Meta-organizações compreendem redes de empresas ou indivíduos não vinculados por autoridade baseada em relações de trabalho, mas caracterizadas por um objetivo em nível de sistema. Como em uma organização tradicional, a existência de um objetivo no nível do sistema não implica que os agentes constituintes o compartilhem; a maximização do lucro pode ser o objetivo da empresa, mas não necessariamente de todos os seus empregados. Assim, mesmo em uma meta-organização, cada agente tem suas próprias motivações, incentivos e cognições, mas ao contrário de uma empresa tradicional, eles não estão ligados por meio de uma estrutura de autoridade formal associada a contratos de trabalho. As meta-organizações se assemelham a superorganismos biológicos, uma multidão de organismos individuais que coexistem, colaboram e coevoluem por meio de um conjunto complexo de relações simbióticas e recíprocas que, juntas, formam um organismo maior (Gulati et al., 2012).
“Meta-organizações são associações e, portanto, elas são diferentes de estados federais ou de conglomerados de negócios, que podem ter organizações como membros. Os membros das meta-organizações são estados, empresas ou associações. Os membros são autônomos. Eles escolheram participar da meta-organização e podem sair a qualquer momento. Eles não são forçados a se tornarem membros. Como membros, eles mantêm a sua autonomia e a sua identidade como uma organização independente” (Ahrne & Brunsson, 2008).
Segundo Berkowitz & Bor (2018), existem duas comunidades desconectadas que definem meta-organização: a americana / inglesa, representada por Gulati et al. (2012) – 1a definição apresentada acima; e a escola europeia, representada por Ahrne & Brunsson (2008) – 2a definição apresentada acima. Berkowitz & Bor (2018) propuseram expandir e sistematizar a definição europeia, que consideram mais abrangente, destacando três elementos importantes:
(1) uma meta-organização é uma organização e, portanto, possuem uma ordem social. Isso significa que a repetição das interações sociais resultam de decisões e não de normas ou diferenças nos status de cada membro. Esses elementos incluem: filiação, hierarquia, regras, monitoramento e sanções. Mas normalmente, ela possui um poder central fraco e pouco poder de impor sanções.
(2) uma meta-organização é uma associação, o que significa que os membros coletivamente formam o centro da autoridade, apesar de existir comitês executivos ou mesmo organização administrativa.
(3) os membros de uma meta-organização são organizações, que precisam de um grau de autonomia para legitimar sua existência. Eles podem competir entre si para manter suas autoridades, identidades e legitimidades.
Os propósitos de uma meta-organização são (Berkowitz & Bor, 2018):
- proporcionar a interação entre os membros;
- realizar ações coletivas entre os membros
- criar uma identidade coletiva
Exemplos de meta-organizações: Nações Unidas, Organização Mundial do Comércio, União Europeia, FIFA, Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA).
Ahrne, G., & Brunsson, N. (2008). Meta-organizations. Edward Elgar Publishing.
Berkowitz, H., & Bor, S. (2018). Why Meta-Organizations Matter: A Response to Lawton et al. and Spillman. Journal of Management Inquiry, 27(2), 204–211. https://doi.org/10.1177/1056492617712895
Gulati, R., Puranam, P., & Tushman, M. (2012). Meta-organization design: Rethinking design in interorganizational and community contexts. Strategic Management Journal, 33(6), 571–586. https://doi.org/10.1002/smj.1975
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