Glossário: Inovação para a base da pirâmide

« retornar para home do glossário

Veja antes o verbete da definição do que é a base da pirâmide.

“A inovação para a base da pirâmide é considerado um processo empresarial holístico e de longo prazo na inovação do modelo de negócios baseado em parcerias e no desenvolvimento de produtos e serviços com base nas necessidades, articulado pelos próprios pobres e construído sobre a base de recursos locais, infra-estruturas e instituições culturais.” (Milstein et al. , 2010 apud Esko et al., 2013).

A inovação para a base da pirâmide envolve desenvolver soluções para as pessoas dessa classe de renda.

A inovação para a base de pirâmide deve quebrar os seguintes pressupostos (Prahalad & Hart, 2002):

  • #1 Os pobres não são os nossos consumidores-alvo porque, com as nossas estruturas de custos atuais, não podemos competir lucrativamente nesse mercado.
  •   #2 Os pobres não podem pagar e não têm utilidade para os produtos e serviços vendidos nos mercados desenvolvidos.
  •   #3 Apenas os mercados desenvolvidos apreciam e pagarão pelas novas tecnologias. Os pobres podem usar a geração anterior de tecnologia.
  •   #4 A base da pirâmide não é importante para a viabilidade do nosso negócio a longo prazo. Podemos deixar a base da pirâmide para governos e organizações sem fins lucrativos.
  •   #5 Os gestores não ficam entusiasmados com desafios empresariais que tenham uma dimensão humanitária.
  •   #6 O entusiasmo intelectual está nos mercados desenvolvidos. É difícil encontrar gestores talentosos que queiram trabalhar na base da pirâmide.

Entre outras, destacamos as seguintes previsões desse autores:

  • É preciso criar uma força de compra para a base da pirâmide por meio da disponibilização de crédito e aumento do salário dessas pessoas.
Veja o caso de microcrédito do Grameen Bank na flexM4i.
  • As inovações de produtos sustentáveis voltadas para a base da pirâmide, e promovidas através da educação do consumidor, não só influenciarão positivamente as escolhas das pessoas na base da pirâmide, mas poderão, em última análise, remodelar a forma como os outros níveis vivem.
  • Daqui a 20 anos, poderemos olhar para trás e ver que a base da pirâmide proporcionou a primeira atração de mercado para tecnologias disruptivas que substituíram tecnologias insustentáveis nos países desenvolvidos e promoveram a sorte das multinacionais com visão.

Um fator de sucesso da inovação para a base da pirâmide é o desenvolvimento de capacidades locais, tais como a educação dos empreendedores locais e outros parceiros, o investimento em infra-estruturas, a prestação de serviços comunitários básicos etc. (Anderson & Baland, 2002 apud Esko et al., 2013).

A habilidade de facilitar a co-criação recebe a influência da cultura e do estilo de vida das pessoas da base da pirâmide e pode ser um fator determinante para o sucesso ou falha da inovação para a base da pirâmide. O processo de inovação precisa incluir os clientes e deixar o mercado decidir qual o melhor produto, depois de torná-lo acessível, aceitável e disponível (Esko et al., 2013).

Em 2019, a filha de C.K. Prahalad, a Deepa Prahalad, publicou um artigo atualizando o trabalho do seu pai e Stuart Hart, afirmando que a base da pirâmide está convergindo. E diferentemente do artigo de 2002, que era voltado para multinacionais, ela diz que “empresas de todos os tamanhos poderiam capturar consumidores da base da pirâmide e da classe média”, se considerar as seguintes questões: 

  • As empresas precisam ter um propósito que considere não só os lucros, mas também a contribuição para a sociedade por meio do seu engajamento em questões sociais.
O maior fundo de investimento mundial, BlackRock considera as ações das empresas nas práticas de ESG para direcionar as tomadas de decisão de investimentos.
  • As empresas não devem investir somente em desenvolvimento de produtos. Elas também devem oferecer melhores serviços aos clientes com novas plataformas de feedback, entrega e co-criação. Assim, elas poderão entender melhor o que os clientes desejam e construir confiança, que é o precursor da escala dos negócios.
  • Com base em big data e analytics, as empresas devem obter insights que resultam em produtos e serviços com menores preços. 
  • Um mundo volátil irá exigir que as empresas criem produtos e serviços que atraiam os clientes de uma faixa muito mais ampla de níveis de rendimento, ou seja, não somente da base da pirâmide (vide os celulares).
  • O estabelecimento de normas e códigos sociais é um ponto central nessa transformação. A necessidade de ser ouvido e respeitado é universal, e o envolvimento das empresas com as pessoas da base da pirâmide está contribuindo para que isso aconteça.
No verbete sobre base da pirâmide, está a atualização demográfica apresentada pelo artigo da Deepa Prahalad.

Anderson, S. & Baland, J.-M. (2002), “The economics of roscas and intra-household resource allocation”, Quarterly Journal of Economics, Vol. 117 No. 3, pp. 963-995.

Esko, S., Zeromskis, M., & Hsuan, J. (2013). Value chain and innovation at the base of the pyramid. South Asian Journal of Global Business Research, 2(2), 230–250. https://doi.org/10.1108/sajgbr-03-2012-0020 

Milstein, M.B., Simanis, E., Duke, D. and Hart, S. (2010), “Base of the Pyramid (BOP)”, in Visser, W., Matten, D., Pohl, M. and Tolhurst, N. (Eds), A to Z of Corporate Social Responsibility, John Wiley and Sons, London, pp. 34-36.

Prahalad, C.K. & Hart, S.L. (2002), “The fortune at the bottom of the pyramid”, Strategy + Business, Vol. 26, pp. 54-67. Disponível em: https://www.strategy-business.com/article/11518 Acesso em: 16 outubro 2023.

Prahalad, D. (2019). The new fortune at the bottom of the pyramid. Consumer & Retail, 94, 1–13. https://doi.org/10.4324/9781351279086-45 


« retornar para home do glossário
#printfriendly a { color: blue !important; text-decoration: underline !important; } #printfriendly i, #printfriendly em { color: purple !important; } @media print { .break-page-before { page-break-before: always !important; } h1 { page-break-before: always !important; font-size: 32px !important; } div.no-page-break-before h1, div.no-break-page-before h1 { page-break-before: avoid !important; } }