O Capability Maturity Model Integration (CMMI) é um modelo de referência, um corpo de conhecimentos (BOK), para melhoria de desempenho organizacional, amplamente utilizado há mais de 25 anos em setores públicos e privados. Ele fornece um framework integrado de melhores práticas, ajudando organizações e projetos a elevar sua qualidade, produtividade, lucratividade, resiliência cibernética e competitividade. Diferente de modelos prescritivos, o CMMI orienta o que deve ser feito para aprimorar as capabilidades organizacionais, sem definir como fazê-lo, permitindo flexibilidade na aplicação.
Desenvolvido inicialmente pelo Software Engineering Institute (SEI) da Carnegie Mellon University, surgiu como Capability Maturity Model (CMM), focado em software. Com a ampliação para hardware e serviços, tornou-se CMMI (Integration), consolidando um modelo mais abrangente para diversas áreas.
A versão 1.3 de 2010 do CMMI possuia três áreas de interesse:
- CMMI-DEV (CMMI for Development) – Desenvolvimento: Focado em organizações que desenvolvem produtos e serviços, abrangendo práticas de engenharia de software e hardware, gestão de projetos e melhoria de processos.
- CMMI-SVC (CMMI for Services) – Serviços: Voltado para empresas que prestam serviços, auxiliando na gestão da entrega de serviços, atendimento ao cliente, capacidade e disponibilidade, além da melhoria contínua dos processos.
- CMMI-ACQ (CMMI for Acquisition) – Aquisição: Direcionado a organizações que adquirem produtos e serviços de terceiros, auxiliando na gestão de fornecedores, contratos e requisitos para garantir qualidade e alinhamento estratégico.
O CMMI originalmente possuía duas abordagens principais para avaliação da maturidade:
- Staged: Estruturado em cinco níveis de maturidade, amplamente utilizado para certificações organizacionais.
- Continuous: Avaliação das capacidades em áreas de processo específicas, sem atribuir um nível global de maturidade.
Versão 2.0
Na versão 2.0 de 2018, novos modelos foram criados para outras áreas de interesse e as duas abordagens (staged e continous) foram unificadas, permitindo que as organizações escolhessem entre um caminho de maturidade estruturado ou focassem na melhoria contínua de processos específicos.
Mudanças da versão 2.0
Substituição das “Process Areas” (Áreas de Processo) por “Practice Areas” (Áreas de Prática): As práticas agora são organizadas por níveis, não mais por “Specific Goals” (Objetivos Específicos).
Nova estrutura das Practice Areas (PA’s): Cada PA possui uma parte “core” (descrição genérica e sem terminologia específica); Há uma seção “context-specific”, que adapta a PA para diferentes domínios como Ágil/Scrum, desenvolvimento, serviços, entre outros.
Todas as práticas passaram a ser obrigatórias: A seção “Expected” foi removida, pois todas as práticas agora precisam ser seguidas.
Reorganização das práticas genéricas e específicas: As “Generic Practices” foram agrupadas em uma nova área chamada “Governance and Implementation Infrastructure”; As “Specific Practices” foram eliminadas.
Maior ênfase na implementação contínua: O foco passou a ser garantir que as Practice Areas sejam praticadas continuamente até se tornarem um hábito organizacional.
Mudança na abordagem dos níveis de maturidade: Todos os níveis de maturidade passaram a enfatizar a palavra-chave “performance”, reforçando a necessidade de resultados mensuráveis.
Inclusão de práticas de segurança e segurança do trabalho: Foram adicionadas duas PA’s opcionais de Segurança do Trabalho (“Safety”); Também foram incluídas cinco PA’s opcionais de Segurança da Informação (“Security”).
Fusão das áreas de processo do PCMM (People Capability Maturity Model): O modelo PCMM foi integrado ao CMMI, eliminando a necessidade de um modelo separado para gestão de pessoas.
Versão 3.0
Atualmente, o CMMI passou por diversas atualizações, chegando à versão 3.0, lançada em abril de 2023, com mudanças significativas no escopo e objetivos do modelo. Entre as principais inovações da versão mais recente, destacam-se:
- Foco ampliado em desempenho e resultados mensuráveis, alinhando práticas com os objetivos estratégicos da organização.
- Melhoria na abordagem de gestão de riscos e inovação, tornando o modelo mais dinâmico e adequado a ambientes de rápida transformação.
- Integração aprimorada com frameworks modernos, como metodologias ágeis e padrões de segurança cibernética, permitindo uma aplicação mais abrangente.
- Estrutura mais simples e acessível, visando facilitar a adoção do modelo em diferentes setores, além de TI e engenharia.
O CMMI agora se estrutura em quatro categorias principais: “Fazer” (Doing), “Gerenciar” (Managing), “Habilitar” (Enabling) e “Melhorar” (Improving), facilitando a adaptação do modelo às necessidades organizacionais.
A adoção do CMMI continua a evoluir, deixando de ser apenas um modelo de conformidade e passando a enfatizar a melhoria contínua da performance organizacional.
Estrutura do CMMI 3.0
O CMMI é composto por cinco elementos fundamentais que sustentam sua aplicação e evolução contínua:
- Modelo (Model) – Define as áreas de prática e orientações para melhoria do desempenho, com uma estrutura simplificada e organizada em uma base comum e seções específicas para diferentes contextos (Desenvolvimento, Serviços, Gestão de Fornecedores).
- Método de Avaliação (Appraisal Method) – Processo padronizado para medir a maturidade organizacional, incluindo um relatório de desempenho integrado e um novo método para maior confiabilidade e menor custo.
- Treinamento e Certificação (Training & Certification) – Programa de capacitação modular, com opções presenciais e virtuais, alinhado aos objetivos dos profissionais e organizações.
- Sistemas e Ferramentas (Systems & Tools) – Plataforma integrada para facilitar a experiência do usuário, permitindo acesso ao modelo, método de avaliação e relatórios de desempenho.
- Guia de Adoção (Adoption Guidance) – Conjunto de recursos, exemplos e diretrizes para orientar novas organizações na implementação do CMMI Performance Solutions.
Processo de aplicação do CMMI 3.0
A aplicação do CMMI segue um ciclo estruturado de seis etapas para adoção e melhoria contínua:
- Aprender – Compreender os benefícios do CMMI e como aplicá-lo na organização.
- Estabelecer Objetivos – Definir metas alinhadas aos objetivos estratégicos.
- Analisar – Mapear os processos organizacionais em relação ao modelo CMMI.
- Desenvolver Plano de Ação – Criar e executar planos para preencher lacunas e melhorar processos.
- Implementar Melhorias – Testar, implantar e medir a efetividade das mudanças.
- Avaliar Capacidade – Conduzir avaliações formais e iterar melhorias continuamente.
Esse processo visa transformar as práticas organizacionais em hábitos sustentáveis, com foco em desempenho e resultados mensuráveis. |
Estrutura das categorias, áreas de capabilidade e áreas de práticas
Doing (Fazendo)
- Delivering & Managing Services (DMS)
- Service Delivery Management (SDM)
- Strategic Service Management (STSM)
- Engineering & Developing Products (EDP)
- Product Integration (PI)
- Technical Solution (TS)
- Peer Reviews (PR)
- Ensuring Quality (ENQ)
- Process Quality Assurance (PQA)
- Requirements Development & Management (RDM)
- Verification & Validation (VV)
- Selecting & Managing Suppliers (SMS)
- Supplier Agreement Management (SAM)
- Managing Business Resilience (MBR)
- Continuity (CONT)
- Incident Resolution & Prevention (IRP)
- Risk & Opportunity Management (RSK)
- Enabling Virtual Work (EVW)
Managing (Gerenciando)
- Managing the Workforce (MWF)
- Organizational Training (OT)
- Workforce Empowerment (WE)
- Planning & Managing Work (PMW)
- Estimating (EST)
- Monitor & Control (MC)
- Planning (PLAN)
- Managing Data (MD)
- Data Management (DM)
- Data Quality (DQ)
Enabling (Habilitando)
- Managing Security and Safety (MSS)
- Enabling Safety (ESAF)
- Enabling Security (ESEC)
- Managing Security Threats & Vulnerabilities (MST)
- Supporting Implementation (SI)
- Causal Analysis & Resolution (CAR)
- Configuration Management (CM)
- Decision Analysis & Resolution (DAR)
Improving (Melhorando)
- Improving Performance (IMP)
- Managing Performance & Measurement (MPM)
- Process Asset Development (PAD)
- Process Management (PCM)
- Sustaining Habit and Persistence (SHP)
- Governance (GOV)
- Implementation Infrastructure (II)
Leia mais na flexM4i sobre Corpo de conhecimentos (BOK: body of knowledge), norma, modelo e framework de processos. |
ISACA (2024). CMMI Adoption Guidance. Disponível em: https://cmmiinstitute.com/resources Acesso em: 29/01/2025.
The process group. (2024). Disponível em: https://processgroup.com/changes-in-cmmi-v3/ Acesso em: 29/01/2025.
Wikipedia contributors. (2024, October 19). Capability Maturity Model Integration. In Wikipedia, The Free Encyclopedia. Retrieved 14:46, January 29, 2025, from https://en.wikipedia.org/w/index.php?title=Capability_Maturity_Model_Integration&oldid=1251977938
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