A estratégia ideológica é caracterizada por intenções amplamente compartilhadas pelos membros da organização, derivadas de valores, crenças ou ideologias coletivas profundamente internalizadas na cultura organizacional. A coerência das ações estratégicas não exige imposição formal ou controle hierárquico explícito, pois resulta da adesão espontânea a uma visão comum.
Esta estratégia está posicionada próxima do arquétipo da “Estratégia (puramente) deliberada”, embora o controle seja informal e cultural (veja a figura do posicionamento desta estratégia no modelo conceitual das estratégias).
Em inglês: ideological strategy
Liderança e ambiente
Segundo Mintzberg & Waters (1985), a liderança, nesse contexto, atua mais como guardiã simbólica da ideologia organizacional, reforçando princípios já consolidados e assegurando sua continuidade. Esse tipo de estratégia é comum em organizações orientadas por missão ou causas, como movimentos sociais, cooperativas ou instituições com forte identidade cultural.
A estratégia ideológica tende a emergir e se sustentar em ambientes organizacionais estáveis e coesos, onde o sistema de crenças internas não entra em conflito com forças externas imprevisíveis. Contudo, essa estabilidade pode se tornar um fator de rigidez, dificultando adaptações frente a mudanças disruptivas do ambiente.
Exemplos ilustrativos
- Cooperativas agrícolas regidas por princípios compartilhados de autogestão e distribuição equitativa, que guiam decisões estratégicas mesmo sem planejamento formal.
- Organizações não governamentais ou movimentos sociais cuja estratégia é moldada por um ideário coletivo (ex.: Greenpeace, Wikimédia Foundation).
- Empresas com cultura organizacional fortemente orientada por valores (ex.: Patagonia) que rejeitam certos mercados ou práticas com base em crenças internas.
Posicionamento no modelo conceitual das estratégias
Esta estratégia é uma das 8 estratégias caracterizadas por Mintzberg & Waters (1985). A figura a seguir posiciona esta estratégia dentro de um modelo conceitual proposto por Mintzberg e Waters (1985), no qual estratégias reais se distribuem entre dois arquétipos teóricos extremos: a estratégia (puramente) deliberada, baseada em intenção e controle total, e a estratégia (puramente) emergente, baseada em adaptação e aprendizado contínuo sem intenção prévia.
Este modelo representa um contínuo estratégico, onde cada tipo de estratégia combina, em diferentes graus, intenção e controle interno com emergência e adaptação.
A figura abaixo mostra esse posicionamento, distinguindo os arquétipos conceituais dos tipos de estratégias praticadas pelas organizações.
Figura 1342: Posicionamento dos tipos de estratégia entre os arquétipos de estratégia (puramente) deliberada e (puramente) emergente
Seguem os links dos verbetes das demais estratégias mencionadas na figura acima:
- Estratégia (puramente) deliberada – arquétipo
- Estratégia planejada (tipo real)
- Estratégia empreendedora (tipo real)
- Estratégia guarda-chuva (tipo real)
- Estratégia de processo (tipo real)
- Estratégia desconectada (tipo real)
- Estratégia de consenso (tipo real)
- Estratégia imposta (tipo real)
- Estratégia (puramente) emergente – arquétipo
Mintzberg, H., & Waters, J. A. (1985). Of strategies, deliberate and emergent. Strategic Management Journal, 6(3), 257–272.
« retornar para home do glossário