“Espaço” de inovação
flexM4I > abordagens e práticas > “Espaço” de inovação (1.3)
Autoria: Henrique Rozenfeld (roz@usp.br)
Classificação desta prática
- prática organizacional de gestão da inovação com foco no ambiente físico
- uma das práticas de inovação / empreendedorismo corporativo & intraempreendedorismo
- essa “área” pode participar de iniciativas de inovação aberta
- nesses casos, ela deve se envolver com um ecossistema de inovação.
Descrição resumida
Recomendamos que você leia antes as práticas “área” de P&D e “setor” de inovação.
Colocamos o termo “espaço” entre aspas porque em cada empresa pode ter uma denominação diferente, tais como, laboratório de inovação, sala de ideação, labs de novos negócios, laboratório de experimentação etc. Utiliza-se também o termo “labs” para substituir a palavra “laboratório”.
Utilize o termo mais alinhado com a cultura da sua empresa.
Nesta seção apresentamos algumas características do espaço físico.
No final desta seção mostramos a relação desta prática com outras, tais como espaço maker e Fab Lab. |
Criação de um espaço para inovação
Empresas que praticam a ambidestria organizacional, criam espaços específicos para as atividades de exploration, quando, por exemplo, procuram criar novos modelos de negócios.
A MJV consultoria lançou um guia prático para criação de um laboratório de inovação (de acesso gratuito). Veja que a MJV denomina de laboratório de inovação o espaço físico e não uma unidade organizacional. A denominação de laboratório de inovação é bem comum nas empresas:
https://content.mjvinnovation.com/pt-br/ebook/guia-pratico-do-laboratorio-de-inovacao
Um resumo deste guia está neste post:
https://www.mjvinnovation.com/pt-br/blog/laboratorios-de-inovacao-o-que-e-como-criar/
Efeitos de um espaço
Moultrie et al. (2007) realizaram um estudo sobre o efeito dos espaços de inovação em empresas para propor um framework, que possa ser utilizado para que as empresas possam construir esses espaços. Eles concluem que
“um ambiente propício para inovação pode fazer parte da estratégia de inovação das empresas e pode influenciar positivamente o desempenho em inovação. Assim, o ambiente deve ser aspecto consciente (em vez de ad hoc) de qualquer estratégia de inovação. Além disso, se uma empresa investir recursos na criação de um ambiente de inovação, então é essencial que as intenções estratégicas subjacentes a este espaço sejam explícitas.”
No entanto, só a construção do espaço não é suficiente se as outras condições, descritas ao longo das perspectivas da flexM4I não forem dadas. Principalmente as perspectivas da cultura organizacional e pessoas com repertório, além dos processos, métodos e recursos apropriados.
Os autores indicam que o objetivo de uso do ambiente físico também influencia os resultados e devem ser considerados na arquitetura do ambiente. Exemplos de objetivos são:
- representar simbolicamente a estratégia de inovação da empresa e os valores corporativos
- reduzir custos de inovação, melhorar a produtividade do time
- melhorar a qualidade dos resultados da inovação
- aumentar a quantidade e qualidade das novas ideias
- fomentar o trabalho em equipe
- encorajar uma melhor comunicação e as interações formais e informais
- motivar as pessoas
- permitir a participação de clientes em estágios específicos do desenvolvimento da inovação
Exemplos de considerações:
Se o objetivo for melhorar a comunicação do time, o ambiente físico precisa ter espaços flexíveis e área para contato social informal
Se a intenção for gerar ideias radicais, o ambiente precisa ser lúdico para tirar o time da situação rotineira, assim como proporcionar fontes físicas ou visuais de inspiração.
Informações adicionais
Piccinini, H. S. (2021) realizou um trabalho quantitativo de análise da influência do ambiente físico no desempenho de inovação. Uma das correlações identificadas foi que ..
“uma cultura organizacional que promova a colaboração entre os diferentes stakeholders beneficiar-se-ia de um ambiente físico cujo layout e morfologia facilitam interações, ao mesmo tempo em que se atenda à necessidade de privacidade e de acesso a equipamentos adequados. Outro exemplo de tal relação entre fatores é a morfologia do espaço, que pode promover encontros fortuitos entre usuários, criando condições para que novas e inesperadas relações pessoais e, indiretamente, de trabalho possam surgir.”
Graciola et al. (2016) mostraram que “a satisfação com o ambiente construído apresenta maior impacto sobre a criação de conhecimento, nas áreas da tecnologia e aprendizagem.
Possíveis arquiteturas organizacionais
Este tópico é recomendado somente para os leitores dos níveis de detalhamento avançado.
Na flexM4i temos seções que discutem separadamente algumas práticas, que se confundem com elementos organizacionais, relacionadas com o assunto desta seção, mas que em cada empresa pode ter uma conotação diferente. Neste tópico mostramos como eles podem se relacionar para que a sua empresa adote a arquitetura organizacional mais apropriada para o nível de maturidade atual dela e seu ecossistema.
Alternativas
- usamos o termo genérico “espaço” de inovação para denominar um espaço físico para apoiar a inovação. Este espaço pode conter um espaço maker ou um Fab Lab.
- usamos o termo genérico “setor” de inovação para denominar um setor responsável pela orquestração da inovação, que em algumas empresas é a própria “área” de P&D. É relacionado com a inovação corporativa / gestão da inovação.
- usamos o termo genérico “área” de P&D para denominar uma unidade organizacional onde se realizam as pesquisas e desenvolvimentos de tecnologias, produtos, serviços, processos etc. No entanto, o novo significado de P&D, descrito no tópico “reinventando o P&D”, torna este termo semelhante com “setor de inovação”.
- “hub ou centro” de inovação em uma empresa (corporativo) está relacionado com o corporate venturing, com foco na construção de um ecossistema e com iniciativas de criação / conexão com startups. O hub promove a inovação aberta dentro do contexto da hélice tríplice.
- em algumas empresas o “setor” e o “hub” de inovação podem estar integrados e podem incluir o P&D.
- existem outros tipos de hubs de inovação, que não fazem parte de uma empresa (veja a seção correspondente)
- a estrutura organizacional em geral é composta ainda por elementos organizacionais (departamentos, áreas etc.) e times multidisciplinares (como squads etc.), que realizam atividades de inovação, inseridos ou não nos elementos citados anteriormente
- e não devemos esquecer que todos podem inovar, como discutido no intraempreendedorismo, integrado com a inovação corporativa.
Conheça os tipos de arranjos organizacionais para apoiar a ambidestria organizacional, que mostra o hub de inovação como uma opção apropriada para desenvolvimento de inovações de exploração (exploitation). |
Elementos organizacionais versus práticas de inovação
Não existe uma arquitetura organizacional universal para acomodar essas práticas organizacionais relacionadas com a inovação. A próxima figura ilustra as diferentes abrangências dessas práticas. As linhas pontilhadas mostram a possível expansão da abrangência de um elemento organizacional.
Figura 917: ilustração de possíveis abrangências dos termos que indicam elementos da estrutura organizacional e suas relações com práticas da inovação / empreendedorismo corporativo & gestão da inovação
Crie (e experimente) uma estrutura para aprender (vai mudar constantemente); e utilize o termo mais alinhado com a cultura da sua empresa.
Referências
Graciola, A. P., Bebber, S., D’Arrigo, F. P., Fachinelli, A. C., Milan, G. S., & Toni, D. D. (2016). Influência do ambiente físico de trabalho na criação do conhecimento nas organizações. Perspectivas em Ciência da Informação, 21, 66-83.https://doi.org/10.1590/1981-5344/2407
Moultrie, J., Nilsson, M., Dissel, M., Haner, U., & Janssen, S. (2007). Innovation Spaces : Towards a Framework for Understanding the Role of the Physical Environment in Innovation. 16(1), 53–65. https://doi.org/10.1111/j.1467-8691.2007.00419.x
Piccinini, H. S. (2021). A influência do ambiente físico no desempenho de inovação de organizações. Dissertação de mestrado da Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia. https://comum.rcaap.pt/handle/10400.26/37327
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