A estratégia empreendedora é caracterizada pela presença de intenções claras, geralmente formuladas por um líder visionário ou fundador, e por um elevado grau de controle centralizado sobre as decisões. Entretanto, ao contrário da estratégia planejada, ela não depende de análise formal nem exige previsibilidade ambiental completa. Seu direcionamento é frequentemente guiado por uma visão unificadora, com espaço para ajustes adaptativos.
Esta estratégia está posicionada próxima do arquétipo da “Estratégia (puramente) deliberada”, mas admite alguma flexibilidade na execução (veja a figura do posicionamento desta estratégia no modelo conceitual das estratégias).
Em inglês: entrepreneurial strategy
Liderança e ambiente
Segundo Mintzberg & Waters (1985), a estratégia empreendedora está fortemente associada à presença dominante de um líder centralizador e visionário, cuja intuição, experiência e ambição pessoal guiam a direção estratégica. Esse líder não necessariamente formaliza suas intenções em planos detalhados, mas exerce controle direto sobre a formulação e a execução das ações, sendo o principal vetor da coesão estratégica.
Esse tipo de estratégia tende a surgir em organizações novas, pequenas ou em transformação, especialmente em contextos em que existe uma oportunidade clara, mas ainda não bem estruturada — por exemplo, em mercados em crescimento, segmentos inovadores ou em períodos de transição organizacional. A liderança busca minimizar a ambiguidade organizacional por meio da força da visão, o que dispensa, ao menos inicialmente, métodos participativos ou planos robustos.
Exemplos ilustrativos
- A trajetória inicial da Apple sob Steve Jobs, em que a visão central de produto e experiência foi definida por ele, com forte controle centralizado e execução visionária.
- Startups lideradas por fundadores que possuem visão clara e tomam decisões táticas e estratégicas diretamente, sem processos estruturados.
- Empresas familiares onde o fundador lidera todas as decisões estratégicas, baseado em intuição e objetivos pessoais de longo prazo.
Posicionamento no modelo conceitual das estratégias
Esta estratégia é uma das 8 estratégias caracterizadas por Mintzberg & Waters (1985). A figura a seguir posiciona esta estratégia dentro de um modelo conceitual proposto por Mintzberg e Waters (1985), no qual estratégias reais se distribuem entre dois arquétipos teóricos extremos: a estratégia (puramente) deliberada, baseada em intenção e controle total, e a estratégia (puramente) emergente, baseada em adaptação e aprendizado contínuo sem intenção prévia.
Este modelo representa um contínuo estratégico, onde cada tipo de estratégia combina, em diferentes graus, intenção e controle interno com emergência e adaptação.
A figura abaixo mostra esse posicionamento, distinguindo os arquétipos conceituais dos tipos de estratégias praticadas pelas organizações.
Figura 1342: Posicionamento dos tipos de estratégia entre os arquétipos de estratégia (puramente) deliberada e (puramente) emergente
Seguem os links dos verbetes das demais estratégias mencionadas na figura acima:
- Estratégia (puramente) deliberada – arquétipo
- Estratégia planejada (tipo real)
- Estratégia ideológica (tipo real)
- Estratégia guarda-chuva (tipo real)
- Estratégia de processo (tipo real)
- Estratégia desconectada (tipo real)
- Estratégia de consenso (tipo real)
- Estratégia imposta (tipo real)
- Estratégia (puramente) emergente – arquétipo
Mintzberg, H., & Waters, J. A. (1985). Of strategies, deliberate and emergent. Strategic Management Journal, 6(3), 257–272.
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