Alianças estratégicas

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Autoria: Henrique Rozenfeld ([email protected])

É um acordo entre duas empresas para realizar um projeto mutuamente benéfico, enquanto cada uma mantém sua independência. Pode ser realizado por meio de parcerias com contratos uni- ou bilaterais, participação acionária minoritária ou joint venture. As parcerias podem ser divididas em: estratégicas, de risco, de tecnologia e de co-desenvolvimento.

Classificação desta prática

Descrição resumida

Existem muitas definições de aliança estratégica, como você pode conferir em nosso glossário.

Segundo o estudo de Klotzle (2002), que realizou uma síntese de algumas definições existentes na época (todas as definições constam do nosso glossário), o conjunto união das definições levantadas abrange muitos mecanismos de cooperação entre empresas, como mostra a próxima figura.

Figura 771: Tipos de alianças estratégicas
Fonte: Klotzle (2002)

Uma das definições mais simples diz que …

| Uma aliança estratégica é um acordo entre duas empresas para realizar um projeto mutuamente benéfico, enquanto cada uma mantém sua independência (jurídica – inserido por nós). (Kenton, 2021)

Enquadramento das alianças estratégicas e tipos de parcerias

Vamos repetir a seguir a figura que lista os mecanismos e práticas da abordagem integrada de inovação / empreendedorismo corporativo & intraempreendedorismo. Essa figura mostra que a aliança estratégica é um dos mecanismos dessa abordagem.

Porém, como já mostramos que as abordagens compartilham mecanismos e práticas, as alianças estratégicas também são consideradas uma das práticas de inovação aberta e hélice tríplice, que se relaciona com alguns parceiros do ecossistema.

Como apresentado na figura 771 anterior, as alianças estratégicas podem resultar em joint ventures.

Uma fusão ou aquisição (M&A) não pode ser considerada uma aliança estratégica, porque o resultado não mantém a independência jurídica entre as empresas, embora possa manter a separação das marcas ou mesmo das operações dos negócios.

Figura 772: lista de mecanismos e práticas da inovação corporativa e empreendedorismo corporativo com destaque para as alianças estratégicas

Destacamos a seguir tipos de parcerias com empresas, do ecossistema, que podem se tornar mais estáveis e compor a cadeia de valor atual da empresa.

Veja a diferença entre cadeia de valor e ecossistema de inovação.

Parcerias estratégicas

Segundo o nosso glossário:

“Uma parceria estratégica é uma relação entre duas empresas comerciais, geralmente formalizada por um ou mais contratos comerciais.” (wikipedia em inglês)

As parcerias estratégicas também são conhecidas como alianças estratégicas. A diferenciação que vamos adotar aqui é a existência de um contrato que estabelece uma relação comercial, apesar de que os dois conceitos se sobrepõem e podem ser considerados sinônimos.

Veja a definição no nosso glossário, que mostra como as duas definições são semelhantes. No final do verbete do glossário afirmamos que: 

“Veja que uma joint venture pode ser considerada uma parceria estratégica.

Uma relação de fabricante e fornecedor pode ser considerada uma parceria estratégica, desde que a contribuição do fornecedor para a proposição de valor ou operação do fabricante seja estratégica e não uma transação de fornecimento sem um diferencial competitivo.”

Parcerias de risco

Este termo é ambíguo, que advém do termo risco. Em inglês temos dois termos utilizados no contexto da inovação que significam risco: “venture” e “risk”. Ambos podem ser usados neste contexto.

  • “Parceiros de venture”

Os “parceiros de venture” são aqueles que se arriscam juntamente com a corporação ou startups para inovar. Essas parcerias podem ser consideradas um tipo de aliança estratégica. O foco aqui é o investimento financeiro do parceiro no projeto de inovação da corporação.

Quando não se trata de uma parceria puramente financeira, ela se encaixa nas parcerias estratégicas. Isso porque essas parcerias possuem um risco associado.

  • “Parceiros de risk”

Os “parceiros de risk” são empresas que garantem a liquidez das corporações em momentos de crise financeira. Nesses casos, de acordo com Germanos e Vilibor (2009), 

“a relação comercial, antes baseada na troca de bens ou serviços por um determinado preço, é sofisticada com o estabelecimento de acordos que transmitem ao fornecedor parcela dos custos ou riscos do bem ou serviço tomado. Em contrapartida, a empresa garante ao fornecedor a divisão dos resultados futuros do empreendimento, à proporção do investimento absorvido. Assim os empresários diluem custos, riscos e incertezas de mercado, para que possam compartilhar dos ganhos e benefícios no final do processo.”

  • Contratação de seguradoras

Essa prática também é normal em projetos de inovação que preveem um grande investimento. Nesses casos são realizados contratos com seguradoras para cobrir eventuais perdas que possam ocorrer no desenvolvimento de um produto, como o exemplo da indústria aeronáutica.

  • Gestão de risco de fornecedores

Outra prática relacionada com a parceria de risco (risk) é a gestão de risco de fornecedores. Essa é a razão pela qual as corporações possuem regras de governança a serem aplicadas na contratação de fornecedores. Existem muitos fatores que podem causar um risco na contratação de um fornecedor, tais como:

  • ausência de documentação regulatória
  • inconformidades trabalhistas
  • infrações ambientais
  • corrupção
  • problemas financeiros

Uma contratação de um fornecedor pode trazer riscos de um projeto de inovação falhar ou até o risco de imagem, que podem influenciar negativamente a reputação da empresa com consequências na marca.

Um exemplo que ficou famoso foi o das empresas de chocolate comprarem cacau de fazendas que aplicavam o trabalho escravo infantil, como mostrado nessa reportagem:
https://thegreenestpost.com/7-fabricantes-de-chocolate-que-financiam-o-trabalho-escravo-infantil/ Acesso em: 19/9/2022

O outro lado da gestão de risco de fornecedores é a burocracia que ela introduz na contratação de startups para realizarem provas de conceito (POC) ou protótipos. Por isso, nesses casos a ambidestria organizacional deve operacionalizar uma outra organização que não segue as regras de compliance, que resultam em processos mais ágeis de contratação e relacionamento com startups.

Parcerias de tecnologia

É quando uma empresa fecha alianças ou contratos com fornecedores de tecnologia, desde o início do desenvolvimento de um projeto de inovação, pois a empresa não possui a capabilidade necessária para desenvolver essas tecnologias.

Um exemplo é o caso da GA Telesis, que se tornou fornecedora exclusiva de componentes aviônicos para os jatos da Embraer.

Seria considerada uma simples transferência de tecnologia se as duas empresas não colaborassem intensamente durante o desenvolvimento da tecnologia.

Essas parcerias de tecnologia podem ser consideradas alianças estratégicas ou mesmo parcerias estratégicas, pois existem contratos nessas relações. Em alguns casos, podem até ser consideradas parcerias de risco, quando o pagamento do parceiro depende da venda dos produtos / serviços.

Parcerias de co-desenvolvimento

É quando uma parte do desenvolvimento de uma oferta é realizada por parceiros. Existem algumas modalidades de co-desenvolvimento:

  • contratação de serviços de empresas de design para apoiar as fases iniciais de desenvolvimento
  • contratação de empresas de consultoria para realizar atividades específicas, como simulações do comportamento estático e dinâmico de componentes e subsistemas; pesquisas de mercado; levantamento de requisitos; pesquisas etnográficas para entendimento de clientes; pesquisas de opinião; pesquisas de sentimentos e imagem em redes sociais; etc.
  • relação com fornecedores de uma cadeia de valor já estabelecida para “delegar” o desenvolvimento de um sistema ou subsistema de um produto. É o exemplo da relação entre montadoras automotivas e seus fornecedores de equipamentos originais

Por exemplo, a empresa AKAER realiza serviços de detalhamento e simulação de sistemas e subsistemas aeronáuticos para a Embraer, entre outras. Veja no link os serviços prestados pela AKAER: https://www.akaer.com.br/nossa-oferta/ 

Referências

Germanos, R.P. & Vilibor, K. U. C. (2009). As parcerias de risco como alternativa à quebra contratual. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/89848/as-parcerias-de-risco-como-alternativa-a-quebra-contratual Acesso em: 19/9/2022

Klotzle, M. C. (2002). Alianças Estratégicas : Conceito e Teoria. Revista de Administração Contemporânea, 85–104. https://doi.org/10.1590/S1415-65552002000100006

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