Glossário: Arquitetura organizacional

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A arquitetura organizacional é descrita como um framework que engloba tanto as estruturas formais quanto as relações informais dentro de uma organização. Ela abrange os blocos de construção intangíveis, como as dinâmicas de grupo e o comportamento humano, e reflete a coleção de estruturas e relacionamentos que conferem à organização sua funcionalidade e “sentimento” particular. A arquitetura organizacional serve como uma estrutura para o design organizacional, auxiliando na compreensão e previsão das inter-relações entre indivíduos, grupos, seu trabalho e os objetivos gerais da organização (Nadler & Tushman, 1997).

Usamos esta definição para descrever o que é uma arquitetura organizacional dentro do contexto de uma arquitetura empresarial.

A arquitetura organizacional é composta por quatro elementos, que são determinados pela estratégia, pois “a estratégia é a direção na qual a empresa pretende crescer. Ela é estabelecida para que as pessoas na organização saibam como devem orientar seu próprio comportamento. A estratégia também é importante para determinar e fazer escolhas” (Galbraith, 2014). Os quatro elementos da arquitetura são:

  • estrutura: diz respeito à distribuição de poder e autoridade ao longo de uma hierarquia. 
  • processos: os processos (de informação e decisão) são as maneiras pelas quais o trabalho é realizado nas organizações. É útil pensar na estrutura da organização como a anatomia e nos processos como a fisiologia. Existem três tipos de processos: 1) processos informais ou voluntários (o velho boca a boca ou conversa de corredor que costumávamos referir e que agora ocorre nas redes sociais); 2) processos de negócios;  3) processos de gestão.
  • pessoas: A dimensão de pessoas no design organizacional foca em escolher os conjuntos de habilidades e mentalidades que se alinham com a estratégia da empresa.
  • incentivos: O propósito do sistema de recompensas da organização é a motivação. As organizações consistem em vários indivíduos, cada um com seus próprios objetivos privados e pessoais. O sistema de recompensas é projetado para alinhar os objetivos desses indivíduos com os objetivos da organização. O sistema de recompensas pode ser composto por uma combinação de: práticas de compensação; promoções; sistema de recompensas e desafios do cargo / função da pessoa.
Segundo Galbraith (2014), a cultura não é um dos elementos da arquitetura organizacional porque os líderes não podem controlar diretamente a cultura. Eles podem mudá-la ao realizar mudanças nos quatro elementos.

A arquitetura organizacional (*) é “o conjunto de processos, estruturas, pessoas e modelo de liderança utilizados em determinada empresa. A combinação desses fatores determina como a empresa vai se portar diante dos desafios da inovação. Não há uma fórmula para desenhar uma companhia, pois existem diversos modelos de negócios, estruturas competitivas de mercado, tipos de produtos e vários outros fatores que influenciam na escolha do melhor design para uma organização” (Waengertner, 2018).

(*) Waengertner (2018) citou como design organizacional, que modificamos para arquitetura, como explicamos no final deste verbete no quadro “arquitetura ou design organizacional?”.

A arquitetura organizacional compreende três aspectos críticos da organização corporativa (Brickley et al., 2016):

  • a atribuição de direitos de decisão dentro da empresa, 
  • os métodos de recompensar os indivíduos, e 
  • a estrutura dos sistemas para avaliar o desempenho tanto dos indivíduos quanto das unidades de negócio.

Arquitetura Organizacional refere-se aos mecanismos coletivos, incluindo regras, estruturas de governança e sistemas de recompensas, que são especificamente desenhados para organizar, coordenar e promover a criatividade e a inovação dentro do framework operacional de um coletivo (Acar et al., 2024).

Na publicação de Acar et al. (2024), a arquitetura organizacional é composta com a arquitetura cognitiva e a arquitetura social no contexto de uma revisão sobre criatividade coletiva e inovação.
Por isso, alguns elementos, como as inter-relações não são citadas na definição, pois fazem parte da arquitetura social. 

A arquitetura organizacional é composta por (Watkins, 2013):

  • Direção estratégica: Envolve a missão, visão e estratégia da organização, definindo o rumo que a empresa deve seguir para alcançar seus objetivos.
  • Estrutura: Refere-se a como as pessoas estão organizadas em unidades dentro da organização e como o trabalho delas é coordenado, medido e incentivado. Uma estrutura bem definida ajuda a garantir que os recursos sejam alocados de maneira eficiente e que as atividades estejam alinhadas com os objetivos estratégicos.
  • Processos: Incluem os sistemas e métodos utilizados para agregar valor, processando informações e materiais de forma eficiente. Esses processos são essenciais para transformar entradas em saídas que atendam às expectativas dos clientes e demais stakeholders.
  • Habilidades: Dizem respeito às capacidades e competências dos principais grupos de pessoas na organização. Ter as habilidades certas em lugar permite que a organização execute sua estratégia de maneira eficaz e se adapte às mudanças do ambiente externo.
  • Cultura organizacional: Cultura Organizacional são as crenças, comportamentos e pressupostos compartilhado por indivíduos de uma organização, que inclui procedimentos, valores e normas implícitas para lidar com seus problemas de adaptação externa e integração interna, e que tem funcionado bem o bastante para ser considerado válido, e, portanto, para ser ensinado para novos membros da organização como a forma correta para perceber, pensar, e sentir ao enfrentar esses problemas (Harrington, 2018).
Segundo Watkins (2013), os 4 primeiros elementos precisam estar alinhados: direção estratégica, estrutura, processos e habilidades.

Ele ainda acrescenta que “Lembre-se de que a cultura não é algo que você pode mudar diretamente. Ela é fortemente influenciada pelos quatro elementos da arquitetura organizacional, bem como pelos comportamentos de liderança. Isso implica que, para mudar a cultura, você precisa mudar a arquitetura, além de reforçar o que está tentando fazer com a liderança adequada.”

A arquitetura organizacional voltada para a transformação digital pode ser definida como um conjunto de componentes e práticas que sustentam a cultura e a estrutura organizacional de uma empresa para facilitar sua adaptação e evolução no contexto da transformação digital. A estruturação apropriada desses dois componentes promove e integra a transformação digital de forma estratégica dentro da empresa. Ela envolve a criação de uma organização ágil, coordenada e capaz de se adaptar rapidamente às novas exigências tecnológicas e de mercado (Verma et al., 2023): 

  • Cultura Organizacional: Inclui elementos como visão reformulada, compromisso digital, mentalidade de inovação, liderança transformacional digital, competências pertinentes, e proatividade. Esses aspectos da cultura organizacional são fundamentais para impulsionar e sustentar a transformação digital.
  • Estrutura Organizacional: Refere-se a formas ágeis de organização, coordenação interfuncional, e áreas funcionais digitais que apoiam a adaptação organizacional às demandas da era digital.
Arquitetura ou design organizacional?

Como colocado na wikipedia em inglês, o termo “arquitetura organizacional” também é conhecido como “design organizacional”. Mas ressaltamos que o termo “design” é polissêmico e, portanto, ambíguo. Ele pode significar o “processo de design” ou o “resultado do design”.

Porém na flexM4i, adotamos que o processo de “design organizacional” resulta em uma “arquitetura organizacional”, como ilustra a próxima figura.


Figura 1217: Design organizacional (processo) resulta em uma arquitetura organizacional

No entanto, utilize o termo mais alinhado com a cultura de sua empresa. Você pode denominar o resultado como design organizacional.

Conheça o verbete sobre (o processo) de design organizacional.


Acar, O. A., Tuncdogan, A., van Knippenberg, D., & Lakhani, K. R. (2024). Collective Creativity and Innovation: An Interdisciplinary Review, Integration, and Research Agenda. In Journal of Management (Vol. 50, Issue 6). https://doi.org/10.1177/01492063231212416

Brickley, J. A., Smith, C. W., Zimmerman (2016). Managerial economics and organizational architecture (6th edition). McGraw-Hill Education.

Galbraith, J. R. (2014). Designing organizations: Strategy, structure, and process at the business unit and enterprise levels. John Wiley & Sons.

Harrington, H. J. (2018). Innovative change management (ICM): Preparing your organization for the new innovative culture. CRC Press

Nadler, D. & Tushman, M. (1997). Competing by design: The power of organizational architecture. Oxford University Press.

Verma, P., Kumar, V., Yalcin, H., & Daim, T. (2023). Organizational architecture of strategic entrepreneurial firms for digital transformation: A bibliometric analysis. Technology in Society, 75(August), 102355. https://doi.org/10.1016/j.techsoc.2023.102355

Waengertner, P. (2018). A estratégia da inovação radical: como qualquer empresa pode crescer e lucrar aplicando os princípios das organizações de ponta do Vale do Silício. Editora Gente Liv e Edit Ltd.

Watkins, M. (2013). The first 90 days: Proven strategies for getting up to speed faster and smarter, updated and expanded. HBS Press.

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