Ecossistema Circular

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Autoria: Adriana Hofmann Trevisan (adrianatrevisan@usp.br) –  Agradecimentos 

Ecossistema circular integra conceitos de ecossistemas de inovação e empreendedorismo com a economia circular. Esta seção apresenta os principais conceitos e definições, suas características e elementos, as razões para uma empresa participar de um ecossistema circular, os gargalos e principais benefícios em co-criar valor circular colaborativamente e uma linha de tempo das principais publicações sobre este assunto.

Esta seção foi baseada nas seguintes publicações, que a autora desta seção participou: Trevisan et al. (2022), Trevisan et al. (2023) e Barquete et al. (2023). Veja as referências completas.

O que é um ecossistema circular?

Apesar dos termos “ecossistema” e “economia circular (EC)” já estarem sendo explorados de forma independente na literatura e na indústria há mais de uma década, o conceito de “ecossistema circular”  é relativamente recente.

Outros termos utilizados na literatura para “ecossistema circular”são: CE ecosystems (Aminoff et al., 2017); CE innovation ecosystem (Wurster et al., 2020); Circular Economy ecosystem (Whicher et al., 2018), Circular ecosystem innovation (Konietzko et al., 2020a); Circular Innovation Ecosystems (Konietzko et al., 2020b); e Circular business ecosystem (Bertassini et al., 2021).

Ao analisar ambos os campos de pesquisa (ecossistema e EC) e também definições disponíveis na literatura (veja o próximo tópico), Trevisan et al. (2022, p. 292) propôs a seguinte síntese 

Um ecossistema circular pode ser entendido como “um sistema de atores interdependentes e heterogêneos que vão além das fronteiras industriais e direcionam esforços coletivos para uma proposta de valor circular, oferecendo oportunidades para sustentabilidade econômica e ambiental”.

Leia as seções principais sobre economia circular e sobre ecossistema de inovação e empreendedorismo

Definições de ecossistema circular

Este tópico é apropriado para os leitores interessados no nível de detalhamento avançado. 

Seguem definições de ecossistema circular, selecionadas da literatura:

  • Configurações coevolutivas, dinâmicas e potencialmente auto-organizadas (Vargo e Lusch, 2011), nas quais os atores integram recursos e cocriam fluxos circulares de valor em interação uns com os outros (Aminoff et al., 2017, p.530).
  • Conjunto(s) em evolução de atores, atividades e artefatos, e as instituições e relações que são importantes para o desempenho inovador dentro de uma economia circular (Wurster et al., 2020, p.2)
  • Comunidades de atores heterogêneos, hierarquicamente independentes, mas interdependentes, que coletivamente geram um resultado ecossistêmico sustentável, sendo um resultado em nível de sistema tipificado por processos circulares de reciclagem, reutilização e redução (Aarikka-Stenroos et al., 2021, p. 18).
  • Ecossistema de inovação circular é um sistema eco cêntrico de múltiplas plataformas, em que atores díspares e mutuamente dependentes colaboram e cooperam para alcançar uma proposta de valor circular compartilhada, trocar ideias e tecnologias inovadoras por meio da cadeia de inovação e criar artefatos ecológicos que apoiam a sustentabilidade da economia circular (Thakur & Wilson, 2023, p. 4).

Características de um ecossistema circular

Assim como em outros ecossistemas, um ecossistema circular é composto por uma multiplicidade de atores que desempenham papéis interdependentes e complementares (Aarikka-Stenroos et al., 2021). Interdependência diz respeito ao “impacto mútuo entre as partes em sua capacidade de criar valor” (Adner e Feiler, 2019, p. 111). A interdependência pode ser tecnológica (associada a produtos e processos), econômica (referente a recursos e interesses) e cognitiva (que diz respeito aos valores, conhecimento, habilidades e identidade coletiva) (Thomas & Autio, 2020).

O principal fator que distingue um ecossistema circular de outras tipologias, como ecossistemas de negócios e inovação, é o foco na circularidade.

A criação de valor circular implica em algumas mudanças na forma como os atores precisam se alinhar, tanto em relação aos valores e benefícios alcançados, quanto nas ações que são desempenhadas pelo orquestrador.

Visite os próximos tópicos para obter mais informações sobre os benefícios em participar de um ecossistema circular e as ações que o orquestrador pode realizar para fomentar a circularidade.

O orquestrador, também conhecido como ator focal, líder do ecossistema ou keystone, desempenha um papel essencial no ecossistema, sendo responsável por coordenar, gerenciar, conectar e alinhar os interesses dos participantes (Parida et al., 2019; Pidun e al., 2020). Geralmente, essa função é desempenhada por uma grande empresa com poder de influência no mercado. E por ser considerado o ponto focal, esse ator desfrutará dos maiores benefícios (Pidun et al., 2020).

Além do orquestrador, o ecossistema circular pode englobar empresas, membros da indústria, entidades públicas e governamentais, universidades, organizações sem fins lucrativos, consumidores individuais (Aarikka-Stenroos et al., 2021), cooperativas e startups. Os atores podem participar de um ou mais ecossistemas.

Elementos de um ecossistema circular

De acordo com Trevisan et al. (2022), um ecossistema circular possui cinco elementos  principais (próxima figura): 

  • valor
  • atores
  • estratégias e atividades circulares
  • fluxo de materiais e dados
  • governança

Figura 932: Elementos de um Ecossistema Circular
Fonte: adaptado de Trevisan et al., 2022

O valor corresponde ao aspecto mais crucial pelo qual os atores se engajam coletivamente. Por meio da criação e captura de valor, os atores permanecem conectados à comunidade e materializam um resultado sustentável. 

Os atores, conforme mencionamos anteriormente, são heterogêneos e interdependentes, com papéis definidos dentro da constelação.

As estratégias e atividades circulares são múltiplas e podem ser realizadas em paralelo pelos diferentes integrantes. 

O fluxo de materiais e dados percorre o ecossistema circular. 

Um ecossistema circular precisa de governança. Semelhante ao que Jacobides et al. (2018) defendem na teoria do ecossistema, a governança do ecossistema circular precisa ser colaborativa e não hierárquica. Em outras palavras, os atores trabalham em parceria pela circularidade, desenvolvendo atividades sem que um ator desempenhe grande poder hierárquico sobre os demais. 

Criação de conhecimento: um artefato-chave dentro de um ecossistema circular

Recentemente, Thakur e Wilson (2023) destacaram a criação de conhecimento como um artefato-chave dentro de um ecossistema circular. Segundo os autores, o compartilhamento de conhecimento promove atividades inovadoras, aumentando o potencial sustentável da estrutura.  Esse artefato também pode ser considerado um dos principais motivadores para que atores decidam integrar um ecossistema (visite o próximo tópico “Por que participar de um ecossistema circular?”).

Por que participar de um ecossistema circular?

A transição para uma economia circular exige mudanças tanto interna como externamente às organizações. É natural que as empresas não possuam todas as capabilidades necessárias para realizar essa transformação e, portanto, frequentemente busquem parcerias. Em um mundo cada vez mais interconectado e complexo, participar de ecossistemas circulares pode suavizar o processo de transição, além de abrir novas oportunidades para inovação e sustentabilidade. De acordo com Barquete et al. (2023), existem vários fatores motivacionais para as empresas se integrarem a um ecossistema circular, tais como:

  • Compartilhar infraestrutura: Participar de ecossistemas circulares oferece às empresas acesso ampliado à infraestrutura para a coleta de resíduos, bem como a plataformas digitais que facilitam a conexão entre compradores e vendedores de materiais. Os atores podem obter resíduos de outros parceiros como input para novos processos.
  • Obter suporte financeiro: Isso pode incluir a obtenção de investimentos diretos, bem como a divisão de custos por meio do compartilhamento de logística de transporte e do uso de equipamentos em comodato. Essa colaboração financeira ajuda a reduzir o ônus individual das empresas. 
  • Implementar estratégias Rs: A estrutura oferecida por um ecossistema proporciona uma maior facilidade na execução de atividades como remanufatura, reciclagem, reparo, recondicionamento, entre outras.
Conheça um checklist de estratégias de economia circular.
  • Atender a legislação: As colaborações permitem que as organizações contribuam com projetos socioambientais e alcancem metas pré-estabelecidas pelo governo.
  • Compartilhar conhecimento: Os participantes de ecossistemas circulares têm a oportunidade de acessar conhecimentos necessários para desenvolver soluções de negócios, obter suporte intelectual para a descoberta de oportunidades circulares e adquirir informações específicas sobre a composição dos materiais. Geralmente, a empresa orquestradora desempenha o papel de fornecer esses benefícios.
  •  Desenvolver produtos e serviços: Ecossistemas circulares permitem a co-criação de valor. Integrantes de um ecossistema são capazes de desenvolver diversas funcionalidades em conjunto, ampliando inclusive a proposta de valor circular que o ecossistema buscou ofertar inicialmente.
  • Estreitar relacionamentos com consumidores/usuários: Por fim, mas igualmente relevante, uma estrutura de ecossistema facilita o envolvimento e engajamento de consumidores na correta destinação de resíduos. Um ecossistema circular bem estruturado também oferece às empresas integrantes a possibilidade de serem percebidas como ambientalmente responsáveis (conceito de Green Image).

Conforme observado, há diversos benefícios em fazer parte de um ecossistema circular. No entanto, existe uma complexidade ao configurar e coordenar uma diversidade de participantes, principalmente quando o alinhamento de atores não visa somente ganhos econômicos. Se você está interessado em conhecer os gargalos em fazer parte desse tipo de estrutura, passe para o próximo tópico.

Quais os gargalos para participar de um ecossistema circular?

Como parte integrante de um ecossistema circular, você deverá estar atento a alguns desafios. Nesta seção, nós apresentamos cinco deles:

  • Alinhamento fraco entre os participantes: Nem todo ecossistema circular alcançará um alinhamento bem-sucedido. As empresas envolvidas no ecossistema podem ter interesses divergentes. A falta de conscientização por parte dessas empresas sobre os benefícios da EC também pode prejudicar o alinhamento. Muitas vezes, será necessário o envolvimento ativo dos consumidores, que podem ou não estar totalmente engajados, por exemplo. Ademais, fiscalização governamental insuficiente pode comprometer o potencial de circularidade da estrutura.
  • Proporção desequilibrada de atores: Ecossistemas circulares possuem membros que desempenham diferentes papéis (ex: produtores, consumidores, provedores de soluções complementares, etc.). Tate et al (2019) observaram que a falta de um balanço apropriado de atores enfraquece o sistema. Eles destacaram a necessidade de mais integrantes realizando papéis de coleta e recuperação de materiais. O desequilíbrio nesse contexto pode resultar em um aumento no consumo e desperdício de recursos.
  • Falta de confiança e transparência entre os atores: Ao participar de um ecossistema circular, frequentemente haverá a necessidade de compartilhar informações. No entanto, alguns participantes podem hesitar em disponibilizar dados como, por exemplo, de porcentagem de material reciclado. A falta de confiança e transparência dificulta o acompanhamento de metas e impede o estabelecimento de colaborações mais robustas. 
  • Captura injusta de valor: Garantir que os atores capturam valor justo é um dos princípios-chave para inovação em ecossistema circular (Konietzko et al., 2020a). No entanto, essa tarefa é relativamente complexa e segundo Konietzko et al. (2020a) pode demandar o estabelecimento de alguns mecanismos, como acordos contratuais. Captura justa não significa que todos vão capturar o mesmo tipo de valor, mas que os benefícios obtidos em fazer parte do ecossistema circular vão ser satisfatórios, a ponto de manter a adesão do participante. Para conhecer um pouco mais sobre os tipos de valores que podem ser capturados, acessar o estudo de Bertassini et al., (2021).
  • Falta de legitimidade: Legitimidade está associada à percepção que os stakeholders têm frente às ações circulares desempenhadas pelas outras empresas (especialmente pela orquestradora) (Press et al., 2019). Afinal, você não vai querer que a sua organização esteja associada a uma empresa que está com uma imagem comprometida, certo?! Portanto, é fundamental fortalecer a legitimidade entre os participantes como forma de estabelecer novas parcerias e abrir caminho para oportunidades inovadoras.

É possível reduzir esses obstáculos se o ecossistema circular contar com um orquestrador comprometido com a sustentabilidade. No próximo tópico, nós apresentamos as principais atividades que os orquestradores podem desempenhar para impulsionar a transição para uma economia circular.

Como o orquestrador pode fomentar a circularidade?

Embora tenhamos visto na seção ecossistema de inovação e empreendedorismo que ecossistemas podem ou não ter um orquestrador, em ecossistemas circulares a sua presença é primordial. Isso se deve ao fato de que os participantes precisam estar constantemente engajados com os princípios da circularidade, o que requer liderança e ações proativas. A ausência de um orquestrador no ecossistema circular dificulta o alcance máximo de circularidade.

Um orquestrador é primordial em ecossistemas circulares para manter os participantes constantemente engajados com os princípios da circularidade

Nesse contexto, Parida et al. (2019) investigaram seis grandes empresas orquestradoras de ecossistemas do setor de manufatura. Os autores identificaram três mecanismos de orquestração que as empresas focais precisam desenvolver para a transição circular: 

  • Mecanismo de padronização: O orquestrador em um ecossistema circular precisa assegurar que padrões industriais sejam compreendidos, aceitos e seguidos pelos outros atores. O orquestrador exerce um papel norteador no debate e estabelecimento de padrões e regulamentos governamentais. Esse líder focal também tem o poder de influenciar ações-chave de fomento a circularidade dos demais integrantes do ecossistema. Por exemplo, influenciando a adoção de certificações ISO e o uso de materiais ambientalmente adequados. 
  • Mecanismo de nutrição: O orquestrador é um dos responsáveis por nutrir o ecossistema circular. Nutrir no sentido de “alimentar” os demais membros com novas ideias, com direcionamento técnico e financeiro, e com apoio intelectual para criação de soluções circulares. As atividades de nutrição incluem, mas não estão limitadas, a: investimentos em infraestrutura, suporte e estabelecimento de novos processos, desenvolvimento de competências circulares e compartilhamento de conhecimento e aprendizados.
  • Mecanismo de negociação: Considerando que um ecossistema circular é uma estrutura composta por múltiplos atores, onde cada ator traz consigo suas próprias necessidades, interesses e recursos – o que pode gerar divergências – a negociação entre essas partes é um mecanismo crucial. Nesse sentido, o orquestrador necessita estabelecer as regras do jogo, construindo confiança e dialogando com os parceiros para a redução de potenciais conflitos. Ademais, é essencial que a empresa focal conduza análise de risco e benefício para controlar a inclusão de novos atores, assegurando sinergia e alinhamento aos objetivos coletivos do ecossistema circular. 

Além dos mecanismos de orquestração, existem ações específicas que a empresa focal pode executar para maximizar os ganhos econômicos e ambientais. Trevisan et al. (2023) identificaram três dessas ações, denominada orquestração 3Is (próxima figura):

  • Inovar, 
  • Investir e 
  • Integrar. 

Figura 933: Orquestração 3is
Fonte: adaptado de Trevisan et al., 2023 

Em seguida, descrevemos essas três ações:

  • Inovar: O orquestrador do ecossistema circular é um dos responsáveis por buscar e implementar inovações nos fluxos de materiais e dados. As inovações podem acontecer tanto em produtos e serviços, quanto nos processos que possibilitam a transição para a economia circular dentro do ecossistema. Por exemplo, o orquestrador pode desenvolver produtos com inserção de tecnologias digitais, criando novas formas de valor para ele e para os outros participantes. É o caso da empresa orquestradora chinesa Celefish de tecnologia agrícola. A empresa criou uma plataforma que contém dados de monitoramento das condições da água para a piscicultura. Além de permitir que os piscicultores tenham acesso a dados de controle de oxigênio, pragas, e monitoramento do consumo de energia, a Celefish fornece dados para instituições financeiras como referência para crédito bancário (Yang et al., 2020).
  • Investir: Para impulsionar o sucesso do ecossistema circular, o orquestrador desempenha um papel essencial no fornecimento de infraestrutura e suporte financeiro. Isso significa que o orquestrador investe recursos tanto na disponibilização de equipamentos necessários, quanto no patrocínio de projetos desenvolvidos em colaboração com outros atores. Por exemplo, o orquestrador pode fornecer equipamentos (ex: tecnologias para tratamento de resíduos), desde que não comprometa a sua capacidade financeira, para facilitar o processamento adequado dos materiais. Além disso, ele pode financiar projetos de inovação e pesquisa, que visam melhorar os processos circulares. A ideia é investir em ações que geram benefícios coletivos, e não priorizar somente ganhos individuais. 
  • Integrar: Uma das funções que o orquestrador pode realizar dentro do ecossistema circular, que também está associado a mecanismos de negociação, é compreender quais atores são determinantes para ações circulares bem-sucedidas, e quais espaços precisam ser preenchidos. Tão importante quanto controlar a inserção de novos membros, é buscar integrar estrategicamente participantes-chave. De acordo com Parida et al. (2019), o orquestrador precisa ser percebido pelos demais membros como um criador de novas parcerias. Através da criação de conexões colaborativas, é possível alcançar resultados mais significativos e avançar de forma mais eficiente.

Se você faz parte de um ecossistema circular ou exerce uma influência significativa a ponto de ser considerado o orquestrador, é crucial questionar-se sobre quais ações estão sendo efetivamente implementadas.

Quais mecanismos precisam ser explorados com maior ênfase?
Quais ações de orquestração fariam ou estão fazendo diferença no ecossistema circular do qual você faz parte?

Lembre-se que, se você está assumindo a orquestração do ecossistema, a implementação dessas ações terá um impacto crucial em sua capacidade de manter a influência sob os demais. Além disso, reduzirá questionamentos de potenciais participantes que queiram contestar o seu papel.

Checklist de questões para compreender o ecossistema circular do qual você faz parte

No estudo de Trevisan et al. (2022), que explorou o conceito de ecossistema circular, foi apresentado um conjunto de perguntas que podem auxiliar as organizações na compreensão do ecossistema circular ao qual estão inseridas. Essas perguntas são divididas de acordo com os cinco elementos abordados no tópico “O que é um ecossistema circular?”.

Valor

  • Qual é a proposta de valor circular do ecossistema que faço parte (i.e., o que é gerado/output como resultado do esforço coletivo)?
  • Como ocorre a distribuição de valor pelos membros do ecossistema?
  • A captura de valor é justa e coletiva? 
  • O que eu estou conseguindo capturar de valor?

Atores

  • Quais são os atores fundamentais para materializar a proposta de valor circular?
  • Os interesses de todos os atores estão alinhados?
  • Qual é o papel de cada ator?
  • Que tipo de atores o ecossistema precisa atrair?
  • Quais atividades precisam ser realizadas pelo orquestrador para maximizar a legitimidade?
  • Como o orquestrador incentiva seus parceiros a expandir as iniciativas circulares?

Fluxos de dados e materiais

  • Que tipo de dados e materiais são compartilhados?
  • Como o ecossistema pode usar os dados para potencializar a EC?
  • Como o ecossistema pode aumentar a eficiência dos materiais utilizados?
  • Quais mecanismos estão sendo usados para facilitar e assegurar a troca de dados e a gestão do ecossistema?

Atividades e estratégias circulares

  • Quais são as estratégias circulares coletivas e individuais?
  • Onde essas estratégias estão sendo implementadas?
  • O que ainda precisa ser feito para melhorar a circularidade do ecossistema?

Governança

  • Qual é o conjunto de regras impostas ao ecossistema circular?
  • Qual membro do ecossistema impõe essas regras?
  • Quais membros têm relações contratuais e não contratuais?

Publicações que integram os conceitos de economia circular e ecossistema de negócios / inovação

Acompanhe o texto a seguir observando a linha do tempo das publicações.

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O termo ecossistema de negócios” (EN) foi cunhado por Moore em 1993, em uma publicação na Havard Business Review intitulada “Predators and Prey: A New Ecology of Competition” (em tradução literal: Predadores e Presas: Uma nova ecologia de competição). Já o termo “Economia Circular” (EC) foi difundido a partir de 2012 após uma série de relatórios divulgados pela Elllen MacArthur Foundation.

No entanto, somente a partir do ano de 2016 que as primeiras pesquisas integrando ambos os campos (EC e EN) foram publicadas. Naquele período, as pesquisas eram bastante influenciadas pela literatura de Modelo de Negócio e Inovação do Modelo de Negócio, que ganhou destaque a partir do ano de 2010 com os estudos de Osterwalder e Pigneur (2010) e Chesbrough (2010), respectivamente.

Essa influência pode ser observada em uma das publicações iniciais (que inclui EC e EN) (Antikainen e Valkokari, 2016), cujo objetivo foi desenvolver um framework para inovação de modelos de negócio circular sustentável que incluía o nível ecossistêmico. Posteriormente, estudos sobre princípios e ferramentas para inovar, dessa vez, em ecossistemas circulares também foram publicados (Konietzko et al., 2020a, 2020b). 

À medida que as pesquisas aprofundavam a temática, a perspectiva de ecossistema veio ganhando cada vez mais força, resultando na divulgação de novos estudos que exploravam a transformação de modelos de negócio em direção aos ecossistemas circulares (e.g Kanda et al.,2021; Asgari e Asgari, 2021). 

A partir de 2021 e 2022, também surgiram trabalhos que buscavam consolidar a definição de um ecossistema circular (Aarikka-Stenroos et al., 2021; Trevisan et al., 2022) e classificá-lo (Pietrulla et al., 2022). Os últimos estudos estão se concentrando em entender como ocorre a gestão desse tipo de estrutura (Gomes et al., 2023a) incluindo aspectos de orquestração (Trevisan et al., 2023). Para compreender um pouco mais sobre orquestração em ecossistemas circulares, visite o tópico “Como o orquestrador pode fomentar a circularidade?”. 

Agradecimentos

Agradecemos o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) – processo nº 2019/23655-9 e 2021/03237-8. As opiniões, hipóteses, conclusões ou recomendações expressas nesta seção são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente as perspectivas da FAPESP.

Referências

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