Adotamos na flexM4I, o seguinte significado para o termo prática, como uma síntese do que apresentaremos a seguir:
uma atividade profissional ou gerencial associada à aplicação de conhecimentos, habilidades, metodologias, métodos, ferramentas e técnicas para a execução de um processo.
Como a atividade está associada aos elementos listados e vice-versa, um método ou uma ferramenta (por exemplo), pode ser considerada uma prática.
Definições referenciadas (selecionadas):
- “Um tipo específico de atividade profissional ou gerencial que contribui para a execução de um processo e que pode empregar uma ou mais técnicas e ferramentas” (PMI, 2013).
- Práticas são maneiras aceitas de se realizar “coisas”, que são compartilhadas entre pessoas e rotinizadas com o tempo (Vaara & Whittington, 2012).
- Práticas são arranjos de atividades humanas organizadas centralmente em torno de entendimentos práticos compartilhados. Esses arranjos são materialmente mediados e incorporados pelas pessoas (Schatzki, 2001 apud Killen et al., 2015).
- A prática é o que as pessoas fazem quando trabalham, sejam engajadas em atividades profissionais ou em qualquer outra forma. A prática atua como mediadora entre o agente individual e as instituições sociais (Killen et al., 2015).
- A prática é algo que os membros da organização fazem; uma atividade que depende de métodos, dados e dispositivos utilizados pela organização. O que os indivíduos são capazes de fazer torna-se possível por meio dos materiais, métodos e dispositivos usados (Killen et al., 2015).
A seguir seguem duas definições de “boa prática”
- “A aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas que podem aumentar as chances de sucesso de vários projetos” (PMI, 2013).
- “Técnica, metodologia, procedimento ou processo que foi implementado e melhorou os resultados de negócios para uma organização, satisfazendo algum cliente ou stakeholder (Jarrar & Zairi, 2000).
Observação: Os autores dessa última definição argumentam que o termo “melhores práticas” (best practices) depende do contexto, pois o que pode ser bom para um, pode não ser bom para outro. No entanto, eles definem que uma boa prática, que tenha sido confirmada como tal por muitas empresas e com base em uma análise (quantitativa) de dados de desempenho de processos, pode ser chamada de “melhor prática”. |
Se deduzirmos o significado de “prática” das duas definições anteriores de “boas práticas”, retirando o que se refere à condição “boa”, podemos concluir que prática é:
- A aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas
- Técnica, metodologia, procedimento ou processo
Essa conclusão foi utilizada na síntese que apresentamos no início deste verbete |
Se considerarmos esses significados acima, podemos inferir que o termo “práticas de inovação” adotado pela flexM4I representa:
- as atividades de inovação e
- uma generalização da aplicação de conhecimentos, abordagens, metodologias, métodos e ferramentas de inovação
- quando esses elementos forem instanciados em uma empresa, eles se tornam os processos da empresa e outros elementos da visão sistêmica associados, tais como estratégias, estrutura organizacional, indicadores, recursos, cultura, mentalidade etc.
- os processos representam as atividades e os procedimentos, regras, métodos e ferramentas utilizados na execução das atividades
- ou seja, uma das principais práticas das empresas são os seus processos, mas existem outras práticas
Veja a contextualização do uso deste termo na flexM4I consultando a seção “Termos que indicam tipos de conteúdos da flexM4I”. |
As discussões e definições mostradas a seguir são para os usuários interessados no nível de detalhamento avançado.
Existe uma ambiguidade neste termo, também na língua inglesa, que não existe em alemão.
- Prática (practice, Praxis em alemão) descreve o todo de uma ação humana (Reckwitz, 2002)
- Prática (practice, Pratik em alemão) é um comportamento humano de rotina, que consiste em vários elementos interconectados: atividades (físicas e mentais), “coisas” utilizadas, e conhecimentos em vários formatos (entendimento, know-how, emocional e motivacional) (Reckwitz, 2002)
Práticas (em português) podem representar tanto métodos e ferramentas (practices, Pratik), como realizar o trabalho (Praxis).
O papel ou identidade dos atores envolvidos na consecução de uma prática pode ser: practitioners, “praticantes”, especialistas. |
Segundo Feldman & Orlikowski, 2011, existem três perspectivas para se definir práticas:
- perspectiva empírica (fenômeno): reconhece o papel central das ações das pessoas para atingir os resultados organizacionais. Responde “o que são” as práticas. O foco está nas atividades do dia-a-dia, tanto das rotinas como nas improvisações necessárias;
- perspectiva teórica: apesar de também focar nas atividades diárias, esta perspectiva preocupa-se em “como” as práticas são realizadas. Explica a dinâmica das atividades;
- perspectiva filosófica: parte da premissa que a realidade social é fundamentalmente baseada em práticas. Esta perspectiva trata do “por que” uma prática é realizada.
A palavra “prática” é ambígua. Quando falamos da prática de um advogado, queremos dizer os tipos de coisas que ele faz, os tipos de clientes que ele tem, a variedade de casos que ele é chamado a tratar. Quando falamos de alguém praticando piano, no entanto, queremos dizer a atividade repetitiva ou experimental pela qual ele tenta aumentar sua proficiência no instrumento. No primeiro sentido, “prática” refere-se ao desempenho em diversas situações profissionais. No segundo, refere-se à preparação para a atuação. Mas a prática profissional também inclui um elemento de repetição. Um praticante profissional é um especialista que encontra certos tipos de situações repetidamente (Schön, 1983).
Feldman, M. S., & Orlikowski, W. J. (2011). Theorizing Practice and Practicing Theory. Organization Science, 22(5), 1240–1253. https://doi.org/10.1287/orsc.1100.0612
Jarrar, Y. F., & Zairi, M. (2000). Internal transfer of best practice for performance excellence: a global survey. Benchmarking: An International Journal, 7(4), 239–246. https://doi.org/10.1108/14635770010378882
Killen, C. P., Clegg, S., Biesenthal, C., & Sankaran, S. (2015). Time to make space for practice – based research in project portfolio management. Stream 21: Space and Time in Projects and Project Organizations. Asia Pacific Researchers in Organisational Studies (APROS)/European Group for Organization Studies (EGOS)., 1–17.
PMI. PMBoK – Guide to the project Management body of knowledge. 5th. ed. Pennsylvania: Project Management Institute, Inc., 2013.
Reckwitz, A. (2002). Toward a theory of social practices: A development in cultural theorizing. European Journal of Social Theory , 5 (2), 243‐263. 5(2), 243–263.
Schatzki, T. R. (2001). ‘Introduction: Practice Theory’. In T. Schatzki, K. K. Cetina & E. von Savigny (Eds.), The Practice Turn in Contemporary Theory (pp. 1-14). London: Routledge.
Schön, A. D. (1983). The Reflective Practitioner. Perseus Books, 53, 160p.
Vaara, E., & Whittington, R. (2012). Strategy-as-Practice – Taking Social Practices Seriously. The Academy of Management Annals, 6:1, 285-336 https://doi.org/10.1080/19416520.2012.672039
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