Modelo unificado do processo de desenvolvimento de produtos
Uma referência para a melhoria do seu processo de desenvolvimento de produtos
flexM4I > abordagens e práticas > Modelo unificado do processo de desenvolvimento de produtos (versão 1.0).
Este modelo foi criado pelos autores do livro citado na introdução.
Autoria desta seção: Henrique Rozenfeld ([email protected])
Conteúdo desta página
- 1 Introdução
- 2 Descrição resumida
- 3 Conceitos introdutórios sobre o modelo de referência
- 3.1 Uso do termo “projeto” na denominação das fases de desenvolvimento
- 3.2 O processo de desenvolvimento de produtos é um dos processos de inovação
- 3.3 Expansão do escopo: planejamento estratégico de produtos é parte do planejamento da inovação
- 3.4 As fases iniciais de desenvolvimento são difusas
- 3.5 Representação do processo como um funil
- 3.6 Versões do modelo e sua adaptação
- 4 Quando você deveria utilizar este modelo de referência?
- 5 Resumo das fases e processos de apoio
- 5.1 Atividades genéricas que ocorrem em todas as fases de desenvolvimento
- 5.2 Fase de planejamento estratégico dos produtos
- 5.3 Fase de planejamento do projeto (de cada um dos projetos do portfólio)
- 5.4 Fase de projeto informacional
- 5.5 Fase de projeto conceitual
- 5.6 Fase de projeto detalhado
- 5.7 Fase de preparação da produção
- 5.8 Fase de lançamento do produto
- 5.9 Processos de apoio
- 5.10 Processo de gerenciamento de mudanças de engenharia
- 5.11 Processo de melhoria incremental do PDP
- 6 Informações adicionais
- 7 Referências
Atualmente publicamos somente o resumo geral. Está sendo finalizada a edição de cada capítulo e uma análise do modelo de referência.
Introdução
Este modelo está publicado no livro, ilustrado abaixo.

Rozenfeld, Henrique; Forcellini, Fernando Antônio; Amaral, Daniel Capaldo; Toledo, José Carlos de; Silva, Sérgio Luis; Alliprandini, Dário Henrique; Scalice, Régis Kovacs (2006). Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência para a melhoria do processo. Editora Saraiva, São Paulo.
Esta seção da flexM4i traz uma descrição resumida de alguns tópicos do livro e possíveis mudanças no modelo de referência, que não fazem parte do livro.
A versão original do modelo pode ser visitada no site http://www.pdp.org.br/, que não sofre manutenção há tempos e por isso pode haver links quebrados (não é uma conexão segura, mas você pode acessar). Conforme a definição de modelo de referência de processo no nosso glossário, o Modelo Unificado também pode ser denominado de:
Atenção ! É um modelo de referência. Quando você definir o processo de desenvolvimento de produtos da sua empresa, você tem de adaptar (tailoring) o modelo à sua realidade e nível de maturidade. |
O livro é dividido em três partes:
- Parte I O processo: apresenta conceitos introdutórios sobre o processo de desenvolvimento de produtos (PDP) e um resumo das macro-fases do modelo, que são pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvimento.
- Parte II – O modelo: descreve as atividades genéricas, as fases de desenvolvimento de produtos e os processos de apoio
- Parte III – A aplicação: discute o que são níveis de maturidade do PDP e mostra um método de transformação do PDP.
Na versão atual desta seção, apresentamos somente um resumo da parte II. Os detalhes devem ser consultados na publicação original.
Nas informações adicionais, colocamos à disposição dos usuários da flexM4i: as apresentações em Power-Point de todos os capítulos do livro; uma apresentação condensada da parte II e uma planilha em Excel que contém de forma estruturada as fases e suas principais atividades. Essa planilha pode ser usada como referência para você definir um processo de desenvolvimento de produtos da sua empresa.
Atenção ! É uma referência que deve ser adaptada para as condições e os fatores contextuais da sua empresa no momento atual. |
Estamos expandindo o escopo deste modelo, incorporando conceitos de gestão da inovação da flexM4i, que resulta em outras metodologias de desenvolvimento de produtos.
Descrição resumida
O modelo (parte II do livro) contém a descrição do modelo de referência do processo de desenvolvimento de produtos. Na flexM4I, este modelo é considerado uma metodologia, pois apresenta uma sequência de fases e atividades “genéricas”.
Adicionamos nesta descrição alguns conceitos que facilitam a aplicação do modelo unificado, mas que não foram explicitamente citados no livro original. Fomos aprendendo com os casos de aplicação do modelo de referência. |
O modelo é dividido em três macro fases, nove fases e dois processos de apoio, como ilustra a próxima figura.
Figura 621: visão geral da macro-fases, fases e processos de apoio do modelo unificado do processo de desenvolvimento de produtos
O planejamento estratégico de produtos (veja que está no plural), geralmente, ocorre com uma frequência anual, muitas vezes associada ao planejamento estratégico empresarial. Este planejamento resulta em um portfólio de projetos, ou seja, vários projetos de desenvolvimento de produtos.
Observe na figura que, na macro-fase de pré-desenvolvimento, uma única flecha azul representa o planejamento estratégico dos produtos. Isso indica que o portfólio de projetos de desenvolvimento de produtos é tratado de forma integrada.
A partir da aprovação e priorização dos projetos de desenvolvimento no planejamento do portfólio (parte da gestão de portfólio), inicia-se o desenvolvimento de cada um dos projetos priorizados.
Na figura, cada conjunto de flechas indica o desenvolvimento de um projeto. Ela ilustra 3 projetos em desenvolvimento paralelo. |
Conceitos introdutórios sobre o modelo de referência
Este modelo sofreu evoluções durante sua aplicação e neste tópico vamos citar algumas delas e também explicar alguns conceitos para elucidar dúvidas que recebemos ao longo desses anos.
Uso do termo “projeto” na denominação das fases de desenvolvimento
Repare que a denominação das fases de desenvolvimento utilizam o termo “projeto” com dois significados, pois como dissemos no glossário: “O termo projeto em português é polissêmico, que em certos ambientes pode causar ambiguidades. Por isso, usamos os termos em inglês para diferenciar os dois significados”.
E os dois termos em inglês com significados diferentes são:
- design: um processo de criatividade, a estética (estilo) de um produto e o resultado do processo de design, que é uma especificação de um objeto ou sistema.
- project: um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo
Assim, as fases da macro-fase de desenvolvimento, que ocorre por meio de um projeto, são:
- planejamento do projeto (project)
- projeto (design) informacional
- projeto (design) conceitual
- projeto (design) detalhado
- preparação da produção
- lançamento do produto
O processo de desenvolvimento de produtos é um dos processos de inovação
A flexM4i mostra que a inovação pode ocorrer por meio de mais de um processo.
Alguns exemplos de processos de inovação apresentados no link anterior são:
- processo de desenvolvimento (design) de produtos
- processo de desenvolvimento (design) de serviços
- processo de desenvolvimento (design) de sistemas produto-serviço
- processo de desenvolvimento (design) de marca (branding)
- processo de discovery
- processo de desenvolvimento de tecnologia
O modelo de referência é voltado para o processo de desenvolvimento de produtos, um processo que trata de um dos possíveis objetos de inovação, um produto (com serviços associados).
Expansão do escopo: planejamento estratégico de produtos é parte do planejamento da inovação
Na próxima figura, que não existe no livro, expandimos o planejamento estratégico de produtos, incorporando-o no planejamento da inovação. No entanto, após o planejamento da inovação indicamos somente um “funil” de desenvolvimento de produtos para ficar consistente com o livro.
Figura 622: ilustração das fases de pré-desenvolvimento e desenvolvimento do modelo unificado de PDP, com a incorporação do planejamento estratégico de produtos no planejamento da inovação.
No modelo unificado do livro, apresentamos somente o planejamento estratégico de produtos. A figura acima, mostra que podemos expandir este conceito para outros objetos de inovação. Ou seja, o planejamento da inovação pode resultar nas definições de portfólios de projetos de desenvolvimento de outros objetos de inovação, tais como: – produtos (como no modelo unificado) – tecnologia – serviços – novos modelos de negócio – novos negócios de risco (ventures), como spin-offs na forma de startups – melhorias e transformações da empresa / negócio atual (como projetos de transformação digital) para a melhoria da excelência operacional Observe que grifamos o termo “portfólios” no plural, pois podemos ter mais de um portfólio de inovações. Fazemos isso para comparar projetos da mesma natureza (projetos de desenvolvimento de produtos; projetos de desenvolvimento de tecnologia etc.). |
As fases iniciais de desenvolvimento são difusas
As atividades iniciais do processo, até a definição do conceito e arquitetura são difusas (fuzzy), baseadas em criatividade e não devem ser tão estruturadas. Essas atividades dessa fase também são conhecidas como fuzzy front-end (FFE), front-end of innovation (FEI) ou mesmo discovery.
Leia mais na flexM4i: – Front-end of innovation (FEI) – Processo de discovery |
Parece ser uma contradição “prescrever” fases e atividades para essas fases iniciais. Mas atente; é uma referência, você não precisa engessar a criatividade. As atividades propostas no modelo mostram possibilidades, que não precisam ser controladas com rigor nos casos de desenvolvimentos mais inovadores.
As fases subsequente são mais estruturadas para trazer disciplina ao desenvolvimento
As fases e atividades subsequentes devem ser mais estruturadas e devem ser realizadas de forma disciplinada, pois envolvem o detalhamento e testes de certificação, entre outras atividades, que precisam muitas vezes seguir requisitos de regulamentações.
Representação do processo como um funil
A ilustração do funil, que está por trás da representação das fases, mostra que nas atividades iniciais muitas alternativas de ideias e oportunidades são descartadas (veja a inclinação do funil). Isso porque, no processo de ideação, é normal que uma grande quantidade de opções sejam pivotadas ou canceladas. Nas fases subsequentes, depois da “oficialização” de um projeto de desenvolvimento, a inclinação do funil é menor, tornando-se praticamente um “tubo”.
No entanto, mesmo depois de iniciados, os projetos de desenvolvimento passam por gates, nos quais os resultados de cada fase são avaliados de acordo com critérios de aprovação. Ou seja, não pode ser um “tubo”, pois alguns projetos são cancelados, redirecionados ou congelados.
O conceito de fases presente neste modelo unificado é voltado para a gestão de projetos. Leia mais na flexM4i: |
Versões do modelo e sua adaptação
Conforme o tipo de projeto e outros fatores contextuais precisamos adaptar o modelo
Apesar das flechas indicarem que todos os projetos passam por todas as fases, isso só ocorre nos desenvolvimentos de produtos com maior grau de novidade e complexidade. Outros tipos de desenvolvimento, como os incrementais, utilizam somente parte das fases e atividades propostas pelo modelo de referência. Como ilustra a próxima figura.
Figura 623: ilustração da quatro versões do modelo de referência (metodologia) para criar versões de processo na empresa para cada tipo de desenvolvimento (dependendo do grau de novidade e complexidade do novo produto)
Além disso, cada uma dessas versões podem ser adaptadas para as condições e fatores contextuais das empresas.
Veja que colocamos na figura acima, de forma didática, somente dois critérios para adaptar o modelo de desenvolvimento de produtos: o grau de novidade e ou grau de complexidade do produto. No entanto, outros fatores contextuais podem ser considerados na adaptação do modelo.
Entenda a diferença entre versão do modelo e adaptação:
- com base no tipo de projeto você seleciona uma versão
- considerando os fatores contextuais da sua empresa e as particularidades de um projeto, a versão selecionada deve ser adaptada para se definir um projeto de desenvolvimento
Este conceito de adaptação é conhecido pelo termo em inglês “Tailoring”. Conheça na flexM4I possíveis fatores contextuais que podem ser considerados na adaptação de um modelo de referência para o desenvolvimento de produtos e outros tipos de inovação. Na descrição da planilha com o modelo (nas informações adicionais), mostramos como acessar as versões do modelo. |
Quando você deveria utilizar este modelo de referência?
O foco deste modelo é no desenvolvimento de bens duráveis, principalmente a partir da fase de projeto detalhado. É um modelo de desenvolvimento de produtos para o mercado, tanto B2C como B2B. Não é um modelo voltado para a venda sob encomenda.
Um bem durável pode ser de consumo ou de capital. Alguns bens de consumo duráveis podem ser considerados também bens de capital, quando eles forem utilizados no processo produtivo ou na prestação de serviços de uma outra empresa.
Leia mais no glossário da flexM4i: – a definição de bem durável – a definição de bens de consumo duráveis, dentro do verbete de bem de consumo. – a definição de bem de capital. |
As fases iniciais possuem um caráter mais genérico, porém ainda são enviesadas para o desenvolvimento de bens duráveis.
Alguns usuários do modelo relatam sua aplicação no desenvolvimento de produtos de outros tipos (fármacos, produtos sob encomenda, por exemplo). Mas na maior parte desses casos, são utilizadas as fases com um nível elevado de abstração. Ou seja, as atividades da fase de projeto informacional, que obtém os requisitos e especificações-meta do produto, ainda podem ser utilizadas. Mas as atividades da fase de projeto conceitual são orientadas para o desenvolvimento de bens duráveis.
O viés da fase de detalhamento deste modelo é de manufatura mecânica. A integração com desenvolvimento de software é indicada, pois não existem hoje em dia produtos puramente mecânicos, todos possuem alguma integração com artefatos eletro-eletrônicos.
O desenvolvimento de materiais mecânicos, como barras de aço laminado ou outro tipo de material não faz parte do escopo deste modelo.
As duas fases finais de preparação da produção e lançamento do produto são mais genéricas, mas mesmo assim ainda são voltadas para a produção e lançamento de bens duráveis manufaturados.
Resumo das fases e processos de apoio
Como mencionamos, resumimos aqui somente a parte II do livro, O Modelo. Neste tópico apresentamos uma descrição resumida das fases do modelo de referência, que são divididas em três macro-fase e dos dois processos de apoio. No início, listamos atividades genéricas que ocorrem em todas as fases de desenvolvimento. Colocamos antes de cada item o número do capítulo do livro para facilitar a referência com a publicação original.
(capítulo 3) Atividades genéricas que ocorrem em todas as fases de desenvolvimento:
- Atualizar o plano de projeto da fase
- Monitorar a viabilidade econômico-financeira
- Avaliar e aprovar a fase
- Documentar as decisões tomadas e registrar as lições aprendidas
Macro-fase de pré-desenvolvimento:
- (capítulo 4) Fase de planejamento estratégico de produto
- (capítulo 5) Fase de planejamento do projeto
Macro-fase de desenvolvimento:
- (capítulo 6) Fase de projeto informacional (para definir ciclo de vida e os requisitos do produto)
- (capítulo 7) Fase de projeto conceitual (para definir a concepção do produto e sua arquitetura)
- (capítulo 8) Fase de projeto detalhado
- (capítulo 9) Fase de preparação da produção
- (capítulo 10) Fase de lançamento do produto
Macro-fase de pós-desenvolvimento:
- (capítulo 11) Fase de acompanhamento do produto e processo
- (capítulo 12) Fase de descontinuidade do produto do mercado
(capítulo 13) Processos de apoio:
- Processo de gerenciamento de mudanças de engenharia
- Processo de melhoria incremental do PDP
Atividades genéricas que ocorrem em todas as fases de desenvolvimento
As atividades genéricas do modelo de desenvolvimento de produtos são recorrentes em todas as fases do desenvolvimento. Elas incluem:
- A atualização do plano de projeto no início de cada fase envolve definir os resultados esperados, atividades principais, escopo, prazos e análise de riscos, ajustando o plano conforme as mudanças no contexto do desenvolvimento (mercado, tecnologia, situação interna, resultados anteriores etc).
- A viabilidade econômico-financeira é monitorada ao longo do projeto, com revisões formais ao final de cada fase para garantir que o projeto continue viável.
- No gate, a fase é avaliada (auto avaliação pelo time de desenvolvimento) e aprovada (pelo time de avaliação – gatekeepers) com base em critérios definidos, considerando o portfólio de projetos e a viabilidade financeira. O projeto pode ser aprovado, congelado, cancelado ou redirecionado, quando ações de correção podem ser implementadas.
- A documentação das decisões tomadas e das lições aprendidas é uma atividade essencial e contínua, garantindo a melhoria dos processos e servindo como base de conhecimento para projetos futuros.
Fase de planejamento estratégico dos produtos
A fase de planejamento estratégico dos produtos é baseada na consolidação das informações sobre tecnologia e mercado levantadas por outros processos da empresa, assim como é orientada pelo plano estratégico de negócios. Inicia com a revisão do plano estratégico. Inclui o planejamento do portfólio de produtos, considerando os produtos atuais da empresa.
Essa fase lida com o portfólio de todos os produtos, enquanto as fases subsequentes estão relacionadas com um produto específico, isto é, com um único projeto de desenvolvimento de um produto.
Fase de planejamento do projeto (de cada um dos projetos do portfólio)
Na fase de planejamento do projeto, o escopo do projeto, seus recursos, pessoas responsáveis, esforços, durações e custos são estabelecidos considerando as melhores práticas do PMBOK (Project Management Body of Knowledge) do PMI (2000). Se o plano do projeto for aprovado no gate desta fase, o projeto inicia.
Fase de projeto informacional
O ciclo de vida do produto, os stakeholders e seus interesses são determinados na fase de projeto informacional. Os requisitos do produto, que precisam ser quantificados em variáveis mensuráveis com valores-meta, derivam das necessidades dos stakeholders. As informações mercadológicas dos requisitos, fornecidas pela área de marketing na fase de planejamento estratégico do produto, devem ser detalhadas no projeto informacional para um produto específico. O resultado do projeto informacional são as especificações-meta do produto, que é o conjunto de características que o produto deverá ter para atender às necessidades dos clientes.
Fase de projeto conceitual
As funções do produto são estabelecidas na fase de projeto conceitual para satisfazer as necessidades dos stakeholders. As soluções tecnológicas e a arquitetura do produto são também determinadas nesta fase, onde os métodos criativos podem ser aplicados. As inovações podem emergir baseadas em novas tecnologias desenvolvidas nos processos de Pesquisa e Desenvolvimento (escopo de um outro processo de negócio). Nem todos os projetos passam pela fase de projeto conceitual, já que a arquitetura do produto não é modificada em alguns projetos.
Fase de projeto detalhado
A próxima fase é o projeto detalhado, que consiste de três ciclos integrados: de detalhamento, aquisição e melhoria do produto. Cálculos, simulações, modelagem do produto, esboços, lista de materiais, planos de processo, análises de falha, protótipos, avaliações e testes são desenvolvidos nessa fase. Todos os recursos necessários à manufatura são especificados, até mesmo uma nova fábrica, quando necessário.
Os manuais de usuário e as instruções para assistência técnica são também produzidos, assim como sistemas de informação às vendas, quando necessário. Parte da cadeia de suprimentos é definida no começo do desenvolvimento de produtos, quando acordos são realizados com os parceiros estratégicos e co-desenvolvedores. Os contratos de fornecimento finais precisam ser assinados na fase de projeto detalhado.
Baseado em testes dos protótipos, o produto é então certificado. No caso de produção seriada, a certificação final só ocorre depois que os produtos foram produzidos nos equipamentos de fabricação definitivos, na fase de preparação da produção, quando ocorre também a certificação da produção (exigida para alguns setores).
Fase de preparação da produção
Na fase de preparação da produção, novos equipamentos, definidos na fase anterior, são instalados e testados. Uma produção piloto é realizada para verificar se o produto saído da produção possui as mesmas características dos protótipos aprovados, já que durante a fase de projeto detalhado os protótipos podem, por exemplo, terem sido feitos em equipamentos que não sejam de produção em massa.
Nessa fase, um novo processo de negócio produtivo (ou até mesmo todos os processos da cadeia de suprimentos, incluindo a logística) pode ser mapeado e estabelecido para definir, por exemplo, se a produção será controlada baseada em ordens de fabricação ou Kanban.
Fase de lançamento do produto
A fase de lançamento do produto acontece em paralelo com a preparação da produção. Outros processos de negócios da cadeia de valor são mapeados nessa fase, como vendas, assistência técnica e serviços ao consumidor. Nesta fase, por exemplo, um novo manual de instruções de um novo produto precisa ser desenvolvido, ou um novo canal de atendimento etc..
Em resumo, a preparação da produção (fase anterior) objetiva a definição da cadeia de suprimentos de um ponto de vista interno e a fase de lançamento de um ponto de vista externo (mercado e clientes).
Após o lançamento do produto, a produção e os processos de venda (por exemplo) ficam sob responsabilidade de outras áreas / processos da empresa. Após o lançamento do produto, o projeto é concluído, ou seja, as fases de desenvolvimento do projeto (macro-fase de desenvolvimento) são concluídas, o time é desmembrado, e os seus membros são realocados para outros projetos ou retornam para as suas áreas funcionais de origem.
Após o lançamento do produto, o projeto é concluído.
A gestão do ciclo de vida do produto continua, já que os esforços devem agora focar no monitoramento:
- do produto no mercado,
- do processo de manufatura e
- dos outros processos da cadeia de valor.
A análise das informações obtidas no serviço de apoio ao consumidor e o gerenciamento das mudanças de engenharia precisam ser realizadas para eliminar falhas ou melhorar o desempenho do produto. Neste ponto, o gerenciamento da configuração do produto assegura a integridade da informação do produto através do seu ciclo de vida.
Processos de apoio
Existem ainda dois processos de apoio que cuidam do gerenciamento das mudanças de engenharia e das melhorias incrementais no próprio processo de desenvolvimento de novos produtos.
Toda vez que surgir um problema ou uma oportunidade de melhoria, deve ser analisado se a melhoria está relacionada com o produto e seu processo de fabricação, ou com o próprio processo de desenvolvimento de produtos (PDP):
- Quando estiver relacionada com o produto e/ou seu processo de fabricação, o processo de apoio “Gerenciamento de Mudanças de Engenharia” (ECM) é acionado.
- Quando estiver relacionada com o PDP, o processo de apoio “Melhoria do PDP” é acionado.
Processo de gerenciamento de mudanças de engenharia
Por mais que se apliquem novas técnicas no desenvolvimento de produtos, sempre acontecerão mudanças no produto, causadas por otimizações do projeto, processo, detecção de defeitos, reclamações, adaptação dos produtos a novas condições, redução de custos etc. Todas as mudanças efetuadas que resultam em atualizações das suas informações, seja em desenhos, especificações de material, processos de fabricação etc., são conhecidas como mudanças de engenharia, mesmo que elas sejam realizadas por outras áreas da empresa que não a engenharia.
O processo de gestão dessas mudanças é intitulado Gerenciamento de Mudanças de Engenharia e é mais comum utilizar-se a abreviatura em inglês ECM, que significa Engineering Change Management.
Mais do que um erro, toda mudança deveria ser encarada como uma oportunidade de melhoria, muitas vezes explícita, a partir do surgimento de uma nova tecnologia ou de um novo requisito do mercado. Até mesmo a necessidade de alteração, devido a problemas encontrados, deve ser percebida de maneira positiva. Todo conhecimento novo, adquirido como resultado das avaliações na busca por uma solução e da própria execução do ECM, é positivo , devendo ser registrado como uma lição aprendida pela empresa. Isto minimiza a possibilidade de ocorrência do mesmo problema em projetos futuros, institucionalizando um processo contínuo de melhoria.
O objetivo deste processo de apoio é manter a integridade das informações de produto ao longo de todo o seu ciclo de vida. É o processo principal da gestão de configuração do produto.
Processo de melhoria incremental do PDP
A melhoria contínua de seus processos de negócio é algo que toda empresa deve praticar, não importando qual o método que ela utilize. Toda essa melhoria está dentro do contexto de PDCA (plan, do, check e act). Dentro da abordagem de six sigma a melhoria pode ser executada pelo método DMAIC (define, measure, analize, implement and check), dentro da abordagem lean pode ser pelo kaizen, etc.
A melhoria do processo de desenvolvimento de produtos (PDP), no caso de uma empresa que tenha o processo sistematizado, sempre ocorre em dois níveis:
- primeiro, o modelo de referência é atualizado e, depois,
- a nova forma de trabalho é implementada.
Este processo é cíclico. Inicia-se a partir de problemas a serem resolvidos ou oportunidades que surgem. Primeiro, deve-se entender com precisão a motivação das melhorias. Isso ocorre por meio da consolidação dos problemas e oportunidades que surgem durante todo o ciclo de desenvolvimento de produtos. No entanto, é durante a fase de acompanhamento do produto e processo que surge a maior parte desses problemas e oportunidades, advindos das diversas atividades de monitoramento. Em seguida, vem a fase de análise da situação atual, quando se identificam as causas dos problemas, a viabilidade das oportunidades, as propostas de solução (pois, às vezes, é a forma pela qual o processo de melhoria se inicia) e os impactos causados pelos problemas e possíveis soluções (quando já estiverem formuladas). Na fase de definição de ações, as alternativas de soluções são delineadas e avaliadas, servindo de base para a próxima fase que compreende a implantação dessas soluções.
Quando o problema, que deu origem a uma melhoria, for pontual e não exigir grandes mudanças, ou mesmo quando ele vier com uma proposta de solução, realiza-se somente a análise de impacto e parte-se imediatamente para a definição de ação, que, em seguida, é implantada sem muita burocracia.
Se o problema ou as oportunidades resultarem em intervenções mais amplas, deve-se analisar a situação atual com cuidado para depois avaliar o seu impacto. A definição de ações é mais ampla e prevê a priorização dessas ações. Finalmente, a implantação torna-se um projeto que precisa ser planejado e inserido coordenadamente com outros projetos de melhoria existentes.
Cada ação torna-se um projeto de melhoria.
Quando forem definidos muitos projetos de melhoria, deve existir uma sistemática simples para priorizar os projetos de melhoria, pois nenhuma empresa possui capacidade infinita para realizar muitas melhorias ao mesmo tempo.
No contexto mais amplo da gestão da inovação, leia na flexM4i sobre “Inovações baseadas em melhorias”. |
Informações adicionais
O modelo de referência para desenvolvimento de produtos foi um resultado de anos de experiência que foram consolidados em um projeto de cooperação acadêmica fomentado pela CAPES (PROCAD) envolvendo a USP, UFSC e UFSCar.
Seu conteúdo completo pode ser acessado no livro:
Rozenfeld, Henrique; Forcellini, Fernando Antônio; Amaral, Daniel Capaldo; Toledo, José Carlos de; Silva, Sérgio Luis; Alliprandini, Dário Henrique; Scalice, Régis Kovacs (2006). Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência para a melhoria do processo. São Paulo: Saraiva.
Material associado ao livro para download:
- As primeiras páginas e o sumário do livro.
- As apresentações em Powerpoint dos capítulos 2 ao 6
- As apresentações em Powerpoint dos capítulos 7 e 8
- As apresentações em Powerpoint dos capítulos 9 ao 13
- Planilha com o modelo de referência do livro
Detalhes da planilha
Na planilha, o modelo é descrito em 4 níveis, como ilustra a próxima figura:
- macro-fase
- fase
- atividade
- tarefa
Figura 1219: trecho extraído da planilha do modelo unificado de PDP com indicações dos níveis de detalhamento do modelo
Do lado esquerdo da planilha você pode abrir ou fechar os níveis e subníveis.
As atividades genéricas são descritas no livro em um capítulo específico porque são recorrentes. Na planilha, elas estão distribuídas pelas fases de desenvolvimento. |
Há 3 colunas na planilha do lado direito das fases, atividades e tarefas (se você clicar no sinal de “+” acima de cada coluna, ela abre para mostrar o que explicamos a seguir):
- informações: aberta, são adicionadas 2 colunas. 1) indicando quais são as informações de entrada e 2) indicando quais são as informações de saída. Observação: essas informações relacionam-se somente com as principais atividades e não com as tarefas.
- áreas de conhecimento: aberta, são adicionadas 9 colunas, porque foram definidas 9 áreas de conhecimento relacionadas com as atividades do modelo (projeto – da gestão de projetos; ambiente / sustentabilidade (veja a análise do modelo); marketing; engenharia de produto; engenharia de processo; produção, suprimentos, qualidade e custos. A indicação de “ok” significa que a atividade pertence a esta área de conhecimento.
- versões do modelo: aberta, são adicionadas 4 colunas, uma para cada versão do modelo.
- versão 1. completa com todas atividades do modelo
- versão 2. integra o projeto informacional com o projeto conceitual
- versão 3. mais simplificada que a 2, onde praticamente não ocorre o projeto conceitual e pode ser usada para desenvolvimentos incrementais
- versão 4. é a mais simplificada ainda, quando se implementa em um outro local produtos que já foram desenvolvidos (follow-source)
A figura 623 já apresentada ilustra essas 4 versões. As cores das colunas da planilha relacionadas com as versão acompanham as cores da classificação dos projetos de desenvolvimento (próxima figura, que é um detalhe na figura 623). Figura 1220: matriz de classificação de tipos de projetos – novidade versus complexidade Lembre que essa classificação é uma simplificação, como citamos no tópico “Versões do modelo e sua adaptação”. |
Referências
PMI (2000). A guide to the project management body of knowledge (PMBOK guide) (2nd. ed.). Project Management Institute.
Rozenfeld, Henrique; Forcellini, Fernando Antônio; Amaral, Daniel Capaldo; Toledo, José Carlos de; Silva, Sérgio Luis; Alliprandini, Dário Henrique; Scalice, Régis Kovacs (2006). Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência para a melhoria do processo. Editora Saraiva, São Paulo.