Balanced scorecard

Não olhe somente para resultados financeiros que refletem o passado 

flexM4I > abordagens e práticas > Balanced scorecard (versão 1.6)
Autoria: Henrique Rozenfeld (roz@usp.br)  

É um sistema de gestão estratégica, que equilibra a medição de resultados (indicadores), ao considerar perspectivas complementares à financeira, tais como: de clientes, dos processos internos e de aprendizado e crescimento organizacional. Considera ainda a relação de causa e efeito entre indicadores.

Definição 

É um sistema de gestão estratégica para traduzir e comunicar a visão e estratégias por meio do planejamento, estabelecimento, monitoramento e controle de metas a serem alcançadas segundo diversas perspectivas e não somente a financeira.

Com o balanced scorecard podemos relacionar os indicadores de desempenho, focar somente nos principais, trazer um resumo deles para a alta administração olhar para tendências futuras e não somente olhar para resultados do passado. Assim, a alta administração pode trabalhar proativamente em outras dimensões ou perspectivas do negócio que garantam os resultados financeiros do futuro.

É um sistema de gestão estratégica, que equilibra a medição de resultados (indicadores), ao considerar perspectivas complementares à financeira, tais como: de clientes, dos processos internos e de aprendizado e crescimento organizacional. Considera ainda a relação de causa e efeito entre indicadores.

Apesar do balanced scorecard (BSC) ser um sistema de gestão estratégica do desempenho, seus conceitos são frequentemente  utilizados para criar “somente” um conjunto estruturado de indicadores de desempenho, com relações de causa e efeito.

Ele deriva da estratégia da empresa e é um instrumento de gestão estratégica.

Processo, perspectivas e relação entre indicadores

Na figura abaixo ilustramos as fases do processo de utilização do BSC, ou seja, da criação do sistema de gestão de desempenho. No centro, colocamos as quatro perspectivas dos indicadores de desempenho:

  • financeira
  • de clientes
  • processos internos
  • aprendizado e crescimento organizacional

A figura também apresenta as principais etapas para se definir o sistema de medição de desempenho, propostas por Kaplan & Norton (1997), em seu livro “Estratégia em ação”, no qual eles mostram que o BSC é mais do que um sistema de estruturação de indicadores de desempenho.:

  • esclarecimento e tradução da visão e da estratégia
  • comunicação e vinculação da visão e estratégia com todos na empresa
  • planejamento e estabelecimento de metas a serem atingidas
  • feedback e aprendizado estratégico

Figura 454: ilustração do balanced scorecard: no centro estão as perspectivas dos indicadores de desempenho, direcionados pela visão e estratégia. Em volta são mostradas as principais etapas para se obter o sistema de medição de desempenho.

Você também pode realizar o download de uma apresentação que realizamos sobre este tema, na qual detalhamos a figura acima com o objetivo de sintetizar o conteúdo do livro de Kaplan & Norton (1997).

Relação de causa e efeito entre indicadores de resultados e de tendências 

Apresentamos exemplos de indicadores de resultados (outcomes), também conhecidos como lagging indicators. No conceito do BCS, podem ainda ser definidos indicadores de tendência (leading indicators), que indicam uma influência sobre os indicadores de resultados. Podem ser vistos como “indicadores intermediarios”. Esses indicadores devem ser controlados por pessoas de um nível hierárquico abaixo dos dirigentes. Deve-se tomar o cuidado de não se definir indicadores locais, que não visam o resultado final da empresa.

Segundo Lipinski, J. (2021),
“Os Lagging Indicators ou indicadores lags são métricas que possibilitam que você analise o passado da sua empresa.” Medem resultados
“Já os Leading Indicators, ou indicadores lead, são aqueles que vão nortear os métodos futuros de atuação.” MEdem tendências.Leia mais em: https://www.csacademy.com.br/leading-e-lagging-indicator-quais-as-diferencas-e-para-que-servem 

A relação de causa e efeito entre todos os indicadores é qualitativa e muitas vezes subjetiva (uma das críticas ao BSC). Poucas vezes consegue-se definir um indicador de resultado composto por indicadores de tendência. Use o bom senso e atenção…

… não exagere na quantidade de indicadores de desempenho a serem controlados por toda a empresa

Não precisa ficar limitado às 4 perspectivas

Essas quatro perspectivas dos indicadores de desempenho é a proposta original dos autores. Ao se desenvolver uma estrutura para um caso real, a empresa pode definir perspectivas mais específicas voltadas a sua realidade. Em uma aplicação prática em uma empresa, chegamos nas seguintes perspectivas:

Balanced scorecard e a inovação

Das estratégias de inovação devem ser derivados objetivos da inovação associados a metas mensuráveis por meio de indicadores de desempenho*.

(*) Os indicadores de desempenho podem ser: OKRs: objectives & key results; KPIs: key process indicators;  de acordo com o conceito do balanced scorecard; OGSM: objectives, goals, strategies and measures. A perspectiva  dos indicadores ainda está em desenvolvimento.

Os dirigentes precisam se envolver com a definição e avaliação de indicadores de desempenho (OKRs e KPIs) da inovação, assim como da perspectiva financeira e de outras perspectivas (do cliente, interna com foco nos processos e de aprendizagem com foco na inovação e pessoas competentes e motivadas), segundo o conceito do balanced scorecard.

Os dirigentes devem controlar poucos indicadores das perspectivas definidas

A maior contribuição do BSC é fazer com que os dirigentes não olhem somente para indicadores financeiros, que medem os resultados, ou seja, o passado. Se os seus resultados financeiros são bons, significa que sua empresa desempenhou bem no passado. Como você pode afirmar que ela irá desempenhar bem no futuro?

Com o BSC a empresa define que os dirigentes devem controlar poucos indicadores de desempenho das outras perspectivas além da financeira. Além disso, a empresa deve criar uma relação de causa e efeito entre eles.

Imagine que os indicadores financeiros estão bons. 

Perspectiva dos clientes

E se o indicador de satisfação dos clientes piorou, no passado recente?  Pode ser que isso faça com que os clientes procurem seus concorrentes e assim os seus indicadores financeiros futuros estarão comprometidos. Então, é bom que os dirigentes também controlem indicadores dessa perspectiva e já tomem ações proativas para melhorar a satisfação dos seus clientes, antes que a insatisfacao resulte em piores  resultados financeiros.

Perspectiva dos processos internos

O mesmo ocorre com outros indicadores, cujos efeitos poderão ser sentidos mais tarde ainda. Pode ser que os seus indicadores financeiros estejam bons (sua empresa desempenhou bem no passado), assim como os indicadores de satisfação dos clientes. “Nenhum perigo a curto prazo”. No entanto, imagine que alguns dos seus indicadores de processo pioraram, tais como:

  • tempo de atendimento,
  • defeitos de fabricação,
  • não conformidades,
  • porcentagem de faturamento sobre produtos lançados nos últimos 5 anos.

Nesses casos, os valores desses indicadores podem indicar. que: 

  • tempo de atendimento: logo os seus clientes estão insatisfeitos
  • defeitos de fabricação e não conformidades: se os produtos chegarem aos clientes, eles começarão a reclamar, o que diminuirá a satisfação; ou seus custos aumentarão, diminuindo suas margens
  • porcentagem de faturamento sobre produtos lançados nos últimos 5 anos: a piora deste indicador pode mostrar (indicar) que sua empresa não está assim tão inovadora como no passado, correndo assim um risco de um concorrente obter uma maior fatia do mercado, causando um impacto nas suas receitas futuras

Perspectiva de aprendizado e crescimento organizacional

Finalmente, imagina que seus indicadores de diversidade do pessoal, pesquisa de clima, absenteísmo, turnover de funcionários (rotatividade), quantidade relativa de horas em treinamento pioraram. A piora desses indicadores  pode indicar que sua empresa não terá a capabilidade de continuar a inovar no futuro, que seus funcionários estão desmotivados, com o risco de procurarem outra empresa. Isso pode causar a piora dos indicadores de processo  e de clientes no futuro, que irão comprometer os resultados financeiros em um futuro um pouco mais distante.

Perspectiva de sustentabilidade

Na época de criação do BSC, a preocupação com a sustentabilidade não estava na agenda dos dirigentes das empresas. Hoje, uma das perspectivas essenciais são aquelas definidas, por exemplo, pelo sistema ESG (environment, social and governance), que é mais do que um simples conjunto de indicadores.

Além dos impactos que podem ser causados pelas inovações (como discutimos no módulo inovação e sustentabilidade), a própria operação das empresas existentes (não inovadoras) causam impactos ambientais, sociais e econômicos.

Mesmo que os dirigentes não possuam uma mentalidade voltada à sustentabilidade (por enquanto), gerenciar e comunicar os indicadores de sustentabilidade é um fator de competitividade. Alguns governos e mesmo clientes (principalmente na relação B2B) estão estabelecendo mecanismos de controle desses indicadores para evitar o greenwashing (fazer de conta que é uma empresa sustentável, somente com ações de marketing e relações públicas). Dessa forma, não realizar iniciativas sérias de sustentabilidade pode comprometer os resultados financeiros futuros.

Leia mais sobre o sistema ESG e correlatos no tópico “considerando a sustentabilidade”, que detalha a definição de gestão da inovação.

Comentários 

Portanto, poucos indicadores deveriam ser controlados pelos dirigentes para tomarem ações a tempo de não comprometer receitas futuras.

Nota: colocamos somente alguns indicadores como exemplos. Na definição dos indicadores de uma empresa, a serem controlados pelos dirigentes, ela deve seguir uma sistemática que permita o estabelecimento de indicadores apropriado para a sua realidade.

Associação de indicadores de desempenho aos benefícios dos funcionários

É uma boa prática associar benefícios de funcionários ao atingimento de certas metas medidas por indicadores de desempenho. Mas existe o risco de se perseguir o ótimo local e dos indicadores serem somente operacionais e por isso não contemplarem iniciativas de inovação. Em outras palavras, o funcionário trabalha orientado pelo indicador sob sua responsabilidade que não é relacionado com a inovação. Então, como a empresa pode ser inovadora se não cria incentivos?

Essa é uma situação típica resultante da falta de mentalidade e cultura de inovação. Como questionamos no capítulo sobre gestão da inovação

Será que os indicadores que resultam nos bônus e benefícios de seus dirigentes estão compatíveis com os seus objetivos de inovação?

Detalhamento sobre esta abordagem

Como indicamos na introdução do capítulo sobre abordagens

“Iremos analisar o que está publicado na Wikipédia sobre as abordagens, pois acreditamos muito no compartilhamento gratuito do conhecimento. Se o conteúdo for de boa qualidade, segundo a nossa análise, iremos indicar os seus verbetes para você procurar informações adicionais sobre algumas abordagens.

Este é o caso do balanced scorecard. Portanto, indicamos o conteúdo da Wikipédia, que é bem completo.

Referência

Lipinski, Jéssica. (2021).  Leading e Lagging Indicator: quais as diferenças e para que servem? CS Academy. Disponível em: https://www.csacademy.com.br/leading-e-lagging-indicator-quais-as-diferencas-e-para-que-servem Acesso em: 10/10/2022

Kaplan, R. S., & Norton, D. P. (1997). A estratégia em ação: balanced scorecard. Gulf Professional Publishing.

#printfriendly a { color: blue !important; text-decoration: underline !important; } #printfriendly i, #printfriendly em { color: purple !important; } @media print { .break-page-before { page-break-before: always !important; } h1 { page-break-before: always !important; font-size: 32px !important; } div.no-page-break-before h1, div.no-break-page-before h1 { page-break-before: avoid !important; } }