Estratégia deliberada é um arquétipo de estratégias. É aquela em que as ações de uma organização correspondem de forma intencional, explícita e precisa às suas intenções originais. Representa a realização fiel de um plano previamente formulado, com alto grau de controle interno e mínima interferência externa. Esse tipo de estratégia é formulado antes da execução e implementado conforme o planejado (Mintzberg & Waters, 1985).
Para que uma estratégia seja considerada verdadeiramente deliberada, três condições devem ser simultaneamente satisfeitas:
- As intenções devem ser claramente formuladas, detalhadas e mantidas com consistência ao longo do tempo;
- Essas intenções devem ser compartilhadas por toda a organização ou transmitidas de forma controlada, sem desvios significativos;
- O ambiente deve permanecer suficientemente estável ou controlável para que as ações planejadas possam ser executadas como previsto.
Observações importantes:
- Estratégias deliberadas não dependem exclusivamente de análises formais: podem ser baseadas em visões intuitivas ou ideologias predominantes.
- Mesmo estratégias planejadas deliberadamente podem ser baseadas em modelos mentais, convenções setoriais ou mitos gerenciais.
- A ênfase no controle e na formalização pode tornar esse tipo de estratégia menos adaptável a mudanças rápidas.
Relação com outros conceitos da flexM4i:
- A estratégia deliberada é o ponto de partida para muitos ciclos de inovação incremental;
- É geralmente associada a iniciativas top-down, mas pode ser realimentada por processos como o catchball para que possam se alinhar com as pessoas que vão executá-las, como discutido nas seções “Objetivos da inovação”; “Matriz X (Hoshin Kanri)”; e “Metodologias de execução de estratégias”.
O arquétipo da estratégia deliberada, no sentido estrito proposto por Mintzberg & Waters (1985), é uma estratégia puramente deliberada — um arquétipo teórico, idealizado como o extremo de um contínuo estratégico. Na prática, poucas estratégias reais atendem plenamente a seus três critérios fundamentais: intenção clara, disseminação controlada e execução sem desvios. As demais estratégias são variações que se posicionam entre esse extremo e o seu oposto, o arquétipo da estratégia puramente emergente (veja o posicionamento a seguir). |
Posicionamento no modelo conceitual das estratégias
A figura a seguir posiciona esta estratégia dentro de um modelo conceitual proposto por Mintzberg e Waters (1985), no qual estratégias reais se distribuem entre dois arquétipos teóricos extremos: a estratégia (puramente) deliberada, baseada em intenção e controle total, e a estratégia (puramente) emergente, baseada em adaptação e aprendizado contínuo sem intenção prévia.
Este modelo representa um contínuo estratégico, onde cada tipo de estratégia combina, em diferentes graus, intenção e controle interno com emergência e adaptação.
A figura abaixo mostra esse posicionamento, distinguindo os arquétipos conceituais dos tipos de estratégias praticadas pelas organizações.
Figura 1342: Posicionamento dos tipos de estratégia entre os arquétipos de estratégia (puramente) deliberada e (puramente) emergente
Seguem os links dos verbetes das demais estratégias mencionadas na figura acima:
- Estratégia planejada (tipo real)
- Estratégia empreendedora (tipo real)
- Estratégia ideológica (tipo real)
- Estratégia guarda-chuva (tipo real)
- Estratégia de processo (tipo real)
- Estratégia desconectada (tipo real)
- Estratégia de consenso (tipo real)
- Estratégia imposta (tipo real)
- Estratégia (puramente) emergente – arquétipo
Mintzberg, H., & Waters, J. A. (1985). Of strategies, deliberate and emergent. Strategic Management Journal, 6(3), 257–272.
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