Barreiras que limitam a adoção de tecnologias digitais para uma economia circular
flexM4I > abordagens e práticas > Barreiras….. (versão 1.0)
Autoria: Adriana Hofmann Trevisan ([email protected]) com base nas publicações Trevisan et al. (2023) e Liu et al. (2022) Agradecimentos.
Esta seção complementa as seções de transformação digital e economia circular. |
Por que utilizar tecnologias digitais em uma economia circular?
É indiscutível que a transformação digital chegou em um nível em que as empresas não conseguem mais desvincular inovação do uso de tecnologias digitais. Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA), Big Data & Analytics (BDA), Blockchain – entre outras tecnologias que estão sendo exploradas cada vez mais – propiciam o aumento da eficiência, a criação de novas fontes de receita, a melhoria da experiência do cliente, e influencia diretamente a vantagem competitiva das organizações.
Dentre as inúmeras aplicações das tecnologias digitais, uma delas é para apoiar as empresas a se tornarem mais sustentáveis e circulares. Segundo Liu et. al (2022), as tecnologias digitais direcionadas para uma economia circular permitem:
- Monitorar e rastrear o ciclo de vida do produto para compreender qual estratégia circular (ex: remanufatura, reciclagem, etc) é mais apropriada ao término do uso e fim de vida;
- Coletar dados em tempo real para prever e direcionar atividades de manutenção e aumento da eficiência do produto;
- Aprender os hábitos de uso e fornecer recomendações personalizadas para os usuários (ex: conselhos individuais para redução do consumo de água).
- Separar e classificar materiais de acordo com tipo, volume, cor, etc.;
- Conectar múltiplos atores por meio de plataformas digitais para facilitar atividades de logística reversa e de planejamento de rotas logística; e
- Identificar gargalos na produção e simular cenários para reduzir recursos e aumentar a eficiência.
Os benefícios são diversos! mas alcançá-los não é uma tarefa simples. Empresas que querem se tornar mais circulares precisam ter uma visão multifacetada do seu ambiente organizacional e ecossistêmico. Em especial, é preciso compreender as barreiras que dificultam a implementação das tecnologias digitais.
A seguir nós discutiremos por que é fundamental as empresas conhecerem as barreiras, quais são elas, e possíveis ações que podem ajudar a evitar e/ou mitigar os desafios encontrados ao longo da jornada de transformação digital.
Por que é importante compreender as barreiras?
Em um processo de transição, é natural a presença de desafios ao longo do caminho. Empresas que compreendem os gargalos podem de forma mais ágil reorganizar os seus processos e direcionar de maneira mais eficaz suas estratégias de crescimento. Ao compreender as barreiras das tecnologias digitais para a economia circular, as empresas têm mais facilidade em:
- Estabelecer metas realistas para a transição;
- Identificar oportunidades para a criação de modelos de negócios mais sustentáveis e explorar novas formas de criação de valor;
- Desenvolver um ambiente seguro e protegido para compartilhamento de dados;
- Liderar ações para aumentar a segurança da informação e difusão de conhecimento;
- Adaptar processos de antemão e planejar ações adequadas para contornar os gargalos; e
- Identificar quais obstáculos demandam esforços além dos limites organizacionais para estabelecer parcerias estratégicas.
A seguir, nós apresentamos quais são as barreiras que limitam a adoção de tecnologias digitais para uma economia circular.
Quais são as barreiras?
De acordo com o estudo de Trevisan et al. (2023), existem quarenta e cinco barreiras que impedem ou reduzem a implantação de tecnologias digitais em um modelo econômico circular (ver tabela 1). Essas barreiras estão divididas em oito categorias:
(1) Barreiras de gestão do conhecimento;
(2) Barreiras financeiras;
(3) Barreiras de gestão de processos e governança;
(4) Barreiras tecnológicas;
(5) Barreiras associadas a produtos e materiais;
(6) Barreiras de infraestrutura de logística reversa;
(7) Barreiras comportamentais; e
(8) Barreiras políticas e regulatórias.
Algumas barreiras são inerentes a implantação de tecnologias digitais, enquanto outras emergem devido aos aspectos ambientais que necessitam ser alterados ao migrar de uma economia linear para um modelo circular.
Você pode baixar uma tabela com todas essas barreiras clicando neste link. |
Barreiras de gestão do conhecimento
As barreiras de gestão de conhecimento que limitam a adoção de tecnologias digitais para uma economia circular são:
B01) Falta de conhecimento sobre sustentabilidade e aplicação de tecnologias digitais: Muitos gestores desconhecem as oportunidades viabilizadas pelas tecnologias digitais, ou não possuem os conhecimentos necessários para implementá-las em concordância com a sustentabilidade.
B02) Falta de conhecimento sobre boas práticas ambientais: Muitas empresas desconhecem os princípios da economia circular e não direcionam iniciativas para circularidade de recursos.
B03) Falta de mão de obra qualificada: Problema comum na digitalização. Contudo, em aplicações circulares, são necessários funcionários que conciliam as competências de desenvolvimento e análise de dados com as de gestão sustentável.
B04) Falta de consciência e educação ambiental: Muitos stakeholders envolvidos no processo de transformação digital não possuem consciência ecológica.
B05) Falta de percepção dos ganhos ambientais e econômicos: Muitas empresas não conseguem visualizar os benefícios de utilizar tecnologias inteligentes para a economia circular.
Barreiras financeiras
As barreiras de financeiras que limitam a adoção de tecnologias digitais para uma economia circular são:
B06) Falta de recursos financeiros: Devido às limitações orçamentárias, desinteresse dos investidores e falta de linhas de financiamento, algumas organizações não possuem capacidade de realizar os investimentos necessários.
B07) Altos custos de implementação e operação: Os custos iniciais e/ou de operação podem ser proibitivos para algumas empresas, sobretudo as que operam com restrições orçamentárias ou em mercados incertos.
B08) Falta de investimento em digitalização para sustentabilidade: Muitas empresas ainda enxergam a sustentabilidade como um gasto e menores ainda são os investimentos em tecnologias digitais dentro do setor.
Barreiras de gestão de processos e governança
As barreiras de gestão de processos e governança que limitam a adoção de tecnologias digitais para uma economia circular são:
B09) Falta de liderança e apoio da gestão: Muitas iniciativas internas fracassam ou são ignoradas devido à falta de liderança e suporte da gestão. Entre as causas, podemos citar a falta de conhecimento, experiência e consciência, e também a resistência à mudança.
B10) Falta de um setor responsável dentro do cliente: Tanto as empresas provedoras de tecnologia quanto os seus clientes precisam ter um setor responsável para guiar a transição e se “comunicarem na mesma língua”.
B11) Dificuldades em adaptar processos: Muitas empresas possuem dificuldade em adaptar seus processos para incluir tecnologias digitais e/ou viabilizar modelos de negócio circulares.
B12) Falta de cooperação e coordenação entre parceiros de negócios: A falta de confiança e a ausência de ferramentas de integração e coordenação dos stakeholders impedem a colaboração em estratégias circulares que utilizam tecnologias digitais.
B13) Falta de capacidade de inovação: A redefinição do modelo de negócio e/ou de processos estruturados pode ser difícil em empresas pouco flexíveis, que possuem conhecimento limitado.
B14) Falta de integração entre as áreas da empresa: A falta de comunicação e alinhamento entre as diferentes áreas da empresa impede a estruturação de processos eficientes e a implementação de inovações.
B15) Falta de planejamento de longo prazo: Uma vez que os investimentos digitais e sustentáveis podem não ter retorno imediato, empresas que não investem visando retorno no longo prazo são mais relutantes em adotar essas estratégias.
B16) Falta de confiança no investimento e aversão ao risco: Uma vez que se trata de uma abordagem recente, envolvendo investimentos consideráveis em inovação tecnológica, muitos gestores ainda mantêm um comportamento receoso.
Barreiras tecnológicas
As barreiras tecnológicas que limitam a adoção de tecnologias digitais para uma economia circular são:
B17) Falta de infraestrutura para aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD): Empresas de pequeno e médio porte podem sentir dificuldades em seguir leis de proteção de dados que demandam alta infraestrutura tecnológica.
B18) Dificuldade em suportar e manter sistemas: À medida que as tecnologias digitais melhoram, as alterações e atualizações do sistema podem impedir que os dispositivos/aplicativos móveis funcionem.
B19) Dificuldades na coleta e armazenamento de dados: A coleta e o armazenamento de dados, sobretudo em ambientes industriais, constituem um grande desafio. São comuns coletas incorretas, dados com baixa qualidade, dados em formatos incompatíveis, entre outros problemas.
B20) Dificuldades na análise de dados e construção de modelos: Embora existam inúmeras possibilidades associadas à análise de dados e à inteligência artificial, é comum que as análises e os modelos falhem ao fornecer um suporte efetivo à tomada de decisão.
B21) Falhas e limitações tecnológicas: Algumas aplicações podem não ser viáveis devido às limitações das tecnologias disponíveis no mercado e/ou a frequência de falhas na operação.
B22) Falta de interoperabilidade e integração: Em parte, devido à falta de padrões e protocolos, a integração das diversas tecnologias digitais e dos dados oriundos de diferentes parceiros constitui uma barreira às operações digitais circulares.
B23) Problemas de segurança e privacidade de dados: Preocupações relacionadas a ataques cibernéticos, que tornam as empresas vulneráveis a perdas de dados, danos no seu sistema de informação, e até mesmo pessoas que roubam dados e depois solicitam dinheiro para não os divulgar.
B24) Falta de padrões e protocolos: A falta de padrões e protocolos em diversas áreas (e.g., desenvolvimento de produto, compartilhamento de dados, logística reversa, entre outros) prejudica as operações circulares digitais.
B25) Falta de modelos e ferramentas: Muitos gestores reclamam da falta de modelos que orientem a implementação de tecnologias digitais, sobretudo a interação humano-máquina, bem como de ferramentas que ajudem a mensurar os resultados em relação à circularidade.
B26) Falta de infraestrutura de TI adequada: A aplicação das novas tecnologias digitais exige uma atualização dos hardwares e softwares das empresas, o que implica custos e pode gerar resistência.
Barreiras associadas a produtos e materiais
As barreiras associadas a produtos e materiais que limitam a adoção de tecnologias digitais para uma economia circular são:
B27) Dificuldades no desenvolvimento de produtos e tecnologia: As estratégias circulares e digitais podem exigir o desenvolvimento e/ou a adaptação de produtos e tecnologias, constituindo um desafio interno para as organizações.
B28) Baixo valor agregado de certos materiais: As soluções de logística reversa inteligente são dificultadas pela baixa coleta de produtos de menor valor. Os catadores de resíduos priorizam materiais com maior valor agregado (por exemplo, latas de alumínio) em detrimento de materiais de baixo valor de mercado (por exemplo, vidro).
B29) Baixa qualidade do material coletado: Materiais molhados, contaminados, que não passaram por um processo de separação e armazenamento adequado não podem ser reciclados. Dessa forma, não tem como ser emitido créditos de reciclagem por meio de notas fiscais, e os materiais acabam sendo direcionados para aterros sanitários.
Barreiras de infraestrutura de logística reversa
As barreiras de infraestrutura de logística reversa que limitam a adoção de tecnologias digitais para uma economia circular são:
B30) Falta de infraestrutura nas cooperativas de catadores: Muitas cooperativas não têm infraestrutura física para classificar materiais mais complexos e fornecer dados e materiais de qualidade.
B31) Baixa infraestrutura logística: As soluções digitais baseadas no gerenciamento de resíduos não podem operar com eficiência em locais com baixa infraestrutura de logística.
B32) Informalidade das cooperativas de catadores: O uso de tecnologias de dados para rastrear resíduos é dificultado pela informalidade dos catadores ou pela ausência de dados.
B33) Baixo investimento em coleta seletiva: A falta de iniciativas de coleta seletiva diminui a qualidade dos materiais coletados.
Barreiras comportamentais
As barreiras comportamentais que limitam a adoção de tecnologias digitais para uma economia circular são:
B34) Preocupações sobre o compartilhamento de dados: Preocupações relacionadas à confidencialidade dos dados e à identificabilidade.
B35) Falta de cuidado com o patrimônio público: Depredação de dispositivos/produtos inteligentes (por exemplo, coletores e lixeiras inteligentes) que são compartilhados pela população.
B36) Dificuldades relacionadas ao comportamento do consumidor: A falta de uma cultura de sustentabilidade e o receio em relação às novas tecnologias pode levar o consumidor a não colaborar com as estratégias da empresa (e.g., se recusar a fornecer dados pessoais, não procurar manutenção para os produtos etc.)
B37) Corrupção e falta de transparência na gestão de resíduos: A eficiência e a confiabilidade que as tecnologias digitais trazem para as operações podem impedir que empresas maliciosas e prefeituras corruptas automatizam processos.
B38) Medo do desemprego estrutural: A digitalização causa disrupção no mercado de trabalho, podendo reduzir o número de vagas disponíveis e/ou impossibilitar a realocação da mão de obra não especializada.
B39) Falta de pressões e demandas do mercado: Muitas empresas só realizam investimentos de maneira responsiva. Nesse caso, a ausência de competidores investindo em estratégias digitais e circulares, de consumidores conscientes, de legislações específicas, entre outros fatores de mercado, é um desestímulo à inovação.
B40) Resistência à mudança: Cultura inadequada à realidade digital e pouco receptiva a inovações, gerando falta de engajamento entre stakeholders.
Barreiras políticas e regulatórias
As barreiras políticas e regulatórias que limitam a adoção de tecnologias digitais para uma economia circular são:
B41) Falta de incentivos do governo: Falta de políticas de estímulo tributário e econômico atravancam o desenvolvimento digital e circular.
B42) Excesso de burocracia e tributação no país: Empresas podem se sentir desmotivadas devido altos impostos e burocracia para viabilizar operações de negócio sustentáveis
B43) Alto custo de importação de materiais e tecnologias: Estratégias circulares inteligentes podem não ser colocadas em prática especialmente em países emergentes devido ao alto custo para importar tecnologias de países desenvolvidos.
B44) Baixa inspeção e controle governamental: A legislação ambiental é um dos principais estímulos para a adoção de práticas circulares nas corporações, mas o governo falha na cobrança, na fiscalização, e na atualização de regulações.
B45) Metas ambientais baixas: A definição de metas baixas tanto internas quanto externa a empresa desencoraja a utilização de tecnologias para a economia circular.
As barreiras políticas e regulatórias que limitam a adoção de tecnologias digitais para uma economia circular são: : A definição de metas baixas tanto internas quanto externas a empresa desencoraja a utilização de tecnologias para a economia circular.
Natureza Multinível das barreiras
O trabalho de Trevisan et al. (2023) trouxe uma visão multifacetada para as discussões sobre barreiras. Em outras palavras, os autores mostraram que existem barreiras que vão além dos limites organizacionais, e que demandam uma mobilização de diversos agentes do ecossistema no entorno da empresa. Além disso, existem barreiras que estão mais associadas ao contexto macro geopolítico. Portanto, é importante as empresas compreenderem, de fato, quais barreiras emergem em cada nível, pois:
- No nível micro (organizacional) estão presentes as barreiras das quais a empresa consegue direcionar ações para superá-las de forma mais efetiva;
- No nível meso (ecossistema e parques industriais) encontram-se as barreiras que demandam um esforço coletivo. É improvável tais barreiras serem superadas através da mobilização de uma única organização;
- No nível macro (cidades e nações) emergem as barreiras geopolíticas. Apesar das empresas não possuírem influência direta sobre elas, as organizações conseguem ser agentes da sociedade com poder de influência sobre as ações governamentais.
A figura 1 ilustra como as quarenta e cinco barreiras estão divididas de acordo com o nível micro, meso e macro. Algumas das barreiras permeiam os três níveis.
Figura 1: Figura 1. Natureza multinível das barreiras para uma economia circular inteligente
Fonte: adaptado de Trevisan et al. (2023).
Exemplos:
As barreiras B1 “Falta de conhecimento sobre sustentabilidade e aplicação de tecnologias digitais” e B3 “Falta de mão de obra qualificada” são barreiras de nível micro. Tais obstáculos precisam ser contornados pelas empresas caso elas queiram seguir na jornada de transformação digital.
A barreira B04 “Falta de consciência e educação ambiental” necessita ser superada em todas as instâncias, pois ela permeia os três níveis:
- no nível micro, as empresas precisam ter profissionais comprometidos para conduzir as iniciativas sustentáveis. A inexistência dessas personas dificulta a implantação de tecnologias integradas com a área de sustentabilidade.
- no nível meso, o ecossistema demanda um alinhamento de atores que compartilham princípios circulares e que também estejam engajados na transformação.
- no nível macro, precisa haver um amplo comprometimento social e educação ambiental para que, em especial, soluções digitais direcionadas a logística reversa sejam bem sucedidas.
Recomendações para mitigar as barreiras
Neste tópico, apresentamos um conjunto de recomendações que podem ajudar na redução das barreiras. O intuito aqui não é pontuar soluções simples e únicas para solucioná-las. Pelo contrário! Existem inúmeros fatores que necessitam ser considerados quando as empresas arquitetam um plano de ação. Tais recomendações não são exclusivas às fronteiras organizacionais.
Devido às barreiras possuírem natureza multinível, as estratégias para superá-las também devem ser implementadas concomitantemente por diferentes frentes.
A seguir listamos as recomendações para os três níveis, indicando quais as barreiras que elas mitigam.
Recomendações para mitigar as barreiras (nível micro)
De maneira geral, para o nível micro, é recomendado que as empresas invistam em parcerias educacionais para o recrutamento de estudantes e trainees com conhecimento nas áreas de programação e sustentabilidade.
A condução de treinamentos e workshops internos também é uma alternativa para possibilitar a reciclagem e difusão de conhecimento, reduzindo a inércia organizacional e a resistência à mudança.
Outra recomendação, caso a empresa tenha dificuldades em encontrar profissionais qualificados, é a oferta de trabalho remoto, que alcançou patamares significativos após a pandemia do Covid 19. Essa estratégia possibilita a diminuição de mão de obra local e permite a contratação de profissionais independente de sua localidade.
Também é recomendado às empresas criarem mecanismos de controle e acesso a dados limitados a poucos funcionários, para garantir maior segurança.
Por fim, para reduzir custos e riscos, o compartilhamento de infraestrutura e equipamentos pode ser uma boa alternativa dependendo do contexto e características da organização.
Segue a lista de recomendações do nível micro e as barreiras que elas mitigam:
R01) Estimular parcerias educacionais com escolas técnicas e universidades -> B01, B02, B03
R02) Realizar workshops e programas de treinamento -> B01, B02, B03, B04, B09, B14, B40
R03) Abrir oportunidades para trabalho remoto -> B03, B06
R04) Compartilhar equipamentos e infraestrutura -> B07, B08, B16, B17
R05) Estimular o Design for the Environment -> B02, B28
R06) Criar mecanismos e controle de acesso a dados -> B19, B20, B23, B24, B34
Recomendações para mitigar as barreiras (nível meso)
É extremamente importante, no nível meso, o desenvolvimento de um roadmap para guiar a transição digital e circular.
A elaboração de um plano que norteia os caminhos de implementação das tecnologias digitais facilita a adaptação de processos, e permite que as organizações visualizem com maior clareza os ganhos ambientais e econômicos.
Outra estratégia fundamental é o estabelecimento de colaborações, seja para conectar empresas no compartilhamento de recursos, para fomentar a inovação por meio do estímulo à startups ou para estabelecer padrões industriais.
Segue a lista de recomendações do nível mesoe as barreiras que elas mitigam:
R07) Desenvolver um roadmap para transição circular e digital -> B05, B11, B14, B15, B45
R08) Estimular o desenvolvimento de startups -> B11, B13, B27
R09) Colaborar em plataformas digitais para simbiose industrial -> B12, B29
R10) Automatizar a coleta e separação de resíduos -> B29, B30
R11) Incentivar o desenvolvimento de competências tecnológicas e aprendizagem contínua -> B01, B11, B18, B20, B21
R12) Formalizar e propiciar treinamentos a agentes de reciclagem -> B28, B29, B30, B32, B33, B38
R13) Desenvolver padrões de comunicação industrial -> B10, B22, B24, B25
R14) Atuar com o governo para o desenvolvimento de normas/leis -> B12, B24, B41, B45
R15) Buscar a integração por meio de empresas business-to-business -> B01, B02, B11, B12, B13, B17, B19, B20, B22, B26, B27
Recomendações para mitigar as barreiras (nível macro)
O governo pode atuar incentivando soluções inovadoras e estimulando a qualificação tecnológica por meio de políticas e programas educacionais.
Além disso, entidades públicas podem estabelecer sólidas sinergias entre empresas e ecossistemas de inovação para a co-criação de valor.
Políticas para adoção de estratégias circulares e sustentáveis devem ser prioridades, com o estabelecimento de metas claras e fiscalização contínua.
Segue a lista de recomendações do nível macro e as barreiras que elas mitigam:
R16) Promover novos programas educacionais -> B03, B04, B35, B36, B38
R17) Incentivar financeiramente soluções inovadoras -> B06, B07, B08, B26, B30, B31, B41, B42, B43
R18) Incentivar o uso de materiais de fácil reprocessamento -> B28, B29, B39
R19) Impulsionar os investimentos em ciência e tecnologia -> B01, B02, B03, B04, B05, B13, B26, B27, B30, B31, B37, B38, B41, B42, B43
R20) Estabelecer claramente mecanismos e metas de fiscalização -> B35, B37,B39, B44
A figura 2 apresenta de forma resumida as recomendações para o nível micro, meso e macro apresentadas anteriormente. Muitas das ações do nível macro político e ecossistêmico influenciam diretamente as barreiras de nível micro.
Figura 2: Recomendações para uma economia circular inteligente (clique aqui para aumentar a figura)
Fonte: adaptado de Trevisan et al. (2023).
Agradecimentos
Agradecemos o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) – processo nº 2019/23655-9 e 2020/14462-0. As opiniões, hipóteses, conclusões ou recomendações expressas nesta seção são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente as perspectivas da FAPESP.
Referências
Liu, Q., Trevisan, A. H., Yang, M., & Mascarenhas, J. (2022). A framework of digital technologies for the circular economy: Digital functions and mechanisms. Business Strategy and the Environment, 31(5), 2171-2192. https://doi.org/10.1002/bse.3015
Lobo, A., Trevisan, A.H., Liu, Q., Yang, M., Mascarenhas, J. (2022). Barriers to Transitioning Towards Smart Circular Economy: A Systematic Literature Review. In: Scholz, S.G., Howlett, R.J., Setchi, R. (eds) Sustainable Design and Manufacturing. KES-SDM 2021. Smart Innovation, Systems and Technologies, vol 262. Springer, Singapore. https://doi.org/10.1007/978-981-16-6128-0_24
Trevisan, A. H., Lobo, A., Guzzo, D., Gomes, L. A. de V., & Mascarenhas, J. (2023). Barriers to employing digital technologies for a circular economy: A multi-level perspective. Journal of Environmental Management, 332(January), 117437.https://doi.org/10.1016/j.jenvman.2023.117437