Metodologias de execução de estratégias
Para diminuir a taxa de falhas na execução das estratégias
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Autoria: Henrique Rozenfeld([email protected])
Introdução
Esta seção sobre metodologias de execução das estratégias complementa a seção “execução das estratégias” do capítulo “estratégias, objetivos e indicadores” e serve de índice para o detalhamento de algumas metodologias dentro do repositório de práticas.
Atualmente temos seções para as seguintes metodologias:
- OKR – objetivos e resultados chave
- Matriz X (Hoshin Kanri)
- Balanced Scorecard (colocado como abordagem devido a proposição de princípios somente)
Falhas na execução das estratégias
Um artigo da Fortune de 1999, intitulado “Why CEO’s Fail”, é muito citado e afirma que a taxa de falha da execução de estratégias é de 70% (Charan & Colvin, 1999).
Em 2012, Ken Makovsky reafirma a relevância do estudo anterior, acrescentando ainda a necessidade de se comunicar as estratégias aos principais stakeholders (envolvidos) para obter um alinhamento e comprometimento entre os atores. A transparência potencializada pela internet permite que os stakeholders possam ser informados rapidamente sobre falhas do CEO na execução das estratégias. Essa taxa é a justificativa usada por muitos fornecedores de sistemas para a gestão da execução de estratégias.
Cândido & Santos (2015) em um estudo abrangente, que avaliou trabalhos que afirmam que a taxa de falha da implementação das estratégias varia entre 30 a 90%, dizem que não se pode confiar nessas taxas devido a falhas metodológicas dos estudos. O estudo realizado por Charan & Colvin, que chegou a 70%, foi baseado em 38 entrevistas por telefone com CEOs selecionados pela Fortune. Cândido & Santos (2015) concluem que foram empresas de consultoria que divulgaram o estudo de Charan & Colvin (1999). No trabalho de Cândido & Santos (2015) existem estudos com mais de 2000 mil empresas que chegaram em uma taxa de 73%, e outros estudos que chegaram na taxa de 37%. |
A taxa de falha da implementação das estratégias varia entre 30 a 90%,
Não importa o valor da porcentagem de falhas na implementação das estratégias, todos estudos constatam que é importante dar valor para a execução das estratégias. Isso porque, muitas vezes, a alta cúpula da empresa:
- “empurra” as estratégias para os demais níveis táticos e operacionais da empresa, que não se sentem co-responsáveis pela execução ou, pior,
- não se envolve com o desdobramento das estratégias e só cobram resultados financeiros.
Apesar desses dados estarem relacionados com estratégias em geral, a implementação das estratégias de inovação também falham durante sua execução
Resumo das principais metodologias de execução de estratégias
Segue abaixo uma lista de metodologias de execução de estratégias na ordem cronológica:
- 1950 – Hoshin Kanri – (*)
- 1950 – OGSM (Objectives, goals, strategies and measures) – (*)
- 1954 – Gestão por objetivos (MOB – management by objectives)
- 1981 – SMART (specific, measurable, assignable, realistic, time-related)
- 1989 – EFQM (the European Foundation for Quality Management) – (*)
- 1993 – balanced scorecard
- 1993 – OKR (objective and key results)
- 2012 – 4DX – 4 disciplines of execution
(*): As metodologias Hoshin Kanri, OGSM e EFQM abrangem mais do que a execução. Elas abrangem também o estabelecimento das estratégias.
1) Hoshin Kanri foi proposta pelo professor Yoji Akao, após a sistematização de práticas de qualidades trazidas por Deming e Juran no pós-guerra. É a metodologia adotada pelo movimento lean. A versão atual de Hoshin Kanri incorpora princípios e práticas, que a tornam uma metodologia completa para a definição de estratégias e objetivos, assim como para definição de indicadores e passos para sua execução. Essa metodologia possui várias características, que não serão descritas neste tópico (veja a prática ). Você pode encontrar inúmeros artigos na web que descrevem o Hoshin Kanri. Empresas conhecidas que utilizam Hoshin Kanri: AT&T, Xerox, Exxon Chemical, HP, Florida Power and Light.
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2) OGSM nasceu no Japão e foi adotada por empresas nos USA. Nessa metodologia, os objetivos estão acima das estratégias. São estabelecidos objetivos e deles são desdobradas metas, que por sua vez são detalhadas em estratégias. As estratégias são associadas a indicadores que direcionam ações. Empresas conhecidas que utilizam OGSM: Proctor & Gamble, Coca-Cola, Starbucks, Johnson & Johnson, Gillette.
3) MOB foi popularizado por Peter Drucker no livro “The practice of Management de 1954” (Drucker, 2012). As ideias dessa metodologia surgiram em 1926. Na wikipedia em inglês tem um bom resumo sobre MOB. No tópico “É gestão por objetivos (MOB)?” da seção sobre OKR, comparamos MOB com OKR.
4) SMART é uma metodologia para estabelecer os objetivos e métricas. Seu acrônimo significa: Specific, Measurable, Achievable, Relevant, Time-bound. Ela é derivada da MOB. Leia mais sobre SMART na wikipedia. Muito similar a OKR. Porém SMART trata as métricas de forma isolada. Por isso deve ser usada de forma integrada com MOB.
5) EFQM é um modelo de qualidade total para apoiar o aumento da competitividade das empresas europeias. Seu modelo apresenta uma lógica de associar o Why (direção estratégica) com o How (como executar a estratégias – as iniciativas) e com What (quais os resultados esperados). Considera as dimensões das empresas, incluindo a sustentabilidade. Uma ferramenta do framework é o RADAR, que realiza um diagnóstico e permite determinar resultados a serem obtidos com as ações de melhoria.
6) O balanced scorecard (BSC) é um sistema de gestão estratégica, que equilibra a medição de resultados (indicadores), ao considerar perspectivas complementares à financeira, tais como: de clientes, dos processos internos e de aprendizado e crescimento organizacional. Considera ainda a relação de causa e efeito entre indicadores.
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7) A metodologia OKR propõe a definição de objetivos orientados às estratégias e a relação desses objetivos com resultados (key results) mensuráveis, que devem ser controlados frequentemente para acompanhar a execução das estratégias.
Ela é uma metodologia bem popular no contexto da inovação atualmente. Empresas conhecidas que utilizam OKR: Airbnb, Google, LG, Netflix, Viacom.
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8) 4DX (4 disciplines of execution) introduz o quatro disciplinas para a execução das estratégias (como o próprio nome da metodologia diz):
D1. Foco no objetivo altamente importante (WIG – Wildly Important Goal): Identificar e concentrar esforços em um máximo de dois objetivos significativos, apesar das distrações e demandas diárias (o “Whirlwind”). Estes objetivos devem ser claramente definidos usando a fórmula “De … para … até …”.
A fórmula “De … para … até …” é uma estrutura utilizada na metodologia 4DX para definir claramente os objetivos, conhecidos como Objetivos Altamente Importantes (WIGs). Aqui está o significado de cada parte da fórmula:
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D2. Foco e ação nos indicadores de tendência: O 4DX utiliza o conceito que existem indicadores de tendências (leading) que levam aos de resultados (lagging). Esses indicadores de tendências garantem que a execução esteja no caminho certo. Em outras palavras, no prazo determinado vamos medir quais são os resultados com base em indicadores de resultado (lagging). Mas nas reuniões de controle, avaliamos as métricas de tendências (leading). Focar e agir sobre os indicadores de tendências (leading measures) que impulsionam os resultados finais (lagging measures). Isso implica em identificar e concentrar-se nas ações diárias que têm o maior impacto nos objetivos finais.
O conceito da relação de causa e efeito entre os indicadores de tendências (leading) e os de resultados (lagging) já tinha sido proposto pelo balanced scorecard na década de 1990. |
D3. Manutenção de um painel de controle motivador: Criar um sistema de acompanhamento visual simples e motivador que permita que cada membro da equipe veja rapidamente seu progresso em direção aos objetivos e o que ainda precisa ser feito.
D4. Criação de uma cadência de responsabilização: Estabelecer reuniões curtas e regulares (WIG sessions) onde os membros da equipe se responsabilizam mutuamente pelo progresso em direção aos objetivos. Essas reuniões devem ser realizadas semanalmente e focadas em garantir que as metas prioritárias não se percam nas demandas diárias.
4DX versus OKR As duas metodologias têm o objetivo de estabelecer objetivos claros e priorizados, e depois acompanhar e medir o progresso em direção a esses objetivos. Ambas reconhecem a importância de se acompanhar metas de curto prazo mensuráveis (os leading indicators no 4DX e os KR no OKR) para garantir o atingimento do objetivo final.” Diferenças:
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Leia mais sobre as comparações entre essas metodologias
Existem alguns artigos e posts na web, que comparam essas metodologias:
Integração de metodologias de execução da estratégia
Você pode extrair princípios das metodologias apresentadas e combiná-los na definição de uma metodologia de execução das estratégias na sua empresa.
Hoshin Kanri, OGSM e EFQM são mais abrangentes e envolvem a definição de estratégias, objetivos de longo e curto prazo, assim como indicadores correspondentes. São equivalentes em seus conteúdos, mas diferentes nos princípios e práticas. Hoshin Kanri é praticado pela comunidade de lean e combina métodos para se chegar a um consenso entre os atores responsáveis por indicadores, entre outros.
Essa obtenção de consenso na definição dos objetivos e indicadores é bem “formalizada” na metodologia Hoshin Kanri por meio de um método chamado em inglês “catchball”. Não iremos traduzir. O princípio aqui é decidir em conjunto. Os dirigentes “passam a bola” para os gerentes de nível médio, que definem os objetivos tácitos. Em seguida, eles “passam a bola” e reunidos discutem o que foi definido para alinhar os objetivos. Existem outros princípios, que você pode conhecer consultando este post sobre catchball.
Considerar os indicadores de tendência (leading) da 4DX pode complementar a aplicação da OKR.
OKR também pode ser aplicada nessas metodologias mais amplas, pois é uma metodologia muito mais simples do que os desdobramentos propostos por elas.
Ter uma visão sucinta em um único gráfico como propõe a Hoshin Kanri e a OGSM também é uma prática que pode complementar a OKR.
O conceito do balanced scorecard de determinar alguns indicadores de alto nível para os dirigentes monitorarem não só o passado mas tendências do futuro também pode complementar essas metodologias.
Segundo a proposta da flexM4I de combinar princípios e práticas de diversas metodologias, você pode criar uma metodologia para a sua empresa que combina os princípios e práticas dessas metodologias.
Ferramentas para gestão da execução da estratégia
Conforme a quantidade de OKRs aumenta, utilizar um software pode ser apropriado. Imagine se você estiver em uma empresa com 8 squads e uns 12 objetivos e 30 KRs para gerenciar.
Um termo genérico para denominar essas ferramentas é dashboard, que significa um painel visual que apresenta indicadores.
- na wikipedia em inglês você pode ler mais sobre dashboards. A crítica que fazemos é a definição que se restringe ao uso em KPIs
- este site é mais genérico, amplo e didático do que a wikipedia (e é em português)
Segue o link de um site que indica mais de 150 softwares para gerenciamento de OKRs.
https://www.capterra.com.br/directory/30947/okr/software
Nota: alguns desses softwares são indicados para a gestão de KPIs, ou seja, podem ser utilizados para OKRs (segundo os fornecedores).
Nesse site do capterra você pode buscar softwares que gerenciam a execução das estratégias. Um dos softwares, cujo site tem um conteúdo teórico muito bom, que referenciamos nesta seção de indicadores, é o i-nexus. Navegar pelo site que apresenta as soluções é um aprendizado e pode servir de benchmarking para quando você estiver procurando uma solução para a sua empresa.
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