Artefatos iniciais da inovação

De onde surge a inovação e quais os primeiros resultados?

Esta seção traz uma visão introdutória dos principais tipos de artefatos que são criados nos processos iniciais de inovação. Ela serve de introdução para seções que detalham essas categorias de artefatos: motivações da inovação; fontes para a inovação; e oportunidades, desafios ou ideias como síntese das entradas (inputs) para inovação.

Introdução

Já vimos no capítulo introdutório do metalivro da flexM4i sobre o que é a inovação, que:

  • inovação é um substantivo que pode indicar tanto uma ação (o inovar por meio de vários processos e não somente um único processo) como o resultado dessa açãoconfira neste link.
  • inovar é mudar a situação atual, ou seja, é sair de uma situação atual (quando o objeto da inovação ainda não existe ou existe, mas possui limitações) para atingir uma nova situação futura (quando o objeto da inovação passa a existir ou foi melhorado, passando a não apresentar mais as limitações do passado) – confira neste link.

Esta seção apresenta uma visão resumida dos artefatos iniciais da inovação, que são explorados em outras três seções:

Definições

Artefato é uma criação humana realizada para atender a um propósito (Alter, 2017), que se divide em:

  • Artefato conceitual pode ser um documento, modelo, resultado de simulações, que representa o espaço do problema e o espaço da solução em um processo de design. Ele evolui durante o desenvolvimento e explicitam (documentam) os conhecimentos adquiridos. As atividades de design podem usar, gerar ou modificar artefatos conceituais (e concretos também) (Rosa et al., 2021) Exemplos são mapas de empatia, da jornada, job-to-be-done (que representam o espaço do problema); e modelos, especificações, desenhos (que representam o espaço da solução).
  • Artefato concreto é tangível, tal como: livro, produto, construção, equipamentos, etc (Alter, 2017). Exemplos são os MVPs, protótipos e em última análise o produto lançado no mercado.

Nas fases iniciais dos processos de inovação, como o processo de discovery, a maioria dos artefatos criados são conceituais. Porém, os protótipos, prova de conceito e MVPs são utilizados para validar a hipótese de valor para ver se existe product-market fit..

Em fases subsequentes, outros artefatos conceituais e concretos são utilizados para validar a hipótese de mercado.

Os links pontilhados levam para as definições dos termos e os links cheios para seções da flexM4i.

Artefatos iniciais da inovação

A próxima figura ilustra os tipos de artefatos iniciais da inovação, que tratamos na flexM4i.

Figura 1318: artefatos iniciais da inovação (clique na figura para baixar o pdf com os links para as seções correspondentes)

A figura mostra que a inovação é impulsionada por uma ou mais motivações, que representam o “porquê” da inovação (razão para inovar).

As inovações surgem de diversas origens, que são as fontes de onde emergem novas oportunidades, desafios e ideias na forma de entradas (inputs) para inovação. Somente algumas fontes são artefatos. A maior parte é composta de processos, conceitos e abordagens. 

Ou seja, a partir dessas fontes, extraímos as entradas (inputs) para a inovação, tais como fraquezas, ameaças, problemas, dores, ganhos, necessidades e desejos. Alguns desses inputs podem, inclusive, retroalimentar as motivações, criando um ciclo contínuo de inovação.

Na flexM4i, as diversas entradas (inputs) extraídas das fontes para a inovação são sintetizadas em três principais artefatos: ideias, oportunidades e desafios. Essa síntese permite organizar e priorizar as iniciativas inovadoras, conectando as motivações iniciais ao desenvolvimento de soluções concretas.

Exemplos de inputs para inovação que podem ser extraídos de algumas fontes para a inovação incluem:

  • Fonte: Processo de descoberta (Discovery) > Input: Identificação de uma necessidade de mercado ainda não atendida, gerando uma ideia para desenvolver uma nova linha de produtos.
  • Fonte: Patentes, novos conhecimentos e regulamentações > Input: O surgimento de uma nova tecnologia pode criar uma oportunidade para implementar inteligência artificial em processos internos (inovação em processo).
  • Fonte: Benchmarking e vendas > Input: Através da análise das práticas de mercado, identifica-se uma fraqueza nos serviços de pós-venda, resultando em um desafio para melhorar a experiência do cliente (inovação em serviço).
  • Fonte: Ecossistema e networking > Input: Participação em eventos e feiras trazem insights que se transformam em oportunidades para novas parcerias estratégicas (inovação em modelo de negócios).
  • Fonte: Análises, Contradições e o acaso > Input: Um insight inesperado durante um estudo de tendências revela um problema potencial na cadeia de suprimentos, gerando uma ideia para otimizar a logística (inovação em processo).
  • Fonte: Servitização e novos modelos de negócio > Input: A oportunidade de aplicar a servitização em um setor tradicional permite desenvolver um smart product integrado a uma oferta de sistema produto-serviço (PSS), proporcionando valor adicional ao cliente por meio de serviços associados ao uso do produto (inovação em produto e serviço).
  • Fonte: Processo de design thinking > Input: Durante a imersão e entendimento do processo de design thinking, uma mudança de hábitos de uma persona foi identificada. A análise detalhada do job-to-be-done revelou uma oportunidade para criar um novo serviço adaptado aos novos comportamentos e preferências do mercado (inovação em serviço).

A evolução desses três artefatos resulta em conceitos, requisitos ou visão de um produto / serviço ou de um projeto de desenvolvimento deste produto / serviço.

Dependendo da maturidade e do conhecimento das pessoas envolvidas nas fases iniciais da inovação, especialmente em projetos de inovação incremental, pode ser que o processo já se inicie com um conceito de produto ou serviço bem definido, com requisitos claros, sem passar pelas etapas iniciais de exploração de inputs.

Destacamos também que definir conceitos e requisitos é apenas o início das fases de detalhamento de uma inovação. Em alguns setores, são nessas fases que conseguimos desenvolver as especificações que permitem a certificaçãoconfiabilidade, lançamento dos produtos e serviços, assim como o monitoramento do ciclo de vida

A flecha na base da figura ilustra o fluxo evolutivo da inovação, destacando três categorias (entre outras) de processos de inovação:

  • rastrear, monitorar e analisar o contexto para identificar e explorar as possíveis fontes para a inovação, como tendências, sinais de mercado e outras descritas na seção;
  • gerenciar oportunidades, desafios e ideias, desde as fontes para a inovação e durante o ciclo de vida dos projetos de desenvolvimento, para identificar, priorizar e organizar os inputs da inovação;
  • experimentar, avaliar, selecionar, aprender e pivotar durante toda evolução para testar hipóteses, tornando o processo iterativo e não linear.
Conheça o framework das categorias de processos e atividades de inovação da flexM4i, que descreve essas três categorias citadas são apresentadas e outras categorias propostas.

Cada tipo de artefato pode ser representado por esboços, desenhos, modelos, especificações etc.

Seções complementares

Para aprofundar a compreensão sobre os artefatos iniciais, a flexM4i apresenta três seções complementares, cada uma explorando a divisão proposta dos artefatos de inovação das fases iniciais:

Referências

Alter, S. Nothing is more practical than a good conceptual artifact… which may be a theory, framework, model, metaphor, paradigm or perhaps some other abstraction. Information Systems Journal, v. 27, n. 5, pp. 671-693, 2017.

Rosa, M., Wang, W. M., Stark, R., & Rozenfeld, H. (2021). A concept map to support the planning and evaluation of artifacts in the initial phases of PSS design. In Research in Engineering Design (Issue 0123456789). Springer London. https://doi.org/10.1007/s00163-021-00358-9

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