Estratégia CTO - Configure-to-order
CTO é uma das estratégias de atendimento de pedidos de clientes, que ocorre quando a empresa oferece a possibilidade do cliente selecionar algumas opções (módulos, funcionalidades, características, acessórios etc.) de configuração para que o produto atenda a requisitos específicos do cliente. Esta estratégia pode ser a entrada para as estratégias de produção MTO (Make-to-order) ou ATO (Assemble-to-order).

Esta seção é um detalhamento da seção “Estratégias de atendimento de pedidos de clientes.

Introdução

Esta seção discute a estratégia de atendimento de pedidos conhecida como configure-to-order (ETO), que  é frequentemente traduzida para o português como engenharia sob encomenda. O significado desta estratégia seria “realizar a engenharia (desenvolvimento do produto e/ou serviço) após a entrada do pedido (order) do cliente”.

Na introdução da seção principal explicamos porque adotamos o termo “estratégia de atendimento de pedidos” ao invés de outros termos usualmente utilizados.

Posicionamento da estratégia CTO

A próxima figura ilustra a posição da estratégia CTO em comparação com outras estratégias de atendimento de pedidos.

Figura 1244: exemplo típico de uma sequência de processos / atividades de uma cadeia de suprimentos e posicionamento do pedido do cliente nesta cadeia de acordo com diferentes estratégias de atendimento do pedido
(clique na figura para baixar o mapa de conteúdo correspondente com os links para todas as seções)

Conheça a seção principal das “estratégias de atendimento de pedidos”, que remete às outras estratégias ilustradas na figura acima.

Ponto de desacoplamento do pedido do cliente (CODP)

Um conceito importante no contexto dessas estratégias de atendimento de pedidos é o ponto de desacoplamento do pedido, conhecido pelo acrônimo em inglês CODP (customer order decoupling point), ilustrado na próxima figura.

Figura 1248: ponto de desacoplamento do pedido do cliente (CODP) relacionado com as estratégias de atendimento do pedido do cliente
Fonte: adaptado de Harfeldt-Berg, M. (2024)
(clique na figura para baixar o mapa de conteúdo correspondente com os links para todas as seções)

Segundo no nosso glossário (baseado em Hagfeldt-Berg, 2024), ...

 ... ponto de desacoplamento (CODP) é o ponto na cadeia de valor onde o fluxo de materiais movido por previsões se separa do fluxo movido por pedidos reais dos clientes.

Até o CODP, as operações são baseadas em previsões de demanda, com foco na eficiência e no planejamento antecipado.

A partir do CODP, as operações são direcionadas por pedidos específicos dos clientes, priorizando flexibilidade e capacidade de resposta.

Essa distinção entre operações upstream (baseadas em previsão) e downstream (baseadas em pedidos) tem implicações estratégicas significativas para a gestão da cadeia de suprimentos, influenciando decisões sobre estoque, produção sob encomenda, customização em massa, design modular e práticas de sustentabilidade

Definição da estratégia CTO

Segundo Slot et al. (2023), Configure-to-Order (CTO) é uma estratégia de atendimento de pedidos utilizada em ambientes, nos quais os produtos são configurados a partir de componentes modulares para atender às necessidades específicas do cliente.

Esta abordagem é aplicada a um ambiente de produção onde estratégias como “resource-to-plan (RTO)”,  “make-to-order” e “assemble-to-order (ATO)” coexistem, permitindo que os recursos sejam comprados, os produtos sejam fabricados e montados conforme os pedidos personalizados dos clientes, em um contexto de alta variabilidade de demanda e incerteza de pedidos.

O CTO caracteriza-se pela flexibilidade e adaptabilidade dos produtos, processos e sistemas, exigindo constantes mudanças na configuração dos processos, no planejamento de recursos e na comunicação entre as partes envolvidas.

Para lidar com essa complexidade, as empresas que adotam CTO geralmente implementam estruturas de informação versáteis, capazes de fornecer suporte adequado à tomada de decisão, permitindo alinhar melhor os processos produtivos com as variações nos pedidos dos clientes.

Confira no glossário as seguintes definições:
configuração
configuração de produto
customização
personalização
customização em massa

Quando utilizar a estratégia CTO?

  • Alta customização dos produtos: CTO é recomendado quando os clientes desejam customizar produtos escolhendo entre várias opções e configurações, mantendo a estrutura básica do produto. Isso atende a mercados que buscam personalização moderada.
  • Eficiência e flexibilidade na produção: CTO é uma abordagem ideal para empresas que buscam flexibilizar suas operações de produção, adaptando-se rapidamente às preferências dos clientes, sem necessidade de grandes alterações na linha de montagem.
  • Necessidade de modulação e configuração de produtos: Quando os produtos são projetados para serem modulares e configuráveis, o CTO se torna vantajoso, pois permite que o cliente selecione diferentes módulos, resultando em um produto final que atende exatamente às suas especificações.

Processo CTO

  • Recebimento e configuração do pedido: O cliente realiza o pedido preferencialmente por meio de plataformas online ou software de configuração específico, onde pode selecionar as opções desejadas de forma detalhada. No caso de atendimento presencial, o vendedor utiliza um software de configuração para registrar as preferências do cliente. O objetivo é garantir que as necessidades do cliente sejam claramente registradas e atendidas ao longo do processo produtivo, e que todas as especificações sejam precisas e consistentes.”
  • Geração da lista de materiais (BOM): O software cria uma lista de materiais necessária para montar o produto conforme especificações do cliente.
  • Planejamento da produção: Determina-se a quantidade de produtos que podem ser fabricados e os recursos necessários.
  • Verificação de estoque: Verifica-se a disponibilidade dos componentes necessários e, caso estejam em falta, há necessidade de buscar novos fornecedores.
  • Avaliação se deve comprar material (aplicação da RTO), fabricar (aplicação da MTO) ou diretamente montar (ATO).
  • Produzir (fabricar e montar) e entregar: são os processos subsequentes (veja na figura 1244 anterior).

Premissas, cuidados, dicas e melhores práticas

  • Uso de sistemas de configuração: Empresas que utilizam CTO devem contar com softwares avançados, como configuradores, para facilitar a personalização dos pedidos, garantindo precisão nas especificações e minimizando erros de configuração.
  • Modularidade do produto: A modularidade é essencial para facilitar a configuração e reduzir a complexidade do processo de montagem. Projetar produtos com componentes modulares permite atender diferentes configurações sem a necessidade de grandes alterações no processo produtivo.

Produtos configuráveis devem ser projetados com módulos claros e intercambiáveis, permitindo personalização sem alterar toda a estrutura. A modularidade precisa estar alinhada com a padronização dos sistemas, subsistemas e componentes. Essa padronização facilita a reutilização, reduz custos e simplifica a produção.

Benefício: A padronização garante que a customização seja eficiente, mantendo consistência na qualidade e simplificando o processo de montagem.
Desafio: Equilibrar flexibilidade de customização com limites de padronização para evitar complexidade excessiva.

Veja na seção sobre a estratégia ATO (assemble-to-order) os tópicos:
– Perfis da estrutura de produto
– Aplicação da estratégia CTO considerando os perfis da BOM
– Modularização da estrutura de produto

  • Treinamento da equipe: Funcionários devem ser treinados para entender a lógica de configuração dos produtos, além de saber utilizar os sistemas de software de configuração e gestão. Isso assegura que a customização ocorra conforme as necessidades do cliente e dentro dos limites da produção.
  • Gerenciamento de estoque de componentes: Manter um estoque de componentes padrão é fundamental para que o processo CTO seja ágil. A disponibilidade dos módulos principais ajuda a evitar atrasos, especialmente se a estratégia associada for Assemble-to-Order (ATO).
  • Comunicação clara com o cliente: É importante manter uma comunicação clara sobre as opções de personalização disponíveis e os prazos envolvidos. Definir expectativas realistas desde o início ajuda a evitar problemas posteriores relacionados à entrega ou alterações.
  • Integração de dados em tempo real: Para garantir eficiência e precisão, é essencial ter integração de dados em tempo real entre as etapas de configuração, produção e entrega. Utilizar ERPs modernos e configuradores que se comunicam com sistemas de manufatura permite uma resposta rápida às solicitações dos clientes.
  • Manutenção da qualidade: Mesmo em um ambiente de configuração sob demanda, é importante garantir que a qualidade dos produtos seja consistente. Para isso, o controle de qualidade deve ser integrado desde as fases iniciais do processo, minimizando os riscos de falhas em produtos personalizados.

Vantagens e Desvantagens

Vantagens

  • Atendimento das preferências e necessidades:  Possibilita oferecer produtos customizados conforme as preferências dos clientes, aumentando a satisfação. Produzir conforme o pedido do cliente garante que o produto final atenda às suas necessidades específicas.
  • Minimização de estoques de produtos acabados: CTO reduz a necessidade de manter grandes estoques de produtos acabados, permitindo produzir sob demanda, o que resulta em menor custo de armazenamento e risco de obsolescência. No caso da associação com ATO, existirá um estoque de itens intermediários.
  • Redução de custos de fabricação: Como a produção ocorre após o pedido, a empresa reduz custos associados ao excesso de estoque e armazenamento de produtos.
  • Redução de prazos de produção: No caso de associação com Assemble-to-Order (ATO), o CTO é adequado para empresas que desejam otimizar o tempo de resposta aos pedidos dos clientes, garantindo que as configurações sejam feitas de maneira eficiente, encurtando o ciclo de entrega do produto. O prazo é determinado pelo tempo de montagem. Mas se a CTO estiver associada às estratégias Resource-to-Order (RTO) ou Make-to-Order (MTO), o prazo de entrega será impactado pelo tempo de aquisição dos materiais e produção.

Desvantagens

  • Risco de falta de estoque de componentes: Como os produtos são montados sob demanda (na associação com ATO), pode haver escassez de componentes, impactando os prazos de entrega.
  • Dificuldade na previsão de demanda: A variabilidade dos pedidos torna a previsão de demanda mais complexa, o que pode dificultar o planejamento de produção.
  • Lead time (tempo de entrega) prolongado: Em ambientes onde existem muitas variáveis de configuração, há um risco maior de que os prazos de entrega sejam prolongados devido à complexidade envolvida. Além disso, dependendo da configuração necessária e da estratégia de produção subsequente (nos casos de associação com RTO ou MTO), o prazo de entrega pode ser mais longo, especialmente quando envolve componentes que não estão disponíveis em estoque.
  • Complexidade aumentada na gestão de opções personalizáveis: A ampla variedade de opções de personalização exige maior esforço para gerenciar e coordenar configurações complexas.
  • Necessidade de sistemas de software sofisticados: Implementar e rastrear configurações complexas demanda ferramentas de software avançadas, como sistemas CPQ, ERP, CAD e PLM integrados (veja o próximo tópico sobre ferramentas de apoio).
  • Curva de aprendizado mais longa para a equipe: A necessidade de compreender os sistemas e processos de configuração resulta em um tempo maior para treinar os funcionários adequadamente.

Métodos, ferramentas e exemplos

Os  métodos, ferramentas e exemplos estão na seção principal sobre estratégias de atendimento de pedidos dos clientes, porque muitos deles são aplicados em mais de uma estratégia.

Vá para o tópico desejado na seção principal onde indicamos para quais estratégias os métodos, ferramentas e exemplos são indicados:

Apoio do chatGPT

As referências citadas no próximo tópico foram estudadas e trechos delas foram combinados e alimentados no chatGPT para resumir, combinar, tirar redundâncias e traduzir. Dessa forma foi criada a versão inicial da versão desta seção. A partir deste ponto, foram realizadas mais de 100 iterações durante alguns dias, quando novos trechos foram alimentados e “discussões” com o autor humano foram realizadas para se chegar a um consenso, aprovado pelo autor. 

Essas diversas versões foram então revisadas e reformuladas, quando necessário, para chegar na versão final que foi publicada. Em seguida essa versão foi revisada por um especialista.

Referências

Essas são as referências utilizadas para a construção de todas as seções relacionadas com as estratégias de atendimento de pedidos dos clientes. Por este motivo, elas são listadas em todas as seções. No entanto, uma seção específica não necessariamente foi baseada em todas as referências.

Atan, Z., Ahmadi, T., Stegehuis, C., Kok, T. de, & Adan, I. (2017). Assemble-to-order systems: A review. European Journal of Operational Research, 261(3), 866–879. https://doi.org/10.1016/j.ejor.2017.02.029

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Deskera (2024). A Complete Guide to - Configure-To-Order (CTO) Manufacturing. Disponível em: https://www.deskera.com/blog/configure-to-order/ Recuperado em: outubro, 2024.

Harfeldt-Berg, M. (2024). The role of the customer order decoupling point in operations and supply chain management.Department of Mechanical engineer, Lund University.

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ERP-information.com (2024). What is Assemble-To-Order (ATO)? – Examples, Pros and Cons. Disponível em: https://www.erp-information.com/assemble-to-order-ato Recuperado em: outubro, 2024.

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