente, com menores custos e melhor aproveitamento dos recursos.
  • A excelência operacional pode ser reforçada pela inovação contínua em processos de gestão e produção, como a introdução de tecnologias de automação e integração de sistemas ERP e MES, que permitem uma gestão mais precisa e eficaz das diferentes estratégias de atendimento.

Design organizacional e inovação estrutural

  • Implementar diferentes estratégias de atendimento ao pedido exige um design organizacional que suporte flexibilidade e adaptação. A integração de múltiplas estratégias, como MTS, CTO e ATO, requer uma estrutura organizacional ágil, capaz de coordenar operações de forma eficiente e reagir rapidamente às mudanças de demanda.
  • A inovação no design organizacional, como a criação de equipes multifuncionais e a implementação de metodologias ágeis, pode facilitar a adaptação rápida a novas estratégias de atendimento, ajudando a empresa a responder mais eficazmente às necessidades do mercado e a explorar novas oportunidades, ou mesmo adequação a situações menos favoráveis.

Design organizacional, inovação estrutural e gestão de mudanças

  • Implementar diferentes estratégias de atendimento ao pedido exige um design organizacional que suporte flexibilidade e adaptação. A integração de múltiplas estratégias, como MTS, CTO e ATO, requer uma estrutura organizacional ágil, capaz de coordenar operações de forma eficiente e reagir rapidamente às mudanças de demanda. Para que essa flexibilidade seja possível, é crucial integrar a gestão de mudanças ao processo de design organizacional, permitindo que a empresa ajuste rapidamente processos, funções e responsabilidades sempre que houver uma transição entre estratégias de atendimento.
  • A inovação no design organizacional, como a criação de equipes multifuncionais e a implementação de metodologias ágeis, facilita a adaptação rápida a novas estratégias, enquanto a gestão de mudanças garante que essas transições ocorram de forma ordenada e com o mínimo de interrupção operacional. Isso ajuda a empresa a responder mais eficazmente às necessidades do mercado, explorar novas oportunidades e manter a competitividade, mesmo em cenários de alta variabilidade ou inovação constante.
Leia mais na flexM4i sobre “Gestão da mudança”. 

Inovação em sustentabilidade e responsabilidade social

  • A escolha da estratégia de atendimento também pode apoiar iniciativas de sustentabilidade. Por exemplo, estratégias como MTO e ATO podem ajudar a reduzir o desperdício, uma vez que a produção só ocorre após o pedido do cliente. Isso alinha a operação da empresa a práticas mais sustentáveis, uma inovação que responde a uma demanda crescente por responsabilidade ambiental.
  • Por outro lado, inovações em materiais sustentáveis ou processos de produção mais eficientes podem levar a mudanças na estratégia de atendimento ao cliente, permitindo um melhor alinhamento com práticas de economia circular e redução da pegada de carbono.
Leia mais na flexM4i sobre economia circular.

Métodos e Ferramentas

Há uma grande quantidade de métodos e ferramentas que podem ser usados para apoiar as aplicações das diferentes estratégias de atendimento de pedidos dos clientes. Como alguns deles podem ser aplicados para mais de uma estratégia, apresentamos uma lista deles a seguir com a indicação das estratégias apropriadas. Dessa forma, evitamos as redundâncias nas seções que detalham cada uma das estratégias.

Após a lista dos métodos e ferramentas mais genéricos, que podem ser usados para mais de uma estratégia de atendimento de pedidos dos clientes, detalhamos as características de duas ferramentas, específicas para a aplicação da estratégia CTO (configure-to-order):

  • Características dos sistemas CAD para apoiar o desenvolvimento de produtos modulares
  • Características dos sistemas PLM para apoiar o desenvolvimento de produtos modulares

ERP (Enterprise Resource Planning)

  • Aplicação: ETO, CTO, MTO, ATO, MTS, MTM
  • Descrição: Sistemas ERP integram todas as operações empresariais, incluindo planejamento de recursos, gestão de inventário, compras e vendas. Eles são fundamentais para coordenar a produção e garantir que os processos sejam eficientes e integrados. Incluem módulos como MRP (Material Requirements Planning) para planejamento de materiais e S&OP (Sales and Operations Planning) para alinhar a produção à demanda projetada e aos objetivos de vendas. ERPs facilitam a integração de diferentes estratégias, permitindo a transição suave entre diferentes estratégias de atendimento de pedidos dos clientes.

Sales and Operations Planning (S&OP)

  • Aplicação: MTS, ATO, MTO
  • Descrição: O S&OP é um módulo avançado do ERP que permite alinhar a produção com a demanda projetada, otimizando o planejamento de capacidade e a gestão de estoque. Além de um sistema computacional, contempla processos com modelos de previsão de demanda e ajuda a coordenar estratégias como MTS e MTO, garantindo uma operação mais eficiente e ajustada às necessidades do mercado.  A integração do S&OP com outras funções do ERP ajuda a otimizar o planejamento de capacidade e a gestão de estoqu

Sistemas de Execução de Manufatura (MES)

  • Aplicação: MTS, MTO, CTO, ATO
  • Descrição: Os sistemas MES (Manufacturing Execution System)  são usados para monitorar e controlar a execução da produção em tempo real, garantindo que a produção ocorra conforme planejado. Sua integração com sistemas ERP permite sincronizar a execução com o planejamento de ordens de produção, otimizando a eficiência operacional. Eles são especialmente úteis em ambientes onde é necessário ajustar rapidamente a produção para atender a mudanças na demanda.

Modelos de previsão de demanda

  • Aplicação: MTS, ATO, MTO
  • Descrição: Ferramentas e técnicas de previsão, como análise de séries temporais e machine learning, são utilizadas para antecipar demandas futuras. Elas ajudam a planejar a produção com mais precisão, minimizando riscos de superprodução ou falta de estoque. Sua aplicação mais relevante é na estratégia MTS, mas também podem ser aplicados ajustar as capacidades da empresa e, assim, apoiar a aplicação das estratégias ATO e MTO (focalizando o planejamento de componentes e materiais intermediários), onde ajustes de demanda são frequentes. Deve estar integrado ao módulo Sales and Operations Planning (S&OP) de um ERP. Mas se não for o caso, há sistemas separados que podem ser aplicados.

Sistemas de Configuração de Produtos (CPQ)

  • Aplicação: CTO, ATO
  • Descrição: Ferramentas CPQ (Configure Price Quote) são essenciais para guiar clientes e vendedores no processo de escolha de componentes e configurações, garantindo precisão e eficiência no atendimento ao cliente. Essas ferramentas são usadas para simplificar e automatizar o processo de configurar produtos, definir preços e gerar cotações. Essas ferramentas são úteis em ambientes CTO (Configure-to-Order), onde os clientes podem escolher diferentes opções para personalizar um produto com base em componentes pré-definidos.

Por exemplo, o Hive CPQ (2024) permite que clientes e equipes de vendas configurem produtos visualmente em 3D, obtenham preços em tempo real e façam pedidos de forma rápida e precisa, tudo integrado aos sistemas ERP e CRM da empresa. Isso melhora a eficiência, reduz erros, e proporciona uma experiência de compra melhor para o cliente.

Gestão de inventário em tempo real e baseada em segmentação ABC

  • Aplicação: MTS, ATO, MTO
  • Descrição: Segmentar produtos em categorias A, B e C com base na importância e rotatividade ajuda a determinar quais itens manter em estoque com maior prioridade. Isso facilita a combinação de MTS com outras estratégias e ajuda a gerenciar diferentes tipos de demanda de maneira eficiente. A gestão de inventário em tempo real permite ajustar rapidamente os níveis de estoque para garantir a disponibilidade dos módulos necessários à configuração, minimizando o risco de atrasos. São importantes também nas análises e implantações de outras estratégias de manufatura, como o Lean Manufacturing.

Lean Manufacturing

  • Aplicação: MTS, MTO, ATO, CTO
  • Descrição: Métodos de manufatura enxuta são aplicados para reduzir desperdícios e melhorar a eficiência operacional. Em ambientes MTS, ajudam a otimizar o uso de recursos, minimizar os custos de estoque e diminuir o lead-time de produção. Em estratégias como MTO e ATO, permitem responder mais rapidamente às demandas dos clientes, eliminando atividades que não agregam valor.

Software de Design e CAD (Computer-Aided Design)

  • Aplicação: ETO, CTO
  • Descrição: Ferramentas CAD são essenciais para criar projetos personalizados e modulares. Em ETO, elas permitem ajustes rápidos em projetos sob encomenda. Em CTO, suportam a modularidade, facilitando o design e a integração de componentes em diferentes configurações. Na estratégia CTO, os sistemas CAD devem ser utilizados para desenhar e simular componentes modulares e garantir que eles possam ser facilmente combinados em diferentes configurações. O CAD ajuda a definir como os módulos se encaixam e funcionam juntos.
Veja o tópico à frente: “Características dos sistemas CAD para apoiar o desenvolvimento de produtos modulares”.

Padronização de itens

  • Aplicação: CTO, ATO, MTS, MTO, ETO
  • Descrição: A padronização de itens é um método que visa reduzir a variabilidade e aumentar a comunalidade de componentes, o que ajuda a diminuir os níveis de inventário e otimizar a produção. Esse processo deve ser iniciado na fase de desenvolvimento de produtos, garantindo que itens padronizados sejam especificados e selecionados desde o início. Nos sistemas CAD, isso pode ser implementado por meio de menus de seleção de componentes padrão, permitindo que os engenheiros escolham itens comuns e compatíveis durante o design. Essa abordagem facilita a gestão de estoque, reduz custos de produção e simplifica a manutenção, além de permitir maior flexibilidade ao atender diferentes pedidos e configurações de produtos.

PLM (Product Lifecycle Management)

  • Aplicação: CTO, ETO
  • Descrição: Ferramentas PLM ajudam a gerenciar o ciclo de vida do produto, integrando informações desde o design até a produção. Os sistemas PLM geralmente incorporam as características dos sistemas PDM. Ou seja, os sistemas PLM também  ajudam a gerenciar dados e documentação de design, garantindo que todas as informações relacionadas aos módulos estejam bem organizadas e acessíveis para as etapas posteriores de fabricação e configuração. Na estratégia CTO, o PLM deve facilitar a reutilização de módulos, gestão de versões e integração com sistemas CAD e CPQ. No ETO, garantem a rastreabilidade e a colaboração eficiente entre design e produção.
Veja o tópico à frente: “Características dos sistemas PLM para apoiar o desenvolvimento de produtos modulares”.

Gestão de Projetos e engenharia simultânea

  • Aplicação: ETO
  • Descrição: A aplicação de métodos híbridos de gestão de projetos (preditivos e ágeis) e a Engenharia Simultânea são usados para coordenar projetos complexos e personalizados, permitindo que atividades ocorram em paralelo e reduzindo o tempo de entrega. São especialmente importantes em ETO, onde cada projeto é único e envolve múltiplas etapas e partes interessadas.

Gestão de BOM (Bill of Materials) de Configuração

  • Aplicação: CTO, ATO, MTO, ETO
  • Descrição: Sistemas que permitem gerenciar listas de materiais configuráveis são cruciais para CTO e ATO, pois garantem que os produtos possam ser montados de acordo com as especificações do cliente. Eles também são importantes para MTO e ETO, onde a produção sob encomenda exige precisão na definição de componentes e materiais para cada pedido específico. Alguns ERPs avançados integram essa funcionalidade, facilitando a gestão de variantes e o planejamento da produção sob demanda.
Veja o tópico “Estrutura de produto para a estratégia ATO” na seção sobre a estratégia ATO.

Análise de DFMA (Design for Manufacturing and Assembly)

  • Aplicação: todas as estratégias com foco em CTO, ATO
  • Descrição: Métodos de DFMA são utilizados para garantir que os produtos sejam fáceis de fabricar e montar. Essas características são especialmente importantes nos casos das estratégias CTO e ATO. Isso contribui para a criação de um design que suporte a modularidade e facilite o processo de configuração na fase de produção.
Leia mais na flexM4i sobre Design for manufacturing and assembly.

Design for modularity (Design para Modularidade)

  • Aplicação: CTO, ATO
  • Descrição: É uma abordagem de projeto que envolve a criação de produtos a partir de módulos padronizados e intercambiáveis. Essa estratégia permite que as empresas atendam a diversas exigências dos clientes, oferecendo uma ampla variedade de produtos sem aumentar significativamente a complexidade da produção. Ao dividir o produto em módulos independentes, cada módulo pode ser desenvolvido, fabricado e testado separadamente, facilitando o desenvolvimento paralelo, reduzindo o tempo total de desenvolvimento e permitindo adaptações rápidas às necessidades do mercado.
Leia mais na flexM4i sobre Design for modularity.

Automação e Tecnologias Avançadas (IoT e Automação Industrial)

  • Aplicação: MTO, ATO, MTS
  • Descrição: São especialmente úteis em MTS para produção em grande escala e em ATO para montagem sob demanda. Na estratégia MTO, essas tecnologias apoiam uma comunicação via o sistema MES (listado anteriormente). Essas tecnologias como IoT e automação industrial permitem o monitoramento em tempo real e a automação de processos repetitivos, otimizando o tempo de produção e reduzindo erros.
Leia mais na seção sobre “Transformação digital e indústria 4.0”.

Características dos sistemas CAD para apoiar o desenvolvimento de produtos modulares

Um sistema CAD (Computer-Aided Design) projetado para apoiar a criação de produtos modulares deve possuir uma série de características que facilitam o design, a reutilização e a gestão eficiente de componentes modulares.

Utilizar um sistema CAD com essas características aumenta a eficiência, reduzindo custos e tempo de desenvolvimento, além de melhorar a qualidade, integridade e a consistência dos produtos finais.

A seguir, são detalhadas as principais características que um sistema CAD deve ter para esse propósito:

  • Modelagem paramétrica: Permite a criação de modelos baseados em parâmetros e restrições geométricas. Isso facilita a modificação de componentes, pois mudanças em dimensões ou parâmetros atualizam automaticamente o modelo, mantendo a consistência entre os módulos.
  • Ferramentas de design modular: O sistema deve oferecer funcionalidades específicas para a criação e gestão de módulos independentes, permitindo que sejam desenvolvidos separadamente e posteriormente integrados ao produto final.
  • Biblioteca de componentes: Disponibiliza um repositório de componentes padrão e personalizados que podem ser reutilizados em diferentes projetos. Isso economiza tempo e garante a uniformidade entre os módulos.
  • Gestão de montagens: Possibilita a montagem de módulos em um sistema completo, gerenciando hierarquias de montagem, conexões entre peças e detectando interferências ou colisões entre componentes.
  • Versionamento e controle de revisões: Mantém o histórico de alterações dos módulos, permitindo o rastreamento de versões e a colaboração entre diferentes membros da equipe sem perda de dados ou conflitos (integrado com o sistema PLM).
  • Ferramentas de colaboração: Suporta o trabalho em equipe em tempo real, permitindo que vários designers trabalhem simultaneamente em diferentes módulos, com comunicação eficiente e integração das alterações.
  • Interoperabilidade e compatibilidade: Capacidade de importar e exportar arquivos em diversos formatos, facilitando a integração com outros sistemas CAD e ferramentas de engenharia, bem como a colaboração com parceiros externos.
  • Simulação e análise integradas: Inclui ferramentas para simulação mecânica, análise de estresse, dinâmica e outros testes que permitem validar o desempenho dos módulos individualmente e em conjunto antes da produção.
  • Customização e automação: Oferece recursos para automatizar tarefas repetitivas e personalizar o ambiente de design através de scripts ou APIs, aumentando a eficiência e adaptabilidade do sistema às necessidades específicas do projeto.
  • Escalabilidade e desempenho: O sistema deve ser capaz de lidar com modelos complexos e grandes conjuntos de dados sem comprometer o desempenho, garantindo fluidez no processo de design mesmo com múltiplos módulos.
  • Integração com PLM (Product Lifecycle Management): Facilita a gestão do ciclo de vida do produto, desde a concepção até a produção e manutenção, integrando informações relevantes de cada módulo e do produto como um todo.
  • Interface intuitiva e personalizável: Uma interface de usuário amigável e personalizável melhora a produtividade, permitindo que os designers adaptem o ambiente de trabalho às suas preferências e necessidades do projeto.

Características dos sistemas PLM para apoiar o desenvolvimento de produtos modulares

Um sistema PLM (Product Lifecycle Management) deve as seguintes características para apoiar a criação de produtos modulares configuráveis e a estratégia CTO (configure-to-order), que facilitam a gestão eficiente de produtos ao longo de todo o seu ciclo de vida: 

  • Gestão de dados do produto: Centraliza todas as informações relacionadas aos produtos e módulos, incluindo especificações técnicas, desenhos, documentação e histórico de alterações, garantindo que todos os envolvidos tenham acesso a dados atualizados e precisos.
  • Configuração de produtos: Oferece ferramentas para definir regras e parâmetros de configuração, permitindo a criação de variantes de produtos de forma rápida e precisa, alinhadas às necessidades específicas dos clientes.
  • Gestão de módulos e reutilização: Facilita a criação e o gerenciamento de módulos padronizados que podem ser reutilizados em diferentes produtos, promovendo eficiência e redução de custos.
  • Integração com sistemas CAD: Permite a sincronização direta dos dados de design com o sistema PLM, assegurando que as informações de engenharia estejam alinhadas com a gestão do ciclo de vida do produto. Essa sincronização  facilita a configuração rápida e precisa de produtos modulares conforme as especificações do cliente. Isso apoia a estratégia CTO (configure-to-order) ao permitir que as empresas personalizem produtos eficientemente, utilizando módulos pré-projetados e garantindo que todas as equipes tenham acesso às informações atualizadas para produção e montagem.
Nesses casos, devemos buscar a integração entre o PLM (como módulo ou integrado a um ERP), sistema CAD e um sistema CPQ (Configure Price Quote).
  • Gestão de mudanças e versões: Controla e documenta todas as alterações nos produtos e módulos, mantendo um histórico detalhado que auxilia na rastreabilidade e na qualidade do produto.
  • Colaboração entre equipes: Suporta a comunicação e o trabalho colaborativo entre diferentes departamentos e locais, permitindo que equipes de engenharia, produção, vendas e outras áreas trabalhem em conjunto de forma eficiente.
  • Gestão de processos de negócios: Automatiza processos-chave, como aprovação de projetos, gerenciamento de pedidos e fluxo de trabalho, alinhando-os com a estratégia CTO e melhorando a eficiência operacional.
  • Integração com sistemas ERP e MES: Conecta-se com sistemas de planejamento de recursos empresariais (ERP) e sistemas de execução de manufatura (MES), garantindo um fluxo contínuo de informações desde o pedido do cliente até a produção.
  • Análise e relatórios: Fornece ferramentas analíticas e de geração de relatórios que permitem monitorar o desempenho dos produtos e processos, auxiliando na tomada de decisões estratégicas.
  • Gestão de requisitos: Captura e gerencia os requisitos dos clientes e do mercado, assegurando que os produtos modulares atendam às expectativas e necessidades identificadas.
  • Conformidade e regulamentação: Ajuda a garantir que os produtos e processos estejam em conformidade com normas e regulamentações aplicáveis, facilitando auditorias e garantindo a qualidade.
  • Escalabilidade e flexibilidade: O sistema deve ser capaz de se adaptar ao crescimento da empresa e às mudanças nos processos de negócios, suportando a expansão e a diversificação dos produtos.

Exemplos de estratégias de atendimento dos clientes

Como a maior parte dos exemplos pode se encaixar em mais de um tipo de estratégia, centralizamos nesta seção vários exemplos.

Recomendamos que você conheça as características das estratégias de atendimento de pedidos dos clientes (ETO, CTO, MTO, ATO e MTS) para entender melhor a descrição dos exemplos.

Em especial, veja o tópico “Integração MTS / MTO” da seção “Estratégia MTS – Make-to-Stock”, se você estiver interessado em conteúdos do nível de detalhamento avançado.

Navios especiais:

  • ETO: A construção naval frequentemente envolve a criação de embarcações personalizadas para atender às necessidades de um cliente específico, seja para o setor comercial, militar ou de transporte. Cada projeto de navio pode ter requisitos únicos em termos de tamanho, capacidade, sistemas de navegação e tecnologias embarcadas. No ETO, o design é desenvolvido a partir do zero em colaboração com o cliente, garantindo que o produto final atenda às especificações precisas e, muitas vezes, inovadoras, necessárias para operar em condições específicas.

Iates e aeronaves customizados:

  • ETO: Este tipo de produto é o mesmo caso que o anterior. No entanto, a customização pode abranger somente o acabamento do iate e o interior da aeronave, que são construídos em cima de uma plataforma comum.
  • MTO: Envolve a fabricação e montagem da plataforma comum citada anteriormente.

Embarcações padronizadas:

  • MTO: Como o próprio nome indica, o design de uma embarcação não muda e pode até ser configurado com base em módulos e opcionais (aplicação da CTO) fabricados especificamente para o pedido, mas sua produção se inicia após a entrada do pedido (MTO).

Usinas hidrelétricas:

  • ETO:  Cada usina exige um projeto sob medida para lidar com a geografia local, o fluxo de água e as exigências de geração de energia. A infraestrutura e os sistemas de controle precisam ser desenvolvidos de acordo com as condições específicas do local. A personalização e a inovação tecnológica para maximizar a eficiência energética e atender a requisitos regulatórios fazem parte do processo de ETO.
  • MTO: As turbinas podem ser produzidas com a estratégia MTO, quando o design não for específico para as condições locais, ou seja, é o projeto da construção civil que deve se adequar à geografia e às turbinas que serão instaladas.  

Moldes de injeção plástica e estampagem:

  • MTO ou mesmo MTS: Para os componentes padrão dos moldes: guias, buchas, colunas de sustentação, molas de retorno etc.)
  • ETO: O design do molde em si (cavidade, núcleo e placas) é sempre específico para o produto que será fabricado. O desenvolvimento do molde envolve engenharia personalizada para atender às especificações de formato, material e desempenho do cliente. Como cada molde é único, o processo ETO é necessário para garantir que o produto final atenda exatamente aos requisitos de produção do cliente, mesmo que componentes padrão sejam reutilizados.

Máquinas e equipamentos industriais especiais:

  • ETO: No relacionamento B2B, algumas empresas precisam de máquinas e equipamentos personalizados para processos específicos de produção. A criação dessas máquinas e equipamentos envolve o desenvolvimento de um design sob medida, que é completamente único para o cliente. Isso requer uma abordagem de ETO para garantir que a máquina final atenda precisamente às necessidades de desempenho e integração com outros equipamentos na linha de produção. Exemplo: uma máquina para fabricação de escovas de dente para atender a um design específico da escova.
  • MTO ou MTS: Cada máquina pode integrar diferentes sistemas mecânicos, eletrônicos e de software para operar de maneira eficiente dentro do ambiente do cliente. Os componentes padrão de uma família de máquinas, que são usadas na maior parte das máquinas, tais como rolamentos, parafusos, porcas, buchas, componentes eletrônicos etc. podem ser comprados para estoque.
  • MTO: Esta estratégia é utilizada quando vendemos uma máquina, cujo projeto (design) e especificações já estão estabelecidos, mas realizamos ajustes e mudanças para atender a especificações do cliente. Por exemplo, na produção de prensas ajustadas para capacidades específicas.
  • ATO: Linhas de montagem de equipamentos eletrônicos podem ser construídas para aplicações específicas com base em módulos padronizados com diferentes dimensões, como, esteiras, estação de montagem, robôs etc. Isso ocorre principalmente na montagem manual. Quando algumas operações forem automatizadas, podemos integrar essas atividades com a estratégia ETO, que, por exemplo, pode somente abranger o desenvolvimento de software específico de programação de uma estação de montagem equipada com máquinas universais de manipulação. Os manipuladores dos itens podem ser desenvolvidos especificamente para as características do produto a ser montado.

Máquinas e equipamentos padronizados

  • MTO: Muitas máquinas e equipamentos são desenvolvidos para demandas típicas de mercado resultando em um design “padrão” com versões padronizadas com pequenas customizações. Essas customizações abrangem, na maior parte das vezes, somente acessórios.
  • MTS: Os componentes padrão são comprados para estoque, pois são montados em quase todas as máquinas.
  • ATO: Para máquinas de uma família, desde que a demanda da família seja previsível, podemos fabricar os itens de longo prazo de fabricação (como os barramentos fundidos) para estoque (MTS) e no momento do recebimento de um pedido de compra do cliente, produzimos (MTO) e compramos (RTO) os outros itens necessários e montamos com os itens que já estavam no estoque (tanto componentes padrão como os que são comuns para as máquinas ou equipamentos de uma família)  

Indústria automotiva:

Há diversas combinações possíveis das estratégias de atendimento do pedido dos clientes, que dependem de estratégias mais amplas das empresas.

  • MTS: Algumas empresas possuem uma previsão de vendas confiável porque seus automóveis têm demanda constante ou reprimida e produtos padronizados. Portanto, eles são produzidos para estoque, pois os produtos sempre são comprados. Outras empresas adotam essa estratégia para aproveitar incentivos que têm prazo para terminar, como, por exemplo, descontos para carros elétricos que serão taxados em um futuro próximo.
  • MTO: Normalmente, as empresas automotivas produzem somente após os pedidos das concessionárias. Elas definem perfis típicos de clientes e pedem uma quantidade de automóveis com certas características para atender à demanda planejada para esses perfis. Assim, as concessionárias conseguem entregar alguns veículos rapidamente, o que às vezes é um fator de competitividade. Se um cliente desejar um automóvel com uma combinação de opções não prevista no perfil, ele terá de esperar o prazo de produção e entrega.
  • CTO e MTO: Fabricantes de carros de luxo, como a BMW, utilizam a estratégia MTO associada ao CTO para oferecer veículos personalizados. Os clientes podem escolher desde o tipo de motor até as cores e acabamentos internos, e o carro é produzido exclusivamente após a confirmação do pedido. Essa combinação de estratégias também está se expandindo para clientes comuns, à medida que montadoras começam a vender automóveis diretamente para o consumidor final por meio de canais digitais. O cliente configura o veículo online e, depois, aguarda o prazo de produção e entrega estabelecido.
  • MTS: Itens padronizados podem ser produzidos e estocados, pois serão consumidos por quase todos os automóveis, como componentes que têm uso frequente e previsível.
  • ATO: Alguns itens que pertencem à plataforma de uma família de automóveis podem estar em estoque porque fazem parte da estrutura de todos os produtos da mesma família. Assim, eles são montados conforme a necessidade dos pedidos, agilizando a entrega.

Estratégias de Integração e Abastecimento na Indústria Automotiva

Just-in-Time (JIT)

Há tantas variações na indústria automotiva que é difícil estabelecer um padrão único de estratégia de atendimento de pedidos dos clientes. A maior parte das montadoras possui um poder de barganha superior ao das empresas de autopeças, mesmo as fornecedoras de sistemas de primeiro nível (1st tier), o que lhes permite operar no modelo Just-in-Time (JIT). Nesse sistema, as montadoras enviam previsões de compra das autopeças com volumes mensais para os próximos 3 meses, previsões semanais para o próximo mês, volume diário para a próxima semana e,todos os dias, eles indicam ao fornecedor o que será consumido no dia seguinte. Assim, o fornecedor assume o ônus do estoque imobilizado, mantendo os componentes prontos para entrega rápida.

Essa abordagem permite que as montadoras trabalhem com a estratégia Assemble-to-Order (ATO) para itens comprados, operando na prática como um sistema Resource-to-Order (RTO), onde o tempo de entrega é quase zero. No momento em que a montadora precisa de um item na linha de montagem, ele já está disponível, evitando a necessidade de grandes estoques.
Leia mais sobre JIT na Wikipédia.

Consórcio modular

Outro modelo notável na indústria automotiva é o consórcio modular, originalmente criado pela Volkswagen na planta de Resende, Brasil, que agora é operada pelo Grupo Traton. Nesse arranjo, os próprios fornecedores assumem responsabilidades dentro da fábrica, não apenas entregando peças, mas também realizando a montagem de módulos completos diretamente na linha de produção. Isso cria um nível de integração e colaboração maior, permitindo flexibilidade e eficiência na fabricação de veículos.
Leia mais sobre isso em Resende et al. (2002)

Construção de estruturas metálicas personalizadas: 

  • ETO: É caso de pontes, estruturas de construções de galpões, shoppings, prédios, nos quais a estrutura é metálica. Nesses casos, é desenvolvido um design especial, como em projetos arquitetônicos ou para atender a requisitos de infraestrutura exclusivos. Portanto, a estratégia ETO é aplicada. A estrutura é projetada e construída de acordo com as especificações do cliente, garantindo que o projeto atenda a necessidades específicas de estética e funcionalidade.
  • MTO: No caso de um design básico e modular já estar disponível, o pedido especifica poucas mudanças ou nenhuma. Após a configuração (CTO), as partes são fabricadas e serão montadas em campo, no local de instalação da estrutura.

Móveis modulares

  • MTO: Empresas que produzem armários personalizados ou cozinhas planejadas ajustam seus produtos baseados em módulos existentes conforme as especificações do cliente. Possuem módulos que só são produzidos após a configuração (CTO) de um novo armário ou cozinha. As customizações são realizadas com base nos designs existentes, como dimensões, cores e acabamentos, sem a necessidade de desenvolver novos designs do zero. 
  • ETO: Quando o design de algum módulo é desenvolvido para atender a uma necessidade específica de um cliente. Mas, geralmente, as empresas de móveis modulares criam os módulos e não mudam.
  • ATO: Essas empresas também não produzem os módulos e deixam em estoque (que seria ATO) para somente montar após a entrada de um pedido. O que acontece é que kit dos móveis são produzidos e entregues para as empresas de varejo. Quem realiza a montagem, após a compra, é o próprio cliente

Moveis personalizados:

  • ETO: são móveis projetados para um determinado uso específico para atender aos requisitos dos clientes, que não estão satisfeitos com as ofertas padronizadas.

Servidores de Computadores:

  • MTO: Empresas de tecnologia, como a Dell, utilizam a estratégia MTO para fabricar servidores sob demanda.
  • CTO: Os clientes escolhem os componentes, como processadores e memória, e a empresa monta o servidor de acordo com as especificações, garantindo que o produto atenda exatamente às necessidades de cada cliente. Isso permite flexibilidade e customização, oferecendo um produto sob medida e eficiente para cada aplicação específica.

Computadores Pessoais:

  • MTS: Para computadores pessoais, empresas como Dell e HP produzem componentes padronizados antecipadamente para manter estoques prontos e atender rapidamente à demanda do mercado.
  • CTO e ATO: Os clientes podem configurar certos aspectos dos computadores, como armazenamento, memória e processador (CTO), escolhendo entre opções predefinidas. A montagem final é realizada com base nessas escolhas (ATO), combinando a eficiência da produção em massa com a flexibilidade para atender a necessidades específicas.

Alimentos e Bebidas:

  • MTS: Empresas como Coca-Cola utilizam a estratégia MTS para produzir em grandes volumes com base em previsões de demanda. Isso garante disponibilidade contínua em pontos de venda e permite rápida reposição durante períodos de alta demanda. A produção em massa otimiza o uso de recursos e reduz custos, ao mesmo tempo em que assegura que os produtos estejam sempre prontos para atender à demanda dos consumidores.

Eletrônicos de Consumo:

  • MTS: Fabricantes como Apple e Samsung produzem modelos populares de smartphones antecipadamente, utilizando previsões para atender a picos de demanda e garantir pronta entrega no varejo. A estratégia MTS permite que esses produtos estejam disponíveis imediatamente para os clientes, mantendo uma presença constante no mercado e reduzindo os tempos de espera.

Produtos de Higiene e Limpeza:

  • MTS: Itens como detergentes são produzidos em massa por empresas como Procter & Gamble, mantendo estoques prontos para atender à alta rotatividade no varejo. A produção contínua e antecipada garante que os produtos estejam sempre disponíveis para reposição rápida, minimizando rupturas de estoque e aproveitando economias de escala.

Apoio do chatGPT

As referências citadas no próximo tópico foram estudadas e trechos delas foram combinados e alimentados no chatGPT para resumir, combinar, tirar redundâncias e traduzir. Dessa forma foi criada a versão inicial da versão desta seção. A partir deste ponto, foram realizadas mais de 100 iterações durante alguns dias, quando novos trechos foram alimentados e “discussões” com o autor humano foram realizadas para se chegar a um consenso, aprovado pelo autor. 

Essas diversas versões foram então revisadas e reformuladas, quando necessário, para chegar na versão final que foi publicada. Em seguida essa versão foi revisada por um especialista.

Referências

Essas são as referências utilizadas para a construção de todas as seções relacionadas com as estratégias de atendimento de pedidos dos clientes. Por este motivo, elas são listadas em todas as seções. No entanto, uma seção específica não necessariamente foi baseada em todas as referências.

Atan, Z., Ahmadi, T., Stegehuis, C., Kok, T. de, & Adan, I. (2017). Assemble-to-order systems: A review. European Journal of Operational Research, 261(3), 866–879. https://doi.org/10.1016/j.ejor.2017.02.029

CFI (2024). Make-to-Stock (MTS). Disponível em: https://corporatefinanceinstitute.com/resources/management/make-to-stock-mts/ Recuperado em: outubro, 2024. 

Deskera (2024). A Complete Guide to - Configure-To-Order (CTO) Manufacturing. Disponível em: https://www.deskera.com/blog/configure-to-order/ Recuperado em: outubro, 2024.

Harfeldt-Berg, M. (2024). The role of the customer order decoupling point in operations and supply chain management.Department of Mechanical engineer, Lund University.

Hive CPQ  (2024). Simplify selling complex products with the Hive CPQ product configurator. Disponível em: https://hivecpq.com/en/gartner-hive-cpq Recuperado em: outubro, 2024.

ERP-information.com (2024). What is Assemble-To-Order (ATO)? – Examples, Pros and Cons. Disponível em: https://www.erp-information.com/assemble-to-order-ato Recuperado em: outubro, 2024.

ERP-information.com (2024). What is Configure-to-Order (CTO)? – Benefits, Implementation. Disponível em: https://www.erp-information.com/configure-to-order-cto Recuperado em: outubro, 2024.

ERP-information.com (2024). What is Engineer-to-Order (ETO)? – Process, Best Practices. Disponível em: https://www.erp-information.com/engineer-to-order-eto  Recuperado em: outubro, 2024.

ERP-information.com (2023). Make-To-Order (MTO) – Definition, Examples. Disponível em: https://www.erp-information.com/make-to-order-mto   Recuperado em: outubro, 2024.

Mather, H. F. (1986). Design, bills of materials, and forecasting: the inseparable threesome. Production & Inventory Management, v.27, n.1, p.90-107.

Neogrid (2021). S&OP passo a passo: como adotar esse método em sua empresa. Disponível em: https://neogrid.com/seop-passo-a-passo-como-adotar/ Recuperado em: outubro, 2024.

Neumann, C., & Scalice, R. K. (2015). Projeto de fábrica e layout. Rio de Janeiro: Campus.

Oliveira, C. B. M. (1999). Estruturação, identificação e classificação de produtos em ambientes integrados de manufatura. Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), Universidade de São Paulo (USP), São Carlos.  Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18135/tde-13082001-152514/pt-br.php Acesso em: outubro 2024.

Peeters, K., & van Ooijen, H. (2020). Hybrid make-to-stock and make-to-order systems: a taxonomic review. International Journal of Production Research, 58(15), 4659-4688.

Qoblex (2024). Guide to Understanding Configure-To-Order (CTO). Disponível em: https://qoblex.com/learning-center/configure-to-order/  Recuperado em: outubro, 2024

Qoblex (2024). Guide to Understanding Make-to-Stock (MTS). Disponível em: https://qoblex.com/learning-center/make-to-stock/  Recuperado em: outubro, 2024

Resende, A. P. De, Wagner, F., Costa, A., & Silva, W. (2002). Consórcio Modular : O Novo Paradigma Do Modelo De Produção. 1–9. http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2002_TR15_0436.pdf

SAP (2024). Assemble-to-order. Help Portal. Disponível em: https://help.sap.com/docs/SAP_S4HANA_ON-PREMISE/21aead0c98bd4755abdacd91c99e3393?locale=en-US&state=PRODUCTION&version=2023.002 Recuperado em: outubro, 2024.

Sapot, Bryan. (2024). Make-to-Stock (MTS): Manufacturing Explained. Disponível em: https://www.mingosmartfactory.com/make-to-stock-mts-manufacturing-explained/ Recuperado em: outubro, 2024.

Slack, N., Brandon-Jones, A., & Burgess, N. (2022). Operations management (10th ed.). Pearson Education Limited.

Slot, M., Navis, E., Damgrave, R., & Lutters, E. (2023). Versatile information provisioning in a configure-to-order production environment; a case study. Procedia CIRP, 120, 1469–1474. https://doi.org/10.1016/j.procir.2023.09.195

Soman, C. A., Van Donk, D. P., & Gaalman, G. (2004). Combined make-to-order and make-to-stock in a food production system. International journal of production economics, 90(2), 223-235.

Song, J. S., & Zipkin, P. (2003). Supply Chain Operations: Assemble-to-Order Systems. Handbooks in Operations Research and Management Science, 11(C), 561–596. https://doi.org/10.1016/S0927-0507(03)11011-0

Van Donk, D. P. (2001). Make-to-Stock or make-to-order: The decoupling point in the food processing industries. International Journal of Production Economics, 69(3), 297-306.

Wikipedia contributors. (2023, April 23). engineer-to-order. In Wikipedia, The Free Encyclopedia. Retrieved 18:48, October 15, 2024, from https://en.wikipedia.org/w/index.php?title=Engineer_to_order&oldid=1151354554 

Wikipedia contributors. (2023, January 10). Build to order. In Wikipedia, The Free Encyclopedia. Retrieved 23:40, October 15, 2024, from https://en.wikipedia.org/w/index.php?title=Build_to_order&oldid=1132826262

#printfriendly a { color: blue !important; text-decoration: underline !important; } #printfriendly i, #printfriendly em { color: purple !important; } @media print { .break-page-before { page-break-before: always !important; } h1 { page-break-before: always !important; font-size: 32px !important; } div.no-page-break-before h1, div.no-break-page-before h1 { page-break-before: avoid !important; } }