Mapa de sistema

Mostra as conexões e fluxos entre os elementos de um sistema

flexM4i > abordagens e  práticas > Mapa de sistema (versão 1.6)
Autoria: Henrique Rozenfeld (roz@usp.br) 

Método utilizado para mapear os elementos (atores, stakeholders, entidades etc.) de um sistema e suas conexões, que representam fluxos de material, informações, financeiros, de trabalho etc. Serve tanto para se ter uma visão inicial do sistema, como para representar a concepção de uma visão futura

Descrição resumida

O mapa de sistema é uma representação visual dos elementos  de um sistema, no qual a sua unidade de análise está inserida.

Os elementos representados no mapa do sistema podem ser clientes, fornecedores, pessoas da organização, sociedade, entidades, empresas, outras organizações, elementos organizacionais de uma empresa (departamentos, áreas etc.), processos, serviços, produtos (físicos ou digitais), canais, equipamentos, plataformas, lugares e outros.

Os elementos “clientes, fornecedores, pessoas da organização, sociedade, empresas, outras organizações, elementos organizacionais de uma empresa (departamentos, áreas etc.)” normalmente são tratados como atores e/ou stakeholders, que são indivíduos ou grupos de indivíduos.

A unidade de análise pode ser qualquer um desses elementos. Normalmente, a unidade de análise é o foco para se criar um mapa de sistemas.

Podem ser acrescentadas as relações entre todos os elementos / atores para representar o fluxo de material, de informação, financeiro, de trabalho  etc., além de relações hierárquicas, de cooperação e dependências entre eles.

Veja o posicionamento deste mapa diante das variações e métodos semelhantes aos mapa de stakeholders e mapa de sistema.

Quando você deveria utilizar este método?

  • normalmente no início da execução de um projeto de inovação, após a definição do segmento de mercado (segmento das tarefas) e da visão / escopo do projeto para mapear a situação atual
  • pode ser utilizado em todos os momentos em que se deseja representar de um sistema complexo e mapear as principais relações entre os elementos do sistema
  • no final de um projeto conceitual de um sistema para representar a situação futura proposta

Por que você deveria utilizar este método?

  • identificar e entender quai são os elementos relevantes que já participam no negócio da empresa ou atuam como stakeholder da sociedade em questões-chave relacionadas com o negócio e o seu ecossistema;
  • para identificar e visualizar as conexões entre elementos do sistema (principalmente atores, stakeholders, rede de colaboração e outras entidades);
  • na área de design de serviços, focar nas entidades e conexões, que se relacionam com a oferta de uma experiência; 
  • apresentar uma visão de elevado nível de granularidade, quando comparada com outras visualizações, tais como, mapa de jornada;
  • para identificar quais os atores / stakeholders do sistema que deveriam ser investigados em maiores detalhes ou com outros objetivos, tais como classificar as entidades / stakeholders segundo vários critérios, que resultam em ações sobre esses stakeholders;
  • identificar atores / stakeholders que podem ter uma participação nos negócios futuros da empresa (ou agir nas questões-chave para viabilizar o negócio);
  • identificar as relações entre todos os atores / stakeholders do negócio para poder estabelecer parcerias;
  • descobrir oportunidades de inovação para eliminar lacunas e aproveitar pontos de integração entre as entidades do ecossistema.

Visão geral

Na figura abaixo apresentamos um possível exemplo de mapa de sistemas simplificado de algumas relações externas de um hospital no tratamento de pacientes. Veja mais exemplos adiante.

Figura 650: exemplo de um mapa de sistemas das relações externas de um hospital

Convenções das conexões entre os stakeholders

Segue exemplos de convenções para desenho dos fluxos:

  • fluxos de materiais –  seta cheia preta (se o fluxo pertencer ao sistema central) ou com uma seta cheia cinza (se o fluxo for alternativo);
  • fluxos de informação – linha preta tracejada / pontilhada(se o fluxo pertencer ao sistema principal) ou uma linha cinza tracejada / pontilhada (se o fluxo for alternativo. No final do fluxo para indicar direção, desenhar um losango preto.
  •  fluxos financeiros –  linha preta pontilhada / tracejada (se o fluxo pertencer ao sistema principal) ou com uma linha cinza pontilhada / tracejada (se o fluxo for alternativo). No final do fluxo para indicar direção, desenhar um círculo preto.
  • fluxos de desempenho de trabalho desenhando uma linha preta cheia(se o fluxo pertencer ao sistema principal) ou com uma linha cinza pontilhada (se o fluxo for alternativo). No final do fluxo para indicar direção, desenhar um círculo preto.
  • podem ser usadas cores para diferenciar os fluxos. 
  • crie uma legenda e permaneça consistente com ela

Veja as possibilidades de variações deste método nos exemplos mais a frente.

Atividades para construção de um mapa de sistema

1. Verificar se este método é apropriado: veja se os seus objetivos estão alinhados com o tópico “por que você deveria usar este método ”. Caso contrário, procure outro método . Defina os objetivos para a construção do mapa.

2. Identificar os limites, escopo e foco: responda as questões correspondentes aos limites, escopo e foco do mapa a ser desenvolvido:

  • quais são os usuários do mapa e quais os seus objetivos, limitações, necessidades?
  • qual a escala geográfica? (ex. local, regional, nacional, internacional)
  • qual o nível de abstração? (ex. genérico, específico para um tipo de stakeholder)
  • qual o nível de detalhamento? (ex. um mapa abrangente ou um conjunto de mapas com diferentes níveis e relacionados entre si)
  • qual o foco? (ex. uma oferta, uma pessoa, um problema, uma empresa, um ecossistema)

3. Preparação da reunião: levantar as informações pertinentes para se descrever o sistema; quem deve participar da reunião;  reafirmar o objetivo de uso do mapa; adotar um formalismo para representar o sistema; e obter todo o material necessário (e ferramentas) para a construção do mapa

4. Identificar e listar os elementos do sistema: normalmente identificamos os stakeholders relacionados ao contexto da unidade de análise da situação atual ou da situação futura proposta na concepção de um novo sistema.  Utilize um checklist de apoio, para identificar os atores / stakeholders.

5. Categorizar os elementos do sistema: identifique os papéis dos elementos na atual cadeia de valor / ecossistema da empresa (no caso de análise no início do processo de inovação) ou na cadeia de valor / ecossistema modificado ou novo com base na inovação proposta;

6. Desenhar os elementos: use símbolos combinados para caracterizar cada parte interessada identificada. Pode ser um retângulo com o nome ou ícones que representem a natureza dos elementos, acrescidos também do nome dos elementos. Utilize de cores, ou ícones com vários tamanhos para representar interessados principais ou secundários. 

7. Decidir quais fluxos serão desenhados: decidir quais os fluxos são relevantes para o entendimento e análise dos stakeholders; materiais, informações, financeiros, de trabalho etc.?

8. Reposicionar os elementos e criar limites: no quadro de desenho do mapa de sistema reposicionar os elementos pensando nos fluxos a serem desenhados. Existe a possibilidade de se enquadrar alguns elementos em um subsistema, criando um quadro em torno deles. Por exemplo, ao se agrupar os stakeholders internos dos externos etc.

9. Desenhar os fluxos: conecte as partes interessadas que se relacionam por meio de vários fluxos. Veja algumas possíveis convenções de definição das conexões no tópico “Premissas, dicas e cuidados”

10. Analisar o mapa e atingir os objetivos: discuta com o time, características da realidade (sistema) que foi mapeada de acordo com os objetivos definidos no início e extraia do mapa os resultados desejados (veja a dica “aproveite e faça uma análise inicial”)

Premissas, dicas e cuidados

  • identifique inicialmente  uma grande quantidade de elementos do sistema, pois muitas vezes não é de conhecimentos de todos que fazem parte do ambiente do sistema e suas relações não são conhecidas.
  • é importante reunir o máximo de  informações sobre possíveis elementos do sistema antes de construir o mapa.
  • deve haver uma diversidade de membros do time que vai criar o mapa de sistemas para que eles tenham diversos pontos de vista e conheçam os stakeholders.
  • no entanto, um mapa de sistema pode se tornar muito complexo. Por isso, não tente desenhar todos os elementos em um só mapa. Use outros níveis de detalhamento (zoom in) e mapas mais específicos para complementar visando atingir objetivos específicos, tais como: mapa de stakeholders para mapear a importância versus impacto e mapa de stakeholders para visualizar proximidade dos stakeholders com a unidade de análise. 
  • a versão orientada a rede de stakeholders pode focar na rede interna formal ou informal
  • você pode utilizar ícones para representar os atores 
  • apesar de ser uma representação inicial em um projeto de inovação, o mapa de sistemas pode ser atualizado durante o desenvolvimento do projeto.  Ele pode representar a versão final da concepção do sistema, permitindo uma comparação com a situação inicial.
  • tenha sempre em mente se você está mapeando a situação atual para entendimento ou uma situação futura proposta.
  • aproveite e faça uma análise inicial: você construiu um mapa de sistemas para atingir um objetivo. Ele pode servir para selecionar elementos (atores e stakeholders), que serão detalhados em outros artefatos (persona, mapa de jornada, job-to-be-done etc.); para a realização de outras atividades; para representar a concepção da situação futura do sistema; etc. Reforce os objetivos, mas não deixe de aproveitar a presença do time que construiu o mapa para levantar possíveis problemas, desafios, oportunidades e ideias relacionadas ao mapa, pois a construção do mapa deve estar dentro do contexto de um projeto mais amplo.
  • Cuidado!: veja se mapas de sistemas mais específicos não são mais apropriados para os seus objetivos ou se o mapa de sistemas é uma visão ampla inicial para a construção de um mapa de stakeholders mais específico ou um mapa de ecossistema. Evite o desperdício de tempo construindo um mapa “a toa”. Mantenha o seu objetivo de construção do mapa sempre em mente.

Material de apoio

  • MF.MAP0001 checklist de stakeholders este checklist lista possíveis stakeholders para você se inspirar ao identificar os stakeholders
  • uma versão inicial do mapa de sistemas pode ser feita com post-its em um quadro
  • você pode usar um software simples de desenho como o PowerPoint ou alguns dos sistemas citados a seguir (procure montar uma biblioteca de ícones se for usar mais de uma vez) ou outras ferramentas de desenho como o Visio, yEd e outras 
  • MIRO, MURAL , Lucidchart e Lucidspark são sistemas web de construção colaborativa de diagramas que podem ser utilizados para a criação de mapas de stakeholders.
  • no MIROVERSE existem alguns templates de mapas de sistemas, faça uma busca a partir do link indicado
  • ferramentas mais específicas estão descritas no mapa de stakeholders – matriz 2 x 2 e no mapa de stakeholders em círculos.

O que está relacionado com este método?

  • o mapa de sistemas pode ser utilizado para identificar as personas a serem analisadas com maior profundidade e vice-versa, uma persona identificada anteriormente pode ser um dos atores de um mapa de sistemas

Não confundir personas com stakeholders. Stakeholders são os interessados por um projeto, organização, empreendimento etc. Uma persona é uma representação de alguns stakeholders, que desejamos conhecer com maior profundidade.

  • você pode criar uma linha (lane) em um mapa de jornada com a indicação dos stakeholders, que estão em um mapa de sistemas. O mapa traz uma visão adicional das relações entre os stakeholders. Assim, o mapa de sistemas pode complementar o entendimento de um mapa de jornada e vice-versa.
  • a representação de uma concepção de uma situação futura pode ser o resultado da aplicação de outras ferramentas, tais como mapa da jornada, service blueprint, storyboard.

O que fazer a seguir?

  • depende do objetivo de uso do mapa de sistemas
  • para o objetivo de “ter uma visão inicial do sistema”, um próximo passo seria detalhar os stakeholders usando artefatos mais específicos, tais como, mapas de stakeholders, persona, mapa de empatia, mapa de jornada, job-to-be-done, diagrama de polaridade etc.
  • para o objetivo de “representar a concepção de uma situação futura”, os próximos passos seriam determinados pela metodologia que você adotou

Exemplos

O prof. Aguinaldo dos Santos da UFPR gentilmente indicou publicações com aplicações práticas de mapas de sistemas, que reproduzimos a seguir. As referências completas para acesso às publicações estão no final desta seção.

Figura 651: mapa de sistema do conceito final de um sistema produto-serviço (PSS) para prover máscaras durante a pandemia de COVID-19
Fonte: Santos et al., 2020

 

Figura 652: mapa de sistema da situação atual de uma empresa produtora de acessórios da moda
Fonte: Scherer et al., 2021

A próxima figura mostra como ficou a empresa representada na figura anterior, após implementar um sistema produto-serviço (PSS) com as trabalhadoras em trabalho remoto.

Figura 653: mapa de sistema da situação futura proposta de um PSS para acessórios da moda
Fonte: Scherer et al., 2021

Henrique Serbena em seu mestrado desenvolveu uma plataforma PSS de luminárias LED para habitação de interesse social. As figuras a seguir mostram a situação atual da empresa Y e uma das concepções criadas, na qual estão documentadas tanto as ações centrais como as novas ações desse sistema (Serbena, 2013).

Figura 654: mapa de sistema que representa o fluxo material, de informação, financeiro e de trabalho da situação atual da empresa Y
Fonte: Serbena (2013)

Figura 655: mapa de sistema de uma das concepções de PSS do sistema de luminária LED
Fonte: Serbena (2013)

O próximo mapa de sistema de um meta-cenário para explorar o uso de termografia como ferramenta de monitoramento da dor em corredores de rua baseado na análise de big data (Scaglione et al., 2020) .

Figura 656: Mapa de sistema de um meta-cenário para explorar o uso de termografia como ferramenta de monitoramento da dor em corredores de rua baseado na análise de big data.
Fonte: Scaglione et al. (2020)

Consulte os trabalhos originais citados nas referências, de acesso livre, para poder visualizar e entender melhor as figuras deste tópico. Colocamos aqui somente como ilustração para mostrar a variedade e flexibilidade  de um mapa de sistema.

Informações adicionais

Triverti (2020) publicou na web um passo a passo para se criar um mapa de sistema com um exemplo bem ilustrativo

Veja este vídeo explicativo sobre diagramas em geral, a importância dos diagramas para comunicar de uma forma analógica, além de textos e áudios. O mapa de sistemas é um dos diagramas apresentados neste vídeo. Podemos ver a flexibilidade e variabilidade de representações dos mapas de sistemas.

Análise deste método e métodos semelhantes

O mapa de sistemas é uma ferramenta de aplicação abrangente, que pode ser utilizada para diversos objetivos.

Veja que frequentemente citamos stakeholders como elementos do sistema, pois este é o uso mais frequente do mapa de sistemas nas disciplinas de design e inovação.

Como apresentamos na seção “Mapa de stakeholders versus de sistema: variações e ambiguidades, um mapa de sistemas pode ser especializado em:

  • mapa de relações entre stakeholders, que podemos considerar mapa de atores
  • mapa de rede de valor
  • mapa do ecossistema

Como sistemas é um conceito amplo, nas atividades de detalhamento de sistemas existem ferramentas mais específicas a serem utilizadas, como as indicadas no tópico “o que fazer a seguir?”..

Na seção “Mapa de stakeholders versus de sistema: variações e ambiguidades” apresentamos mais comparações entre mapa de sistemas e outros tipos de representações de stakeholders e/ou elementos de um sistema.

Referências

Santos, A., Silveira, E. L, & Duarte, G. G. (2020). A Distributed Product-Service System for Mask Provision during COVID-19: an Action Design Research Study in Brazil. Strategic Design Research Journal. Volume 13, number 03, September – December 2020. 446-459. DOI: 10.4013/sdrj.2020.133.12

SCAGLIONE, T. ; FIALKOWSKI, V. P. ; RODRIGUES, J. M. ; SCHLEMMER, A. ; KROKER, D. ; SANTOS, Aguinaldo dos . Design de meta-cenários com e para big data: o caso da termografia na mobilidade urbana. In: 3º Design Culture Symposium: Scenarios, Speculation & Strategies., 2020, São Leopoldo. 3º Design Culture Symposium: Scenarios, Speculation & Strategies.. São Leopoldo: UNISINOS, 2020. v. 1. p. 102. https://storage.googleapis.com/wzukusers/user-31742378/documents/38f9355a71a04e198259f33b96e02de8/DCS2020%20-%20EBOOK%20FINAL-2.pdf 

Scherer, K., Nicastro, M. L., & Santos, A. dos. (2021). Product-Service System for Sustainability: Reflections From an Application on the Fashion Sector. 122–132. https://doi.org/10.5380/8sds2021.art01 

Serbena, Henrique José (2013). Plataforma de luminária LED para habitação de interesse social. Orientador: Profº. Drº. Aguinaldo dos Santos. Dissertação (Mestrado em Design) – Setor de Artes, Comunicação e Design da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2013. 201 p.

Stickdorn, M., Hormess, M. E., Lawrence, A., & Schneider, J. (2018). This is service design doing: applying service design thinking in the real world. ” O’Reilly Media, Inc.”.

Trivedi, C. (2020, December 7). Step by step guide to make a systems map. ConceptsHacked. Retrieved from https://conceptshacked.com/guide-to-make-a-systems-map/

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