Prova de conceito, MVP e protótipo
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Autoria: Henrique Rozenfeld ([email protected]) com apoio do chatGPT 4o (leia mais)
Introdução
A figura abaixo procura ilustrar a delimitação entre esses termos, que representam artefatos realizados durante a inovação.
Figura 430: contextualização de uma POC (prova de conceito), MVP (produto mínimo viável) e protótipo tradicional
Podemos considerar os três tipos de artefatos como tipos de protótipos.
POC – prova de conceito ou proof of concept
Uma prova de conceito (POC – proof of concept) serve para testar se é possível realizar / concretizar uma ideia. As POCs são realizadas para avaliar a viabilidade técnica de um conceito (como o próprio nome diz) de uma solução e/ou tecnologia.
No entanto, é mais comum aplicar POC para:
- comprovar a viabilidade de uma tecnologia (entre elas a viabilidade de aplicação de um software)
- comprovar a viabilidade de uma inovação de uma startup na prestação de serviços (principalmente em inovações visando a melhoria de um processo existente em clientes corporativos – B2B)
- testar estágios iniciais de tecnologias, como uma primeira versão de um MPV, se for submetida posteriormente à avaliação de clientes (caso a POC tenha sido aprovada).
A transformação digital e as POCs
A transformação digital atinge todas as áreas das empresas, o que se reflete em todos os processos: desenvolvimento de produtos e serviços, vendas, propaganda, produção, pós-venda etc. Nos estágios iniciais ocorre a digitalização dos processos (informatização e conectividade).
Veja a seção sobre transformação digital, que destaca o modelo de Frank et al. (2019), o qual divide a transformação em 4 dimensões:
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Na transformação digital é comum que soluções digitalizadas sejam testadas por meio de POCs.
Um exemplo é o desenvolvimento de uma solução digital na busca por excelência operacional dos processos. Se a solução proposta rodar, significa que o conceito é realizável.
Relação entre startups e corporações
A maioria dos desenvolvimentos de POCs é realizado por startups. É comum que as funções de “áreas de inovação” de empresas estabelecidas (corporações) estejam limitadas à contratação de startups para melhorar a excelência operacional (aumento de produtividade e/ou diminuição de custos).
Por um lado, essas “áreas” recebem um orçamento (budget) para gastar com POCs. Por outro lado, startups com soluções tecnológicas específicas procuram essas empresas para vender POCs e, assim, aperfeiçoar suas ofertas.
Essa é a razão pela qual as POCs tornaram-se famosas no relacionamento B2B, ou seja, é a forma preferida de se desenvolver inovações e de se relacionar com startups.
Segundo o blog da Randon (visitado em 25/9/2024), a POC ajuda a evitar:
- erros graves no funcionamento do serviço (ou na performance do produto) quando já está no mercado;
- desperdício de recursos resolvendo problemas para os quais não há um público-alvo;
- custos extras financeiros com remodelação da base operacional do negócio, especialmente quando a startup tem apenas um produto ou serviço;
- desconhecimento do mercado ou de concorrentes;
- resolução de um problema, mas geração de outros (quando o empreendedor não percebe que criou um gap entre a solução que ele oferece e o que o cliente realmente precisa), entre outros.
Leia mais na flexM4i sobre Conexão com startups. |
POC e Technology readiness levels (TRL)
No contexto dos níveis de maturidade da tecnologia (TRL – Technology readiness levels), a prova de conceito tem um outro significado.
No nível TRL 3, a “prova de conceito” pode envolver modelos e simulações ou testes iniciais em laboratório, mas não é ainda o mesmo que um protótipo funcional, que surge nos TRLs posteriores.
O protótipo mais desenvolvido aparece no TRL 4 e além, onde começa a integração de componentes em ambientes de teste mais controlados.
Informações adicionais
O blog da empresa Randon apresenta os conceitos principais sobre POC.
O verbete da wikipedia em inglês mostra a prática de POC em alguns segmentos de mercado.
MVP – minimum viable product ou produto mínimo viável
O MVP não é apenas para startups, mas sim uma ferramenta utilizada para acelerar o aprendizado sobre o mercado e os clientes, minimizando os riscos e maximizando o retorno sobre o investimento.
Na flexM4I consideramos MVP como um tipo de protótipo.
Vamos agora examinar como esse conceito evoluiu desde sua criação.
Origem do termo MVP
O termo MVP (minimum viable product ou produto mínimo viável) foi criado em 2001 por Frank Robinson como um dos fundamentos da sua metodologia SyncDev (A systematic method to sell, design and build). Essa metodologia propõe desenvolver produto e cliente de forma síncrona. Nesta metodologia ele define que um MVP é …
… é o produto do tamanho certo para sua empresa e seu cliente. É grande o suficiente para causar adoção, satisfação e vendas, mas não tão grande a ponto de ter funcionalidades demais e trazer um risco para a sua empresa. Tecnicamente, é o produto com ROI máximo dividido pelo risco. O MVP deve possuir as características determinantes para gerar receitas a partir dos seus clientes mais relevantes, mas não atende a todas as necessidades relacionadas com todas as características para todos os clientes em potencial.
Frank Robinson afirma que “a definição técnica de MVP foi modificada por vários de seus proponentes”.
“MVP é um produto único que maximiza o retorno sobre o risco para o fornecedor e para o cliente”.
MVP é mais do que a sua definição, esse conceito deve fazer parte da “mentalidade dos gestores e do time de desenvolvimento”. Pense grande no longo prazo, mas pequeno no curto prazo. Pense grande o suficiente para que o primeiro produto seja uma plataforma de lançamento sólida para ele e sua próxima geração, mas não tão pequeno que você deixe espaço para um concorrente saltar sobre você.”
Ele ainda diz que
“o time pode ser o seu próprio inimigo quando se trata de MVP. Sua imaginação, orgulho, profissionalismo, processo de brainstorming etc. criam uma ideia em cima da outra sem pensar nas consequências do investimento e do risco em persegui-las”.
Apesar do termo “produto” no MVP, deve ter atenção ao “minimamente viavel” . Qualquer coisa que seja criada pode utilizar este conceito, como: segmento de mercado, clientes, serviços, canais, promoções entre outros.
O site da metodologia de Frank Robinson não está mais no ar e não existe uma publicação tradicional sobre ela. Porém, como ela foi precursora dos conceitos encontrados no processo de desenvolvimento de clientes, que por sua vez inspirou o Lean Startup, ela continua disponível no arquivo da internet da wayback machine. O acesso é por meio deste link. Neste link você pode baixar um pdf sobre esta metodologia de 2008, que recuperamos do arquivo da internet.
Frank Robinson criou o termo MVP em 2001, mas ele se tornou popular a partir das seguintes publicações:
- Ries, E. (2011). The lean startup. New York: Crown Business.
- Blank, S., & Dorf, B. (2012). The startup owner’s manual: The step-by-step guide for building a great company. John Wiley & Sons.
Conheça na flexM4i, como essas duas publicações estão relacionadas dentro do contexto do processo de desenvolvimento de clientes. |
MVP do livro de Ries (2011)
- MVP é a primeira versão do produto que permite testar suas hipóteses com um mínimo esforço de desenvolvimento
- MVP auxilia os empreendedores a iniciar o processo de aprendizado o mais rapidamente possível.
- Ao contrário do desenvolvimento de produto tradicional, que leva muito tempo para desenvolver um protótipo “perfeito”, o objetivo do MVP é iniciar o processo de aprendizagem, não encerrá-lo.
- MVP é criado para testar hipóteses do negócio e não somente para verificar o projeto ou questões técnicas do produto, como no conceito de teste de protótipo e conceito.
Em seu blog, Eric Reis postou a seguinte definição “síntese” do que é um MVP.
“MVP é uma versão de um produto que permite o time coletar uma quantidade máxima de aprendizados validados sobre os clientes com o mínimo esforço”
O mesmo conteúdo deste post foi replicado no site da sua empresa Lean Startup Co.
Conheça esse exemplo de MVP que o próprio Ries escreveu, antes de publicar o seu livro, em 2009. Este post sobre MVP do próprio Ries, também em 2009, traz trechos de uma entrevista que ele deu para o Venture Hacks sobre o que é um MVP. Vale a pena conhecer o raciocínio e a discussão sobre esse conceito.
Extraímos dois trechos dessa entrevista a seguir
“O produto mínimo viável (MVP) é aquele produto que tem apenas aquelas características (features) e nada mais, que permite que você o envie para que os primeiros adeptos (early adopter) vejam e que, pelo menos, alguns deles sintam-se atraídos pelo produto a ponto de comprá-lo e, assim, começar a lhe dar feedback…
…às vezes o MVP é útil para esses primeiros adeptos porque eles tem a mesma visão que os empreendedores e enxergam como será o produto final.”
MVP do livro de Blank & Dorf (2012)
- construir um MVP de forma ágil com as características da visão do produto para testar se você entendeu o problema do cliente e ver se ele compraria o produto com essas características
- a maior parte dos clientes quer o produto final, mas os early user compram as primeiras versões (se não comprar você deve pivotar até a maioria dos early users comprar)
- MVP é uma tática para cortar horas de desenvolvimento em desenvolver algo que os clientes não desejam
- MVP é uma estratégia para entregar o produto para os early users o mais rápido possível
- MVP é uma ferramenta para gerar o máximo de aprendizado do cliente em um espaço curto de tempo
- o objetivo do MVP é aprender e não entregar o produto
Visite essa discussão do Blank sobre o “conjunto mínimo de características de um produto.
Tipos de MVP
Existem diversos tipos de MVP, que como já dissemos, vamos considerar como protótipos. Vamos dividir entre MVPs de baixa e alta fidelidade, como definimos nos tópicos a seguir.
Um exemplo clássico de MVP é o MVP do dropbox, que todas publicações sobre o assunto citam.
MVPs de baixa fidelidade
MVPs de baixa fidelidade são rápidos e baratos de desenvolver, geralmente utilizando materiais simples, como papel, esboços ou wireframes, para criar um protótipo básico. O objetivo é testar as principais funcionalidades do produto e coletar feedback dos usuários. Esse tipo de MVP é uma excelente ferramenta para validar uma ideia de produto e garantir que ela atenda às necessidades do público-alvo, antes de se investir tempo e recursos na construção de uma versão mais refinada (Robot Mascot, 2018).
MVPs de baixa fidelidades são usados para:
- Obter uma melhor compreensão dos problemas do cliente
- Verificar o quão valiosa uma solução para esse problema pode ser para os clientes
- Investigar se vale a pena resolver o problema
- Explorar que tipo de solução seria mais eficaz para o cliente
Exemplos de MVPs de baixa fidelidade
Esboços (Sketches): Desenhos rápidos e simples, usados para visualizar ideias iniciais e comunicar conceitos básicos de design. Eles permitem explorar diferentes soluções e gerar feedback inicial sem grandes investimentos de tempo ou recursos.
Protótipos com Lego (Lego Prototypes): Modelos físicos construídos com peças de Lego para representar produtos ou conceitos iniciais. São uma maneira lúdica e prática de testar a forma, estrutura ou funcionalidade de um produto físico, facilitando iterações rápidas e coletando feedback visual e tátil de usuários.
Landing Page: Usada para promover o produto e validar a proposta de valor, permitindo que os usuários interajam com o conceito do produto, como no exemplo do Buffer, onde uma página simples foi criada para medir o interesse antes do desenvolvimento do produto.
Testes A/B (Split Testing): Uma técnica para comparar duas versões de um produto ou elemento (como design, chamada para ação ou preço), permitindo que o desempenho seja medido e ajustado conforme necessário.
Vídeo Explicativo: Um vídeo curto que descreve as funcionalidades e os benefícios do produto, servindo para validar a ideia e gerar interesse antes do desenvolvimento completo.
Protótipos de Papel: Esboços simples que permitem aos usuários experimentar a interface de um produto e interagir com suas funcionalidades principais, fornecendo feedback valioso antes da construção de uma versão mais robusta.
Storyboard: É uma ferramenta poderosa de baixa fidelidade que pode ser utilizada como MVP. Ele permite ilustrar o fluxo de uso de um produto ou serviço de forma visual, descrevendo como o usuário interagiria com o produto em diferentes etapas. Embora não seja um protótipo funcional, ele pode ajudar a validar a experiência do usuário, capturar feedback e testar conceitos sem grandes investimentos.
Mapa da jornada futura: É comum utilizar o mapa da jornada da situação atual para entender as dores e ganhos dos clientes na jornada atual. Porém, se a inovação criar uma nova jornada, podemos desenhar este mapa da jornada futura para validar a situação futura de uso do produto ou serviço. Assim, esse mapa pode ser considerado uma ferramenta um MVPs de baixa fidelidade. Ele visualiza a experiência futura proposta do cliente ao interagir com o produto ou serviço, desde o primeiro contato até a resolução de suas necessidades. Embora não seja um MVP tradicional no sentido de criar um artefato ou protótipo para teste, ele oferece uma visão detalhada de como o produto será utilizado, ajudando a validar suposições sobre o comportamento do cliente, pontos de contato e momentos críticos na jornada.
Modelo de negócios: Quando ele for completo e descrever todos os seus componentes, pode ser considerado uma forma de MVP de baixa fidelidade. Um modelo de negócios permite testar a viabilidade de uma ideia antes de investir em um produto físico ou digital operando em um novo modelo de negócios. Ao desenvolver um modelo de negócios detalhado, que inclui elementos como a proposta de valor, segmentos de clientes, canais, relacionamento com clientes, fontes de receita, atividades-chave, parcerias, recursos e estrutura de custos, é possível obter feedback de stakeholders e identificar potenciais falhas ou ajustes necessários antes de avançar.
Alguns podem argumentar que um modelo de negócios, por si só, não é um MVP, pois ele não envolve diretamente um produto ou serviço tangível para o cliente interagir. Ele é mais uma ferramenta de planejamento e validação estratégica, que pode complementar um MVP, mas não necessariamente servir como o MVP em si. No entanto, quando estamos desenvolvendo um novo modelo de negócios, por exemplo no caso da servitização, podemos testar o novo modelo de negócios, que pode ser baseado em oferecer um produto existente como serviço. |
Campanhas de Anúncios: Campanhas de marketing pagas, como no Facebook ou Google, que promovem um produto ou serviço ainda em fase inicial para medir o interesse do público e validar aspectos do produto, como a proposta de valor.
‘Fake Door’: Uma técnica em que os usuários são direcionados para um produto ou serviço que ainda não existe, permitindo medir o interesse por meio de cliques em uma chamada para ação e coletar informações sobre potenciais clientes. Os usuários são levados a acreditar que podem acessá-lo por meio de uma chamada para ação (como um botão “Compre agora” ou “Inscreva-se”), mas, ao clicar, são informados de que o produto está “em breve” ou ainda em desenvolvimento. O objetivo é medir o interesse simplesmente pelo número de cliques ou interações, sem oferecer o produto ou serviço real ou simulado. Nenhuma função do produto é replicada ou simulada.
Wireframes: Representações básicas e esquemáticas da estrutura e funcionalidade de interfaces digitais. Geralmente usados em projetos de software ou websites, os wireframes ajudam a definir a disposição dos elementos de uma página sem se preocupar com detalhes visuais como cores ou tipografia.
Wireframes podem ser considerados de baixa ou média fidelidade, dependendo do seu nível de detalhe. Um wireframe básico, que apenas define a estrutura e layout sem se aprofundar em design visual ou interatividade, pode ser classificado como baixa fidelidade. No entanto, wireframes mais avançados, que incluem alguma navegação ou interatividade funcional, podem estar mais próximos da média fidelidade, pois começam a simular a experiência do usuário de forma mais realista, embora ainda simplificada em relação ao produto final. |
MVPs de alta fidelidade
MVPs de alta fidelidade são protótipos mais avançados que se aproximam bastante do produto final, com maior foco na experiência do usuário e no design. Esses MVPs envolvem a construção de protótipos funcionais mais sofisticados, oferecendo uma representação mais precisa do produto. Embora sejam mais caros e demorados para serem desenvolvidos, eles permitem obter feedback mais detalhado dos usuários e avaliar aspectos como usabilidade e comportamento em um ambiente que reflete mais fielmente a experiência final (Robot Mascot, 2018).
MVPs de alta fidelidade são utilizados para:
- Descobrir quanto os clientes estão dispostos a pagar pelo seu produto
- Encontrar early adopters que serão seus primeiros clientes e ajudarão a divulgar seu produto
- Ajudar a definir e otimizar sua estratégia de marketing, como sua proposta de valor, chamada para ação e canais de comunicação
- Identificar as melhores estratégias potenciais de crescimento
Exemplos de MVPs de alta fidelidade
Protótipos Digitais: Wireframes, mockups e protótipos digitais são usados para demonstrar a funcionalidade do produto sem investir imediatamente em design e desenvolvimento avançados. Eles permitem identificar e resolver problemas de usabilidade e funcionalidade antes de avançar para a fase de front-end.
Modelos 3D: São mais profissionais do que protótipos de papel, mas mais caros. São úteis para produtos físicos que serão fabricados, oferecendo uma visualização realista antes da produção.
MVP “O Mágico de Oz”: Nesse caso, é criada uma fachada que dá aos clientes a impressão de que existe um produto totalmente funcional, embora seja um humano ou processo manual que realize as funções. É uma forma eficaz de testar o interesse do mercado antes de construir o produto.
MVP “O Mágico de Oz” versus MVP “Fake Door” O Fake Door mede o interesse em um produto que ainda não existe, enquanto o Mágico de Oz finge um produto funcional ao simular suas operações com trabalho manual. O “Fake Door” envolve apenas a validação do interesse inicial, enquanto o “Mágico de Oz” oferece uma experiência funcional, embora simulada. MVP “O Mágico de Oz” não é de baixa fidelidade? A distinção entre baixa e alta fidelidade, neste caso, se dá menos pela tecnologia utilizada e mais pela qualidade da experiência do usuário. Como a experiência é projetada para parecer totalmente funcional e completa, o “Mágico de Oz” é considerado de alta fidelidade, mesmo que o “motor” do produto ainda seja manual. Portanto, ele ocupa uma zona intermediária: baixa fidelidade técnica, mas alta fidelidade em termos de experiência para o usuário |
MVP “Concierge”: Diferente do “Mágico de Oz”, aqui o cliente sabe que está recebendo um serviço manual. É útil quando a solução ainda não está clara, permitindo um atendimento personalizado enquanto se aprende sobre as necessidades do cliente.
MVP “Piecemeal”: Fica entre o “Concierge” e o “Mágico de Oz”. Utiliza ferramentas e serviços existentes para criar um produto funcional. Embora a integração dessas tecnologias possa ser limitada, economiza tempo e dinheiro ao evitar a construção de infraestrutura própria.
MVP de Funcionalidade Única: Foca em testar uma única funcionalidade essencial do produto, evitando que os usuários se distraiam com outras features. Isso permite obter um entendimento claro de um problema ou solução específica e é mais econômico do que construir um produto completo com várias funcionalidades desnecessárias.
Críticas ao MVP
Na wikipedia, em inglês, você consegue obter uma visão ampla do conceito de MVP, mas não tão completa como a discussão que colocamos acima. É interessante conhecer as críticas e riscos de se trabalhar com MVPs.
As críticas encontradas na wikipedia em setembro 2024 são:
- Risco de imitação por concorrentes: Quando uma empresa lança um MVP prematuramente, especialmente em mercados onde a propriedade intelectual não está bem protegida, suas ideias podem ser rapidamente copiadas, prejudicando sua competitividade. Sem barreiras eficazes para a imitação, esse lançamento precoce pode fazer mais mal do que bem.
- Impacto negativo que um MVP pode ter sobre a reputação da empresa: MVPs que não atendem ao padrão mínimo de qualidade esperado pelos consumidores podem gerar feedback negativo, afetando a percepção da marca. Isso é especialmente crítico no mercado de produtos digitais e móveis, onde os consumidores têm fácil acesso a produtos concorrentes por meio de plataformas como lojas de aplicativos, o que aumenta as chances de migração para produtos que oferecem uma experiência superior.
Essas limitações levaram ao surgimento de novos conceitos e abordagens, como o Minimum Viable Experiment (MVE), que visa testar hipóteses com menos exposição, o Minimum Awesome Product (MAP), que foca na entrega de um produto impressionante desde o início, e o conceito de Simple, Lovable, Complete (SLC), que busca oferecer uma experiência mais completa e atrativa já na fase inicial. Essas alternativas procuram mitigar alguns dos riscos associados ao MVP, equilibrando a necessidade de testes rápidos com a entrega de valor real e proteção contra imitação.
Na wikipedia, essas críticas referem publicações que podem ser acessadas por pessoas interessadas no nível de detalhamento avançado.
Qual a diferença entre MVP e protótipo?
Muitos sites na internet colocam essa questão (como nós colocamos no título deste tópico) para esclarecer, quais as diferenças, como o site do Sebrae.
O importante é o conceito de falhar rápido e aprender rapidamente, ao invés de falhar mais tarde, quando os custos e riscos envolvidos são maiores.
Alguns afirmam que o MVP é para avaliar um novo negócio por meio de um protótipo com características (features) técnicas mínimas de um produto. Como as publicações que tornaram o termo MVP popular são associadas à criação de startups, pode-se ter essa conotação, pois um novo negócio está associado ao produto. Muitas publicações na web simplesmente copiam outras quando afirmam que “MVP é um protótipo, mas nem todo protótipo é um MVP”. Sim, essa afirmação está correta.
Essa discussão é enviesada pela área da tecnologia de informação, na qual “é mais fácil criar MVP”, como pode ser visto na metodologia SyncDev do criador do termo MVP.
Consideramos que essa diferenciação não se sustenta e não traz nenhuma contribuição adicional para a gestão da inovação.
O termo “MVP” é mais frequentemente associado a startups e produtos com foco em testes de mercado e viabilidade, enquanto “protótipo de baixa fidelidade” é um termo mais genérico usado em várias áreas do design para testar conceitos iniciais. |
Faz alguma diferença saber se o que você está criando para testar hipóteses é um protótipo ou um MVP?
A atividade de experimentação é o foco
Consideramos que integrar esses conceitos e conhecer todas as possibilidades existentes é mais importante visando realizar experimentações. Além disso, essas experimentações devem ser realizadas o mais cedo possível. Por isso, na flexM4I iremos usar esses termos como sinônimos
Neste contexto, recomendamos a leitura do livro “Testing Business Ideas” (Bland & Osterwalder, 2020) que mostra 44 possibilidades de experimentação de ideias de negócio. Eles definem 8 possíveis sequências de experimentações para responder às questões:
- qual o tipo de hipótese você está testando?
- qual a evidência que você já possui (para uma hipótese específica)?
- quanto tempo você tem até o próximo ponto de decisão ou até você não ter mais verba para desenvolver o negócio?
Nesse livro os autores usam de uma forma mais livre os termos protótipos e MVP. Eles simplesmente tratam de experimentação alguns tipos de MVP conhecidos (como mágico de Oz e concierge), sem utilizar o termo MVP.
Informações adicionais
Leia mais sobre MVP nos seguinte links
https://www.productboard.com/glossary/minimum-viable-product-mvp/
https://www.productboard.com/blog/what-is-minimum-viable-product-mvp/
Protótipo
Protótipo é um termo já utilizado há muitos anos. Ulrich et al. (2019) definem um protótipo como “uma aproximação de um produto que apresenta uma ou mais características de interesse”. Eles classificam os protótipos em duas dimensões: físico / analitico e focado / abrangente:
- protótipo físico é um artefato concreto (tangível): inclui modelos físicos para avaliar a forma e a algumas funcionalidades do produto; prova de conceito (POC) para testar uma ideia rapidamente
- analitico: é uma representação do produto em uma forma não tangível tão como um modelo matemático ou visual. Pode ser um modelo para simulação; um sistema de equações para predizer comportamentos; modelos geométricos 3D;
- focados: são protótipos que implementam uma ou poucas funcionalidades do produto para explorar algum atributo específico. Pode ser um mock-up; ou uma versão de um subsistema do produto.
- compreensivo: são protótipos que implementam a maioria e às vezes todos os atributos de um produto. Pode ser uma versão operacional do produto em escala real. Serve para certificar o produto ou identificar defeitos, antes de se entrar em produção.
Na figura abaixo, representamos alguns exemplos de protótipos usando a caracterização de Ulrich et al. (2019).
Fonte: adaptado de Ulrich et al. (2019)
Na figura original, os autores colocaram a região que inclui protótipos abrangentes e analíticos como normalmente não factíveis. Nós acrescentamos a indicação de gêmeos digitais, pois essa tecnologia permite que se construa modelos virtuais dos produtos com as mesmas características.
Observe que a maior parte desses protótipos é utilizada quando já se possui o conceito do produto. Esses protótipos são construídos normalmente na fase de detalhamento. No entanto, os autores já previram usar protótipos como prova de conceito (POC) para provar ideias, ou seja, após a existência de um conceito embrionário para se testar alternativas.
Protótipo de baixa fidelidade
Baixa fidelidade é uma qualificação dada a um modelo ou protótipo que guarda alguma similaridade com o produto final, sendo restrito a alguns elementos da função a que se destina, não tendo necessariamente o mesmo comportamento, estrutura e composição do modelo final.
Protótipos de baixa fidelidade são modelos simples que ajudam os designers a testar a funcionalidade e entender como os usuários respondem às suas ideias (Dam & Teo, 2024).
Os protótipos de baixa fidelidade podem ser considerados MVPs de baixa fidelidade e vice-versa. |
Protótipo funcional
Um protótipo funcional é uma versão mais avançada e próxima do produto final, que replica tanto suas características físicas (no caso de produtos físicos, obviamente) quanto suas funcionalidades reais principais, materiais semelhantes aos do produto final, permitindo que ele seja testado em condições próximas ao uso real.
Ao contrário dos protótipos de baixa fidelidade, que são usados nas fases iniciais para validar conceitos e ideias com modelos simples (como maquetes, wireframes ou protótipos em papel), o protótipo funcional é construído nas fases finais de detalhamento, já próximo da versão final do produto.
Esse tipo de protótipo físico é normalmente utilizado para testes de desempenho, usabilidade e homologação, garantindo que o produto atenda às especificações técnicas e às expectativas dos usuários antes de entrar em produção.
Segundo Sparkmate (2023):
Um protótipo funcional é uma amostra ou modelo de um produto construído para testar um conceito ou processo, além de servir como um suporte visual que pode ser replicado, aprimorado e estudado. Esse termo é amplamente utilizado em diversas áreas, como design, eletrônica, programação de software e, principalmente, no desenvolvimento de produtos.
Esse tipo de protótipo visa proporcionar uma visão tangível do produto, permitindo testar e experimentar novos designs, aumentando a precisão dos inventores. Frequentemente, é construído com uma combinação de impressão 3D e peças prontas, criando um protótipo que funciona na prática. Ele é importante, pois demonstra seriedade e profissionalismo em relação ao desenvolvimento de um novo produto.
O objetivo de um protótipo funcional pode ser, por exemplo, testar um mecanismo que, embora funcione no papel, nunca foi testado em condições reais.
Protótipo funcional na área de software (Altersoft, 2022)
No desenvolvimento de software, um protótipo funcional é geralmente uma versão clicável que simula a interação real do usuário, mas sem um back-end completo. Seu objetivo é testar a interface, fluxos e funcionalidades principais.
Altersoft (2022) subdivide o protótipo funcional (de software) em três subtipos:
- Protótipos de dados ao vivo (live-data prototypes): Usados para testar interações com dados reais e identificar problemas no desempenho.
- Protótipos de alta fidelidade de usuários (high-fidelity user prototypes): Simulam a experiência do usuário com precisão, oferecendo uma visão quase final do produto.
- Protótipos de viabilidade (feasibility prototypes): Avaliam a viabilidade técnica de uma ideia ou funcionalidade antes do desenvolvimento completo.
Ulrich et al. (2019) definem 3 tipos de protótipos funcionais físicos:
- Protótipos Alfa: Usados para verificar se o produto funciona conforme o esperado. As peças são semelhantes às da versão final, mas feitas com processos de prototipagem, como peças plásticas usinadas ou moldadas em borracha, em vez de moldagem por injeção, como seria na produção. O moldagem por injeção exige um investimento nos moldes, que são muito caros e só devem ser utilizados quando forem produzidos em grandes quantidades.
- Protótipos Beta: Testam a confiabilidade e identificam falhas, geralmente em uso por clientes. As peças são feitas com processos de produção reais, como moldagem por injeção, mas a montagem é feita por técnicos em uma oficina de protótipos, e não na linha de produção. Podem ser utilizados para homologação de produtos.
- Protótipos de Pré-produção: Primeiras unidades feitas pelo processo completo de produção, em quantidade limitada. Eles servem para verificar a capacidade do processo produtivo e realizar mais testes, sendo, às vezes, chamados de protótipos de produção piloto. Podem servir para homologação da manufatura e certificação do produto final.
O texto em itálico foi acrescentado por nós. |
Apoio do chatGPT
A primeira versão desta seção foi escrita sem apoio do chatGPT. A versão atual foi completada com o apoio do chatGPT 4.o, que foi utilizado para organizar os conteúdos encontrados em publicações citadas. Nenhum conteúdo foi criado exclusivamente pelo chatGPT. Sempre foram fornecidos trechos de fontes de referência com instruções de como deveriam ser combinadas e organizadas. Mais de 40 iterações foram necessárias para se obter a versão que foi editada pelo autor desta seção.
Referências
Altersoft (2022) Functional Prototype: How to Iterate with Your Software Product. Disponível em: https://www.altexsoft.com/blog/functional-prototype/ Recuperado em: 26 setembro 2024.
Blank, S., & Dorf, B. (2012). The startup owner’s manual: The step-by-step guide for building a great company. John Wiley & Sons.
Dam, R. F. & Teo, Y. S. (2024, February 21). 5 Common Low-Fidelity Prototypes and Their Best Practices. Interaction Design Foundation – IxDF. https://www.interaction-design.org/literature/article/prototyping-learn-eight-common-methods-and-best-practices
Ries, E. (2011). The lean startup. New York: Crown Business.
Robot Mascot (2018). 18 types of minimum viable product (MVP) that won’t break the bank. Disponível em: https://www.robotmascot.co.uk/blog/18-types-of-minimum-viable-product/ Recuperado em: 26 setembro 2024.
Sparkmate (2023) Functional Prototyping: How the Iteration Process Goes. How to build a functional prototype and the road to building a MVP. Disponível em: https://www.sparkmate.com/blog/functional-prototyping Recuperado em: 26 setembro 2024.
Ulrich, Karl T.; Eppinger, Steven D.; Yang, Maria (2019) Product Design and Development. 7th. ed. New York: McGraw Hill.
Uxpin, T. (2024). Examples of Prototypes – From Low-Fidelity to High-Fidelity Prototypes. https://www.uxpin.com/studio/blog/prototype-examples/