Glossário: Arquitetura organizacional

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A arquitetura organizacional é descrita como um framework que engloba tanto as estruturas formais quanto as relações informais dentro de uma organização. Ela abrange os blocos de construção intangíveis, como as dinâmicas de grupo e o comportamento humano, e reflete a coleção de estruturas e relacionamentos que conferem à organização sua funcionalidade e “sentimento” particular. A arquitetura organizacional serve como uma estrutura para o design organizacional, auxiliando na compreensão e previsão das inter-relações entre indivíduos, grupos, seu trabalho e os objetivos gerais da organização (Nadler & Tushman, 1997).

Arquitetura ou design organizacional?

Como colocado na wikipedia em inglês, o termo “arquitetura organizacional” também é conhecido como “design organizacional”. Mas ressaltamos que o termo “design” é polissêmico e, portanto, ambíguo. Ele pode significar o “processo de design” ou o “resultado do design”.

Porém na flexM4i, adotamos que o processo de “design organizacional” resulta em uma “arquitetura organizacional”, como ilustra a próxima figura.


Figura 1217: Design organizacional (processo) resulta em uma arquitetura organizacional

No entanto, utilize o termo mais alinhado com a cultura de sua empresa. Você pode denominar o resultado como design organizacional e vice-versa.

Conheça o verbete sobre (o processo) de design organizacional.

Síntese dos elementos da arquitetura organizacional

Como não há consenso sobre quais são os elementos de uma arquitetura organizacional, apesar de as definições serem semelhantes, ilustramos a seguir uma figura que sintetiza esses elementos. Após a descrição desses elementos, mostramos as fontes das quais derivamos essa síntese.

Figura 1201: elementos da arquitetura organizacional suas inter-relações e a estratégia
Adaptado de: Galbraith, J. R. (2014)

A figura anterior é inspirada no “modelo estrela” de Galbraith, J. R. (2014), ao qual:
– indicamos que a inserção da arquitetura organizacional dentro da arquitetura de negócios;
–  colocamos a estratégia (que está no “modelo estrela”) fora do contexto da arquitetura organizacional, mas mostrando sua relação com todos os elementos da arquitetura organizacional;
–  adicionamos os elementos “clima organizacional” e  “cultura organizacional”. 

A arquitetura organizacional está inserida na arquitetura de negócios e todos seus elementos devem estar alinhados com a estratégia, que geralmente é definida anteriormente. No entanto, a influência não é unidirecional, ou seja, depois de definidos e durante o ciclo de vida de uma empresa, os demais elementos também influenciam a estratégia.

Como ilustra a figura anterior, a arquitetura organizacional abrange:

  • a estrutura organizacional,
  • os processos e a governança
  • as pessoas e a liderança,
  • os sistemas de indicadores e incentivos
  • o clima organizacional e
  • a cultura organizacional

As ligações entre os elementos da figura anterior mostram que todos os elementos se influenciam mutuamente em todas as direções.

Cultura organizacional

Embora a cultura seja um dos componentes da arquitetura organizacional, ela não é diretamente controlável, pois ela é moldada e influenciada pelos outros elementos ilustrados na figura e pelos pressupostos básicos, crenças e valores da organização.

Fontes de definições e descrições dos elementos de uma arquitetura organizacional

A arquitetura organizacional é composta por quatro elementos, que são determinados pela estratégia, pois “a estratégia é a direção na qual a empresa pretende crescer. Ela é estabelecida para que as pessoas na organização saibam como devem orientar seu próprio comportamento. A estratégia também é importante para determinar e fazer escolhas” (Galbraith, 2014). Os quatro elementos da arquitetura são:

  • estrutura: diz respeito à distribuição de poder e autoridade ao longo de uma hierarquia. 
  • processos: os processos (de informação e decisão) são as maneiras pelas quais o trabalho é realizado nas organizações. É útil pensar na estrutura da organização como a anatomia e nos processos como a fisiologia. Existem três tipos de processos: 1) processos informais ou voluntários (o velho boca a boca ou conversa de corredor que costumávamos referir e que agora ocorre nas redes sociais); 2) processos de negócios;  3) processos de gestão.
  • pessoas: A dimensão de pessoas no design organizacional foca em escolher os conjuntos de habilidades e mentalidades que se alinham com a estratégia da empresa.
  • incentivos: O propósito do sistema de recompensas da organização é a motivação. As organizações consistem em vários indivíduos, cada um com seus próprios objetivos privados e pessoais. O sistema de recompensas é projetado para alinhar os objetivos desses indivíduos com os objetivos da organização. O sistema de recompensas pode ser composto por uma combinação de: práticas de compensação; promoções; sistema de recompensas e desafios do cargo / função da pessoa.
Segundo Galbraith (2014), a cultura não é um dos elementos da arquitetura organizacional porque os líderes não podem controlar diretamente a cultura. Eles podem mudá-la ao realizar mudanças nos quatro elementos.

A arquitetura organizacional (*) é “o conjunto de processos, estruturas, pessoas e modelo de liderança utilizados em determinada empresa. A combinação desses fatores determina como a empresa vai se portar diante dos desafios da inovação. Não há uma fórmula para desenhar uma companhia, pois existem diversos modelos de negócios, estruturas competitivas de mercado, tipos de produtos e vários outros fatores que influenciam na escolha do melhor design para uma organização” (Waengertner, 2018).

(*) Waengertner (2018) citou como design organizacional, que modificamos para arquitetura, como explicamos no final deste verbete no quadro “arquitetura ou design organizacional?”.

A arquitetura organizacional compreende três aspectos críticos da organização corporativa (Brickley et al., 2016):

  • a atribuição de direitos de decisão dentro da empresa, 
  • os métodos de recompensar os indivíduos, e 
  • a estrutura dos sistemas para avaliar o desempenho tanto dos indivíduos quanto das unidades de negócio.

Arquitetura Organizacional refere-se aos mecanismos coletivos, incluindo regras, estruturas de governança e sistemas de recompensas, que são especificamente desenhados para organizar, coordenar e promover a criatividade e a inovação dentro do framework operacional de um coletivo (Acar et al., 2024).

Na publicação de Acar et al. (2024), a arquitetura organizacional é composta com a arquitetura cognitiva e a arquitetura social no contexto de uma revisão sobre criatividade coletiva e inovação.
Por isso, alguns elementos, como as inter-relações não são citadas na definição, pois fazem parte da arquitetura social. 

A arquitetura organizacional é composta por (Watkins, 2013):

  • Direção estratégica: Envolve a missão, visão e estratégia da organização, definindo o rumo que a empresa deve seguir para alcançar seus objetivos.
  • Estrutura: Refere-se a como as pessoas estão organizadas em unidades dentro da organização e como o trabalho delas é coordenado, medido e incentivado. Uma estrutura bem definida ajuda a garantir que os recursos sejam alocados de maneira eficiente e que as atividades estejam alinhadas com os objetivos estratégicos.
  • Processos: Incluem os sistemas e métodos utilizados para agregar valor, processando informações e materiais de forma eficiente. Esses processos são essenciais para transformar entradas em saídas que atendam às expectativas dos clientes e demais stakeholders.
  • Habilidades: Dizem respeito às capacidades e competências dos principais grupos de pessoas na organização. Ter as habilidades certas em lugar permite que a organização execute sua estratégia de maneira eficaz e se adapte às mudanças do ambiente externo.
  • Cultura organizacional: Cultura Organizacional são as crenças, comportamentos e pressupostos compartilhado por indivíduos de uma organização, que inclui procedimentos, valores e normas implícitas para lidar com seus problemas de adaptação externa e integração interna, e que tem funcionado bem o bastante para ser considerado válido, e, portanto, para ser ensinado para novos membros da organização como a forma correta para perceber, pensar, e sentir ao enfrentar esses problemas (Harrington, 2018).
Segundo Watkins (2013), os 4 primeiros elementos precisam estar alinhados: direção estratégica, estrutura, processos e habilidades.

Ele ainda acrescenta que “Lembre-se de que a cultura não é algo que você pode mudar diretamente. Ela é fortemente influenciada pelos quatro elementos da arquitetura organizacional, bem como pelos comportamentos de liderança. Isso implica que, para mudar a cultura, você precisa mudar a arquitetura, além de reforçar o que está tentando fazer com a liderança adequada.”

A arquitetura organizacional voltada para a transformação digital pode ser definida como um conjunto de componentes e práticas que sustentam a cultura e a estrutura organizacional de uma empresa para facilitar sua adaptação e evolução no contexto da transformação digital. A estruturação apropriada desses dois componentes promove e integra a transformação digital de forma estratégica dentro da empresa. Ela envolve a criação de uma organização ágil, coordenada e capaz de se adaptar rapidamente às novas exigências tecnológicas e de mercado (Verma et al., 2023): 

  • Cultura Organizacional: Inclui elementos como visão reformulada, compromisso digital, mentalidade de inovação, liderança transformacional digital, competências pertinentes, e proatividade. Esses aspectos da cultura organizacional são fundamentais para impulsionar e sustentar a transformação digital.
  • Estrutura Organizacional: Refere-se a formas ágeis de organização, coordenação interfuncional, e áreas funcionais digitais que apoiam a adaptação organizacional às demandas da era digital.

Acar, O. A., Tuncdogan, A., van Knippenberg, D., & Lakhani, K. R. (2024). Collective Creativity and Innovation: An Interdisciplinary Review, Integration, and Research Agenda. In Journal of Management (Vol. 50, Issue 6). https://doi.org/10.1177/01492063231212416

Brickley, J. A., Smith, C. W., Zimmerman (2016). Managerial economics and organizational architecture (6th edition). McGraw-Hill Education.

Galbraith, J. R. (2014). Designing organizations: Strategy, structure, and process at the business unit and enterprise levels. John Wiley & Sons.

Harrington, H. J. (2018). Innovative change management (ICM): Preparing your organization for the new innovative culture. CRC Press

Nadler, D. & Tushman, M. (1997). Competing by design: The power of organizational architecture. Oxford University Press.

Verma, P., Kumar, V., Yalcin, H., & Daim, T. (2023). Organizational architecture of strategic entrepreneurial firms for digital transformation: A bibliometric analysis. Technology in Society, 75(August), 102355. https://doi.org/10.1016/j.techsoc.2023.102355

Waengertner, P. (2018). A estratégia da inovação radical: como qualquer empresa pode crescer e lucrar aplicando os princípios das organizações de ponta do Vale do Silício. Editora Gente Liv e Edit Ltd.

Watkins, M. (2013). The first 90 days: Proven strategies for getting up to speed faster and smarter, updated and expanded. HBS Press.

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