Simbiose Industrial

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Autoria: Henrique Rozenfeld (roz@usp.br)  

Simbiose representa a troca física de materiais, energia, água e subprodutos entre entidades. Nesta seção apresentamos sua definição, discutimos se as empresas precisam estar co-localizadas, apresentamos suas características, vantagens e desafios e exemplos.

Esta seção é introdutória voltada para os níveis de detalhamento básico e executivo. Para leitores do nível avançado, recomendamos utilizar as informações adicionais e a bibliografia.

As empresas precisam estar co-localizadas?

“Frequentemente, o conceito de simbiose industrial está  associado a parques eco-industriais, que é uma comunidade de empresas de manufatura e serviços que colaboram e compartilham recursos, como materiais, energia, água, informação, entre outros, com o objetivo de obter ganhos econômicos, ambientais e sociais. No entanto, parques eco-industriais envolvem outras características além da simbiose industrial. Embora a proximidade seja um fator que facilita a sinergia e reduz os desperdícios resultantes dos custos de transporte entre as empresas, na realidade, há exemplos na qual ocorre a simbiose industrial entre empresas que estão distantes entre si” (Neves et al., 2020).

Conheça a definição de parque eco-industrial

Características da simbiose industrial

A simbiose industrial pode ser observada na cooperação de diferentes entidades por meio de três tipos de transações: compartilhamento de serviços de infraestrutura (água, energia, ar comprimido etc.), prestação conjunta de serviços e trocas de subprodutos de algumas empresas para serem reutilizados como insumos de outras empresas (Chertow et al., 2008 e Wu et al., 2006 apud Mantese, & Amaral, 2018).

Produzir mais sem gastar mais energia ou recursos por meio da cooperação é o objetivo final perseguido pela simbiose industrial: empresas que utilizam subprodutos ou resíduos de outras empresas. É um método eficaz para “travar” o ciclo da matéria e, portanto, “obter um nível zero de desperdício (Mantese, & Amaral, 2018).

A simbiose industrial é é considerada uma das estratégias / práticas de modelos circulares de negócio para fechamento do ciclo (closing resource loops) da economia circular (Bocken et al., 2016).

Vantagens e desafios da simbiose industrial 

As vantagens da simbiose industrial são (Neves et al., 2020).:

  • redução do consumo de matérias-primas, energia e recursos naturais;
  • redução das emissões de gases de efeito de estufa;
  • redução dos resíduos enviados para aterros e incineradores;
  • redução dos custos com a compra de matérias-primas;
  • redução dos custos de aterro e tratamento de resíduos;
  • receita da comercialização de resíduos e 
  • criação de empregos.

Os maiores motivadores para empresas praticarem a simbiose industrial são os econômicos e aqueles exigidos por legislação. As ações governamentais para promoção da simbiose industrial são motivadas pelas vantagens ambientais e sociais.

A prática da simbiose industrial exige confiança entre as empresas para assegurar a qualidade e quantidade suficiente de insumo para as operações industriais.

Os principais desafios da simbiose industrial estão relacionados com o compartilhamento de serviços de infraestrutura como água ou calor, pois eles exigem um grande investimento inicial em infraestrutura e o risco de variabilidade desses insumos é maior do que o dos materiais.

Exemplos de simbiose industrial

Os setores que mais praticam a simbiose industrial são: químico, cimento, papel e celulose, aço, plantas de geração de energia e refinarias,

A diversidade de empresas é crucial para o desenvolvimento da simbiose industrial.

Parque de Kalundborg - inspiração

O modelo de simbiose industrial foi concretizado pela primeira vez no parque eco-industrial de Kalundborg, na Dinamarca. Os principais parceiros em Kalundborg foram: uma refinaria de petróleo, uma central elétrica, uma fábrica de placas de gesso, uma empresa farmacêutica e a cidade de Kalundborg. Eles partilham literalmente águas subterrâneas, águas superficiais e águas residuais, vapor e electricidade, e também trocam uma variedade de resíduos que se tornam matérias-primas em outros processos (próxima figura).

Figura 927: Mapa de sistemas do parque eco-industrial de Kalundborg
Fonte:den Hond (2000)

Apesar de a simbiose industrial não necessariamente ocorrer em parques eco-industriais, leia mais sobre esses parques na flexM4i, que repete a figura acima.

Exemplos na web

A Atina produz óleos vegetais de sementes de uva, que são subprodutos da produção de suco ou polpa. Produz também extratos aromáticos a partir do resíduo de serrarias que trabalham com madeiras amazônicas certificadas pelo FSC® (Código de licença: FSC-C019578). Na cadeia de Bisabolol estruturada pela Atina, a serragem de Candeia exaurida de óleo tem como destino a produção de madeira plástica, ou WPC – Wood Plastic Composites, material muito utilizado em decks e pisos de áreas molhadas, em substituição à madeira. Leia mais em: https://www.atina.com.br/simbiose-industrial Acesso em: 5 de outubro 2023.


Exemplos de simbiose industrial do município de Diadema (SP) estão ilustrados nas próximas figuras e a explicação está na publicação de acesso livre no link da referência de (Miyamoto et al., 2022). 

Figura 945: Fluxograma com interações para resíduos metálicos para as indústrias de Diadema, São Paulo.
Fonte: (Miyamoto et al., 2022)

 

Figura 946: Fluxograma com interações para resíduos de polímeros plásticos para as indústrias de Diadema, São Paulo.
Fonte: (Miyamoto et al., 2022)

 

Figura 947: Fluxograma com interações para resíduos diversos que não se encaixam nos grupos de metais e polímeros plásticos para as indústrias de Diadema, São Paulo.
Fonte: (Miyamoto et al., 2022)

Informações adicionais

Recomendamos a leitura adicional dessas fontes de acesso gratuito que encontramos na web, que complementam o conteúdo desta seção.

A simbiose industrial além das fronteiras

Simbiose industrial para os resíduos gerados na produção de cachaça

Referências

Bocken, N. M. P., de Pauw, I., Bakker, C., & van der Grinten, B. (2016). Product design and business model strategies for a circular economy. Journal of Industrial and Production Engineering, 33(5), 308–320. https://doi.org/10.1080/21681015.2016.1172124 

Chertow, M.R., Ashton, W.S., Espinosa, J.C. (2008). Industrial symbiosis in Puerto Rico: environmentally related agglomeration economies. Reg. Stud. 42 (10), 1299- 1312.

Chertow, M. R. (2000). INDUSTRIAL SYMBIOSIS: Literature and Taxonomy. Annual Review of Energy and the Environment, 25(1), 313–337. https://doi.org/10.1146/annurev.energy.25.1.313

 den Hond, F. (2000). Industrial ecology: a review. Regional Environmental Change, 1(2), 60–69.

Mantese, G. C., & Amaral, D. C. (2018). Agent-based simulation to evaluate and categorize industrial symbiosis indicators. Journal of Cleaner Production, 186, 450–464. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2018.03.142 

Miyamoto, S. M., Costa, R. C. D., & Candiani, G. (2022). Redes de simbiose industrial: possibilidades entre empresas do município de Diadema (São Paulo), Brasil. Engenharia Sanitaria e Ambiental, 27, 701-713. https://doi.org/10.1590/S1413-415220210079 

Neves, A., Godina, R., Azevedo, S. G., & Matias, J. C. O. (2020). A comprehensive review of industrial symbiosis. Journal of Cleaner Production, 247. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2019.119113 

Schwarz, E.J., Steininger, K.W.. (1997). Implementing nature’s lesson: the industrial recycling network enhancing regional development. J. Clean. Prod. 5, 47e56. https://doi.org/10.1016/j.gaitpost.2018.03.037 .

Wu,W., Li, L.J.,Wei, D.P. (2006). Analysis of the regional industrial symbiosis systems in developing countries. In: 13th International Conference on Industrial Engineering and Engineering Management, pp. 2674e2678.

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