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Mapa do capítulo “Fatores contextuais e tipologias de inovação” (clique na figura para ver uma versão em pdf)

Se desejar, acesse a descrição resumida de cada seção no tópico “Mapa do capítulo e descrição das seções” da introdução deste capítulo.

Alguns fatores contextuais podem limitar a gestão da inovação e outros podem ser considerados fatores de sucesso, ou seja, são fatores contextuais que contribuem para o sucesso da gestão da inovação (veja a próxima figura).

Figura 581: fatores contextuais influenciam (limitam) a gestão da inovação (destaques da figura)

Por exemplo,

• (de fatores contextuais que limitam a gestão da inovação) – uma grande corporação possui dificuldades para mudanças e uma cultura organizacional que cria “anticorpos” contra iniciativas de inovação (como o intraempreendedorismo), pois não existe tolerância a falhas, os processos são demasiadamente burocráticos, a liderança não é atualizada tecnologicamente, os bônus não consideram a inovação etc 

• (de fatores contextuais que podem ser considerados fatores de sucesso) – uma empresa está inserida em um ecossistema de inovação com facilidade em cooperar com startups para apoiar a sua transformação digital

O objetivo de um projeto de inovação pode ser implementar boas práticas de gestão da inovação. Assim, as condições para as próximas inovações mudam com a incorporação de novas práticas à gestão da inovação.  

Por exemplo, imagine que na sua empresa, a estrutura organizacional e cultura são hierárquicas do tipo comando e controle e você deseja realizar inovações mais radicais, associadas a muitas incertezas. Um projeto de inovação poderia ter o escopo de mudar (parcialmente) a estrutura organizacional para criar times autônomos, flexíveis, ágeis e horizontais. Uma vez consolidada, essa nova estrutura passa a ser um novo fator contextual, que vai permitir que a sua empresa desenvolva projetos de inovação mais radicais.

A estrutura organizacional reflete a cultura e normalmente elas estão alinhadas, pois a estrutura resulta da acomodação de forças políticas e relações entre as pessoas. Só mudar a estrutura não funciona, mas pode ser uma experimentação. Porém, a cultura organizacional também deve ser adaptada. Mas a cultura é algo arraigado, fruto de anos das relações entre as pessoas, do clima de trabalho, da mentalidade geral e principalmente da liderança, de valores, hábitos etc. Não é fácil mudar. E forçar a mudança da cultura “por decreto” também não traz resultados, pois tiramos as pessoas da zona de conforto, o que pode causar traumas nas pessoas, o que pode torná-las refratárias a qualquer tipo de mudança.

Nem sempre um fator de sucesso (boa prática), ao ser implementado, resulta em um sucesso devido às particularidades de outros fatores contextuais, que impedem que se possa aproveitar do potencial da boa prática.

Exemplos

A aplicação de simulação digital do comportamento dinâmico de um produto, por exemplo,  uma suspensão de um automóvel, permite que se avalie possíveis problemas de funcionamento do produto. A aplicação de simulação digital é considerada uma boa prática. No entanto, se a empresa não aplicar sistemas CAD compatíveis com o software de simulação, esse fator contextual (tecnologia aplicada no desenvolvimento) não permitirá que se  realize a simulação e se aproveite todo o seu potencial.

Remanufaturar um produto após uma fase de uso, que é uma das estratégias da economia circular, traz benefícios ambientais, pois diminui a necessidade de novos materiais e aumenta o tempo de uso do produto. Em última análise pode diminuir o impacto ambiental desse produto e melhorar a imagem da empresa. Portanto, pode ser um fator de sucesso, uma boa prática. Porém, se a alta cúpula considerar que essa estratégia irá diminuir as receitas da venda de novos produtos e não apoiar a iniciativa ou se a empresa não possuir uma cadeia de logística reversa, a implementação da remanufatura não terá sucesso.

Se uma empresa tiver a estratégia de desenvolver inovações mais radicais ou disruptivas, ela poderá desenhar alternativas futuras ao seu modelo de negócio atual. Essa é uma boa prática, já comprovada por trabalhos científicos e também por exemplos de empresas de sucesso.  Para isso, vários fatores contextuais precisam estar presentes. Ela precisa praticar a ambidestria organizacional; a cultura deve apoiar esses tipos de inovação; a estrutura organizacional e a forma de trabalhar em times devem ser apropriadas; os processos devem ser simples e voltados para esses tipos de inovações etc.  

Práticas ou resultados de um projeto de inovação podem mudar o contexto externo

Em alguns casos, práticas criadas por algumas empresas ou resultados de projetos de inovação podem provocar mudanças no contexto externo, quando o ambiente competitivo for maleável (pode sofrer influência) e a inovação definir: um novo design dominante; uma nova prática de inovação; um novo modelo de negócio; uma nova tecnologia e/ou plataforma. 

Por exemplo, 

• a criação de uma inovação disruptiva, como a criptomoeda, pode influenciar os legisladores a criarem leis de regulamentação das transações com este ativo

• grandes empresas inovadoras como o Facebook, que têm o poder de definir plataformas de um design dominante, como o metaverso, podem mudar fatores contextuais, que se tornam um paradigma a influenciar iniciativas de inovação de muitas empresas

• o poder do Facebook, com o Whatsapp, ou mesmo o Telegram, tornaram o risco de disseminação de fake news, que podem abalar eleições, que exigem outras iniciativas de legisladores para limitar o impacto dessas plataformas

• empresas como Uber e Airbnb mudaram o contexto externo com suas inovações.

• a forma como a Spotify estrutura seus times de inovação (squads) transformou-se em um novo paradigma de estrutura organizacional ágil 

A próxima figura ilustra o que foi apresentado neste tópico.

Figura 582: ilustração das ações e resultados da inovação mudarem as práticas da empresa e até o contexto externo

Fatores contextuais são características do contexto que podem ser associados a atributos com valores.

Exemplos de fatores contextuais são: setor industrial, organização, processo, tecnologia, etc. Podemos relacionar os fatores às perspectivas da visão sistêmica da empresa e seu ecossistema. Exemplos de possíveis atributos do fator organização são grau de hierarquia, tamanho da organização, capabilidade de inovação. Exemplos de valores para o atributo grau de hierarquia são: muito hierárquica, média, horizontal (veja ilustração a seguir). Esses valores são subjetivos, uma métrica, que poderia auxiliar a definir com maior precisão esses valores, seria a quantidade de níveis hierárquicos.

MFfig525: Exemplos de fatores contextuais, seus possíveis atributos e valores desses atributos

Uma combinação de fatores contextuais pode determinar quais práticas de gestão da inovação seriam mais apropriadas para um determinado contexto, a serem incorporadas na configuração da gestão da inovação da sua empresa.

Por exemplo, em um mercado estável, quando a sua oferta estiver em uma fase de otimização / sustentação, cujo principal objetivo estratégico é diminuir os custos por meio da excelência operacional, a gestão da inovação pode:

• envolver o ecossistema de inovação e promover o engajamento com startups para desenvolver POCs (provas de conceito) de soluções digitais para aumento da produtividade

• ser realizada por um time dedicado à unidade de negócio, na qual o processo produtivo deve ser otimizado

Observe quantas variáveis (fatores contextuais, atributos e valores) são consideradas no exemplo acima. Outras configurações de gestão da inovação poderiam ser adotadas se:

• o objeto de inovação fosse uma mudança de oferta existente em um mercado previsível
• sua empresa buscasse uma inovação disruptiva em um mercado com baixa previsibilidade e risco elevado

Os estudos existentes sempre tratam de um recorte entre os fatores contextuais, seus atributos e valores, pois procuram estabelecer uma relação de causa e efeito entre eles e as algumas práticas de gestão.

Fatores contextuais descrevem características do contexto. Alguns fatores são intrínsecos da realidade, mais difíceis de mudar,  e outros estão associados a práticas adotadas. A gestão da inovação ocorre por meio da execução de práticas de inovação.

Exemplos de fatores contextuais intrínsecos: setor, tamanho da empresa, mercado, macro ecossistema (PESTEL). No entanto, já vimos que o mercado pode ser maleável e a gestão da inovação pode mudar algumas de suas características. É uma decisão estratégica da empresa competir em um mercado, o que também pode ser mudado. O tamanho da empresa também pode mudar, se uma inovação criar uma nova empresa (spin-off). Mesmo o macro ecossistema pode ser mudado, se a empresa resolver partir para um novo ambiente competitivo.

Exemplos de fatores contextuais associados a práticas: estrutura organizacional, processo, recursos utilizados, cultura organizacional, mentalidade das pessoas etc. Ou seja, as capabilidades da empresa. 

Se uma nova boa prática passa a ser utilizada pela empresa, ela se torna uma nova característica do contexto, ou seja, ele se torna um fator contextual, que pode trazer um diferencial competitivo, desde que estabeleça capabilidades dinâmicas. Leia mais sobre capabilidades dinâmicas e gestão da inovação.

As práticas de gestão da inovação e os fatores contextuais da empresa precisam estar alinhados …

… para garantir o sucesso da aplicação das práticas (o que nem sempre ocorre). 

Como consequência:

• as práticas a serem implementadas devem ser alinhadas aos fatores contextuais ou
• precisamos ajustar os fatores contextuais para aumentar o potencial de sucesso da aplicação das práticas.

Vimos no tópico anterior a complexidade da relação entre os fatores contextuais. Manter o alinhamento entre a gestão da inovação e os fatores contextuais não é simples, exige um conhecimento do contexto e das condições necessárias para aplicação das práticas de gestão da inovação.

O conhecimento de “todos” os fatores contextuais e seus efeitos sobre as práticas de gestão também não é fácil de se obter. Na verdade, é impossível. Novas práticas surgem constantemente e podem se tornar novos fatores contextuais. Além disso, as características dinâmicas do contexto e a inexistência de práticas “universais” (one-size-fits-all) necessitam:

• da consideração do tipo de inovação para selecionar quais práticas são mais relevantes para o contexto
• da realização “constante” de diagnósticos / avaliações do alinhamento entre os fatores contextuais e a gestão da inovação.   

É importante conhecer quais os fatores contextuais (diagnóstico) em todas as perspectivas da empresa e seu ecossistema para alinhar as iniciativas de inovação com a sua realidade e evoluir de forma harmônica.

Essas referências estão relacionadas a todo o conteúdo do capítulo “fatores contextuais e tipologias de inovação” e não será dividido por seção ou página na web. Em todas as páginas deste capítulo repetimos a mesma lista de referências.

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