A complementaridade entre gestão e liderança

… até a liderança na transformação digital e para sustentabilidade

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Autoria: Autoria: Henrique Rozenfeld ([email protected]) com apoio do chatGPT 4.o (leia mais)
 

A liderança é um dos aspectos chave do design organizacional. No entanto, ela deve estar associada com o conceito de gestão. Sempre fica a questão na definição de cargos, principalmente na gestão da inovação, se devemos dar mais ênfase a líderes ou gestores. Esta seção discute as características da gestão e da liderança, mostrando que são conceitos distintos mas complementares Mostramos também como esses conceitos se articulam com outros aspectos organizacionais, pois essa é uma questão complexa e multifacetada.

Introdução

Gestão e liderança são dois conceitos diferentes, apesar de às vezes serem tratados como sinônimos. Tanto gestão como liderança trabalham com pessoas visando atingir objetivos. As habilidades de gestão são usadas para planejar, construir e dirigir a organização e, assim, cumprir seu propósito, missão e objetivos. Liderança foca em mudanças e no estabelecimento de uma direção, ao alinhar, motivar e inspirar as pessoas (Algahtani, 2014).

Mostramos que são diferentes mas complementares !

Começamos apresentando um artigo clássico sobre o assunto, que ainda traz uma contribuição  atual.

Em seguida mostramos características discutidas atualmente, que complementam e corroboram a maior parte dos conceitos discutidos no artigo. Depois, discutimos a relação desses conceitos com a gestão da inovação.

No final desta seção, no tópico “Material de apoio” você pode baixar uma planilha Excel com as características de líderes e de gestores que foram mencionadas nesta seção. Você pode adaptar essa lista, adicionando ou eliminando características, para avaliar se os líderes e/ou gestores possuem essas características ou não.

Essa seção deve ser articulada com as seguintes seções para embasar algumas das perspectivas do processo de design organizacional:

O que os líderes realmente fazem?

Este é um título provocativo de um artigo que John P. Kotter publicou na Harvard Business Review (HBR) em 1990 (Kotter, 1990), que depois foi reproduzido na edição de 2001 (Kotter, 2001) na mesma revista, com uma introdução mostrando que ele ainda seria atual. Em 2017, o conteúdo deste artigo foi publicado como capítulo do livro.

Utilize os tópicos como um checklist para avaliar a mentalidade da sua empresa com relação a diferenciação e complementaridade entre gestão e liderança (Kotter, 2017).

Discussão inicial

  • A liderança não está atrelada a carisma ou características pessoais incomuns.
  • Liderança não é nem substituta ou superior à gestão, são conceitos distintos que se complementam.
  • Ambos são essenciais para lidar com ambientes de negócios dinâmicos e desafiadores.
  • Muitas organizações enfatizam excessivamente a gestão e negligenciam a liderança.
  • Empresas bem-sucedidas identificam e desenvolvem ativamente talentos com potencial de liderança.
  • Uma liderança forte sem uma gestão eficiente pode ser tão problemática quanto o oposto.
  • O desafio está em equilibrar liderança e gestão para maximizar resultados.
  • Algumas pessoas se destacam mais na gestão, enquanto outras têm perfil de liderança.
  • Empresas inteligentes reconhecem o valor de ambos e promovem sua integração nas equipes.
  • A ideia de que liderança e gestão são excludentes é um equívoco.
  • O primeiro passo para formar executivos preparados é compreender claramente as diferenças entre esses dois papéis.

A diferença entre gestão e liderança

  • A gestão estrutura e coordena processos para garantir eficiência e previsibilidade, enquanto a liderança impulsiona mudanças e inovações.
  • Enquanto a gestão se baseia em planejamento e controle para atingir metas, a liderança estabelece direções estratégicas e inspira transformações.
  • Gerenciar envolve alocar recursos e distribuir responsabilidades, enquanto liderar significa engajar pessoas em torno de uma visão compartilhada.
  • A gestão busca resolver problemas e assegurar o cumprimento de planos, enquanto a liderança estimula a superação de desafios e o crescimento da equipe.

Ambas são indispensáveis, mas cada uma desempenha um papel distinto na construção de organizações resilientes e adaptáveis.

No tópico adiante “Características do líder versus do gestor”,  tem uma tabela que mostra mais diferenças do ponto de vista do profissional: líder versus gestor. Porém, a síntese acima menciona as diferenças principais desses conceitos.

Definindo uma direção versus planejamento e orçamento

  • Definir a direção é central para a liderança, pois está focado em promover mudanças, enquanto o planejamento busca resultados operacionais (e não a mudança).
  • A definição de direção é um processo indutivo, que analisa amplos conjuntos de dados para identificar padrões, conexões e relações que orientem uma visão futura.
  • Esse processo não resulta em planos detalhados, mas em visões e estratégias que descrevem o futuro desejado de uma empresa, tecnologia ou cultura corporativa, junto com formas viáveis de alcançá-lo
  • A visão não precisa ser inovadora ou inédita, mas deve atender aos interesses de clientes, acionistas e funcionários, além de ser viável.
  • Uma visão eficaz deve ser realista e alinhada aos interesses dos principais stakeholders, evitando promessas vazias ou objetivos inalcançáveis.
  • O erro comum de confundir planejamento com definição de direção pode levar a processos burocráticos desgastantes e a uma incapacidade de adaptação ao ambiente de negócios.
  • Empresas bem lideradas utilizam o planejamento para estruturar e viabilizar sua visão, e não como substituto para a definição de direção. Algumas consideram o termo “planejamento de longo prazo” uma contradição.
  • Planejamentos excessivamente longos e rígidos podem se tornar inviáveis diante de mudanças constantes, drenando tempo e recursos sem oferecer clareza estratégica.
  • A ausência de uma direção clara pode transformar qualquer planejamento em um processo ineficiente, levando a revisões intermináveis e à falta de foco nas prioridades organizacionais.

Alinhando pessoas versus organizando e alocando

  • Em ambientes organizacionais interdependentes, mudanças eficazes exigem mais do que uma estrutura bem definida—é necessário alinhar as pessoas a uma visão comum.
  • Enquanto organizar significa estruturar funções, hierarquias e sistemas, alinhar envolve engajar diferentes partes interessadas para que avancem juntas na mesma direção.
  • O alinhamento é um desafio de comunicação mais abrangente do que o design organizacional, envolvendo interações com subordinados, superiores, colegas, fornecedores, autoridades e clientes.
  • Explicar uma visão de futuro alternativo exige um esforço comunicativo muito maior do que organizar as pessoas para cumprir planos de curto prazo.
  • A credibilidade do líder é fundamental para o alinhamento e depende de fatores como histórico profissional, reputação de integridade, consistência entre palavras e ações, e a qualidade da mensagem.
  • O alinhamento amplia a autonomia dos colaboradores, permitindo que tomem iniciativas alinhadas à visão estratégica, sem a necessidade de supervisão constante.
  • Organizações bem alinhadas minimizam conflitos internos e otimizam esforços coletivos, garantindo que diferentes setores trabalhem de forma coordenada em prol de objetivos comuns.

Motivando pessoas versus controlando e resolvendo problemas

  • A motivação impulsiona as pessoas a superar desafios e avançar em direção a uma visão compartilhada, algo essencial em processos de mudança.
  • Enquanto a gestão se baseia em controle e monitoramento para garantir conformidade com planos estabelecidos, a liderança inspira ação por meio do engajamento emocional e do propósito.
  • O controle minimiza riscos e mantém a previsibilidade operacional, mas não gera a energia necessária para transformação e inovação.
  • Líderes eficazes motivam conectando o trabalho às necessidades humanas de realização, pertencimento e autonomia, tornando os desafios significativos.
  • A comunicação clara e a participação ativa das pessoas na construção da visão aumentam o comprometimento e reduzem resistências.
  • O desenvolvimento contínuo, por meio de feedback, coaching e reconhecimento, fortalece a autoestima e a iniciativa dos colaboradores.
  • Empresas que incentivam múltiplas lideranças criam ambientes mais adaptáveis, mas precisam estruturar mecanismos que coordenem essas iniciativas sem burocratizar.
  • Relações informais de confiança e colaboração são essenciais para sustentar a liderança e garantir que as ações estejam alinhadas com os objetivos organizacionais. Muitas empresas possuem conexões fragmentadas ou limitadas, prejudicando iniciativas de liderança colaborativa e a implementação de mudanças estratégicas.
  • Quando inexistentes ou fragmentadas, essas redes prejudicam a sinergia entre equipes, dificultando a implementação de mudanças estratégicas.
  • Criar e fortalecer redes informais deve ser uma prioridade inicial em grandes iniciativas de liderança.

Criando uma cultura de liderança

  • Embora a liderança seja cada vez mais valorizada, muitas experiências profissionais não incentivam o desenvolvimento das competências necessárias para liderar.
  • Empresas bem-sucedidas não apenas identificam e/ou recrutam talentos, mas também estruturam trajetórias que proporcionam desafios e aprendizados práticos.
  • Expor profissionais a experiências variadas, como mudanças de área, projetos transversais e desafios estratégicos, amplia sua visão e fortalece habilidades de liderança.
  • Delegar responsabilidades desde os níveis mais baixos permite que potenciais líderes desenvolvam autonomia e capacidade de decisão ao longo da carreira.
  • Ambientes que incentivam inovação e novos negócios criam oportunidades naturais para que profissionais assumam papéis de liderança e testem suas capacidades.
  • O desenvolvimento de líderes não acontece por acaso—requer planejamento, acompanhamento e a criação de oportunidades estruturadas de crescimento.
  • O desenvolvimento de líderes exige esforços contínuos dos executivos seniores, que identificam talentos, planejam seu desenvolvimento e os expõem a experiências transformadoras. Esse desenvolvimento não acontece por acaso; requer planejamento, acompanhamento e a criação de oportunidades estruturadas de crescimento.
  • Empresas que valorizam a formação de líderes reconhecem e recompensam aqueles que contribuem para esse processo, incentivando uma cultura de desenvolvimento contínuo.
  • Construir uma cultura organizacional centrada na liderança não é uma iniciativa isolada, mas um esforço contínuo que precisa ser incorporado estrategicamente à gestão.

Veja que neste tópico foram discutidas características da liderança versus gestão, não discutimos sobre pessoas (líderes versus gestores).

Gestor deve / pode ser um líder?

O objetivo principal da gestão tradicional é maximizar o valor por meio da implementação de soluções administrativas. 

Uma das funções básicas da gestão é a liderança (veja a figura a seguir). Mas um gestor não pode ser apenas um líder; ele também precisa ter a autoridade para que sua função seja efetiva.  Nas empresas existem muitas pessoas na função de gestão e poucas exercendo a liderança. Existem menos ainda que integram essas competências para enfrentar os desafios atuais (Bawany, 2019).

Nesta proposta os gestores deveriam incorporar as características da liderança, como ilustra a próxima figura.

Figura 347: ilustração que representa as principais características de gestão e liderança, e que “idealmente” os gestores deveriam incorporar as características de liderança

Será que os gestores devem incorporar as características de um líder?

Características do líder versus do gestor

Algahtani (2014), no seu artigo sobre uma revisão bibliográfica extensa que compara gestão com liderança, apresentou uma tabela com a comparação histórica entre as características da gestão e da liderança. Segundo sua experiência, líderes provocam mudanças, que são administradas pelos gestores. Algumas vezes os gestores resistem em aplicar as mudanças criadas pelos líderes. Toda empresa necessita de gestores e de líderes, por isso seus papéis deveriam ser vistos como complementares. Existem alguns indivíduos com  a competência de assumir os dois papéis.

A tabela original do artigo apresenta o autor e as características de um líder contrapostas às de um gestor,  que eles definiram em seus artigos em ordem cronológica, resultando em diversas redundâncias. Procuramos eliminar as redundâncias e integrar em uma única lista.

Apesar de serem características estereotipadas e simplificadas, com frases curtas, a tabela traz uma noção das diferenças entre líderes e gestores, embora essa distinção possa ser mais complexa na prática.

Além disso, consideramos que neste estudo há uma valorização do líder em detrimento do gestor, sem considerar nuances ou complementaridade entre os dois papéis. Alguns exemplos que reforçam esse tom crítico são:

  • “É original” vs. “É uma cópia” – Sugere que gestores não têm originalidade, o que é uma generalização forte.
  • “Desafia o status quo” vs. “Aceita o status quo” – Não reconhece que, em muitos contextos, manter estabilidade também é essencial.
  • “Autêntico” vs. “Um clássico bom soldado” – Dá a entender que gestores são apenas seguidores sem pensamento próprio.
  • “Criam oportunidades para falar” vs. “Aceitam oportunidades para falar” – Implica que gestores são passivos, o que não é necessariamente verdadeiro.

Por isso, considerem somente os princípios dessas diferenças. O autor do artigo (Algahtani, 2014) conclui, após realizar seu estudo que:

  • Alguns indivíduos têm capacidade de atuar tanto como líderes quanto como gestores.
  • Líderes criam mudanças; os gestores aplicam essas mudanças. No entanto, a implementação de mudanças não é fácil, e gestores podem resistir a aplicá-las.
  • É essencial equilibrar os papéis de gestor e líder para alcançar os melhores resultados.
  • Liderança é essencial em todas as organizações, especialmente no mundo dos negócios competitivos atuais.
  • A liderança ajuda as empresas a lidarem com mudanças rápidas e novas demandas diante dos desafios mercadológicos e tecnológicos

Ou seja, …

… gestores e líderes são complementares: A empresas precisam de ambos para funcionar bem.
  • A liderança fortalece a capacidade de enfrentar desafios e transformar a organização.
  • A gestão mantém a operação eficiente e otimiza recursos.

O sucesso organizacional depende de um equilíbrio entre liderança e gestão.

CARACTERÍSTICAS DE UM LÍDER CARACTERÍSTICAS DE UM GESTOR
Foco nas pessoas Foco no sistema e na estrutura
Exercita influência informal Autoridade formal
Facilita decisões Toma decisões
Faz as coisas certas Faz as coisas corretamente
Transformacional Transacional
Desafia o status quo Mantém o status quo
Valoriza princípios e crenças Regras
Promove a inovação Padronização
Inova, é criativo Administra
É original É uma cópia
Desenvolve Mantém
Inspira confiança Confia no controle
Perspectiva de longo prazo Visão de curto prazo
Pergunta “o que” e “por quê” Pergunta “como” e “quando”
Olho no horizonte Olho no resultado final
Origina ideias Imita
Desafia o status quo Aceita o status quo
Autêntico Um clássico bom soldado
Avançam as suas operações (inovam) Protegem as suas operações
Assumem riscos calculados Minimizam riscos
Criam oportunidades para falar Aceitam oportunidades para falar
Estabelecem metas “não razoáveis” Estabelecem metas razoáveis
Desafiam funcionários problemáticos Pacificam funcionários problemáticos
Buscam um ambiente de trabalho empolgante Buscam um ambiente de trabalho confortável
Usam poder com força Usam poder com cautela
Delegam com entusiasmo Delegam com cautela
Veem os trabalhadores como seguidores em potencial e colegas Veem os trabalhadores como funcionários subordinados
Alma Mente
Visionário Racional
Apaixonado Consultivo
Criativo Persistente
Flexível Resolvem problemas
Inspirador Pragmático
Inovador Analítico
Corajoso Estruturado
Experimental Autoritário
Independente Estabilizador
Investiga a realidade Aceita a realidade
Aconselha e empodera Aconselha e empodera
Estabelece direção: Visão de futuro Planeja e orça: Define planos de ação
Alinha pessoas: Comunica visão e estratégias Organiza e estrutura: Decide estrutura e pessoal
Motiva e inspira: Energiza pessoas Controla e resolve problemas: Monitora resultados
Produz resultados positivos e, às vezes, dramáticos Produz ordem, consistência e previsibilidade
Cria uma visão Estabelece agendas
Esclarece a visão geral Define prazos
Define estratégias Aloca recursos
Alinha pessoas Organiza e estrutura
Comunica objetivos Fornece estrutura
Busca comprometimento Faz alocações de trabalho
Constrói equipes e coalizões Estabelece regras e procedimentos
Satisfaz necessidades não atendidas Toma ações corretivas
Olha para fora Olha para dentro
Articula uma visão Executa planos
Cria o futuro Melhora o presente
Vê a floresta Vê as árvores
Empodera Controla
Confia e desenvolve Dirige e coordena
Cria mudanças Gerencia mudanças
Serve subordinados Serve superiores
Usa influência Usa autoridade
Usa conflitos Evita conflitos
Age com decisão Age com responsabilidade

A influência do líder depende do estágio de evolução do time

Denti & Hemlin (2012) concluíram em um estudo sobre liderança nas organizações, que a influência do líder depende do estágio de evolução do time:

  • no estágio 1, os membros tendem a seguir as orientações do líder
  • no estágio 2, os membros desafiam as orientações do líder e surgem conflitos nos papéis atribuídos, na organização do grupo e na definição de objetivos
  • nos estágios 3 e 4, os membros estão mais abertos para a receber orientações e o desempenho do grupo tende a ser maior

Os estágios de evolução do time são (Tuckman, 1965): 

  1. teste e dependência: quando os membros tentam descobrir quais comportamentos são aceitáveis.
  2. conflitos internos: os membros tornam-se hostis uns com os outros. Eles resistem às demandas das tarefas.
  3. coesão: os membros aceitam as idiossincrasias dos seus colegas. Evitam conflitos e buscam harmonia.
  4. papéis funcionais estruturados: o time tornou-se uma unidade na fase anterior e, agora, torna-se um instrumento de resolução de problemas. Os membros podem agora assumir um papel para cumprir atividades específicas, uma vez que eles aprenderam a lidar com o outro no estágio anterior.

Estilos de liderança e clima organizacional

Há algumas classificações dos estilos de liderança.

Burton & Obel (2021) definiram quatro estilos de liderança:

  • maestro
  • gerente (manager)
  • líder (leader)
  • produtor (producer)

Outros estilos de liderança classificações de estilos de liderança consideram:

  • Liderança transformacional
  • Liderança visionária
  • Liderança democrática (participativa)
  • Liderança autocrática
  • Liderança transacional
  • Liderança laissez-faire (delegativa)
  • Liderança situacional
  • Liderança carismática
  • Liderança servidora
  • Liderança coaching

As características de alguns desses estilos se sobrepõem.

Clima organizacional

Clima organizacional é a qualidade relativamente duradoura do ambiente interno de uma organização, que é:

  • Experienciada pelos seus membros,
  • Influencia o comportamento deles, e
  • Pode ser descrita em termos de valores de um conjunto particular de características ou atitudes da organização.

Diferente da cultura organizacional, o clima organizacional refere-se a um aspecto mais transitório e temporário da vida organizacional. Ele é uma medida psicológica da organização, envolvendo as percepções emocionais dos eventos organizacionais.

O clima organizacional captura as reações emocionais dos empregados a eventos organizacionais, funcionando como um filtro emocional que molda o comportamento das pessoas no processamento de informações que eles recebem ou percebem.

Uma descrição dos estilos listados, com uma análise da semelhança entre eles e relação com o clima organizacional fazem parte da seção “Clima organizacional e estilos de liderança” cuja estrutura e relação com a seção “Os 10 perfis de profissionais de inovação” estão ilustradas na próxima figura.

 Figura 1260: ilustração do conteúdo da seção “Clima organizacional e estilos de liderança”
Imagens geradas pelo chatGPT 4.o

Líderes e gestores de inovação

Até então, discutimos liderança versus gestão e líder versus gestor de uma forma geral. Vamos aqui considerar as características de liderança e gestão no contexto da gestão da inovação.

Essas características e as discussões anteriores desta seção dão subsídios para a definição de cargos e papéis organizacionais para inovação, que são discutidos na seção “Cargos e papéis relacionados com a gestão da inovação”, como parte do capítulo “Pessoas e organização” do metalivro da flexM4i.

Características de um líder de inovação

Fizemos um levantamento de características de um líder de inovação baseado em algumas referências bibliográficas. Observe que muitas características gerais de um líder, apresentadas anteriormente, obviamente são características de líderes de inovação.

Segundo Denti & Hemlin (2012), um líder apoia o time e os indivíduos a serem criativos nos processos de inovação (líder como facilitador) e ao mesmo tempo, gerencia os objetivos e as atividades de inovação (líder como gestor). Consideramos que o segundo papel é de um gestor, que pode ser um líder (ou não).

Um líder para inovação deve ter a capacidade de (Hagemann et al. al., 2019 apud Bawany, 2019):

  • atrair, desenvolver e reter talentos de alta qualidade necessários para inovação
  • alcançar os objetivos de negócios
  • criar uma visão atraente, desafiadora e envolver outras pessoas em torno dela
  • inspirar outros
  • entregar resultados e ser orientado a resultados
  • gerenciar o estresse e as demandas de um ambiente com sobrecarga de trabalho
Essas características estão no livro de Bawany (2019) sobre a próxima geração de líderes para a “era disruptiva da indústria 4.0”.

Segundo os autores do livro “The Innovator’s Method: Bringing the Lean Start-Up Into Your Organization”, existem quatro papéis que os líderes precisam assumir para que suas empresas possam se tornar inovadoras (Furr & Dyer, 2014):

  • estabelecer grandes desafios
  • ser um executivo da experimentação e não da tomada de decisão
  • remover barreiras  
  • prover as ferramentas para experimentação rápida 
  • tornar-se um especialista em metodologias de inovação (no caso, eles recomendam a metodologia do livro)
A flexM4i tem uma seção com um resumo da Metodologia de inovação de Furr & Dyer

Os hábitos dos líderes na Google são (Steiber, & Alänge, 2013):

  • ser um bom treinador (facilitador)
  • empoderar o time e não perder tempo com o gerenciamento micro
  • expressar o interesse pelo sucesso e bem estar dos colaboradores
  • ser produtivo e orientado a resultados
  • ser um bom comunicador e ouvir o seu time
  • ajudar os colaboradores do desenvolvimento da carreira
  • possuir e mostrar para o time um visão clara e uma estratégia
  • possuir competência técnica para poder ajudar o time

Denti & Hemlin (2012) levantaram os seguintes fatores de influência sobre a inovação, que devem ser mediados pelos líderes: 

  • organizar e promover o fluxo de informações no grupo
  • incentivar o contato externo para estimular empreendimentos inovadores
  • motivar os membros do time a realizar esforços além dos contratados
  • promover a segurança emocional
  • respeitar as pessoas
  • compartilhar tomadas de decisão 
  • criar espaço para geração de ideias e solução de problemas 
  • líderes executivos (desde o CEO) devem promover, comunicar e recompensar o comportamento inovador
  • criar um clima organizacional que conduza o time à inovação, dando exemplos, apoiando as ideias e participando do trabalho, mas sem normas internas a influência do clima organizacional é limitada. Não se consegue concluir se o líder cria o clima ou se o clima exerce uma influência sobre o líder.
Novamente recomendamos que você conheça a seção da flexM4i “Clima organizacional e estilos de liderança”.

Outras características de um líder são:

  • empatia pelas pessoas do time
  • criatividade
  • ter iniciativas
  • considerar as opiniões e sugestões das pessoas
  • incentivar a discussão e o debate das ideias
  • construir um ambiente de trabalho agradável e amigável
  • aprender com as falhas
  • pró-atividade
  • esclarecer as políticas, regras e procedimentos da empresa
  • atender às necessidades do time
  • incentivar o compartilhamento de conhecimentos
  • ser modelo de comportamento
  • tomar decisões equilibradas
  • manter coerência entre discurso e ações  
  • equilíbrio emocional
  • comunicar e manter em mente o propósito da empresa
  • motivar o time
  • demonstrar curiosidade
  • compartilhar liderança
  • saber quando cancelar ou não iniciar um projeto
  • buscar e abraçar oportunidades
  • comunicar com clareza
  • gerenciar riscos
  • gerenciar sem autoridade

Líder ou líderes?

Observando as características de um líder versus gestor, apresentada anteriormente (tanto a gerais como relacionadas com inovação), qual a conclusão que podemos tirar? 

No lugar de definir um líder, é melhor ter líderes (plural) que inspirem as pessoas de toda organização.

Mas além disso, ao observarmos a lista de características que diferenciam um líder de um gestor, fica claro que liderança e gestão são papéis igualmente importantes para o sucesso de qualquer organização, mas que operam de modos distintos e complementares. Enquanto a gestão dá foco à manutenção da eficiência, ao controle e à busca de estabilidade, a liderança visa inspirar, promover mudanças e alinhar pessoas em torno de uma visão de futuro.

Liderança e gestão operam de modos distintos e complementares

Entretanto, a principal conclusão que podemos extrair é de que não basta apontar “quem é o líder” ou “o gestor”; o ideal é contar com vários indivíduos que exerçam liderança (em todos os níveis) e que, ao mesmo tempo, valorizem as competências de boa gestão. Isso se torna essencial em ambientes de negócios cada vez mais complexos.

As principais razões para essa conclusão são:

  •  Ambientes complexos exigem múltiplos pontos de liderança
    • Nas organizações contemporâneas, caracterizadas por alta volatilidade e incerteza, ter apenas um líder “no topo” não dá conta de todos os desafios.
    • As equipes precisam de lideranças distribuídas que facilitem a resposta ágil às mudanças do mercado e da tecnologia.
Obviamente existe a idiossincrasia de líderes atuais daquelas big techs que sempre aparecem como paradigmas de inovação. Mas esses casos corroboram o que discutimos na seção “Cargos e papéis relacionados com a gestão da inovação”, como parte do capítulo “Pessoas e organização” do metalivro da flexM4i. Ou seja, o CEO é o líder de inovação com cargo mais elevado na hierarquia de empresas inovadoras. Mas ele não é o único. 
  • Diversidade de perspectivas
    • Quando o poder de liderança está concentrado em uma só pessoa, a diversidade de ideias pode ficar limitada.
    • Líderes (plural) espalhados na organização estimulam inovação, pois cada pessoa traz diferentes experiências e formas de ver os problemas.
  • Engajamento e senso de pertencimento
    • Ter vários líderes em todos os níveis fortalece o senso de “dono do negócio” nos colaboradores, pois as decisões e a inspiração vêm de pessoas com quem eles interagem diretamente.
    • O alinhamento e a motivação não ficam restritos a um nível hierárquico, mas se multiplicam pela organização.
  • Facilita a criação de redes informais e colaborativas
    • Em vez de depender de uma cadeia hierárquica rígida, a liderança distribuída ajuda a criar redes informais de confiança, tão necessárias para enfrentar desafios imprevistos.
    • Essas redes permitem que cada colaborador encontre apoio, mentoria e recursos mais rapidamente, favorecendo a agilidade do negócio.
  • Desenvolvimento contínuo de talentos
    • Empresas que incentivam diversos líderes trabalham ativamente no desenvolvimento das pessoas, criando oportunidades de crescimento profissional desde cedo.
    • Isso forma uma “cultura de liderança” na qual talentos são identificados, desafiados e preparados para assumir papéis de influência, renovando constantemente a capacidade de inovar.
  • Equilíbrio entre ‘fazer certo’ e ‘fazer o certo’
    • Enquanto os gestores se preocupam em “fazer as coisas corretamente” (foco em processos, prazos, resultados de curto prazo), os líderes cuidam de “fazer as coisas certas” (foco em visão, pessoas, potencial futuro).
    • Quando a organização conta com vários indivíduos que equilibrem esses dois olhares, surgem decisões mais completas, combinando consistência operacional e visão estratégica.

A ideia de ter líderes em toda a organização não nega a importância de uma boa gestão, pelo contrário: promove e complementa o trabalho dos gestores. Gestão eficiente e liderança inspiradora não são excludentes. Quando cada colaborador, em maior ou menor grau, assume a responsabilidade de inspirar, alinhar, motivar e entregar resultados, cria-se uma organização mais resiliente, inovadora e preparada para os desafios de um mercado dinâmico.

Portanto, a principal conclusão é: não basta buscar “o líder ideal” ou um único indivíduo carismático. Melhor é constituir ambientes e culturas que formem e valorizem muitos líderes – em todos os níveis, nas mais diversas áreas –, pois é essa multiplicidade de lideranças que garante uma organização inspirada, comprometida e capaz de se adaptar com sucesso às mudanças constantes

Liderança na transformação digital e os desafios

No seu livro sobre o desenvolvimento de uma nova geração de líderes para a era disruptiva da transformação digital, Bawany (2019) sintetiza que as características de liderança dessa geração são:

  • Abraça e incentiva a inovação
  • Permite flexibilidade para adaptação a novas tecnologias e estratégias digitais
  • Valoriza impacto e inovação como essenciais para o sucesso futuro
  • Equilibra processos organizacionais com contribuições criativas e relevantes
  • Incentiva ambições ousadas e a exploração de novas possibilidades
  • Reconhece e segue soluções eficientes vindas dos colaboradores
  • Mantém uma postura aberta a ideias e inovações da equipe
  • Evita impor limites excessivos à criatividade e inovação
  • Empodera os funcionários para trabalharem em projetos de alto impacto
  • Cria um ambiente de trabalho aberto, baseado em transparência e confiança
  • Remove barreiras que impedem a inovação
  • Oferece oportunidades para personalização de carreiras e desenvolvimento de habilidades
  • Promove um modelo de trabalho mais colaborativo e acessível
  • Valoriza autonomia e experimentação no desenvolvimento de soluções

Segundo Batista, G. V. (2021) um líder para a transformação digital deve possuir as seguintes características:

  • Visão holística e integrada: considera impactos sociais, econômicos e tecnológicos ao tomar decisões.
  • Capacidade de antecipar tendências e cenários futuros, sejam digitais ou sustentáveis.
  • Liderança inspiradora e facilitadora, engajando equipes para inovação e mudanças.
  • Flexibilidade e adaptabilidade para lidar com desafios incertos e ambientes dinâmicos.
  • Fomento à colaboração e co-criação, tanto no digital quanto na sustentabilidade.
  • Uso da inovação como ferramenta central para transformar processos e modelos de negócios.
  • Comunicação eficaz e alinhamento de objetivos estratégicos com a missão da empresa.
  • Tomada de decisão baseada em dados, considerando indicadores ambientais, sociais e tecnológicos.
  • Habilidade para transformar desafios em oportunidades, explorando novas abordagens sustentáveis e digitais.
  • Foco no longo prazo, equilibrando rentabilidade, impacto positivo e resiliência organizacional.
Essas características também foram incorporadas no checklist sobre características de líderes e gestores, veja o Material de apoio. 

Desafios

Os desafios da liderança no contexto da transformação digital são:

    1. Equilibrar a incorporação de competências digitais sem comprometer os fundamentos clássicos da liderança.
    2. Garantir que os líderes desenvolvam a capacidade de identificar, compreender e aplicar tecnologias digitais para impulsionar a inovação e a competitividade do negócio.
    3. Implementar um processo estruturado, contínuo e ágil de desenvolvimento de liderança para acompanhar o ritmo da transformação digital.

Para enfrentar os desafios, as empresas podem realizar as atividades listadas a seguir.

  1. Equilibrar a incorporação de competências digitais sem comprometer os fundamentos clássicos da liderança
  • Integrar a capacitação digital nos programas de desenvolvimento de liderança sem abandonar habilidades fundamentais da liderança (ver tópicos anteriores desta seção).
  • Adaptar modelos de tomada de decisão, combinando dados e tecnologia (analytics) sem perder a intuição e a experiência dos líderes.
  • Criar uma cultura organizacional que valorize tanto a estabilidade gerencial quanto a experimentação e a inovação.
  1. Garantir que os líderes desenvolvam a capacidade de identificar, compreender e aplicar tecnologias digitais para impulsionar a inovação e a competitividade do negócio
  • Expor os líderes a tecnologias emergentes e a seus impactos, por meio de treinamentos práticos e imersões em inovação.
  • Estimular a participação dos líderes em projetos estratégicos que envolvam transformação digital, permitindo que aprendam aplicando.
  • Criar fóruns de aprendizado contínuo sobre novas tecnologias e tendências, conectando líderes a especialistas e a cases de inovação.
Conhecemos casos de empresas que criaram um “programa de treinamento” para os seus líderes, no nível do conselho administrativo (board), com o objetivo de apresentar as novas tecnologias digitais, assim como o seu potencial e as limitações.
  1. Implementar um processo estruturado, contínuo e ágil de desenvolvimento de liderança para acompanhar o ritmo da transformação digital
  • Estabelecer um pipeline de liderança digital, garantindo que talentos sejam identificados e preparados ao longo do tempo.
  • Criar trilhas de desenvolvimento personalizadas, adaptando a capacitação às necessidades individuais dos líderes e da organização.
  • Incorporar ciclos rápidos de aprendizado, combinando coaching, desafios reais e experimentação constante para acelerar a adaptação.

O desafio 2 trata da capacidade individual do líder de entender e aplicar a tecnologia no negócio. Já o desafio 3 aborda a estrutura organizacional necessária para formar e desenvolver esses e futuros líderes continuamente. Enquanto o desafio 2 foca no conteúdo do aprendizado e na aplicação prática, o desafio 3 garante que a empresa tenha um sistema robusto e ágil para desenvolver esses líderes de forma duradoura.

Leia mais na flexM4i sobre transformação digital e indústria 4.0.

Liderança para a sustentabilidade

Liderança para sustentabilidade ainda não é considerada por muitas empresas, mas é uma necessidade diante das ameaças que toda a humanidade enfrenta atualmente. Na flexM4i, as características dessa liderança estão em uma outra seção complementar à seção atual. 

As categorias, que classificam as características são:

  • Gestão e implementação da sustentabilidade
  • Engajamento e influência
  • Ética, valores e responsabilidade social
  • Inovação e adaptação a mudanças
  • Gestão de stakeholders e parcerias
  • Comunicação e transparência
  • Cultura organizacional para sustentabilidade
  • Desenvolvimento humano e liderança colaborativa
  • Tomada de decisão baseada em impacto e indicadores
  • Diversidade e inclusão
  • Economia circular e gestão de recursos
Visite a seção “Liderança para sustentabilidade

As características da liderança para sustentabilidade devem também estar integradas com as características da liderança na transformação digital, pois hoje em dia é difícil separar essas abordagens, assim como da gestão da inovação, como mostra o conceito de “innovability”.

O checklist de características de liderança e gestão integra essas características, como explicado no próximo tópico “Material de apoio”.

Material de apoio

O material de apoio MF.MAP0070 – Checklist: Características de líderes e gestores traz dois checklists:

  • características de um líder
  • características de um gestor (*1)

As características de um líder são divididas em:

  • características gerais (*1)
  • característica na transformação digital – em itálico na cor azul (*1)
  • características para sustentabilidade – em negrito na cor verde (*2)
(1): características apresentadas nesta seção
(2): características apresentadas na seção “Liderança para sustentabilidade

Os itens do checklist são reducionistas e podem simplificar questões mais complexas. Por isso, leia as seções da flexM4i correspondentes antes de usá-lo.

Apoio do chatGPT 4.o

O chatGPT foi utilizado somente para resumir os principais tópicos da publicação que deu origem ao tópico “O que os líderes realmente fazem?”, no início desta seção.  Após a versão inicial desses tópicos, o autor desta seção foi passando um a um com base na publicação original.

Foram feitas críticas sobre redundância e formulações limitadas. Em seguida, com base na 2a versão, foi solicitado que o chatGPT 4.o criasse uma nova versão mais resumida. Finalmente, essa última versão foi editada pelo autor ao avaliar se algum aspecto relevante tinha ficado de fora desta última versão.

Referências

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