1. Governança da inovação nas pequenas e médias empresas (PMEs)

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Autoria: Henrique Rozenfeld ([email protected]) com apoio do chatGPT (leia mais)

Resumo para colocar no excerpt do post e ser usado no filter & search, mas não publicar na página (não mais que 3 a 4 linhas): 

Apresenta uma proposta pragmática de governança da inovação adaptada às PMEs. Mostra por que esse tema também é relevante para empresas menores, mesmo sem estruturas formais, e descreve barreiras específicas, formas simplificadas de atuação, trajetórias evolutivas, boas práticas adaptadas da governança corporativa e recomendações práticas para começar.

Introdução

As quatro seções anteriores sobre governança da inovação apresentam conceitos, modelos e práticas aplicáveis a organizações que já possuem algum grau de estruturação formal. No entanto, muitas dessas premissas não se sustentam da mesma forma quando observamos a realidade de pequenas e médias empresas (PMEs), em que recursos são escassos, decisões são mais centralizadas e a informalidade predomina.

Esta seção é dedicada a esse universo. Ela não repete os fundamentos da governança da inovação já discutidos, mas propõe uma leitura prática e adaptada, baseada em experiências comuns de PMEs e inspirada na abordagem progressiva da flexM4i. 

Diferentemente das seções anteriores, ela não foi construída com base em referências bibliográficas específicas sobre o tema de governança da inovação em PMEs — que são escassas —, mas sim apoiada em modelos e recomendações voltadas à gestão da inovação em PMEs e à experiência do autor.

Em vez de propor modelos normativos, ela destaca barreiras reais, formas simplificadas de ação e possibilidades concretas para que a governança da inovação surja de maneira legítima e funcional — mesmo sem o uso explícito desse termo pelas empresas.

O leitor encontrará recomendações que podem ser colocadas em prática com baixa complexidade, e que não exigem estruturas formais ou cargos dedicados. Ao final, são indicadas seções complementares da flexM4i que ajudam a aprofundar a estruturação da gestão da inovação e a refletir sobre quem deve coordená-la dentro da organização.

Essa proposta se alinha ao propósito da flexM4i de oferecer caminhos configuráveis e acessíveis, respeitando o estágio de maturidade e o contexto de cada empresa.

 

1. Por que considerar a governança da inovação em PMEs

Muitas pequenas e médias empresas inovam de forma pontual, seja ao desenvolver um novo produto, explorar um novo canal de vendas ou ajustar processos com base em aprendizados informais. Essas iniciativas costumam ser reativas, baseadas em oportunidades percebidas ou na intuição do empreendedor. Embora valiosas, elas tendem a se dispersar com o tempo, perder consistência e não geram, por si só, uma capacidade organizacional de inovar.

É justamente aí que entra a governança da inovação: como uma instância que permite transformar esforços esporádicos em uma prática intencional, coordenada e com continuidade. A governança não precisa, especialmente no caso das PMEs, ser formal, burocrática ou complexa. Mas precisa existir sob alguma forma — mesmo que leve e adaptada — para que a inovação deixe de depender exclusivamente da ação individual e passe a contar com mecanismos minimamente estruturados de alinhamento, escolha e priorização.

Muitas vezes, essa estrutura já está presente de forma implícita e é chamada de “gestão da inovação” pelas próprias empresas. Isso é coerente com a dinâmica discutida no tópico “A teoria na prática é outra“, da seção que trata da implementação da governança em empresas mais estabelecidas, onde mostramos que a governança frequentemente emerge a partir de práticas de gestão já existentes, mesmo sem ser reconhecida inicialmente como tal.

Essa coordenação é ainda mais importante em ambientes com recursos escassos, múltiplas urgências operacionais e uma tendência natural à sobreposição de decisões. Quando não há clareza sobre quem decide, com que critérios, onde alocar tempo e atenção, a inovação sofre — não por falta de ideias, mas por falta de estrutura para sustentá-las.

A ausência de mecanismos mínimos de governança pode levar a:

  • Perda de foco: várias ideias iniciadas, poucas concluídas.
  • Baixa legitimidade: conflitos de interesse ou decisões unilaterais.
  • Descontinuidade: esforços que não resistem a mudanças de contexto ou liderança.
  • Desalinhamento: ações inovadoras que competem com os objetivos centrais do negócio.

Adotar uma lógica de governança da inovação, mesmo que simplificada, é um passo fundamental para que a PME não apenas inove — mas se torne, de fato, uma empresa inovadora. Da mesma forma como apresentamos na seção sobre governança corporativa em PMEs, a principal discussão aqui também é estabelecer com clareza quem na empresa é responsável por quais atividades — tanto na estruturação quanto na execução dos projetos e iniciativas de inovação.

2. Barreiras específicas enfrentadas por PMEs

Ao discutir a governança da inovação em PMEs, é fundamental reconhecer que muitos dos desafios são similares àqueles observados na governança corporativa dessas empresas — mas com agravantes adicionais relacionados à natureza exploratória, incerta e sistêmica da inovação.

Assim como discutido na seção sobre governança corporativa em PMEs, há quatro barreiras recorrentes que se manifestam com frequência:

  • Centralização excessiva no fundador ou proprietário: Nas PMEs, é comum que a autoridade decisória esteja altamente concentrada no fundador ou em um pequeno grupo de sócios. Isso pode limitar o espaço para decisões coletivas, para a delegação de papéis e para o surgimento de estruturas mínimas de governança. Na prática, a inovação fica subordinada à disponibilidade, ao estilo e à visão individual dessas pessoas — o que compromete a continuidade e o alinhamento estratégico das iniciativas.
  • Falta de tempo e recursos para estruturar a inovação: Enquanto grandes empresas podem criar áreas dedicadas à inovação ou comitês formais, as PMEs convivem com orçamentos enxutos, equipes pequenas e múltiplas urgências operacionais. A escassez de tempo e recursos leva à priorização constante do curto prazo, relegando a inovação a uma atividade paralela, episódica e pouco institucionalizada.
  • Informalidade das decisões e ausência de critérios explícitos: Decisões sobre inovação em PMEs tendem a ser informais, baseadas em conversas não documentadas, intuições ou pressões do dia a dia. Sem critérios claros para priorizar ideias, selecionar projetos ou alocar recursos, a empresa corre o risco de desperdiçar energia em iniciativas desconectadas da estratégia ou sem viabilidade prática. A ausência de uma “regra do jogo”, ainda que simples, reduz a legitimidade e a efetividade das decisões.
  • Dificuldade em manter foco estratégico e continuidade nos esforços inovadores: Mesmo quando surgem boas ideias ou projetos promissores, é comum que eles se percam com o tempo. Faltam mecanismos para manter o foco, revisar aprendizados, garantir que iniciativas sobrevivam a trocas de liderança ou a mudanças externas. A inovação, quando não é sustentada por uma lógica de governança mínima, tende a oscilar entre momentos de entusiasmo e períodos de completo esquecimento.

Reconhecer essas barreiras é o primeiro passo para superá-las. A proposta da flexM4i não é rejeitar a estruturação, mas sim oferecer caminhos para que mesmo as PMEs, com seus limites de formalidade, consigam construir arranjos de governança viáveis e progressivos. Esses arranjos podem assumir formas simples, mas são essenciais para criar legitimidade, continuidade e coerência nos esforços de inovação — sem comprometer a agilidade que caracteriza essas empresas.

3. Formas simplificadas de praticar a governança da inovação

A governança da inovação não exige, especialmente nas PMEs, estruturas robustas ou formalizações excessivas. Em muitos casos, basta dar forma, clareza e regularidade a práticas que já existem informalmente. A seguir, destacamos algumas formas simplificadas que permitem às PMEs praticar a governança da inovação com intencionalidade e efetividade:

  • Reuniões regulares com intenção estratégica: não se trata apenas de discutir problemas operacionais, mas de criar um espaço recorrente para refletir sobre oportunidades, avaliar propostas e tomar decisões que moldem o futuro da empresa.
  • Deliberação participativa com sócios, lideranças ou equipe: envolver diferentes pontos de vista na tomada de decisão aumenta a legitimidade e a qualidade das escolhas. Mesmo sem estruturas formais, é possível criar fóruns recorrentes que favoreçam o alinhamento e o engajamento.
  • Priorização explícita e critérios simples de decisão: decidir de forma transparente o que será ou não priorizado é uma prática de gestão. A governança, no entanto, pode definir quais são os critérios e metodologias que devem orientar essas decisões, mesmo que, na prática, elas ainda sejam tratadas como atividades de gestão. Essa definição contribui para que a priorização seja coerente com a direção estratégica da empresa e ocorra de forma consistente, mesmo em contextos simples.
  • Papéis definidos, ainda que não formalizados: a clareza sobre quem lidera, quem decide, quem executa e quem acompanha cada projeto ou iniciativa reduz a ambiguidade e aumenta a capacidade de entrega.
  • Comitê de inovação: muitas PMEs podem se beneficiar da criação de um comitê de inovação, ainda que pequeno e com membros multifuncionais. Esse comitê pode assessorar diretamente a alta direção e, em muitos casos, acumula tanto papéis de governança (decisão e priorização) quanto de gestão (acompanhamento e execução). Ele ajuda a distribuir responsabilidades, garantir continuidade e aliviar o peso que normalmente recai sobre um único decisor.

Embora a escassez de recursos seja uma realidade para muitas PMEs, isso não deve ser interpretado como uma impossibilidade de estruturar minimamente a inovação. Pelo contrário, um comitê dedicado pode ser justamente o instrumento que resolve esse desafio — oferecendo foco, legitimidade e coordenação sem exigir uma nova área ou equipe exclusiva. A estrutura pode ser simples, mas o papel que ela desempenha é estratégico.

4. Trajetórias possíveis: como a governança pode emergir

Nem sempre a governança da inovação é planejada desde o início. Em muitas PMEs, ela emerge como resposta a problemas recorrentes ou à necessidade de sustentar iniciativas que começam a ganhar tração. Como discutido no tópico “A teoria na prática é outra”, da seção sobre implementação da governança, esse processo costuma seguir uma trajetória que pode ser descrita em três estágios:

Nem sempre a governança da inovação é planejada desde o início. Em muitas PMEs, ela emerge como resposta a problemas recorrentes ou à necessidade de sustentar iniciativas que começam a ganhar tração. 

Esse raciocínio pode ser estruturado a partir de discussões anteriores — especialmente do tópico “A teoria na prática é outra”, da seção sobre implementação da governança — onde mostramos que muitas empresas não iniciam com um modelo de governança formal. Em vez disso, começam a inovar na prática, enfrentam dificuldades de alinhamento, priorização e continuidade, e apenas depois reconhecem a necessidade de organizar essas decisões.

Com base nessa lógica emergente e progressiva, propomos uma representação didática das fases pelas quais a governança da inovação costuma evoluir em PMEs, com três estágios:

  • Prática descoordenada: iniciativas de inovação isoladas, lideradas por indivíduos ou pequenos grupos, sem critérios claros ou alinhamento com a estratégia.
  • Busca por estrutura: reconhecimento de problemas (retrabalho, desalinhamento, desperdício de esforço). Início de práticas sistemáticas: reuniões, priorizações, papéis definidos.
  • Consolidação da governança: definição de critérios, instâncias decisórias, mecanismos de alinhamento e acompanhamento. Criação de comitês ou fóruns formais. Reconhecimento da inovação como parte da estratégia da empresa.

Essa evolução nem sempre é linear. Em alguns casos, momentos de crise (como uma perda de mercado ou falha de lançamento) ou de crescimento acelerado (como a entrada em novos segmentos) funcionam como gatilhos que revelam a fragilidade de uma gestão descoordenada da inovação e impulsionam a criação de mecanismos de governança.

Além disso, a forma como a governança da inovação emerge está fortemente ligada à cultura da empresa, à experiência prévia dos líderes e ao contexto do setor. Algumas empresas criam práticas de governança informais que funcionam muito bem; outras só avançam quando há pressão externa ou apoio institucional.

O importante é reconhecer que a governança não precisa ser perfeita desde o início. Ela pode — e deve — evoluir com a prática, respondendo aos desafios reais da empresa e ganhando sofisticação conforme a maturidade da gestão da inovação aumenta.

Lembrando que, mesmo quando a governança estiver consolidada, na maior parte das PMEs ela ocorre como parte da gestão, e seus agentes frequentemente acumulam múltiplos papéis — o que reforça a necessidade de clareza nas responsabilidades e nos critérios decisórios.

5. Adaptações de boas práticas da governança corporativa em PMEs

A experiência acumulada na adaptação da governança corporativa para PMEs oferece aprendizados valiosos que podem ser transferidos, com os devidos cuidados, para o campo da governança da inovação. Nem tudo pode — ou deve — ser replicado, mas algumas práticas mostram-se especialmente úteis quando traduzidas para o contexto das pequenas e médias empresas inovadoras.

  • O que pode ser reutilizado da governança corporativa adaptada às PMEs: estruturas mínimas de deliberação (como comitês informais), definição clara de papéis entre sócios e gestores, instâncias regulares de decisão e mecanismos de alinhamento estratégico são elementos frequentemente transferíveis. Essas práticas ajudam a criar estabilidade, legitimar decisões e evitar sobreposições ou lacunas de responsabilidade.
  • Cuidados ao transferir mecanismos formais demais: modelos inspirados em grandes empresas podem gerar burocracia desnecessária ou desmobilizar equipes em PMEs. Práticas como conselhos formais com regimentos complexos ou ritos excessivamente procedimentais raramente se adaptam bem a contextos mais ágeis e enxutos. O risco é transformar a governança da inovação em um obstáculo, e não em um suporte à criatividade e à experimentação.
  • Exemplos de boas práticas “traduzidas” para o contexto da inovação: reuniões mensais com foco estratégico, uso de critérios simples de priorização definidos em conjunto com a liderança, comitês híbridos que combinam visão de negócio e conhecimento técnico, e o uso de rituais simbólicos (como validações coletivas ou marcos de decisão) são formas de exercitar a governança da inovação sem recorrer a estruturas formais. São práticas que reforçam o alinhamento e a continuidade mesmo em empresas com pouca estrutura.

A chave está em adaptar — e não copiar — os mecanismos da governança corporativa. É importante lembrar que a governança corporativa, especialmente em sua forma mais prescritiva, foi concebida para grandes empresas — muitas vezes sociedades anônimas com ações em bolsa — e pressupõe formalismos que não são realistas para a maioria das PMEs. 

Mesmo a governança corporativa em PMEs já requer flexibilização e adaptação. No caso da inovação, os riscos de engessamento são ainda maiores, como discutido no tópico “Como evitar o engessamento: a governança como suporte adaptativo à inovação” da seção principal sobre governança da inovação.

 Por isso, a governança da inovação em PMEs deve evitar prescrições rígidas e ser orientada por boas práticas que respeitem a agilidade, o contexto e os recursos disponíveis da empresa. Quando bem calibradas, essas adaptações permitem que a governança da inovação se manifeste de forma compatível com o tamanho, a cultura e a ambição da PME, contribuindo para sua sustentabilidade e capacidade de renovação.

6. Recomendações práticas para começar

A governança da inovação em PMEs não deve começar pela formalização, mas sim por passos pequenos, conscientes e consistentes. Abaixo, apresentamos um conjunto de recomendações práticas para ajudar líderes e equipes a darem os primeiros passos, avaliando sua situação atual e estruturando mecanismos mínimos de coordenação e alinhamento.

Checklist de perguntas para iniciar a reflexão:

  • A inovação tem espaço nas conversas estratégicas da empresa?
  • Existe clareza sobre quem decide, quem executa e quem acompanha as iniciativas inovadoras?
  • Há momentos recorrentes para avaliar ideias, discutir prioridades e revisar aprendizados?
  • Sabemos distinguir o que é inovação pontual e o que exige estrutura e continuidade?
  • Temos critérios mínimos para decidir no que investir tempo e energia?

Primeiros passos viáveis com baixa complexidade:

  • Realizar uma reunião mensal dedicada exclusivamente à pauta da inovação.
  • Identificar e reconhecer pessoas que já atuam como facilitadores ou catalisadores da inovação, mesmo que informalmente.
  • Criar uma lista simples com os projetos e ideias em andamento, registrando status e responsáveis.
  • Estabelecer 2 ou 3 critérios consensuais para priorizar ideias (ex.: impacto, viabilidade, alinhamento com o propósito).
  • Nomear um pequeno grupo com autonomia para apoiar decisões e acompanhar avanços (pode ser o embrião de um comitê de inovação).

Indicadores simbólicos e comportamentais para avaliar avanços:

  • Aumento da frequência de discussões estruturadas sobre inovação.
  • Redução da dependência exclusiva do fundador para decisões de inovação.
  • Maior clareza sobre prioridades e critérios de escolha.
  • Reconhecimento espontâneo da importância da inovação entre membros da equipe.
  • Presença de aprendizados coletivos sendo usados para ajustar decisões futuras.

Essas ações iniciais não exigem novos cargos, organogramas ou sistemas. Elas dependem apenas de disposição para explicitar o que já existe, reforçar o que funciona e criar um espaço de legitimidade para a inovação crescer com o tempo.

Em muitos casos, essas práticas já são chamadas de “gestão da inovação” pelas próprias empresas, ainda que correspondam, em essência, a decisões de governança. 

Essas ações iniciais não exigem novos cargos, organogramas ou sistemas. Elas dependem apenas de disposição para explicitar o que já existe, reforçar o que funciona e criar um espaço de legitimidade para a inovação crescer com o tempo. 

Em muitos casos, essas práticas já são chamadas de “gestão da inovação” pelas próprias empresas, ainda que correspondam, em essência, a decisões de governança. 

A criação de um comitê de inovação, mesmo que informal, pode ser um passo estratégico, pois ajuda a estruturar e distribuir essas decisões, funcionando como ponte entre a intenção estratégica e a ação prática. A governança da inovação começa quando a empresa passa a cuidar — mesmo que de forma simples — das decisões sobre como inovar.

O modelo duas rodas

O Modelo das Duas Rodas (MDR) é uma referência desenvolvida para orientar a construção de um Sistema de Gestão da Inovação em Pequenas e Médias Empresas (PMEs). Este modelo é o mais atual hoje no Brasil baseado em diversas aplicações em empresas desse porte.

Seu objetivo central é permitir que a inovação ocorra de forma sistemática e regular, superando abordagens esporádicas ou dependentes de indivíduos específicos.

O MDR é um modelo de referência de processo, que na flexM4i é considerado sinônimo de metodologia. Acesse os dois links desses termos se desejar conhecer as suas definições mais formais.

 

Autoria do modelo duas rodas

<table>

  <thead>

    <tr>

      <th>Nome</th>

      <th>Papel no desenvolvimento do MDR</th>

    </tr>

  </thead>

  <tbody>

    <tr>

      <td>Adriana Ferreira de Faria</td>

      <td>Coeditora do livro e integrante da equipe científica</td>

    </tr>

    <tr>

      <td>Raoni Barros Bagno</td>

      <td>Coeditor do livro, autor do capítulo de evolução para o MDR21 e integrante da equipe científica</td>

    </tr>

    <tr>

      <td>Nédson Antônio Campos</td>

      <td>Integrante da equipe científica</td>

    </tr>

    <tr>

      <td>Ana Valéria Carneiro Dias</td>

      <td>Integrante da equipe científica</td>

    </tr>

    <tr>

      <td>Marcos Fernandes de Castro Rodrigues</td>

      <td>Integrante da equipe científica</td>

    </tr>

    <tr>

      <td>Leonel Del Rey de Melo Filho</td>

      <td>Integrante da equipe científica</td>

    </tr>

    <tr>

      <td>Maria Cecília Pereira</td>

      <td>Integrante da equipe científica</td>

    </tr>

    <tr>

      <td>Lin Chih Cheng</td>

      <td>Mentor e orientador conceitual do projeto, fundamental para a realização do modelo</td>

    </tr>

    <tr>

      <td>Equipe do IEL/FIEMG</td>

      <td>Articuladora institucional e operacional do Programa FAZ e parceira na construção e aplicação do modelo</td>

    </tr>

    <tr>

      <td>Consultores do IEBT e D.E. Aceleradora</td>

      <td>Contribuíram diretamente no desenho do MDR e suas ferramentas durante as implantações práticas</td>

    </tr>

    <tr>

      <td>Empresas participantes do Programa FAZ</td>

      <td>Colaboraram com feedbacks e validação prática do modelo entre 2014 e 2016</td>

    </tr>

    <tr>

      <td>Professores, alunos e parceiros</td>

      <td>Aplicaram e testaram ferramentas do MDR em ambientes acadêmicos e corporativos, contribuindo para sua maturação

 

Princípios fundamentais

O modelo se apoia em dois princípios fundamentais:

  • Inovação por toda a empresa: inspirado na gestão da qualidade japonesa, defende que todos os níveis hierárquicos devem estar engajados com a inovação.
Essa visão corrobora a proposta do ensaio da flexM4i “Quem deve coordenar a inovação?”
  • Modularidade com integração sistêmica: o MDR é composto por quatro módulos interdependentes, cada qual atribuído a diferentes níveis organizacionais, mas articulados para formar um sistema coerente de gestão da inovação.

Módulos do MDR

Os módulos do MDR são:

  • Comitê Estratégico (1ª Roda): responsável por definir a estratégia de inovação, estabelecer metas, garantir recursos e monitorar o desempenho do sistema.
  • Comitê de Implantação (2ª Roda): coordena a seleção e a execução dos projetos de inovação, garantindo o alinhamento com as diretrizes estratégicas.
  • Equipes de Projetos: executam as iniciativas de inovação, aplicando metodologias e ferramentas com base em um padrão gerencial definido.
  • Organização do Trabalho: promove um ambiente de aprendizagem e cultura voltada à inovação, sustentando a dinâmica dos demais módulos.

Funcionamento articulado do modelo

Os módulos operam em sequência, mas se retroalimentam:

  • O Comitê Estratégico define o foco e os recursos;
  • O Comitê de Implantação atua na gestão do portfólio e na coordenação da execução;
  • As Equipes de Projeto realizam as inovações;
  • O Módulo de Organização do Trabalho sustenta o processo por meio do desenvolvimento de competências e da construção de uma cultura de inovação

Não vamos descrever o MDR neste tópico, destacamos somente os itens que podem ser relacionados com a governança da inovação em PMEs, ou seja, a 1a roda do MDR que corresponde às responsabilidades do comite estrategico e os módulo de organização do trabalho. o subtopico sobre o comite estratégico já escrevemos falta pegar o que você escreveu sobre o módulo de organização do trabalho.

A 1ª Roda: Módulo do Comitê Estratégico

Este módulo é formado por representantes da alta administração e é responsável por garantir as diretrizes estratégicas da inovação. O funcionamento do módulo segue o ciclo PDCA (Plan–Do–Check–Act), promovendo:

  • A derivação dos Objetivos Estratégicos de Inovação (OEI) a partir da estratégia geral da empresa;
  • A definição do Plano Estratégico de Inovação (PEI);
  • A alocação de recursos;
  • O estímulo à geração de ideias e à aprendizagem organizacional;
  • A avaliação e reorientação da estratégia com base nos resultados dos projetos.

 

Este módulo é formado por representantes da alta administração e é responsável por garantir as diretrizes estratégicas da inovação. O funcionamento do módulo segue o ciclo PDCA (Plan–Do–Check–Act) e se desdobra em sete passos operacionais que estruturam a atuação do Comitê Estratégico ao longo do tempo:

Passo 1: Identificar desafios para o crescimento da empresa

Objetivo: Diagnosticar os principais desafios estratégicos da organização a partir do planejamento estratégico e das necessidades de crescimento.

Ferramenta proposta:

Inteligência competitiva: é um processo estruturado de coleta, análise e disseminação de informações estratégicas sobre o ambiente externo (mercado, concorrentes, tendências), permitindo à empresa antecipar mudanças e definir seus desafios de crescimento.

Passo 2: Analisar os negócios da empresa

Objetivo: Compreender a estrutura de negócios da empresa, suas unidades, produtos e mercados.

Ferramentas propostas

  • Estrutura Analítica de Negócio (EAN): é uma representação visual e hierárquica dos negócios da empresa, permitindo enxergar a composição de unidades, produtos e mercados.
  • Matriz de Negócios (MN): complementa a EAN ao identificar oportunidades de inovação nos diferentes espaços de negócio existentes ou potenciais.

Passo 3: Estabelecer os Objetivos Estratégicos de Inovação (OEIs)

Objetivo: Definir os objetivos estratégicos de inovação(OEIs) com base em reflexões sobre o futuro e no diagnóstico da empresa.

Ferramentas propostas

  • Reflexões Estratégicas: consistem em um conjunto de questões que provocam a visão de futuro da empresa, seus diferenciais e caminhos possíveis.
  • Análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats): permite combinar fatores internos e externos para apoiar a definição dos Objetivos Estratégicos de Inovação (OEIs).

Passo 4: Planejar as ações para alcançar os OEIs

Objetivo: Elaborar o Plano Estratégico de Inovação (PEI) com metas, recursos, prazos e responsáveis.

Ferramenta proposta:

  • Plano Estratégico de Inovação (PEI): é um documento que organiza os objetivos, metas, ações, prazos, responsáveis e recursos associados à estratégia de inovação. Ele orienta a execução e serve como mecanismo de alinhamento institucional.

Passo 5: Executar o PEI

Objetivo: Transferir o PEI ao Comitê de Implantação para execução dos projetos de inovação.

Ferramenta proposta:

  • O próprio PEI, ao ser entregue ao Comitê de Implantação, atua como ferramenta de comunicação formal das expectativas e prioridades da alta direção, assegurando o alinhamento entre estratégia e execução dos projetos de inovação.

Passo 6: Acompanhar o desenvolvimento do Sistema de Inovação (SI)

Objetivo: Monitorar o desempenho do sistema de inovação, dos OEIs e dos negócios, com base em métricas estratégicas.

  • Ferramentas
  • Folha de Controle: é utilizada para registrar e acompanhar as métricas de desempenho.
  • Questões de Análise de Performance (QAP): orientam a reflexão crítica sobre os resultados alcançados.
  • Tabela de Métricas por Dimensão: organiza os indicadores segundo três eixos:
    • Objetivos estratégicos de inovação(OEIs). 
    • Sistema de Inovação e 
    • Impacto nos Negócios.

 

Passo 7: Aprimorar o sistema

Objetivo: Formular e implementar ações de melhoria com base nos resultados analisados, encerrando e reiniciando o ciclo.

  • Ferramentas: Plano de Aprimoramento da Performance da Inovação (PAPI)

Esses passos reforçam que o Comitê Estratégico não apenas define a estratégia de inovação, mas estrutura e revisa continuamente o próprio sistema de gestão da inovação, desempenhando assim um papel central na governança da inovação em PMEs.

 

Módulo de Organização do Trabalho

O Módulo de Organização do Trabalho do MDR, embora descrito como suporte à gestão, também assume funções estruturantes e normativas que o aproximam da lógica de governança da inovação, especialmente no contexto das PMEs.

Argumentos que justificam essa interpretação:

  1. Criação de condições estruturais e culturais para inovação
    O módulo atua sobre o ambiente organizacional, estabelecendo rotinas, espaços e mecanismos que sustentam a capacidade de inovar. Isso inclui práticas como:

    • definição de frentes de trabalho para aprendizado contínuo;

    • promoção de redes internas de conhecimento;

    • criação de espaços simbólicos e físicos para a inovação.

  2. Essas ações não apenas suportam a execução, mas definem os contornos do sistema — uma função tipicamente de governança.

  3. Normatização e institucionalização de práticas inovadoras
    Ao propor mecanismos para aprendizado organizacional, memória corporativa e disseminação de práticas, o módulo está determinando regras do jogo — ou seja, operando como uma “constituição informal” que sustenta a inovação no tempo.

  4. Capilaridade e coerência organizacional
    O módulo promove a coerência entre os outros três (estratégia, implantação e execução), garantindo que haja alinhamento entre cultura, processos e estrutura. Isso é equivalente ao que na governança se busca com o conceito de governança integrada.

  5. Proximidade com conceitos de “soft governance”
    Em vez de se limitar ao controle ou à supervisão, o módulo atua sobre valores, comportamentos e aprendizados, o que o aproxima de práticas contemporâneas de governança adaptativa — especialmente aquelas que reconhecem a importância da cultura e da aprendizagem institucional.

Conclusão

Portanto, embora o MDR tenha originalmente separado esse módulo como componente de apoio, sua função transversal e normatizadora justifica considerá-lo também como parte do sistema de governança da inovação — sobretudo em PMEs, onde as fronteiras entre governança e gestão são menos nítidas.

 

Evolução para o MDR21

O MDR foi amplamente aplicado entre 2014 e 2016 no Programa FAZ, ganhando maturidade por meio de sua disseminação prática em cerca de 40 empresas. A partir de 2023, foi revisitado à luz da Transformação Digital, dando origem ao MDR21.

O MDR21 mantém os fundamentos do modelo original, mas os complementa com novas premissas:

  • Reconhecimento das influências da era digital na gestão e comunicação;
  • Ênfase na geração intencional de inovações digitais;
  • Inclusão de valores e comportamentos compatíveis com o novo contexto sociotécnico;
  • Adoção de histórias reais e propósitos como forma de engajamento e legitimação interna.

Contribuições do Modelo das Duas Rodas para a governança da inovação em PMEs

Embora o Modelo das Duas Rodas (MDR) tenha sido concebido como uma referência para o sistema de gestão da inovação, ele apresenta contribuições significativas também para a estruturação da governança da inovação em Pequenas e Médias Empresas. Essas contribuições tornam-se especialmente evidentes quando analisamos o Módulo do Comitê Estratégico, que se aproxima, na prática, da função de um comitê de inovação vinculado à alta direção.

O Comitê Estratégico assume responsabilidades que, em contextos organizacionais mais formais, seriam atribuídas a instâncias de governança. Entre essas responsabilidades destacam-se:

  • Definição da política de inovação da empresa e seus desdobramentos estratégicos;
  • Garantia do aporte de recursos necessários (econômicos, humanos, estruturais e de comunicação);
  • Estabelecimento dos Objetivos Estratégicos de Inovação (OEIs), a partir da análise de desafios e oportunidades alinhadas ao planejamento estratégico;
  • Elaboração do Plano Estratégico de Inovação (PEI), com metas e programas definidos;
  • Monitoramento contínuo do sistema de gestão da inovação, por meio de indicadores, métricas e planos de aprimoramento (PAPI);
  • Proposição e execução de ações de melhoria, reforçando o caráter cíclico e deliberativo do processo de inovação.

O ciclo PDCA adotado pelo comitê, com seus sete passos estruturados (1) revisar a estratégia de inovação, (2) estabelecer os objetivos estratégicos de inovação, (3) formular o plano estratégico de inovação, (4) garantir recursos e infraestrutura, (5) monitorar e avaliar o sistema, (6) promover ajustes e melhorias, (7) reforçar a cultura de inovação), apresenta forte sobreposição com as responsabilidades listadas anteriormente.

No entanto, é importante notar que os sete passos operam como um ciclo de funcionamento dinâmico e contínuo, enquanto as responsabilidades representam atribuições institucionais estáveis do comitê. A articulação entre esses dois planos reforça a. Ainda que esse comitê exerça também funções típicas de gestão, especialmente em PMEs com estruturas mais enxutas, ele cumpre um papel claro de direcionamento e supervisão, o que o aproxima da lógica de governança.

Por fim, o modelo reconhece que a inovação deve ser institucionalizada como uma rotina organizacional. Isso implica criar condições para que as decisões sobre inovação não sejam episódicas, mas sim parte de um sistema contínuo, articulado com a estratégia empresarial e sustentado por mecanismos de monitoramento, aprendizagem e ajuste — princípios que são centrais à governança da inovação.

 

Informações adicionais

Essa proposta busca oferecer um ponto de partida pragmático e acessível para que PMEs comecem a estruturar sua governança da inovação sem complexidade excessiva. No entanto, ela pode — e deve — ser complementada à medida que a maturidade da empresa evolui.

Estruturação da gestão da inovação

Recomendamos que, para aprofundar essa estruturação, o leitor consulte a seção “Estruturação da gestão da inovação“, cujo conteúdo principal está indicado a seguir:

Checklist das recomendações para a estruturação

  • Recomendações: Gerais
  • Recomendações: Estratégia
  • Recomendações: Pessoas e organização
  • Recomendações: Processos
  • Recomendações: Indicadores de desempenho e resultados

Por onde começar? Etapa 0

  • Propósito, estratégia, objetivos e metas: O que desejamos atingir? Por que?
  • Conhecimento do contexto interno / externo e tendências: Onde estamos (situação atual)? Qual o diagnóstico?
  • Pessoas competentes, motivadas, comprometidas e com mentalidade inovadora: Quem?
  • Engajamento das pessoas
  • Cultura organizacional voltada para inovação
  • Benchmarking e as capabilidades da sua empresa
  • Articulação com a inovação corporativa e empreendedorismo

A próxima figura ilustra o conjunto de iniciativas iniciais para se estruturar a gestão da inovação, que inclui a governança da inovação.

Figura 440: conjunto de iniciativas iniciais para se estruturar a gestão da inovação

Quem deve coordenar a inovação?

Além disso, recomendamos a leitura do ensaio “Quem deve coordenar a inovação?“, que discute diferentes arranjos possíveis de coordenação e destaca os cuidados necessários ao definir quem deve assumir esse papel nas empresas. Veja, nessa seção, o destaque do tópico “Considerações finais: governança como base, mas… com parcimônia”. 

 

Referências

global; o original está na seção principal de governança da inovação PRT300.1

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